terça-feira, 30 de novembro de 2010

Florada aos Amigos

Tela: Florada no Campo- Malu Delibo

"Arte é o esforço incessante para competir com a beleza das flores, sem nunca ser bem sucedido." - Marc Chagall, pintor russo.

Ando meio sem inspiração para escrever, talvez porque tenha acontecido tanta coisa nessa última semana que nem tenho tempo para pensar na escrita...almoço de família, aquele que faço todo ano aqui em casa para a família de meu marido. Sobrinho neto (lindo) que nasceu e ainda nem deu tempo de visitar. Dores da alma que se tornaram físicas (mas que já passaram, ainda bem). Resultados de exames que foram ótimos, melhores que o esperado (graças à Vida!). Guerra entre a polícia e os traficantes (que nem dava coragem de sair de casa).
Enfim, uma semana turbulenta, cheia de coisas boas, outras ruins, mas que no somatório total deu um Viva à Vida. Viva aos meus Amigos com A maiúsculo, sempre tão solidários a mim, na dor e na alegria.
Viva aos sonhos, ao bem estar, à saúde, à alegria de viver.
Aprendi inúmeras coisas essa semana. Aprendi a cada dia aqui, com todos vocês. Aprendi a refletir sobre meus impulsos e o melhor, a contê-los.
Recebi carinho, amor, afagos, compreensão.
A vida anda corrida e o tempo, escasso, mas deixo aqui para vocês este lindo quadro da legítima arte naif brasileira.
Se quiserem saber mais sobre esse tema, a Beth, minha amiga-irmã, do blog Mãe Gaia fez um post lindo sobre o assunto.

"Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância." - Sócrates, filósofo grego.

domingo, 28 de novembro de 2010

Never Explain, Never Complain...

Ontem li essa frase: Nunca Se Queixe, Nunca Se Explique...
Acho que vou adotá-la como meu lema de agora em diante.
Embora eu ache a palavra Nunca, definitiva demais para o meu gosto...
Nenhuma verdade é absoluta, nada é absoluto, nada é totalmente verdade.
Pensando bem, é melhor não ter lema...
Beijos a todos! Bom domingo!

sábado, 27 de novembro de 2010

Rosas...

Queixo-me às rosas, mas que bobagem...
As rosas não falam...
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti...

Música: As Rosas Não Falam - Cartola

Aos meus verdadeiros, leais e sinceros amigos,

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Quando Eu Não Sei...







Quando não sei nada sobre uma coisa, sei tudo.
Porque tenho todas as possibilidades diante de mim.
Pelo fato de não saber, todo um leque de novas janelas se abrem ao meu não saber.
Na ignorância, se pode tudo.




quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Duas ou Três Coisinhas Sobre a Blogagem - Up Date

Meus amigos e participantes da blogagem:
Ao ter a ideia para a blogagem Minha Ideia É Meu Pincel, queria despertar nos participantes um olhar ingênuo, novo, quase infantil sobre as telas. Fazer com que esquecessem da vida do artista, não pesquisando sobre ele, sem fazer análises sobre sua obra ou sobre suas técnicas. Um primeiro olhar, uma primeira vez, ainda que não fosse, pois sei que temos muitos entendidos de arte entre nós.
Alguns poucos conseguiram, a maioria não. Sinto-me frustrada por talvez não ter sido devidamente clara e explícita ao divulgar a proposta.
Eu queria o olhar da criança, que vê uma coisa pela primeira vez.
Eu não entendo de arte, não sou crítica de arte e nem pretendo ser.
Quis lançar pequenos desafios, até à mim mesma ao escrever sobre uma tela. Entrar nela, sentí-la. Só isso, simples assim...Nas primeiras blogagens quase todos conseguiram "entrar" no clima.
Mas a partir da terceira tela, senti que as postagens iam se desviando da proposta e as pessoas foram caindo na armadilha fácil de procurar na internet coisas sobre aquele artista ou sobre sua vida.
Poucos fecharam os olhos e deslizaram para dentro da tela como foram capazes de fazer com a tela de Monet.
A minha intenção ao fazer essa blogagem era instigar, criar, fazer cócegas nos cérebros dos participantes, inclusive no meu, sempre pelo lado mais, digamos, "difícil" da coisa. Não era para gostar ou desgostar, saber se o artista foi mutilado ou sadio, pobre ou milionário. Isso é só procurar no google ou comprar um livro e se achará facilmente.
Só falta um último post, na próxima quinta feira, mas confesso, que dessa vez não atingi meu objetivo na grande brincadeira que são as minhas blogagens coletivas. Não me senti uma maestrina como das outras vezes. Saio um pouco frustrada dessa vez, me perdoem a franqueza, talvez por minha própria falha ao não ser clara o bastante.
E lembrem-se: faremos uma votação entre todos os posts para escolher o melhor entre os blogs, na próxima e última semana!
O melhor post, eleito pela maioria, será publicado em meu blog.
Espero que semana que vem, mergulhemos todos, como as crianças, de olhos fechados, na nossa imaginação.
Sem medo de olhar para dentro, ao olhar para fora...

Up Date: Meus amigos: espero não ter ferido suscetibilidades, não foi essa a minha intenção. Fiz somente uma análise de como eu vi a blogagem. Talvez tenha sido um pouco severa demais. Sou assim, exigente mesmo. Talvez seja hora de levar as coisas menos à sério. Isso é só uma brincadeira, afinal de contas.
Beijos,

Blogagem Coletiva - Minha Ideia é Meu Pincel

Coragem

Ao olhar para essa mulher de olhos tristonhos
Vejo a mim mesma e à tristeza em meus olhos
Vejo a mim e aos meus sonhos
Como num espelho sem vidro
Vazio, moldura
Como numa janela em escombros
Seu olhar me transmite
A dor dilacerante da alma
Tão grande
Que por vezes se torna física
Que fere
Machuca a carne esfolada
Corpo e alma
Em carne viva
Mesmo tendo a noção exata
De que a vida existe além de mim
E que continuará existindo
Esteja eu aqui ou não
Esteja eu triste ou feliz
Cantando ou a chorar
Pelos cantos
Ao olhar seus olhos sem esperança
Vejo a mim mesma
Que espero tanto
E que sei, no entanto
Que não há deuses olhando por nós
Como pensam as pessoas
Que não há saída para os males do mundo
Somos nós
Só nós
Os deuses de nossa existência
Pássaros voam
Borboletas borboleteiam
Mas, as raízes das quais somos feitos
Estão lá
Nos ferindo
Torturando
Enraizadas na impaciência
Do eterno querer brotar
Lembrando a todo momento
De que nada vale a pena
E que, entretanto
Tudo vale a pena
Vale a pena até sonhar

Minha loucura
É minha lucidez
Minha covardia
É de onde tiro minha força
Renasço
Todos os dias
À fórceps
Me levanto
Mesmo quando
Não quero acordar
Pela manhã
E teimosa
Me desobedeço
Se a Arte é a Vida
Quero viver por Ela
Quero emergir do fundo
E respirar por Ela
Quero Ser por Ela
Pela minha Arte
Sim, é preciso
É preciso que eu lute
E sofra
E ame
Ressuscite
Mil vezes
E reproduza a Luz
Para a qual fui feita
Saindo do breu
Ofuscante
Do escuro
Liquefeita
Por Ela
Por minha sobrevivência
Olho nos olhos
Da solidão
E retalhada
Retorno inteira
Sem me arrepender
É preciso mesmo
Muita coragem
Para viver.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Andanças

foto Henri Bonell

Hoje acordei com essa música na cabeça...
Foi uma das músicas mais marcantes da minha juventude.
Acho que tem tudo a ver com o meu momento e com tudo o que venho vivendo. Só que agora, sob uma outra ótica, mais madura e realista.

Andança

Beth Carvalho

Composição: Edmundo Souto, Danilo Caymmi e Paulinho Tapajós
Vim, tanta areia andei
Da lua cheia eu sei
Uma saudade imensa...
Vagando em verso eu vim
Vestido de cetim
Na mão direita, rosas
Vou levar...
Olha a lua mansa...(me leva amor)
Se derramar
Ao luar descansa
Meu caminhar..(amor)
Meu olhar em festa...(me leva amor)
Se fez feliz
Lembrando a seresta
Que um dia eu fiz
(por onde for quero ser seu par)
Já me fiz a guerra...(me leva amor)
Por não saber
Que esta terra encerra
Meu bem-querer...(amor)
E jamais termina
Meu caminhar ...(me leva amor)
Só o amor me ensina
Onde vou chegar
(por onde for quero ser seu par)
Rodei de roda, andei
Dança da moda, eu sei
Cansei de ser sozinha...
Verso encantado, usei
Meu namorado é rei
Nas lendas do caminho
Onde andei..
No passo da estrada...(me leva amor)
Só faço andar
Tenho meu amor
Pra me acompanhar..(amor)
Vim de longe léguas
Cantando eu vim...(me leva amor)
Vou, não faço tréguas
Sou mesmo assim
(por onde for quero ser seu par)
Já me fiz a guerra...(me leva amor)
Por não saber
Que esta terra encerra...(amor)
Meu bem-querer
E jamais termina
Meu caminhar...(me leva amor)
Só o amor me ensina
Onde vou chegar
(por onde for quero ser par)
Lá lá lá lá lá lá
Lá la lá lá lá lá....




































foto Jason Pfeifer

Continuo caminhando sozinha na estrada, naquela onde temos que ir sozinhos porque é a da busca de nós mesmos, aquela que  ninguém pode caminhar por nós, nem mesmo nos fazer companhia.
Meu namorado não é rei, é apenas humano, cheio de falhas como eu...
Só o amor me ensina onde vou chegar?
Já não tenho essa ilusão...minha felicidade depende de mim mesma, só eu, e mais ninguém, posso me fazer feliz. O amor é importante sim, mas só consigo amar plenamente se me realizo como ser humano.
Já não sou mais a menina romântica que acreditava que meu príncipe me libertaria e me levaria num caminho florido, mãos dadas, me livrando de todo o mal.
A andança continua, mais árdua, mais dura, mas em compensação muito mais consciente de que só depende de mim mesma que ela seja bela e proveitosa. E que nenhuma estrada dessa vida tem fim, todos continuaremos  nossas andanças enquanto vivermos. E, afinal, não está aí a grande verdade da Vida?
Na minha andança tenho companheiros, também andarilhos como eu, na procura, sem trégua, da paz interior.
Bom dia a todos!



segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Café Com Flores Para Meus Amigos

Minha amiga Beth Lilás do blog Mãe Gaia veio passar a tarde comigo hoje e me deu de presente essa dica a seguir. Cliquem nela e saberão.


 




A Criança Que Eu Fui

Hoje estou lá no blog da Norma, o Pensando em Família na série: A Criança Que Eu Fui.
Quem quiser, dê uma passadinha por lá.
Obrigada a todos pelo carinho. Beijos,

domingo, 21 de novembro de 2010

Ninhos...


foto Gerald Goldschein

" Que os pássaros da tristeza e da preocupação voem sobre tua cabeça, tu não podes evitar; mas que eles façam ninhos em teus cabelos, isto, tu podes prevenir." Provérbio Chinês

Obrigada a quem fez um afago em minha face...Obrigada a quem me olha, mesmo de longe e entende, olhando dentro dos meus olhos, vendo a minha alma, como a mostro aqui...
Mas, continuo dizendo: Meus amigos, ser eu não está nada fácil...
Vou procurando que os pássaros voem mas não façam os ninhos...
Espanto com as mãos.
Esboço um sorriso.
Mas a alma pesa como se tivesse criado raízes em mim. E parece que essas mesmas raízes se entremeiam, fazendo ninhos em meus cabelos...
Não se espantem, sou assim.
Procuro não mostrar esse meu lado, mas ultimamente, anda difícil.
Quem me conhece, ao vivo, sabe que não sou desse jeito pessoalmente e custa até a crer que a pessoa sorridente da foto tenha essa alma atormentada e solitária.
Só quem é assim, me compreenderá. Não é depressão. Não é vontade de desistir da vida.
É só tristeza, uma tristeza inexplicável, funda e dolorida.
Nasceu comigo como um fado português, permeado de melancolia, dor, saudade do que não vivi...
Passa e volta, num círculo sem fim...um dentro do outro, dentro do outro, infinitamente, desde sempre.
Amanhã, no blog da Norma, estarei eu, falando um pouco da minha infância, na blogagem " A Criança Que Eu Fui".

Os pássaros continuam cantando e voando em volta de mim...Os ninhos? Ah, os ninhos, continuam lá...


sábado, 20 de novembro de 2010

Sou uma Ilha

"Meus amigos, ser rei não é nada fácil..."
Começava assim um livro de minha infância, que contava a estória do rei da selva, o leão.
Não sei bem porque, hoje amanheci com essa frase na cabeça, só que da seguinte forma:
Meus amigos, ser poeta não é nada fácil...
Ontem, fui parar num hospital, depois de passar mal desde a véspera.
Não consigo respirar porque meu pulmão dói. Dói tanto que não posso suspirar...logo eu, que suspiro o dia todo...
Tenho dores pelo corpo todo. Me sinto dolorida: pele, ossos, nervos...
Tenho pensado muito nisso, em como as dores da alma se transformam em dores do corpo, em mim.
O peso que venho carregando nesse último ano, tem me transformado numa Maria das Dores.
Filha diz que estou hiponcondríaca.
Marido diz que só vivo reclamando e não vou ao médico.
Só o filho não diz nada... Esse passa, me olha com seus olhos doces e me faz um carinho na face...
Sabem como eu me sinto?
Como uma ilha, boiando, no meio do nada...
Uma ilha, sozinha no lago, em meio às brumas, carregando o peso das árvores e das suas raízes.
Me pergunto: Foi para isso que nasci assim?
Foi para sofrer? Chorar dias inteiros?
Não aguentar a crueza da vida?
Não suportar a dor, o sofrimento, a solidão?
Porque fui nascer assim, carregando o peso do firmamento?
Meu corpo padece.
Dores na carne, na alma, no peito...

Preferia ser dura, não ter sentimentos, não ser sensível ao belo, ao minúsculo, ao que ninguém vê...
Às vezes penso que enlouqueço. E penso que seria melhor se enlouquecesse de uma vez. Se é que já não estou louca. Se é que já não nasci louca.
Por vezes falo para as paredes. Sozinha, aos encontrões, esbarro em mim mesma nas madrugadas desertas.
Estou sozinha, irremediavelmente sozinha na minha loucura.
Por mais que tenha amigos, por mais que esteja cercada de gente à minha volta.
Vivo só desde que nasci. Não tenho com quem dividir minha dor porque todos tem as suas e ninguém entende as minhas...Acham bobagem, acham besteira.
Lá, naquele lugar, onde só há nós mesmos, me olho e não me vejo, procuro e não me acho.
Ando perdida de mim mesma. Em mim mesma.
Ando cansada desse sofrimento sem fim que é ser poeta...
Meus amigos, ser eu não está sendo nada fácil...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Blogagem Coletiva - Não à Violência Contra as Crianças!

Eu, Criança

Nasci para brincar
Para ser amada
Para ter direito à educação de qualidade
Para ter um lar
Para ser afagada
Acalentada

Nasci para receber carinho
Para trazer um sopro de vida
E de esperança
À humanidade

Nasci para ter oportunidade de ser alguém
Ter atendimento médico de qualidade
Nasci para ser feliz
Ser bem educada
Ter direito à leitura
À uma boa escola

Nasci para poder ser criança
Brincar
Ter tempo para viver minha infância
Não quero ter que ser massacrada por atividades sem fim
Só porque meus pais acham que é assim que se educa:
Ir à natação
Ao curso de inglês
Ao karatê
Ao judô
À aula de violão
Ao curso de teatro
Nasci para ser criança
Quero ter tempo para ser só criança.
Não é opção
É meu direito
Mas não me façam todas as vontades
Ou serei um adulto medíocre
E infeliz
Porque ninguém tem tudo na vida
E nem tudo se pode comprar
Preparem-me para a vida
Ninguém sabe como será o amanhã.


Nasci para ter comida à mesa
E uma mesa
E uma casa
Mais que uma casa: um lar
Não nasci para ter que trabalhar
Nem para ser explorada
Nasci para abraçar
Ser abraçada
Sorrir e ser beijada
Nasci para ser feliz
Não nasci para ser maltratada
Nem abusada
Nem vilipendiada
Sou anjo
Em forma de gente
Nasci para trazer Paz à Terra
Alegria
Ternura
Suavidade
Só para isso vim ao mundo
E vocês, que me trouxeram a ele
Nunca se esqueçam:
Eu não pedi para nascer!

Amemos nossas crianças para que não tenhamos que, no futuro, punir os homens - Adaptação de uma frase de Pitágoras.
Esse post faz parte da blogagem coletiva Contra a Violência Contra Crianças e Adolescentes, proposta pela Ingrid do blog Desconstruindo a Mãe.

Fotos: net, Ruth Walsh, Susan Haggen, Kim Crenshaw e Unicef

Blogagem Coletiva - Campanha Contra a Violência Doméstica às Crianças

A Ingrid do blog Desconstruindo a Mãe me convidou para participar da blogagem coletiva que acontecerá amanhã contra a violência doméstica contra crianças e adolescentes.
Quem quiser participar é só aderir e avisar à Ingrid.
Vamos contar "causos", falar de nós mesmos na infância ou de nossos filhos. Do que fizemos e evitamos. Cada um fala sobre o tema do jeito que quiser.
Pode ser de algum caso que viu ou soube.
Acho um tema super importante e atual diante de tantas atrocidades contra a infância que vemos nos jornais todos os dias.
Vamos participar?
Estão todos convidados.
Beijos,

Blogagem Coletiva - Minha Ideia é Meu Pincel

Edgar Degas - Les Danseuses Bleues

Bleu

Silencio
Na coxia
Respiração
Ofegante
Alongamento
Músculos
Tensos
Tutus
Armados
Filós
Azuis
Brilhos
Intensos
Tules
Luzes
Cortinas
Veludos
Burburinho
Na platéia
Orquestra
Instrumentos
Afinando
Descansou
A cabeça
Coração
Descompassado
Som
De clarineta
Fechou
Seus olhos
Imaginou-se
Borboleta...

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Palavras

Sou melhor com as palavras escritas. Muito melhor do que com as faladas. Incomparavelmente melhor com as letras num papel do que com as que saem de minha boca.
Tenho uma certa rudeza que assusta, própria dos sincericidas. Espanto alguns, magoo outros e acabo me afastando por não saber dizer a minha verdade com as palavras certas.
Seres humanos me cansam, à vezes. Eu mesma me canso, às vezes.
Palavras escritas saem num turbilhão, dizem a minha verdade e, no entanto, não machucam. Embora, às vezes o façam sem que eu deseje.
Já as ditas, as faladas, estas, saem sem freio, sem a censura própria dos adultos.
Minha sinceridade assusta. Não que esteja sempre certa. Muitas vezes não estou. Muitas vezes, digo o que ninguém tem coragem de dizer. Muitas vezes não seria necessário dizê-lo.
Gente não gosta de ouvir. Pessoas não gostam de saber. Preferem tapar os olhos, fechar as cortinas e viver no seu mundinho irretocável. E eu, o que ganho com isso?
Que tipo de prazer é esse de esfregar o que penso na cara de quem não pediu para ouvir?
Não, a minha verdade não é absoluta. Pode ser para mim e não ser para o outro.
Por isso, às vezes as pessoas me cansam. Por isso, muitas vezes prefiro a solidão como companheira.
Para não ter que confrontar ninguém com a minha necessidade de dizê-la. Pois cada um tem a sua. Cada um a enxerga como quer.
Cada um faz o que quer com ela. A vê ou a camufla. Ou simplesmente a deixa lá, quieta, sem incomodá-la.
Às vezes penso que a cada dia me afasto um pouco mais do mundo.
Muitas vezes, prefiro o silencio que me envenena.
E a solidão que me completa e me mata aos poucos.

Gravura etsy.com

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Minha Crença

Este é o meu
Altar
Onde rezo
Todos os dias
Aos deuses da escrita
À Thot
Hermes Trimegisto
Ao Deus da Sabedoria
Livros
São a minha
Religião
Os venero
Os cultuo
A eles
Acendo incensos
Velas imaginárias
Peço que
Dêem-me
Simplicidade
Menos arrogância
Pés no chão
Orgulho

O suficiente
Para ser
Eleita
Entre tantos
Luz
Clareando
Meus caminhos
Meus livros
Tomos Sagrados
Que guardam
Conhecimento
Compêndios
Bíblias
De ensinamentos
Lições de vida
Vivências
Quantos li
Em minha existência?
Quantos reli?
Quantos desejo ler?
Talvez não caibam
Numa só vida
Precise de
Muitas
Outras
Tantas
Idas
Vindas

Neste sagrado
Altar
De memórias
Estórias
Registros
Religião
Que sigo
Desde
As primeiras letras
Rabiscadas
Em cadernos
Com caligrafia
Infantil
Que os deuses
Desta crença
Concedam-me
A gloria
A honra
A maior
Entre todas
Que nesse altar
Figurem
Enfileirados
Lado a lado
Com meus ídolos
De papel
Também
Os meus.


Telas de Noemi Martin

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Um Pica Pau Pela Manhã e Uma Decepção

Essa lindura aí de cima está no meu quintal. Ele e sua fêmea, estavam agorinha mesmo, bicando os galhos do limoeiro. É o pica pau anão barrado ou picumnus cirratus.
A natureza aqui, à minha volta tem se mostrado pródiga e generosa ao meu olhar.
Pássaros que nunca havia visto antes, têm vindo em busca de frutas que nascem em profusão no meu jardim, fora as bananas e mamões que coloco diariamente para os micos que vêm almoçar e jantar aqui em casa.
Fico exultante a cada vez que vejo um novo bichinho, seja pássaro, macaco, lagarto porco espinho, todos nativos, andando e voando em liberdade pelo meu quintal, território livre dos animais, que vêm sem medo, perto de mim, me presentear com sua beleza.
Não consegui tirar fotos dos pica paus, mas achei na net um igual.
Foto de Jarbas Mattos no Flickr.

Queria falar sobre um outro assunto hoje. Uma decepção, mais uma, com meu país.
Não sei se sabem, mas Chico Buarque, o compositor, ganhou o Prêmio Jabuti e também o Prêmio de Literatura Portugal Telecom, com o livro Leite Derramado, num jogo de cartas marcadas (segundo a revista Veja, o jornal A Folha e o dono da editora Record). Eu confesso, que quando li, que já estava decidido por baixo dos panos que ele seria o vencedor do Prêmio Portugal Telecom fiquei pensando com meus botões que um escritor novo não tem mesmo muitas chances, nesses prêmios, ao concorrer com gente famosa, ou com interesses políticos e comerciais.
No dia seguinte, o barraco estava armado ao sair na Folha que o editor Sérgio Machado, presidente do grupo da Editora Record, se retirara do concurso Jabuti e denunciava que o maior concurso literário do país havia "virado um concurso de beleza, com critérios de programas como os de Faustão e Sílvio Santos."
Na carta ele ainda afirma que " as normas do Jabuti desvirtuam o objetivo de qualquer prêmio, pondo em desigualdade os escritores que não sejam personagens mediáticos". E que a premiação foi "pautada em critérios políticos, sejam da grande política nacional, sejam da pequena política do setor livreiro - editorial".
Eu sempre achei desigual e injusto que os grandes prêmios literários pusessem no mesmo saco, autores consagrados e novos autores. Agora que o circo foi desmascarado, vejamos os próximos capítulos.
Isto muito me interessa, afinal, aos novatos, não resta muita opção a não ser lançar seu livro por uma dessas pequenas editoras que fazem sob demanda e onde o pobre coitado ainda tem que divulgar, fazer orelha, capa, revisão e o produto final nem sempre sai como se esperava.
Essa é a triste realidade editorial de nosso país. Onde o dinheiro e os interesses políticos falam mais alto do que o valor literário ou a beleza da escrita.

sábado, 13 de novembro de 2010

Rememórias...

Pergunto-me hoje de que somos feitos.
Somos feitos de memórias. Algumas, nem sabíamos que ainda estavam lá, intocadas.
Talvez, alguma reminiscência atávica que carregamos em nossos genes.
Memórias de infância?
De outras eras?
De um passado nebuloso?
Lembranças que nossos ancestrais nos deixaram, gravadas em nós, como faz um canivete numa pedra ou num tronco de sobreiro?
Quem somos nós, afinal?
De que matéria somos feitos?
Feitos de sonhos, sim.
Feitos de esperança.
De insondáveis desejos, muitas vezes ocultos. Noutras, bem visíveis, estão eles lá, à espera de que os realizemos.
Somos feitos de sangue, suor, músculos, força de vontade. Alguma desesperança, algumas decepções.
Mas somos feitos, principalmente de um material impalpável: lembranças.
De outras vidas?
De outros mundos?
Ou será nosso mundo interno tão vasto que carrega em si outros universos?
Ou será nossa inconsciência tão infinita que lá habitam rememórias?
Não sou capaz de responder a essas questões que me tenho feito ao longo da vida.
Mas ando sendo capaz de pescá-las, eu mesma, lá, nesse fundo insondável, infinito e misterioso de mim mesma...

Foto de Humberta Lima, Ilha Terceira, Açores.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Simples

Talvez quem me ler hoje não entenda nada.
Mas estou feliz da vida!
Sou louca?
Talvez.
E talvez só os mais chegados saberão do que eu falo...alívio, plenitude, sensação boa de que tudo agora vai dar certo.
Sou louca! Tenho certeza!
Louca pela Vida!
Beijos,

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Blogagem Coletiva - Minha Ideia é Meu Pincel

The Waterfall - Georgia O'Keefe


Início, Meio e Fim.
( Ilha Terceira )

Eis minha Ilha
Ela
A que originou-me
Em minha
Metade
Lusa
Ela
De onde vieram
Meus ancestrais
Do alto
Vejo
Suas cascatas
Hortências
Brumas
Fumarolas
Águas tépidas
Azuis

Eis minha Ilha
Aquela
Que vejo do alto
Esquecida
Sob as nuvens
Escondida
No nevoeiro
De um tempo
Muito antigo
Em seus
Mistérios
Revolvidos

Seus montes
Vulcões
Extintos
Adormecidos
Fumegam
Em minhas
Entranhas
Crateras
Ela
A que guarda
Meus segredos
E revela-me
Seu coração

Transforma-me
Redime-me
Renasce
Em mim
No meu
Mais profundo
Eu
A descobridora
A desbravadora
De minha estória
A Ilha
Remota
Origem
Trajeto
Que refiz
Ao passado
Trilhado
De minha
Memória
E de outras
Que não
Minhas
Mas que
Passaram
A ser
Completando
A outra
Metade
Que me
Faltava
Preencher

Cachoeira
Penedo
Penhasco
De onde
Avisto
Sem nunca
Ter lá
Pisado
Sobrevôo
Minha Vida
Meu início
Meio
Fim.