sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Somos Bruxas?
Assisti nas últimas semanas a dois trailers de filmes sobre mulheres, bruxas ou endemoninhadas.
E, comecei a refletir sobre esse assunto. Assunto aliás, que muito me intriga já há algum tempo.
E não se trata aqui de feminismo ou qualquer coisa parecida. Trata-se de fatos históricos.
Desde a Idade Média, quando a Igreja Católica começou a dominar o mundo ocidental, tomando santuários e templos de povos pagãos transformando-os em igrejas, há essa perseguição à figura feminina.
Na Idade Média, 9 milhões de pessoas foram acusadas, julgadas e mortas, geralmente enforcadas ou queimadas, sem direito à defesa e sem sequer saber do que estavam sendo acusadas.
Pois bem, desses 9 milhões, 80% eram mulheres e até crianças, desde que meninas...
Ao perceber que nesses filmes recentes, os personagens endemoninhados ou envolvidos em bruxarias eram mulheres, fiquei indignada. Um desses filmes se diz baseado em estória real contado por um padre exorcista do Vaticano! Com Anthony Hopkins e isso em 2011!
Podem reparar. Nenhum filme que trata desse assunto tem um bruxo ou como criatura a ser exorcizada, um homem. Ou um endemoninhado masculino. Somos sempre nós, as mulheres, as desgracentas, as que tem o diabo no corpo, as luxurientas, pecaminosas, que arrastam os pobres homens para as labaredas do inferno.
Somos as conspícuas, as putas, as megeras, as que usam o sexo para conseguir o que querem, as malévolas, desde Eva...
As religiões pagãs cultuavam a representação feminina como figura principal, através da Deusa-Mãe, a Natureza, a Terra, a Colheita, todas enfim, figuras femininas.
A Igreja Católica, temia o poder espiritual e político dessas mulheres que eram as parteiras, as que dominavam a arte dos remédios naturais e das plantas medicinais, geralmente chamadas em casos de doenças e que, através desse "poder"confrontavam os dogmas cristãos de Deus, figura masculina por excelência.
Talvez por isso, todas as mulheres no catolicismo representem papéis secundários como Madalena, Marta, Maria etc.
A Inquisição ainda exacerbou mais esse ódio à figura feminina e ao poder "divino" da deusa-mãe, ao associar as mulheres à figura demoníaca, à tentação do sexo, com suas formas, curvas, seios, vulvas...
O que fazer para deter esse poder que "envenenava" os homens?
Matá-las, queimá-las, chamá-las de bruxas. Exorcizá-las.
Reparem nos casos recentes de exorcismo que a Igreja divulgou. Havia algum homem endemoninhado?
Não, só moças, geralmente com graves perturbações psiquiátricas, que a Igreja teima em chamar de endiabradas. Já repararam na conotação sexual que todos esses casos trazem em si?
Para que esse post não fique muito longo, falarei mais sobre esse tema posteriormente.
Mas gostaria da opinião de vocês sobre esse assunto perturbador e aviltante, que persiste até os dias de hoje. Com o aval do Vaticano.
E pergunto: Seremos tão perigosas assim? Que poder é esse que as mulheres trazem em si que tanto amedronta as religiões?
Blogagem Coletiva - Meu Personagem Favorito de Livros
Tarefa difícil.
Eis-me aqui a procurar um personagem preferido entre os milhares que admirei e amei ao longo de minha vida.
Leio, compulsivamente, desde que aprendi as primeiras letras. Já contei várias vezes minha estória e que foi meu pai quem me inoculou o vírus da sede de conhecimento e do amor pelos livros. Minha irmã do meio também me influenciou muito em minhas leituras. Devo à eles todo o "estofo" que adquiri ao longo da vida.
Pois bem, hoje tive que parar para pensar qual personagem de livro, de todos os que li, era o meu predileto.
Para mim, isto é tarefa impossível...até porque li tanto e desde tão pequena, desde os clássicos até os modernos, que resolvi fugir um pouco da obviedade de escolher meu personagem entre os grandes clássicos da literatura. Resolvi então escolher, não um, mas quatro personagens recentes, que me fizeram amar ainda mais o ato de ler e de me perder nesse mundo mágico da literatura de qualidade.
1. Balram - o "empreendedor" cínico e debochado de O Tigre Branco, de Aravind Adiga, que expõe de maneira às vezes ingênua, às vezes perturbadora, a organização caótica e isenta de princípios morais do mundo e das relações humanas, através de seu país, a Índia. Esse personagem tem muito a ver com o tal "jeitinho" brasileiro que beira o mau caratismo...
2. Raimund Gregorius - o professor de línguas clássicas de Trem Noturno para Lisboa, de Pascal Mercier, que após um encontro inusitado, abandona sua vida rotineira e sem graça e, por causa de um livro e seu autor, parte em busca de si mesmo, mudando de maneira radical seu modo de ver a vida. Um personagem profundo e que faz pensar...
3. Fermín - o ex mendigo revolucionário de A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón, cujo bom humor, lealdade e capacidade de reinventar-se torna o livro um os melhores que já li em décadas. Suas tiradas geniais me fazem pensar se não é o alter ego de Zafón.
4. Dito Mariano - o avô morto/vivo de Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra, de Mia Couto, que, ao trazer o neto de volta à sua terra e à sua casa, traz à tona, também, a consciência de que mesmo distantes ou quando pensamos ter esquecido nossas raízes, elas estão lá, o tempo todo, dentro de nós. Minha ancestralidade anda muito pulsante e esse livro foi um mergulho em mim mesma...
Há inúmeros outros personagens que fazem parte de mim, que me fizeram enxergar o mundo com outros olhos. Que transformaram minha essência ao me fazer ver a vida através de seu olhar.
Personagens, autores e livros...vivi e vivo cercada deles. Sou quem sou por causa deles e com o que aprendi lendo.
Agradeço à vida por ter sido filha de quem fui e por ter tido a chance de, através dos livros, ter acesso à cultura, à informação, à magia. Por ter tido a oportunidade de, ao usufruí-los e vivenciá-los, me transformar.
Esse post faz parte da blogagem coletiva proposta pelo Alessandro Martins do blog Livros & Afins.
Obrigada Alessandro por mais esta oportunidade! Parabéns pela iniciativa e pelo prazer de mais uma vez falar sobre o que mais gosto: livros.
Eis-me aqui a procurar um personagem preferido entre os milhares que admirei e amei ao longo de minha vida.
Leio, compulsivamente, desde que aprendi as primeiras letras. Já contei várias vezes minha estória e que foi meu pai quem me inoculou o vírus da sede de conhecimento e do amor pelos livros. Minha irmã do meio também me influenciou muito em minhas leituras. Devo à eles todo o "estofo" que adquiri ao longo da vida.
Pois bem, hoje tive que parar para pensar qual personagem de livro, de todos os que li, era o meu predileto.
Para mim, isto é tarefa impossível...até porque li tanto e desde tão pequena, desde os clássicos até os modernos, que resolvi fugir um pouco da obviedade de escolher meu personagem entre os grandes clássicos da literatura. Resolvi então escolher, não um, mas quatro personagens recentes, que me fizeram amar ainda mais o ato de ler e de me perder nesse mundo mágico da literatura de qualidade.
1. Balram - o "empreendedor" cínico e debochado de O Tigre Branco, de Aravind Adiga, que expõe de maneira às vezes ingênua, às vezes perturbadora, a organização caótica e isenta de princípios morais do mundo e das relações humanas, através de seu país, a Índia. Esse personagem tem muito a ver com o tal "jeitinho" brasileiro que beira o mau caratismo...
2. Raimund Gregorius - o professor de línguas clássicas de Trem Noturno para Lisboa, de Pascal Mercier, que após um encontro inusitado, abandona sua vida rotineira e sem graça e, por causa de um livro e seu autor, parte em busca de si mesmo, mudando de maneira radical seu modo de ver a vida. Um personagem profundo e que faz pensar...
3. Fermín - o ex mendigo revolucionário de A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón, cujo bom humor, lealdade e capacidade de reinventar-se torna o livro um os melhores que já li em décadas. Suas tiradas geniais me fazem pensar se não é o alter ego de Zafón.
4. Dito Mariano - o avô morto/vivo de Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra, de Mia Couto, que, ao trazer o neto de volta à sua terra e à sua casa, traz à tona, também, a consciência de que mesmo distantes ou quando pensamos ter esquecido nossas raízes, elas estão lá, o tempo todo, dentro de nós. Minha ancestralidade anda muito pulsante e esse livro foi um mergulho em mim mesma...
Há inúmeros outros personagens que fazem parte de mim, que me fizeram enxergar o mundo com outros olhos. Que transformaram minha essência ao me fazer ver a vida através de seu olhar.
Personagens, autores e livros...vivi e vivo cercada deles. Sou quem sou por causa deles e com o que aprendi lendo.
Agradeço à vida por ter sido filha de quem fui e por ter tido a chance de, através dos livros, ter acesso à cultura, à informação, à magia. Por ter tido a oportunidade de, ao usufruí-los e vivenciá-los, me transformar.
Esse post faz parte da blogagem coletiva proposta pelo Alessandro Martins do blog Livros & Afins.
Obrigada Alessandro por mais esta oportunidade! Parabéns pela iniciativa e pelo prazer de mais uma vez falar sobre o que mais gosto: livros.
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Um Conto - O Guardador de Palavras
Giovanni não podia imaginar que o trabalho que arranjara como guarda palavras naquela biblioteca fosse ser tão difícil.
Não, não imaginara mesmo que seria tarefa tão fatigante.
Porque lidar com palavras não era coisa fácil. Agrupá-las, discipliná-las, mantê-las quietas era muito trabalhoso, tanto física quanto emocionalmente.
Sua responsabilidade era imensa, ele sabia agora.
Havia as inquietas, as que teimavam em sair de onde não deviam.
Havia as hiperbólicas, as que não cabiam em si de tão grandiosas. E as metafóricas, leves, melífluas, que saíam voando, entontecidas, como penugens assopradas quando bate uma brisa...
Por mais que as etiquetasse, datasse, guardasse, engavetasse...não havia meio que as fizesse seguir regras, ou ficassem nos lugares determinados.
Algumas, e ele era obrigado a fazê-lo, tinha mesmo que amarrar nos livros a que pertenciam, com fios invisíveis a olho nu.
Era uma tarefa meticulosa, pois a agulha tampouco se enxergava com os olhos da cara. E, mesmo fazendo aquele trabalho de Penélope, de costurá-las às páginas, uma a uma, nem assim as conseguia prender.
Às vezes perdia a paciência: Ah! Diabos que as carreguem!
Outras, obedientes, quase não causavam estorvo, a não ser quando se juntavam às revolucionárias, às libertárias, às palavras de ordem...Essas, ninguém segurava e ainda influenciavam as outras, as que andavam na linha e saíam, juntas e levando as outras, as inócuas, a fazer balbúrdia pela biblioteca.
As onomatopéicas, essas eram barulhentas, escandalosas, quebravam o silencio das noites escuras e insones. O cheiro de papel novo e velho enchia as salas escuras e era quase palpável o perfume que se desprendia dos velhos livros, alguns antiquíssimos...
Ele tinha bem poucos dias de paz, o pobre Giovanni. Muito poucos mesmo.
Na maioria deles o guardador não parava um minuto, pois mal se distraía e virava as costas para uma das milhares de estantes, bastava isso, e pronto. As palavras já começavam de novo a se embaralhar, entrar em páginas proibidas, trocar de lugar com outras, sair dos tomos onde haviam sido escritas há muitos anos atrás, mudando o sentido das frases, às vezes de parágrafos inteiros!
Proibições! Elas não admitiam proibições. Eram cheias de vontades, tinham vida própria, senhoras de si.
Às vezes, quando Giovanni cochilava em seu cansaço, acordava com algumas delas pousadas em seu bigode ou nas suas grossas sobrancelhas. Outras, penduravam-se em suas orelhas, como brincos e riam-se dele, a zombar daquele pirata barrigudo...
Pobre coitado. Não era definitivamente tarefa fácil persuadí-las a voltar de onde vieram, aos seus livros de origem, às páginas onde foram escritas.
Mas havia dias em que as sapecas apiedavam-se dele e comportavam-se como crianças na missa de domingo, aparentemente submissas, mas cochichando baixinho, cutucando umas às outras. Nesses dias ele conseguia tirar uma boa soneca, ouvindo o sussurro ao longe e sentindo leves cócegas nos dedos dos pés.
Mas, na maior parte das noites e dias elas agiam como crianças levadas, que após saírem da escola, onde estiveram por tanto tempo enfurnadas, correm, gritam, enfim libertas das paredes e lições.
Mas, pensando bem, entre elas, ocupando seus dias e noites, mesmo tendo que amarrá-las, coibí-las, seguí-las, domá-las, sentia-se feliz. Pois, sabia em seu íntimo, que agora sua vida tinha algum sentido.
Dedico esse conto à minha querida amiga e bibliotecária Giovanna, guardadora de livros e palavras, e ao seu amor pelos livros antigos e novos, e, pelas palavras, elas também, a minha paixão e o que dá sentido à minha vida.
Não, não imaginara mesmo que seria tarefa tão fatigante.
Porque lidar com palavras não era coisa fácil. Agrupá-las, discipliná-las, mantê-las quietas era muito trabalhoso, tanto física quanto emocionalmente.
Sua responsabilidade era imensa, ele sabia agora.
Havia as inquietas, as que teimavam em sair de onde não deviam.
Havia as hiperbólicas, as que não cabiam em si de tão grandiosas. E as metafóricas, leves, melífluas, que saíam voando, entontecidas, como penugens assopradas quando bate uma brisa...
Por mais que as etiquetasse, datasse, guardasse, engavetasse...não havia meio que as fizesse seguir regras, ou ficassem nos lugares determinados.
Algumas, e ele era obrigado a fazê-lo, tinha mesmo que amarrar nos livros a que pertenciam, com fios invisíveis a olho nu.
Era uma tarefa meticulosa, pois a agulha tampouco se enxergava com os olhos da cara. E, mesmo fazendo aquele trabalho de Penélope, de costurá-las às páginas, uma a uma, nem assim as conseguia prender.
Às vezes perdia a paciência: Ah! Diabos que as carreguem!
Outras, obedientes, quase não causavam estorvo, a não ser quando se juntavam às revolucionárias, às libertárias, às palavras de ordem...Essas, ninguém segurava e ainda influenciavam as outras, as que andavam na linha e saíam, juntas e levando as outras, as inócuas, a fazer balbúrdia pela biblioteca.
As onomatopéicas, essas eram barulhentas, escandalosas, quebravam o silencio das noites escuras e insones. O cheiro de papel novo e velho enchia as salas escuras e era quase palpável o perfume que se desprendia dos velhos livros, alguns antiquíssimos...
Ele tinha bem poucos dias de paz, o pobre Giovanni. Muito poucos mesmo.
Na maioria deles o guardador não parava um minuto, pois mal se distraía e virava as costas para uma das milhares de estantes, bastava isso, e pronto. As palavras já começavam de novo a se embaralhar, entrar em páginas proibidas, trocar de lugar com outras, sair dos tomos onde haviam sido escritas há muitos anos atrás, mudando o sentido das frases, às vezes de parágrafos inteiros!
Proibições! Elas não admitiam proibições. Eram cheias de vontades, tinham vida própria, senhoras de si.
Às vezes, quando Giovanni cochilava em seu cansaço, acordava com algumas delas pousadas em seu bigode ou nas suas grossas sobrancelhas. Outras, penduravam-se em suas orelhas, como brincos e riam-se dele, a zombar daquele pirata barrigudo...
Pobre coitado. Não era definitivamente tarefa fácil persuadí-las a voltar de onde vieram, aos seus livros de origem, às páginas onde foram escritas.
Mas havia dias em que as sapecas apiedavam-se dele e comportavam-se como crianças na missa de domingo, aparentemente submissas, mas cochichando baixinho, cutucando umas às outras. Nesses dias ele conseguia tirar uma boa soneca, ouvindo o sussurro ao longe e sentindo leves cócegas nos dedos dos pés.
Mas, na maior parte das noites e dias elas agiam como crianças levadas, que após saírem da escola, onde estiveram por tanto tempo enfurnadas, correm, gritam, enfim libertas das paredes e lições.
Mas, pensando bem, entre elas, ocupando seus dias e noites, mesmo tendo que amarrá-las, coibí-las, seguí-las, domá-las, sentia-se feliz. Pois, sabia em seu íntimo, que agora sua vida tinha algum sentido.
Dedico esse conto à minha querida amiga e bibliotecária Giovanna, guardadora de livros e palavras, e ao seu amor pelos livros antigos e novos, e, pelas palavras, elas também, a minha paixão e o que dá sentido à minha vida.
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Blogagem Coletiva - O Que Os Sonhos Fazem Por Nós
Sonhos...
Em que lugar eles são?
em que dimensão
estratosfera
amplidão?
Lá
num lugar
que não existe
e que
aparentemente
não
se toca
ou
se alcança
E
no entanto
balançam
nossas
ideias
revolucionam
nossos
mundos
e
nos transformam...
Sonhos...
Será possível
dormir
sem eles?
Viver
sem eles?
Acordar
andar
caminhar
trôpegos
cegos
perdidos?
Sonhos
me fazem
seguir
respirar
querer
desejar
mais
Vivo
e respiro
pelos meus
sonhos
E, por vezes
desconfio
que é lá
onde habito
e me encontro
comigo
mesma
Lá
nesse país
sem nome
sem lugar
mas onde
tudo
existe
e faz sentido....
Esse post faz parte da Blogagem Coletiva proposta pela amiga Liliane do blog Sonhar e Ser.
telas de Noemi Martin
Em que lugar eles são?
em que dimensão
estratosfera
amplidão?
Lá
num lugar
que não existe
e que
aparentemente
não
se toca
ou
se alcança
E
no entanto
balançam
nossas
ideias
revolucionam
nossos
mundos
e
nos transformam...
Sonhos...
Será possível
dormir
sem eles?
Viver
sem eles?
Acordar
andar
caminhar
trôpegos
cegos
perdidos?
Sonhos
me fazem
seguir
respirar
querer
desejar
mais
Vivo
e respiro
pelos meus
sonhos
E, por vezes
desconfio
que é lá
onde habito
e me encontro
comigo
mesma
Lá
nesse país
sem nome
sem lugar
mas onde
tudo
existe
e faz sentido....
Esse post faz parte da Blogagem Coletiva proposta pela amiga Liliane do blog Sonhar e Ser.
telas de Noemi Martin
domingo, 20 de fevereiro de 2011
A Vida em Círculos
Círculos
Concêntricos
Pedrinha
Atirada
Espelho d’água
Marolando
Lúdicas ondas
Esferas
Infinitas
Eterna
Brincadeira
Trazendo
O passado
À tona
Retorno
Ao presente
Em volta
Dentro e fora
Afunda
O centro
É a vida
sábado, 19 de fevereiro de 2011
Lendo E Aprendendo
Terminei de ler ontem A Ira de Deus, livro magistral do historiador inglês Edward Paice.
Trata-se da estória do terremoto que destruiu Lisboa em 1755. Desde que visitei a cidade, em 2008, me interessei muito por esse tema. Muita gente não sabe desse fato. Eu mesma, antes de ir à Portugal, não sabia.
O terremoto de Lisboa, seguido de uma enorme tsunami, matou entre 30 a 40 mil pessoas, arrasou a cidade e foi sentido em vários países da Europa. Na verdade foram 3 tremores, sendo que o maior deles media entre 8,75 e 9 graus na escala Richter.
Após os tremores, o pouco que restou foi reduzido a cinzas pois o terremoto aconteceu no dia de Todos os Santos, 1º de novembro, quando as igrejas estavam lotadas de fiéis e milhares de velas acesas. Incêndios arderam pela cidade, por uma semana, após os tremores
O terremoto de Lisboa teve um enorme impacto, não só em Portugal, mas em toda a Europa e mudou o pensamento e a religiosidade europeus como nenhum outro desastre natural, pois confrontou a "bondade divina" com o imenso sofrimento das vítimas. A questão da Ira Divina foi debatida por filósofos e teólogos no mundo inteiro e abriu caminho para uma maneira nova de ver o mundo e a religião.
O que também muito me impressionou neste livro foram os relatos sobre as quantidades imensas de riquezas, saídas do Brasil, em navios e mais navios para Lisboa, e, consequentemente para a Inglaterra, que financiava e protegia Portugal de sua vizinha/inimiga, Espanha.
Carregamentos imensos de ouro. Toneladas e mais toneladas de diamantes, açúcar, pau brasil, couro, peles de animais, animais vivos, enfim, todas as nossas riquezas usurpadas e gastas desavergonhadamente em suntuosos palácios com 870 cômodos, como o de Mafra, igrejas riquíssimas, campos de caça para o rei...
Fiquei pensando no tipo tenebroso de colonização do qual nosso país foi objeto e porque somos até hoje, 511 anos depois da descoberta, um país que não se espanta com a corrupção, com as ladroagens, vitimizados, eternamente nesse berço esplêndido em que descansamos comodamente sem ver, ouvir ou falar.
Cúmplices, de cabeça baixa, assistindo à eterna usurpação, covardemente.
Eu amo os portugueses, amo Portugal, até porque seria ridículo ficar culpando os portugueses de hoje pelo que aconteceu há cinco séculos. Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Fatos históricos são passado, devem ser lembrados, mas como história. Da mesma maneira como acho boçais esses resgates de um passado longínquo que, quando em vez surgem nas mídias e nos meios intelectuais, como se as gentes de agora fossem culpadas pelo que aconteceu há séculos atrás...
Aliás, e a propósito, saiu hoje no jornal uma pesquisa que mostra que o DNA dos brasileiros é mais europeu do que índio ou negro. Quem ainda vive sonhando com o "bom selvagem", com o nordestino de ascendência indígena, no resgate do passado em forma de cotas ou terras, está mais do que na hora de repensarmos nossas origens, de pararmos de romantizar nossa ancestralidade. Ou de procurar culpados, pois os culpados já morreram... Somos mestiços sim, e essa pesquisa põe por terra o conceito ultrapassado que alguns ainda teimam em discutir... E essa mistura foi tão bem misturada e mexida que hoje só há um tipo de gente no Brasil. Sejam pardos, negros, mulatos, brancos ou índios, a cor da pele diz muito pouco do que somos e demonstra, mais uma vez o que sempre digo: raça não existe, é um conceito ultrapassado. O que há são brasileiros.
Trata-se da estória do terremoto que destruiu Lisboa em 1755. Desde que visitei a cidade, em 2008, me interessei muito por esse tema. Muita gente não sabe desse fato. Eu mesma, antes de ir à Portugal, não sabia.
O terremoto de Lisboa, seguido de uma enorme tsunami, matou entre 30 a 40 mil pessoas, arrasou a cidade e foi sentido em vários países da Europa. Na verdade foram 3 tremores, sendo que o maior deles media entre 8,75 e 9 graus na escala Richter.
Após os tremores, o pouco que restou foi reduzido a cinzas pois o terremoto aconteceu no dia de Todos os Santos, 1º de novembro, quando as igrejas estavam lotadas de fiéis e milhares de velas acesas. Incêndios arderam pela cidade, por uma semana, após os tremores
O terremoto de Lisboa teve um enorme impacto, não só em Portugal, mas em toda a Europa e mudou o pensamento e a religiosidade europeus como nenhum outro desastre natural, pois confrontou a "bondade divina" com o imenso sofrimento das vítimas. A questão da Ira Divina foi debatida por filósofos e teólogos no mundo inteiro e abriu caminho para uma maneira nova de ver o mundo e a religião.
O que também muito me impressionou neste livro foram os relatos sobre as quantidades imensas de riquezas, saídas do Brasil, em navios e mais navios para Lisboa, e, consequentemente para a Inglaterra, que financiava e protegia Portugal de sua vizinha/inimiga, Espanha.
Carregamentos imensos de ouro. Toneladas e mais toneladas de diamantes, açúcar, pau brasil, couro, peles de animais, animais vivos, enfim, todas as nossas riquezas usurpadas e gastas desavergonhadamente em suntuosos palácios com 870 cômodos, como o de Mafra, igrejas riquíssimas, campos de caça para o rei...
Fiquei pensando no tipo tenebroso de colonização do qual nosso país foi objeto e porque somos até hoje, 511 anos depois da descoberta, um país que não se espanta com a corrupção, com as ladroagens, vitimizados, eternamente nesse berço esplêndido em que descansamos comodamente sem ver, ouvir ou falar.
Cúmplices, de cabeça baixa, assistindo à eterna usurpação, covardemente.
Eu amo os portugueses, amo Portugal, até porque seria ridículo ficar culpando os portugueses de hoje pelo que aconteceu há cinco séculos. Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Fatos históricos são passado, devem ser lembrados, mas como história. Da mesma maneira como acho boçais esses resgates de um passado longínquo que, quando em vez surgem nas mídias e nos meios intelectuais, como se as gentes de agora fossem culpadas pelo que aconteceu há séculos atrás...
Aliás, e a propósito, saiu hoje no jornal uma pesquisa que mostra que o DNA dos brasileiros é mais europeu do que índio ou negro. Quem ainda vive sonhando com o "bom selvagem", com o nordestino de ascendência indígena, no resgate do passado em forma de cotas ou terras, está mais do que na hora de repensarmos nossas origens, de pararmos de romantizar nossa ancestralidade. Ou de procurar culpados, pois os culpados já morreram... Somos mestiços sim, e essa pesquisa põe por terra o conceito ultrapassado que alguns ainda teimam em discutir... E essa mistura foi tão bem misturada e mexida que hoje só há um tipo de gente no Brasil. Sejam pardos, negros, mulatos, brancos ou índios, a cor da pele diz muito pouco do que somos e demonstra, mais uma vez o que sempre digo: raça não existe, é um conceito ultrapassado. O que há são brasileiros.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Insegurança e Certezas
Tenho andado ansiosa, como todos os que lêem meus posts têm percebido.
Quem me conhece pessoalmente e priva da minha amizade tem constatado isso ao vivo ou através de meus emails.
Sinto que está se aproximando a hora em que meus livros serão publicados. Sinto mesmo, embora às vezes, sinta também uma tremenda insegurança.
Às vezes me pego pensando: Será que eu não deveria ter escrito de outro jeito? Ou ainda: Será que vão gostar? Será que a estória está interessante? Será que é bom? E se não for? E se não for como eu esperava?
Acho que todo escritor novato deve sentir isso, essa insegurança, apesar da certeza.Porque, no íntimo sei que as estórias são boas, que escrevo razoavelmente bem.
Há uns meses atrás, assisti a uma entrevista da escritora Isabel Allende em que ela dizia que procurava não dar ouvidos nem aos críticos nem aos elogios dos fãs, porque se os ouvisse, a ambos, não conseguiria mais escrever nada...
Pensei que esse seria meu lema quando meus livros fossem publicados.
Porque, pensando bem, elogios em excesso podem subir à cabeça, levar a vaidade a um patamar tão alto, que não se consegue criar nada que não se ache espetacular, beirando à arrogância, andando de olhos tapados, pronta para cair de uma grande altura, na armadilha do narcisismo exacerbado....Ou então, deixar-se abater pelas críticas, criando um mecanismo de defesa tão forte que impediria a invenção, inibindo a veia criativa.
Para quem, como eu, não tem com quem contar para dar uma olhada nos escritos, ninguém do meio editorial para ler os originais fazendo uma análise pertinente, apontando os erros e as qualidades dos livros, fica difícil saber se o que escrevi está bom ou não.
Família e amigos muito chegados não valem. São pessoas envolvidas conosco emocionalmente. Sua opinião tem uma carga forte de emoção e uma tendência ao elogio isento de críticas.
Queria que meus originais fossem lidos por alguém que entendesse do mercado editorial, que apontasse onde errei, onde acertei.
Mas, no meio desse monte de sentimentos antagônicos, no meio dessa insegurança toda, tenho várias certezas.
Só sei que é preciso coragem. E muita. Porque sei que críticas virão e as acho importantes também, desde que sejam construtivas. Como diz meu amigo Alexandre, não sou nenhum Tiririca, sei que tenho meu valor, mas daí a ser uma grande escritora, também não sei...só o tempo dirá.
Mas ando com uns pressentimentos...Ou será somente a enorme vontade de ver meus livros publicados que faz com que sinta assim?
Há dias de esperança absoluta, outros de tristeza total. Às vezes acordo animadíssima, noutros dias, à beira da depressão...
Mas sinto isso e todos à minha volta também sentem: 2011 será o ano da decisão. Da publicação. De ver meus livros circulando de mão em mão...
Portanto, aguardem. Mais dia menos dia, eles estarão por aí, sendo alvo de críticas e talvez de elogios.
Acredito que quem está na chuva é pra se molhar...e, pra falar a verdade, eu nunca tive e nem tenho guarda chuvas!
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Pessoal e Intranferível
Hoje, ao responder à Luma, amiga muito querida, que fez um lindo comentário no post anterior, fiquei pensando na razão pela qual tenho tanto ciúme dos meus livros e cheguei à seguinte conclusão: minha relação extremamente pessoal com eles.
Ao ler, escrevo, anoto, sublinho, passo uma linha em volta do que acho importante com o lápis que fica num estojo ao meu lado, na mesinha de cabeceira, pois leio muito antes de dormir. Tenho essa mania desde pequena. Fazer anotações nos meus livros, como se trocasse ideias com eles, confabulasse, tentasse entender ou chegasse à uma conclusão muito minha, acerca do que li.
Isto torna meus livros muito mais do que objetos possuídos por mim. Eles me possuem também, a partir do momento em que escrevo neles minhas ideias e conclusões pessoais.
Ao torná-los uma espécie de diário da minha leitura, eles se tornam pequenos cadernos de viagem onde, tal e qual um navegador anotava nos mapas antigos os caminhos, meridianos, atalhos, também eu, anoto as minhas impressões de "viagem".
Por que, para mim, cada livro é uma viagem, onde, solitariamente, percorro caminhos inimagináveis, surpreendentes, encantadores que, muitas vezes, me levam a descobertas incríveis sobre mim mesma...
Meus livros, e já escrevi sobre isso anteriormente, são como mapas da minha vida. Daqui a alguns anos, quem pegar um dos meus livros para ler, verá minhas anotações, minhas impressões e reflexões, como num diálogo intenso travado pelas páginas afora.
Minha relação com os livros não é puro e simplesmente amor pela leitura e pela literatura, é uma troca, uma confabulação, onde eles expõem seus pontos de vista e eu, de volta, lhes exponho os meus...Concordamos, discordamos, eles respondem, eu pergunto de volta...
Não se trata de loucura...ou talvez seja. Entretanto, é uma loucura boa de sentir porque ela me proporciona um prazer intenso nessa troca, entre mim e eles. Pois, apesar de venerá-los, minha relação com os livros não é cerimoniosa.
Embora eu tenha um imenso respeito por eles, por suas páginas, seus ensinamentos, pela emoção que eles me propiciam, tenho também uma intimidade que só pode ser explicada pela delicada cumplicidade que tenho com meus livros.
Eles são cúmplices e testemunhas do meu crescimento como ser humano, mulher e escritora.
A todos que tem me acompanhado na luta para ter meus livros publicados, deixo aqui, registrada, minha eterna gratidão.
Obrigada pela força, apoio, fé e, sobretudo, pela confiança em mim, mesmo sem terem lido uma única linha deles.
Vocês tem feito mais por mim do que muita gente da minha própria família.
Um dia, hei de agradecer, pessoalmente, a cada um, por não terem deixado que eu esmorecesse, por terem me estendido a mão, por terem acendido a luz quando o breu era total. Em especial, a meus amigos mais íntimos que tanto têm se empenhado em me ajudar.
Não citarei nomes neste post, mas eles sabem quem são.
Vocês, hoje, são a minha família. Fazem tanto por mim e tanto se empenham em ajudar-me, que são cúmplices, também, de meus escrevinhamentos.
Cumplicidade, partilha, amizade. Palavras mágicas escritas, não à lápis, mas com a força do amor, dentro de mim.
Meus beijos e minha gratidão,
Ao ler, escrevo, anoto, sublinho, passo uma linha em volta do que acho importante com o lápis que fica num estojo ao meu lado, na mesinha de cabeceira, pois leio muito antes de dormir. Tenho essa mania desde pequena. Fazer anotações nos meus livros, como se trocasse ideias com eles, confabulasse, tentasse entender ou chegasse à uma conclusão muito minha, acerca do que li.
Isto torna meus livros muito mais do que objetos possuídos por mim. Eles me possuem também, a partir do momento em que escrevo neles minhas ideias e conclusões pessoais.
Ao torná-los uma espécie de diário da minha leitura, eles se tornam pequenos cadernos de viagem onde, tal e qual um navegador anotava nos mapas antigos os caminhos, meridianos, atalhos, também eu, anoto as minhas impressões de "viagem".
Por que, para mim, cada livro é uma viagem, onde, solitariamente, percorro caminhos inimagináveis, surpreendentes, encantadores que, muitas vezes, me levam a descobertas incríveis sobre mim mesma...
Meus livros, e já escrevi sobre isso anteriormente, são como mapas da minha vida. Daqui a alguns anos, quem pegar um dos meus livros para ler, verá minhas anotações, minhas impressões e reflexões, como num diálogo intenso travado pelas páginas afora.
Minha relação com os livros não é puro e simplesmente amor pela leitura e pela literatura, é uma troca, uma confabulação, onde eles expõem seus pontos de vista e eu, de volta, lhes exponho os meus...Concordamos, discordamos, eles respondem, eu pergunto de volta...
Não se trata de loucura...ou talvez seja. Entretanto, é uma loucura boa de sentir porque ela me proporciona um prazer intenso nessa troca, entre mim e eles. Pois, apesar de venerá-los, minha relação com os livros não é cerimoniosa.
Embora eu tenha um imenso respeito por eles, por suas páginas, seus ensinamentos, pela emoção que eles me propiciam, tenho também uma intimidade que só pode ser explicada pela delicada cumplicidade que tenho com meus livros.
Eles são cúmplices e testemunhas do meu crescimento como ser humano, mulher e escritora.
A todos que tem me acompanhado na luta para ter meus livros publicados, deixo aqui, registrada, minha eterna gratidão.
Obrigada pela força, apoio, fé e, sobretudo, pela confiança em mim, mesmo sem terem lido uma única linha deles.
Vocês tem feito mais por mim do que muita gente da minha própria família.
Um dia, hei de agradecer, pessoalmente, a cada um, por não terem deixado que eu esmorecesse, por terem me estendido a mão, por terem acendido a luz quando o breu era total. Em especial, a meus amigos mais íntimos que tanto têm se empenhado em me ajudar.
Não citarei nomes neste post, mas eles sabem quem são.
Vocês, hoje, são a minha família. Fazem tanto por mim e tanto se empenham em ajudar-me, que são cúmplices, também, de meus escrevinhamentos.
Cumplicidade, partilha, amizade. Palavras mágicas escritas, não à lápis, mas com a força do amor, dentro de mim.
Meus beijos e minha gratidão,
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Portas Encantadas - Blogagem Coletiva Por que Eu Gosto de Livros
Menina Lendo - Berthe Morisot
The Misses Vickers - John Singer Sargent
Minhas primeiras leituras, quando pequena, foram nos livros da coleção infanto juvenil O Mundo da Criança.
Minhas primeiras leituras, quando pequena, foram nos livros da coleção infanto juvenil O Mundo da Criança.
Adorava folhear as páginas coloridas, cheias de desenhos lindos com fadas e bichinhos....Quem é da minha geração deve se lembrar dessa coleção, muito popular nos anos 50 e 60, aqui no Brasil.
Nunca mais me esqueci de um versinho que falava dos livros e dizia assim:
Nunca mais me esqueci de um versinho que falava dos livros e dizia assim:
" Os livros penso que são
como portas encantadas
Que nos levam a lindas terras
onde moram anões e fadas".
Pois foi através dessas portas encantadas que viajei, conheci mundos encantados e outros não tão encantados assim, aprendi sobre outras terras, sobre outras pessoas e outras línguas...
Até hoje, cada vez que abro um livro, é como se aquela capa fosse uma porta imaginária, por onde entro e me perco de mim mesma por horas e horas....
Tenho muito ciúme dos meus livros, e não empresto de jeito nenhum, prefiro dar de presente um igual a ter que emprestar o meu.
Se alguém aqui de casa, pega algum livro meu e amassa ou suja alguma página, é briga na certa...
Cada livro que compro ou ganho é folheado com o mais profundo respeito....primeiro, olho as páginas, vejo as fotos, quando as tem, para só então, começar a ler ou guardar para ler depois.
Para mim, livros são objetos sagrados, como se cada um tivesse dentro de si, todo o mistério do mundo, como se cada folha fosse uma oração ao deus da sabedoria.
Nem todos os livros que li foram bons, nem tudo o que li me ensinou alguma coisa, mas todos, sem excessão, me trouxeram ou uma surpresa, ou uma alegria, até mesmo decepção, mas sempre, algum sentimento.
É isso, livros me fazem sentir....quantas vezes chorei lendo um livro....ou quantas ri, me choquei, me surpreendi.
Portas encantadas....meu amor pelos livros, até hoje, me faz entrar nelas e esquecer a vida aqui de fora.
Só os livros tem esse poder, o poder que a imaginação nos proporciona.
Escolhi essas pinturas tão lindas como uma homenagem às mulheres, crianças e jovens que se deixam encantar pelas portas abertas, e, como eu, viajam "pelas terras onde moram anões, fadas" e tantos outros personagens que tornam a vida mais mágica.
Meu amor pelos livros transformou-me de mera leitora à escritora. Minha imaginação, alimentada durante tantos anos com muitos livros, desde os clássicos aos modernos, de ficção, históricos, romances, aventuras, suspenses, me fez sentir que eu podia, que tinha conhecimento e estofo para escrever um romance e um livro de contos.
E, eu sonho, diariamente, com o dia em que meus livros se transformarão, também eles, em portas mágicas para quem os tiver nas mãos, transportando meus leitores à esse reino encantado que só a leitura concede.
Tenho fé e esperança que, um dia, também eu, proporcionarei esse encantamento a quem ler meus escritos, finalmente publicados.
Reedição de post de 31/08/2009.
Meu amor pelos livros transformou-me de mera leitora à escritora. Minha imaginação, alimentada durante tantos anos com muitos livros, desde os clássicos aos modernos, de ficção, históricos, romances, aventuras, suspenses, me fez sentir que eu podia, que tinha conhecimento e estofo para escrever um romance e um livro de contos.
E, eu sonho, diariamente, com o dia em que meus livros se transformarão, também eles, em portas mágicas para quem os tiver nas mãos, transportando meus leitores à esse reino encantado que só a leitura concede.
Tenho fé e esperança que, um dia, também eu, proporcionarei esse encantamento a quem ler meus escritos, finalmente publicados.
Reedição de post de 31/08/2009.
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Medos e Enfrentamentos
Hoje resolvi falar de medo.
Medo é um negócio muito complicado, pois há quem tenha medo de barata, medo de escuro, de andar sozinho, de altura, de morrer, etc, etc...
Não me considero uma pessoa medrosa, embora tenha meus medos, como todo mundo.
Não tenho medo de bichos em geral, voadores ou rastejantes...Claro que cobras são um caso à parte, mas sou capaz de ver uma e não cair mortinha, como pensei que aconteceria antes de me deparar com várias jararacuçus aqui, no meu quintal...
Hoje, meu amigo Alê, com seu post, me inspirou a escrever sobre meus medos e como consigo domá-los. Pois, embora eles ainda estejam lá, naquele lugar interdito, num canto qualquer do inconsciente, por mais que a gente faça uma faxina de vez em quando, limpe, esfregue e dê polimento, ele existe e se auto alimenta, não se sabe como, naquele cantinho impenetrável, onde nossa mão não alcança...E, continua lá, rindo baixinho da nossa cara porque não conseguimos alçançá-lo e expurgá-lo para sempre.
Tenho medo de avião. Medo tamanho que, antes de viajar numa grande viagem, pela primeira vez, fui procurar terapia: a cognitiva, para enfrentá-lo. Como já estava muito próxima da época de viajar só fiz três sessões. Mas a terapeuta era tão boa, que me fez gravar o relaxamento que ela fez comigo num MP3 e lá fui eu, rumo às Europas, com meus fones de ouvido e a cada vez que "baixava" a tremedeira e o pavor, eu fazia meu relaxamento, respirando e tentando me acalmar.
Tomei três Rivotril e, em vez de ficar chapada, pelo contrário, fiquei acesa e passei a viagem todinha acordada.
Antes já havia feito outras viagens de avião, primeiro para São Paulo, umas 4 vezes e duas para o Nordeste, ida e volta.
Medo de avião é um troço inexplicável. Podem te dizer que é o meio de transporte mais seguro do mundo, um milhão de vezes, que não adianta: ninguém te convence de que aquele "bichão" consegue flutuar só com a força de suas turbinas...Isso não entra na cabeça de quem tem medo, de jeito e maneira...Pra mim, medo de avião vem no DNA.
Pois bem, viajei de avião do Brasil para Portugal e de lá, para a Itália, da Itália para Portugal e outra vez, de volta ao Brasil. Ufa! Para quem se borrava toda de medo, até que me saí bem...Não surtei, consegui me controlar e comportei-me como uma moça de boa família, falando com meu marido sem parar, igual a uma maritaca doida, para não pensar, nem lembrar que estava a não sei quantos mil pés de altura, voando sobre oceano, cidades, países...
Quando visitei o Duomo, em Florença, obra prima arquitetônica, que até hoje desafia arquitetos e engenheiros do mundo todo, tamanha sua improbabilidade com seu Duomo em arco, sustentado pela maneira como os tijolos foram dispostos e assentados, graças à genialidade de Bruneleschi, não imaginava que para chegar ao topo daquela maravilha, teria que subir 463 degraus de uma escada íngreme, na qual só passa um por vez e não se pode voltar para trás, pois existe uma escadaria para subir e outra, do outro lado, para descer...
Ma come?
Dio santo!
Eu pensava que tinha elevador? Sei lá o que pensava io...não pensava, era isso!
Comecei a subir e eis que começou a me dar falta de ar (tenho asma). Olhava para trás e via um monte de japas enfileirados, que vinham subindo atrás de mim.
Olhava pra cima, maridão na frente, olhos engenheiros, encantados, olhando os tijolos e seu assentamento impressionante, pois, por dentro, se vê toda a estrutura do duomo.
Eu só pensava assim: Agora não tem jeito, pro alto e avante!
Vez em quando, umas micro janelinhas, onde eu enfiava minha face em brasa e respirava a plenos pulmões, querendo sugar ar e coragem pra continuar naquela via crucis que parecia me levar aos céus...
A qualquer hora, pensava eu, cruzaria com um anjo, subindo também, que me daria um alô e me diria, espantado: Você? Por aqui?
Teve uma hora, que numa espécie de alucinação, ele passou por mim sim, tenho certeza!
Pois é, lá ia eu, e a escadaria parecia não ter mais fim...uma claustrofobia foi tomando conta do meu ser... Eu mesma gritando dentro de mim: Socorro, me tira daqui...isso não pode ser uma igreja, deve ser o caminho do inferno, isso sim...eu suava, mas só parava nas janelinhas por alguns segundos, pra retomar o ar e a coragem e continuar no meu martírio...queria chegar logo lá no alto daquela estupenda joça e descer correndo...
Mas, quando cheguei...Me senti transformada: Era a visão do paraíso...
foto daqui
Mas eu, sem fôlego, sem força nas pernas, suada...queria ar!
Mal olhei essa maravilha de afrescos e saí correndo para o topo...subimos( yes!) mais um pouco e eis que chegamos...
Estão vendo aquele buraco iluminado láaaaa no alto? Pois fui até lá!
Eu e meu indefectível leque...feliz da vida porque vi a luz do dia!
Dali, se vê até os ciprestes dos campos da Toscana, ao longe...
Bem, quem teve paciência de ler até aqui...continua, mas está quase acabando minha experiência com meu medo...Só mais um pouquinho e já acaba a estoria...
Chegando lá, ao ar livre, a vista é divina. Vê-se a cidade todinha se espraindo em todas as direções, e se vai reconhecendo os prédios históricos, as pontes, a maravilha que fez Stendhal desmaiar de emoção, diante de tanta beleza...
Ao chegar lá no topo, ainda consegui vislumbrar um pedaço da asa do anjo que subiu comigo, branca, num vôo rasante sobre a cidade, na forma de uma nuvem....
Medos...todos temos.
Enfrentá-los é viver!
Bom fim de semana a todos!
Medo é um negócio muito complicado, pois há quem tenha medo de barata, medo de escuro, de andar sozinho, de altura, de morrer, etc, etc...
Não me considero uma pessoa medrosa, embora tenha meus medos, como todo mundo.
Não tenho medo de bichos em geral, voadores ou rastejantes...Claro que cobras são um caso à parte, mas sou capaz de ver uma e não cair mortinha, como pensei que aconteceria antes de me deparar com várias jararacuçus aqui, no meu quintal...
Hoje, meu amigo Alê, com seu post, me inspirou a escrever sobre meus medos e como consigo domá-los. Pois, embora eles ainda estejam lá, naquele lugar interdito, num canto qualquer do inconsciente, por mais que a gente faça uma faxina de vez em quando, limpe, esfregue e dê polimento, ele existe e se auto alimenta, não se sabe como, naquele cantinho impenetrável, onde nossa mão não alcança...E, continua lá, rindo baixinho da nossa cara porque não conseguimos alçançá-lo e expurgá-lo para sempre.
Tenho medo de avião. Medo tamanho que, antes de viajar numa grande viagem, pela primeira vez, fui procurar terapia: a cognitiva, para enfrentá-lo. Como já estava muito próxima da época de viajar só fiz três sessões. Mas a terapeuta era tão boa, que me fez gravar o relaxamento que ela fez comigo num MP3 e lá fui eu, rumo às Europas, com meus fones de ouvido e a cada vez que "baixava" a tremedeira e o pavor, eu fazia meu relaxamento, respirando e tentando me acalmar.
Tomei três Rivotril e, em vez de ficar chapada, pelo contrário, fiquei acesa e passei a viagem todinha acordada.
Antes já havia feito outras viagens de avião, primeiro para São Paulo, umas 4 vezes e duas para o Nordeste, ida e volta.
Medo de avião é um troço inexplicável. Podem te dizer que é o meio de transporte mais seguro do mundo, um milhão de vezes, que não adianta: ninguém te convence de que aquele "bichão" consegue flutuar só com a força de suas turbinas...Isso não entra na cabeça de quem tem medo, de jeito e maneira...Pra mim, medo de avião vem no DNA.
Pois bem, viajei de avião do Brasil para Portugal e de lá, para a Itália, da Itália para Portugal e outra vez, de volta ao Brasil. Ufa! Para quem se borrava toda de medo, até que me saí bem...Não surtei, consegui me controlar e comportei-me como uma moça de boa família, falando com meu marido sem parar, igual a uma maritaca doida, para não pensar, nem lembrar que estava a não sei quantos mil pés de altura, voando sobre oceano, cidades, países...
Quando visitei o Duomo, em Florença, obra prima arquitetônica, que até hoje desafia arquitetos e engenheiros do mundo todo, tamanha sua improbabilidade com seu Duomo em arco, sustentado pela maneira como os tijolos foram dispostos e assentados, graças à genialidade de Bruneleschi, não imaginava que para chegar ao topo daquela maravilha, teria que subir 463 degraus de uma escada íngreme, na qual só passa um por vez e não se pode voltar para trás, pois existe uma escadaria para subir e outra, do outro lado, para descer...
Ma come?
Dio santo!
Eu pensava que tinha elevador? Sei lá o que pensava io...não pensava, era isso!
Comecei a subir e eis que começou a me dar falta de ar (tenho asma). Olhava para trás e via um monte de japas enfileirados, que vinham subindo atrás de mim.
Olhava pra cima, maridão na frente, olhos engenheiros, encantados, olhando os tijolos e seu assentamento impressionante, pois, por dentro, se vê toda a estrutura do duomo.
Eu só pensava assim: Agora não tem jeito, pro alto e avante!
Vez em quando, umas micro janelinhas, onde eu enfiava minha face em brasa e respirava a plenos pulmões, querendo sugar ar e coragem pra continuar naquela via crucis que parecia me levar aos céus...
A qualquer hora, pensava eu, cruzaria com um anjo, subindo também, que me daria um alô e me diria, espantado: Você? Por aqui?
Teve uma hora, que numa espécie de alucinação, ele passou por mim sim, tenho certeza!
Pois é, lá ia eu, e a escadaria parecia não ter mais fim...uma claustrofobia foi tomando conta do meu ser... Eu mesma gritando dentro de mim: Socorro, me tira daqui...isso não pode ser uma igreja, deve ser o caminho do inferno, isso sim...eu suava, mas só parava nas janelinhas por alguns segundos, pra retomar o ar e a coragem e continuar no meu martírio...queria chegar logo lá no alto daquela estupenda joça e descer correndo...
Mas, quando cheguei...Me senti transformada: Era a visão do paraíso...
foto daqui
Mas eu, sem fôlego, sem força nas pernas, suada...queria ar!
Mal olhei essa maravilha de afrescos e saí correndo para o topo...subimos( yes!) mais um pouco e eis que chegamos...
Estão vendo aquele buraco iluminado láaaaa no alto? Pois fui até lá!
Eu e meu indefectível leque...feliz da vida porque vi a luz do dia!
Dali, se vê até os ciprestes dos campos da Toscana, ao longe...
Bem, quem teve paciência de ler até aqui...continua, mas está quase acabando minha experiência com meu medo...Só mais um pouquinho e já acaba a estoria...
Chegando lá, ao ar livre, a vista é divina. Vê-se a cidade todinha se espraindo em todas as direções, e se vai reconhecendo os prédios históricos, as pontes, a maravilha que fez Stendhal desmaiar de emoção, diante de tanta beleza...
Ao chegar lá no topo, ainda consegui vislumbrar um pedaço da asa do anjo que subiu comigo, branca, num vôo rasante sobre a cidade, na forma de uma nuvem....
Medos...todos temos.
Enfrentá-los é viver!
Bom fim de semana a todos!
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Um Livro É Bom Se Não Acaba Quando Termina...
Todos sabem que sou uma leitora voraz. Já estou no terceiro livro em 2011.
Acabei de ler As Memórias do Livro de Geraldine Brooks, e fiquei refletindo que um livro, quando é bom, nos faz querer saber mais, pesquisar sobre o que não sabemos, conhecer fatos que foram citados e dos quais nunca ouvimos falar.
Aconteceu isso comigo quando terminei de lê-lo. Fui pesquisar o que foi o Manuscrito de Sarajevo, sua importância histórica e o que havia de verdade na estória, visto que era baseada em fatos reais.
O Hagadá de Sarajevo, o manuscrito do qual o livro trata, é uma obra prima do judaísmo medieval, raríssimo, datado de meados do século XIV. Sua raridade advém do fato de que continha "iluminuras", pinturas feitas em bronze, ouro, prata, lápis lázuli, minérios, com os quais as tintas eram feitas, uma verdadeira jóia de técnica e história, normalmente, encontrados na bíblias cristãs, mas proibidos nos livros judaicos.
Ele foi feito para ser dado como um presente de casamento e após a expulsão dos judeus da Espanha à época da Inquisição, perdeu-se, passou por inúmeros países, por mãos diversas, e acabou indo parar em Sarajevo, que, desde 1565, por ser uma cidade de grande tolerância religiosa, tornou-se morada de milhares de refugiados judeus.
A autora, de uma maneira genial, conta, em ordem cronológica decrescente, tudo o que o livro passou, onde esteve e como foi encontrado. Mistura ficção e fatos reais, com uma imaginação prodigiosa.
O Hagadá de Sarajevo se encontra hoje, em exposição, no Museu Nacional de Sarajevo, na Bósnia.
Se quiser saber mais, encontrará aqui e aqui.
Dito isto, homenageio esse povo perseguido desde que o mundo é mundo.
Eu creio, numa intuição muito minha, que todos os seres humanos têm algum sangue judeu correndo em suas veias. E tenho absoluta certeza de que eu, carrego em meus genes, essa herança.
Minha homenagem aos Pereira, Lobo, Carneiro, Cordeiro, Leão, Rosembaun, Stein, Weiss, Fischer e tantos, tantos outros, que por causa de sua origem foram perseguidos, queimados, mutilados, expulsos. Perderam seus nomes, bens, casas, filhos, vida.
À eles, à nós, dedico esse post.
Shalom!
PS - Os melhores livros que li em minha vida nunca terminaram ao final da última página...permaneceram comigo por muito tempo, mesmo depois de fechá-los....
Acabei de ler As Memórias do Livro de Geraldine Brooks, e fiquei refletindo que um livro, quando é bom, nos faz querer saber mais, pesquisar sobre o que não sabemos, conhecer fatos que foram citados e dos quais nunca ouvimos falar.
Aconteceu isso comigo quando terminei de lê-lo. Fui pesquisar o que foi o Manuscrito de Sarajevo, sua importância histórica e o que havia de verdade na estória, visto que era baseada em fatos reais.
O Hagadá de Sarajevo, o manuscrito do qual o livro trata, é uma obra prima do judaísmo medieval, raríssimo, datado de meados do século XIV. Sua raridade advém do fato de que continha "iluminuras", pinturas feitas em bronze, ouro, prata, lápis lázuli, minérios, com os quais as tintas eram feitas, uma verdadeira jóia de técnica e história, normalmente, encontrados na bíblias cristãs, mas proibidos nos livros judaicos.
Ele foi feito para ser dado como um presente de casamento e após a expulsão dos judeus da Espanha à época da Inquisição, perdeu-se, passou por inúmeros países, por mãos diversas, e acabou indo parar em Sarajevo, que, desde 1565, por ser uma cidade de grande tolerância religiosa, tornou-se morada de milhares de refugiados judeus.
A autora, de uma maneira genial, conta, em ordem cronológica decrescente, tudo o que o livro passou, onde esteve e como foi encontrado. Mistura ficção e fatos reais, com uma imaginação prodigiosa.
O Hagadá de Sarajevo se encontra hoje, em exposição, no Museu Nacional de Sarajevo, na Bósnia.
Se quiser saber mais, encontrará aqui e aqui.
Dito isto, homenageio esse povo perseguido desde que o mundo é mundo.
Eu creio, numa intuição muito minha, que todos os seres humanos têm algum sangue judeu correndo em suas veias. E tenho absoluta certeza de que eu, carrego em meus genes, essa herança.
Minha homenagem aos Pereira, Lobo, Carneiro, Cordeiro, Leão, Rosembaun, Stein, Weiss, Fischer e tantos, tantos outros, que por causa de sua origem foram perseguidos, queimados, mutilados, expulsos. Perderam seus nomes, bens, casas, filhos, vida.
À eles, à nós, dedico esse post.
Shalom!
PS - Os melhores livros que li em minha vida nunca terminaram ao final da última página...permaneceram comigo por muito tempo, mesmo depois de fechá-los....
O Céu e Eu
Não, não há chuva
o calor
me consome
Olho o céu
pontilhado
de estrelas
perguntando
as respostas
Procurando
as perguntas
que valham
à pena
...................................
Cada carinho
uma lágrima
Cada palavra
escorre
pelos meus olhos
cansados
Pra onde?
Pra quando?
Pra que?
De que vale
ser assim
se amanhã
posso não estar
mais aqui?
De que valem
os livros
que li
os céus que vi
o sol que senti?
Qual o sentido
disto tudo?
Não há sentido
algum
só isso...
Só sei
que ver a vida
com olhos de poeta
dói demais
..................................................
Cansada
de sofrer
de mendigar
de esperar
Quero janelas abertas
Quero sentir
vento no rosto
Sorriso
Alegria
Não essa tristeza
contida
presa
me entupindo as veias
me arrolhando a garganta
amarga
na boca
nó de marinheiro
que não desata
nunca
...................................................................
O céu
me convida
a olhá-lo
pequenas luzinhas
cintilam
furando
o manto negro
Olho em volta
procuro
e nunca vejo
e nunca acho
será isso
esse sentimento
solidão?
desalento?
....................................................................................
Tudo isso
é preciso?
Chega!
Basta!
Quero
ser feliz
todos os dias
e não apenas
em alguns
Porque
fui nascer assim?
Com essa
faca
apontada no peito
essa urgência
esse tormento?
.................................................................................................................
Já não há mais
lágrimas
o calor as secou
mas o céu
ah o céu
continua
lá
crivado
de estrelas
sempre estará
ainda que eu
não mais o veja
Eu
efêmera
Ele
eterno...............................................................................................................
o calor
me consome
Olho o céu
pontilhado
de estrelas
perguntando
as respostas
Procurando
as perguntas
que valham
à pena
...................................
Cada carinho
uma lágrima
Cada palavra
escorre
pelos meus olhos
cansados
Pra onde?
Pra quando?
Pra que?
De que vale
ser assim
se amanhã
posso não estar
mais aqui?
De que valem
os livros
que li
os céus que vi
o sol que senti?
Qual o sentido
disto tudo?
Não há sentido
algum
só isso...
Só sei
que ver a vida
com olhos de poeta
dói demais
..................................................
Cansada
de sofrer
de mendigar
de esperar
Quero janelas abertas
Quero sentir
vento no rosto
Sorriso
Alegria
Não essa tristeza
contida
presa
me entupindo as veias
me arrolhando a garganta
amarga
na boca
nó de marinheiro
que não desata
nunca
...................................................................
O céu
me convida
a olhá-lo
pequenas luzinhas
cintilam
furando
o manto negro
Olho em volta
procuro
e nunca vejo
e nunca acho
será isso
esse sentimento
solidão?
desalento?
....................................................................................
Tudo isso
é preciso?
Chega!
Basta!
Quero
ser feliz
todos os dias
e não apenas
em alguns
Porque
fui nascer assim?
Com essa
faca
apontada no peito
essa urgência
esse tormento?
.................................................................................................................
Já não há mais
lágrimas
o calor as secou
mas o céu
ah o céu
continua
lá
crivado
de estrelas
sempre estará
ainda que eu
não mais o veja
Eu
efêmera
Ele
eterno...............................................................................................................
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Palavrarinhos
Palavras
são
passarinhos
que se soltam
da gaiola
da minha
alma
Quando sinto
o peito
a querer
arrebentar
solto
umas tantas
e
voejando
as
liberto
Descanso
um pouco
do ruflar
inquieto
de suas asas
ansiosas
Assim
me
libertam
por
consequência
do tanto
que
me
sufocam
Só
por
alguns
segundos....
Dali
a pouco
nascem
outras
dos ovos
que
ficaram
e
engaioladas
prendem
me
o peito
Passarinhos
Palavras
Palavrarinhos
alma
engaiolada
tem sede
e fome
de tudo...
são
passarinhos
que se soltam
da gaiola
da minha
alma
Quando sinto
o peito
a querer
arrebentar
solto
umas tantas
e
voejando
as
liberto
Descanso
um pouco
do ruflar
inquieto
de suas asas
ansiosas
Assim
me
libertam
por
consequência
do tanto
que
me
sufocam
Só
por
alguns
segundos....
Dali
a pouco
nascem
outras
dos ovos
que
ficaram
e
engaioladas
prendem
me
o peito
Passarinhos
Palavras
Palavrarinhos
alma
engaiolada
tem sede
e fome
de tudo...
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Minha Estorinha Com Drummond
Reeditei esse texto, escrito em 30/10/09 pois, conversando com minha amiga Beth do blog Mãe Gaia ela surpreendeu-se e achou que eu estava delirando...hehe. Resolvi contá-la novamente para quem não leu à época.
Amanhã, nosso poeta maior, Carlos Drummond de Andrade faria 107 anos. E é sobre ele que vou contar uma estorinha...Eu tinha 18 anos, estava fazendo cursinho de pré vestibular, e, um dos professores, passou um exercício de interpretação de um poema de Drummond.
Eu, cheia de atitude, cheia de ideias pra mudar o mundo, achei um absurdo alguém pensar que poderia interpretar o texto de outra pessoa e, dizer se estava certo ou errado.
Na época, Drummond escrevia crônicas, acho que semanais, não me recordo mais, no Jornal do Brasil, e eu as colecionava.
Não tive dúvidas, escrevi uma carta para ele, endereçada ao jornal, dizendo que eu não concordava com interpretações de poesias, porque ninguém poderia saber o sentimento verdadeiro do autor quando escreveu...ninguém, a não ser o próprio autor, para dizer se estava certa ou errada uma interpretação...eu achava isso um acinte, um professor se arrogar o direito de dar certo ou errado a um aluno, nesse caso.
Passaram-se alguns dias...
Um belo dia, estava em casa à noitinha, quando o telefone toca. Minha irmã atendeu e veio me chamar:
-É pra você...
E eu:
- Quem é?
Ela:
-É um tal de Drummond...
Eu, com 18 anos, desligada como sempre fui...nem me lembrei da carta...Falei:
- Drummond, quem será?
Quando atendi, do outro lado, uma voz já envelhecida:
-Gloria? É Drummond...Carlos Drummond, você me mandou uma carta....
Gente, fiquei muda, o telefone quase caiu das minhas mãos...sempre fui muito tímida, acho que por isso, gosto tanto de escrever...
Eu não sabia se falava, se ria, se chorava...aí ele falou que tinha procurado pelo meu sobrenome e endereço, meu telefone no catálogo...
Eu só conseguia balbuciar as respostas às perguntas que ele me fazia...disse que concordava com tudo o que eu havia escrito...o resto não me lembro mais....
Quando cheguei na sala e contei pra minha mãe e minha irmã, ninguém acreditava...e eu dizia:
- Era ele, era ele!
Bem, resumo da ópera, fiquei igual a uma idiota, não consegui conversar direito com ele...fiquei morrendo de raiva de mim mesma por não ter conseguido aproveitar aquele momento único com aquele "monstro sagrado" da literatura...
E ele ainda me disse, pra quando eu quisesse conversar, ligar pra ele...acho que nem anotei telefone nenhum...
Bem, isso aconteceu comigo...Quanto arrependimento não tê-lo procurado depois desse dia...mas minha timidez foi maior do que a vontade...Pouco tempo depois ele morreu...
Pelo menos, tenho essa linda, tragicômica estorinha pra contar pros meus netos....
E, me identifico demais com esses versos sobre ele mesmo:
"Quando eu nasci
um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida."
Parece que ouço, dentro de mim: Vai, Gloria, ser gauche na vida...
Tenho extrema dificuldade pra lidar com gente, meto os pés pelas mãos, falo o que não devo, ou não falo quando devo...sou meio troncha, atrapalhada com meus sentimentos...igualzinha a ele, gauche....ou como diz minha irmã: sincericida....
Fica aqui minha homenagem ao poeta encantador, ao homem torto, cheio de defeitos e imperfeições, como todos nós, mas que fez da palavra, não sua arma, mas seu canto.
Este é um dos meus poemas preferidos, deixo aqui, com meu amor eterno, ao meu eterno poeta, ( que tentou ser meu amigo...) Carlos Drummond de Andrade:
"Amar o perdido
deixa confundido este coração
nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do NÃO
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão."
PS- Que essa lembrança de Drummond, me abençoe e me apadrinhe, que olhe por mim, lá onde mora, entre os deuses da escrita.
Salve Drummond!
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Suspeita
dos poetas
Fossem eles
das palavras
das fotografias
dos pincéis
Sempre suspeitei
que dentro
deles
existia
um buraco negro
um universo
caótico
em ebulição
onde estrelas
nasciam
morriam
transformavam-se
dissolviam-se
Onde planetas
saíam de órbita
Cometas
implodiam
Asteróides
multiplicavam-se
Sóis
explodiam
Numa luminescência
tamanha
que os cegava
ao mundo
fora deles
Sempre suspeitei
que fosse louca
Um anjo às avessas
meio endemoniada
ilusionista
de ideias próprias
obstinada
impetuosa
imcompatível
Meu abismo
é tão profundo
que não sinto
o chão
não tenho fundo
nem fim
Ao nascer
fui marcada
com uma caneta
cuja tinta
nunca mais
saiu-me
da corrente
sanguínea
Conversa de louco
essa
Onde começo
falando
em poetas
passo por planetas
e asteróides
e termino
em tinta
me afogando nela
assinando
meu nome
como um
criminoso
que deseja ser descoberto
após um crime
serial
Sempre suspeitei
dos poetas...
domingo, 6 de fevereiro de 2011
E-Mails Falsos Em Meu Nome
Amigos:
Todos os meus contatos receberam emails falsos com o nome do meu email.
Por favos não abram os links. NÃO FUI EU QUEM MANDOU!
Já providenciei denúncia ao hotmail avisando e vou usar outro email de agora em diante.
Por favor, não mandem PPS de origem desconhecida. Quando forem encaminhar seus emails à várias pessoas ao mesmo tempo, optem pelos destinatários em Cco. Isso significa "Cópia Oculta". Assim, cada pessoa que receber não terá aceso aos emails dos outros.
Não abram emails que não digam o assunto.
Essas são pequenas regras de ouro para não passar vírus, sem querer, aos destinatários.
Se possível, avisem ao hotmail que receberam emails falsos em meu nome.
Espero que ninguém tenha sido prejudicado. Nem pude avisar aos meus contatos pois o hotmail diz que excedi o número de emails enviados num dia. E eu não enviei nenhum! Eram todos falsos!
Sejam cuidadosos ao abrir links. Não abram se não tiverem certeza de que é seguro.
Depois de todo esse aborrecimento, bom final de domingo!
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Certezas e Dúvidas
Certezas?
Certeza
de nada
O simples
nem sempre
é simples
E o difícil
muitas vezes
é fácil
O feio
às vezes
é lindo
E o belo
horrível
medonho
Gaiolas
nem sempre
aprisionam
Florestas
podem ser
prisões
Verdades
nascem
para serem ditas
Mas nem sempre
são benvindas
Ouvidos
acostumam-se
às mentiras
pois elas
inflam o ego
e são
o que desejamos
ouvir
Certezas?
Não sei de nada
O que penso
hoje
Pode ser
diferente
amanhã
O que amo hoje
posso detestar
na próxima
semana
O céu
agora azul
Pode
transformar-se
em tempestade
no próximo
segundo
Tudo
é instável
perene
incerto
Um sorriso
pode ser mau
E uma lágrima
ódio ou inveja
Um abraço
pode
sufocar
E um olhar
ser
carícia
Nem tudo é
o que parece
Tudo
o que
não aparece
é
Certeza
de nada
Estou viva?
Ou isso é um
sonho?
Um sonho
dentro de outro
e dentro de outro
numa espiral
infinita
como
numa obra
de Escher?
Liberdade?
Que liberdade
é essa
de quem vive
entre quatro paredes
enquanto a vida
foge lá fora?
Onde o olhar
do outro
me anula
me restringe
me censura?
Certeza
Só tenho uma:
Sou feita
de dúvidas
engaiolada
em pensamentos
enjaulada
em mim
mesma
presa por fios
invisíveis
arames imaginários
Ciscando
aqui e acolá
me contento
com migalhas
Liberdade é ilusão
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