sexta-feira, 29 de julho de 2011

Falemos de Tudo, Como os Loucos...

Sou do tempo em que rosas eram sinal de afeto. Em que as casas estavam sempre abertas para receber os amigos
Não sou de resmungar reminiscências, nem de achar que antes era melhor do que agora. Acho que cada tempo tem seu encanto, cada época, sua graça.
Não sou de recorrer ao passado (não ainda...) para explicar porque o hoje está assim ou assado... Nem de procurar culpados para o que não deu certo ou não brotou. Às vezes, ficamos nos colocando fardos inúteis, procurando culpados, nos culpando por alguma coisa que não vingou.
- A culpa é sempre da mãe! brinca comigo a minha filha, procurando nos velhos chavões de antes, um jeito de mexer comigo quando fala de alguma dificuldade na vida.
Hoje ouvi uma palestra onde o orador dizia que o mundo é feminino e matriarcal porque as mulheres é que detém o poder sobre a continuação ou não da espécie humana.
Verdade absoluta. Pena que nem todas se dêem conta deste poder. Pena também que algumas achem que para alcançar seus objetivos têm que abrir mão da sensibilidade, da feminilidade, da lágrima escorrendo sem motivo.
Eu sou do tempo das rosas, mesmo sendo uma mulher de hoje. E não quero abrir mão delas para mostrar que sou forte ou auto suficiente.
Haverá, no futuro, um tempo de se receber rosas? Haverá quem as presenteie, quem as dê, ou mesmo quem as receba num futuro próximo?
Em tempos robotizados, onde as pessoas preferem um aparelhinho de último modelo do que um abraço ou um beijo, onde não sobra tempo para se pensar na vida ou refletir sobre nossas dores e angústias, haverá quem plante rosas num jardim?
Prefiro imaginar que sim...A humanidade anda desumana demais para o meu gosto. De um lado, fanáticos religiosos, de outro boçais ou medíocres...e no meio, os que como eu, ainda dão valor a um olhar e a um ramo de rosas ou a um belo livro de capa dura...
Talvez eu seja uma espécie em extinção...Talvez eu seja um pouco romântica demais para esses novos tempos...Fiz um post em que falei de vários assuntos e não falei de nada....Falei de rosas e do poder da mulher, da humanidade e da perda do que temos de humano e sensível...
O que resta ao ser humano além do sentir? Será que permitiremos que nos tirem isso também?
Ai, que vontade de apagar esse post...não estou dizendo coisa com coisa... Divaguei, divaguei e não cheguei a lugar nenhum...
Ah, semana passada li que haveria uma exposição no Rio com peças sacras e, entre elas um frasco com o suposto (sic) leite materno da Virgem Maria...O que?
Será que alguém realmente acredita numa coisa dessas?
Voltemos às rosas e ao meu post louco.
Ou melhor, acho bom me despedir antes que eu provoque alguma nova polêmica...
Bom fim de semana pra todo mundo!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Mundo Estranho

O mundo anda estranho...Muito estranho...
Recebi um convite para uma palestra do editor Bob Stein, fundador do Institute for the Future of the Book. Ele prega que o livro, como o entendemos hoje, está fadado a acabar. Que o futuro do livro é se tornar uma grande biblioteca virtual, onde as pessoas se reunirão para fazer e contar suas próprias estórias, como se fossem videogames. E que o ato solitário e silencioso de ler um livro impresso está com os dias contados e mais ainda, que o livro físico, tal como o conhecemos hoje, será objeto para colecionadores, e portanto, caríssimo e raro.
Outra notícia triste: a escrita à mão, a letra cursiva, também está com os dias contados. No estado de Indiana, nos EUA, o governo desobriga as escolas a ensinar a escrita cursiva e recomendou que se dediquem ao ensino de digitação.
OK. Hoje em dia para se conseguir qualquer emprego se é obrigado a ter destreza na digitação de um computador e saber usá-lo é condição sine qua non para se obter um trabalho.
O mundo se encaminha para cada vez mais tecnologia e gadgets de todos os tipos. A cada dia surge mais um Tablet, um IPad, um leitor digital, uma nova forma de nos deixar conectados o tempo todo. O Big Brother de que falava Geoge Orwell nos olha o tempo todo e em todos os lugares. Somos alvo de investigações no Facebook, no Orkut, nos blogs, nos emails...Há sempre um grande olho nos vendo a cada passo que damos.
Só que há um porém. Com essa nova onda tecnológica que, a propósito, nem conseguimos acompanhar, estamos perdendo instintos básicos. Estamos perdendo conhecimentos adquiridos durante séculos.
A escrita, está provado pelos neurocientistas, provoca uma intensa atividade cerebral  na região dedicada ao armazenamento de informações. E isto tem ligação direta com a elaboração e criação de ideias e sua expressão.
Será que daqui a alguns anos seremos seres robóticos?
Será que o livro impresso está mesmo com os dias contados?
Acho que, assim como a indústria armamentista semeia e fomenta guerras, para vender as novas invenções para matar, a indústria da tecnologia está nos jogando num mundo onde as necessidades básicas estão dando lugar à sofisticação e ao desejo por tecnologias que não nos fazem falta, que são totalmente supérfluas. Já pensaram que há vinte anos atrás ninguém tinha telefone celular e todos viviam muito bem sem eles?
Eu, como gosto de uma teoria da conspiração, acho que por detrás disso tudo, há uma grande organização tentando vender aos povos do planeta, principalmente aos países emergentes, essa ideia de que "ter" o que há de mais novo em matéria de gadegts os faz terem mais "status". Quanto mais novo o "brinquedinho", mais aceito se será entre os iguais. E há uma competição extremada, filas se formam nas portas dos grandes magazines a cada vez que um novo "invento" é lançado no mercado, acompanhado de verbas publicitárias estupendas. Ninguém pode "deixar" de tê-lo. Meu amigo tem, o vizinho comprou. Também quero.
Mas, paremos um pouco para refletir: Enquanto em alguns países da África, as pessoas e crianças morrem por falta de comida, morrem de sede, nunca tocaram ou sequer viram um livro de papel, não estaremos pulando etapas? A humanidade está caminhando para onde? Para uma reinvenção de si mesma ou para seu fim? É sabido que as ondas eletromagnéticas destes aparelhos podem provocar câncer...Será que estamos caminhando para nosso extermínio? Onde será depositado todo esse lixo tóxico do que estamos consumindo em larga escala?
A quem interessa vender essas novas tecnologias? A quem interessa tornar o mundo cada vez mais vigiado?
Pensemos nisto antes de comprar o novo Tablet que foi lançado ontem. Até porque haverá um novo amanhã.
Façamos uma revolução ao contrário. Digamos não ao excesso de robotização e voltemos às nossas raízes humanas. Antes que seja tarde demais.

Imagem retirada daqui.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Escrever



Olho a caneta
A deslizar
Como se a mão
Minha não fosse
e ela obedecesse
à ordem de outro ser
Teria vida própria
A minha caneta?
Ou a minha mão
Tem querer?

Não consigo fazer
com que pare
Ela escreve
Traça
Desenha
As letras no papel

Será que minha
mão
tem ideias próprias
desobedientes?
Revoltosas
Deram-se independência
do cérebro?
Proclamaram-se
senhoras de si?
Alforriaram-se?

A caneta desliza
Desenha e traça
Dá ordens, organiza
E eu, nem pisco
Obedeço
Traço, cansaço
Nos dedos
desacostumados
a desenhar alfabetos
a engatar letras
formando frases
à mão.

Saberei lê-las depois?
Nessas garatujas de médicos?
Saberei interpretar o que
eu mesma escrevi?
Ou foram elas? As mãos?
Ou a caneta
Que ganharam vida própria
independentes
pequenos cérebros
nas pontas
de cada dedo
da mão direita?

A caneta pára
como a pensar
no que fará a seguir
No que escreverá
em sua letra torta
em sua rebeldia
cheia de si
Sente o gosto
da liberdade
de não ter que obedecer
a ninguém
Palavras suas
das mãos e da caneta
tradutoras, intérpretes, diretoras e autoras
Maestrinas
de sua própria criação
Eu
Sou apenas
Seu instrumento.

*Aos grandes e aos pequenos escritores do mundo!
Foto de Thomas Fraser

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Chuva de Libélulas


Era um dia da semana comum. Eu me preparava para sair, quando, ao chegar à varanda, me deparei com um espetáculo inusitado:
Uma chuva de libélulas. Muitas. A área aberta, ao lado da varanda estava repleta delas, voando em todas as direções...
Fiquei feliz em vê-las, minhas velhas amigas, que sempre dão um jeito de aparecer quando estou triste. 
Me dão sempre um sinal de que coisas boas virão ou me fazem ter esperança de que transformações se aproximam. Por querer crer nisto, talvez eu veja simbolismos onde não há nada, talvez simples libélulas voando...Dragonflies cruzando o céu, translúcidas, me brindando com pequenos lampejos de esperança.
Perguntei-me: Será que isso quer dizer alguma coisa? Uma transformação muito grande em minha vida? Uma boa notícia, talvez? Símbolos de transformação e liberdade...Libertação? Conquistas?
Não sei, tudo continuou igual...A semana seguiu, nada aconteceu, as boas notícias não vieram, mas aquele espetáculo ficou gravado em minha memória...Como já contei aqui e também no meu livro, gosto de engarrafar momentos e guardá-los para sempre. Este foi um deles, guardei numa das minhas garrafinhas de memórias e pendurei-a no meu varal de lembranças...Nem peguei minha máquina fotográfica porque nada seria capaz de traduzir a beleza daquele instante...bastava minha memória, uma lembrança feliz, um momento de brilho, pequenas luzes a clarear o meu breu....
Bastava isso e a minha contínua esperança...

Foto NatGeo



quinta-feira, 21 de julho de 2011

O Homem Que Esqueceu Como Sonhar.

Chegou exausto de mais um dia de trabalho. Abraçou a mulher, demoradamente, para espanto dela. Estava especialmente carinhoso naquela noite.
Enquanto a abraçava, pediu perdão pela vida que vinham levando, pediu seu perdão com os olhos marejados.
Ela olhou e viu:
Aquele já não era mais o jovem por quem se apaixonara um dia. Era um homem de meia idade, cansado, exaurido, sem perspectivas. E ela sabia porque:
Ele deixara de sonhar. Seus sonhos foram ficando para trás, um a um, foram deixando de existir, como quem vai tirando uma peça de roupa, todos os dias e, um dia, se está nu. E percebe que não sobrou nada além de si mesmo, de seu corpo gasto e de um olhar vazio e sem esperança.
Ela o abraça, por piedade. Não diz nada, pois sabe que ele tem razão. Talvez ele desejasse ouvir uma palavra de consolo, uma negativa, mas não. Ela não tem o que dizer.
O que dizer a alguém que abriu mão de seus sonhos? Que deixou que os levassem, os tirassem dele?
O carro sonhado foi-se, os planos de conhecer o mundo foram-se, as coisas comezinhas, para manter a chama acesa, como um jantar fora, só os dois ou um fim de semana na praia, sozinhos, tudo foi-se. Não havia mais sonhos para aquele homem sonhar. E não havia nada que aquela mulher solitária pudesse fazer para trazê-los de volta para ele.
Duas solidões vivendo juntas. Cada um no seu mundo. Ele, num mundo técnico, de números, trenas, cimento e tijolos. Ela, no mundo da casa, da família, dos filhos, procurando manter, aos trancos e barrancos o lar que haviam construído um dia.
Mas ela tinha seus sonhos, jamais abrira mão deles. Eles a mantinham de pé, embora, por vezes, a vida teimasse em dissolvê-los, frágeis que eram, como nuvens, num só sopro. A realidade, muitas vezes se sobrepunha aos sonhos e os dissolvia como poeira e, ainda assim, ela conseguia enxergar na poeira brilhante, as purpurinas indo embora, com o vento. Mas, não se lamentava, pois, depressa, construiria outros, afinal, era mestra em construir sonhos, em sonhar dormindo ou acordada. Precisava deles para respirar e poder seguir. Eles eram seu alicerce e seu tijolo. Eles a faziam levantar-se todas as manhãs. Seus sonhos, só a eles ela possuía de seu, agora.
Mas como ensinar alguém a sonhar? Como fazer com que o marido buscasse dentro de si os sonhos, os desejos  de antes? Tudo o que esquecera e deixara que se fosse?
Fechou os olhos e tentou dormir, com um grande nó na garganta, uma vontade de chorar sem tamanho. Mas pensou que logo dormiria e que sonharia a noite inteira enquanto que o homem triste ao seu lado, roncava um sono de uma vida sem sonhos...
Amanhã, quem sabe?

terça-feira, 19 de julho de 2011

Obstinação


Creio, como muitos já disseram, que escrever é um ato extremamente solitário. E acho mesmo que o escritor precisa da solidão, precisa dela, para que os personagens venham, se incorporem, se encorpem, tomem forma e, como numa visão fantasmagórica, se apoderem dele, da sua alma, anulando-a por meses a fio, para que eles, os personagens, vivam.
É preciso muita obstinação, dedicação e teimosia para ser escritor, para querer contar estórias num país que não dá valor às letras e pouco sabe sobre seu presente, que dirá sobre o seu passado...
Quanto mais eu me dedico a esta tarefa, a árdua e prazerosa tarefa de tentar contar uma estória, mais percebo o quanto é feita de esforço e trabalho. De luta obstinada contra tudo e todos.
De luta interna, de batalha diária pelos meus ideais.
O escritor sofre, ri, chora, se arrepende, junto com seus personagens. Afinal, todos têm um pouco dele, até os que aparentemente nada têm em comum com seu modo de pensar ou de agir.
A palavra que, ontem, me veio à cabeça foi: obstinação. Um somatório de dedicação e teimosia.
Só quem é obstinado, alcança o que deseja. Só quem não tem medo de si mesmo e dos outros pode atingir seus objetivos.
O medo da crítica, o medo, por si só, tem que ser esquecido. Ninguém faz nada com medo. Ninguém cria nada com medo. O medo nos tolhe, nos impede de avançar.
A decepção também faz isso com algumas pessoas. As impede, as puxa para trás. Não a mim. Em mim faz o oposto, me empurra para a frente, me faz querer mais.
Tenho vivido momentos de muita decepção com algumas pessoas próximas e já falei sobre isto aqui, antes.
Pessoas que poderiam ter me estendido a mão e não me deram um único dedo. Gente da minha própria família. Gente que me deu o mais absoluto desprezo. E não me queixo dos que não conheço ou de quem não tenho laços afetivos. Falo de pessoas que são sangue do meu sangue. E me viraram as costas sem um único sorriso ou olhar de apoio. Até o silêncio poderia ter sido eloquente, mas nem o silêncio recebi de volta.
Mais uma vez volto à palavra: OBSTINADA.
É o que sou, o que sempre fui. Uma teimosa. 
Diante da vida, da minha saúde frágil, dos meus quereres e de quem não me estende a mão. 
Sempre fui uma leoa neste sentido, de alcançar o que quero, de defender o que penso ser o certo e o que vai me fazer feliz. Sempre. Apesar dos pesares, das palavras desanimadoras, do abraço que não veio, da palavra que esperei em vão. Já tive muito, já perdi muito, mas sempre consegui o que me propus a ter.
Mais uma vez, começo. Recomeço. Escrevo outro livro. Não posso parar. Preciso disto para que eu viva, mesmo que seja respirando através de personagens fictícios. Sigo. Vou.
E sei que a Vitória não tardará, porque creio nela, mas principalmente, porque creio em mim e na minha capacidade.
Porque nasci escritora e preciso das palavras, como preciso do ar, para que eu viva, através delas, para sempre. Obstinadamente, eu sei que vencerei.


sábado, 16 de julho de 2011

Conversa Comigo Mesma

Estou em crise.
Escrevo pensando em mim ou escrevo pensando no público?
Escrevo o que desejo ou o que acho que é vendável?
Ainda estou meio sem pé, nadando à esmo e vindo morrer na praia. Comecei um livro e não sei se continuo...
Não quero cair na mesmice. Mas não quero ser uma pseudo intelectual que acha que porque sabe muito, pode tudo e, só por isso, é genial.
Escrevo o que a maioria gostaria de ler ou o que eu gostaria de contar?
Mas o que eu gostaria de dizer é interessante para alguém, além de mim mesma?
Porque essa presunção de achar que o que se escreve tem que ser excelente, digno de prêmio?
Mas, não, não quero ser mediana...De medíocres o céu está cheio...e eu vou para o inferno...se ele existisse, com certeza eu iria para lá.. Aliás, lá deveria ser muito mais divertido, apesar de eu detestar calor, mas enfim, lá se pode gargalhar, contar piadas, falar palavrão, tomar caipirinha!
Não, não mereço o céu, e nem gostaria de ficar ao lado daqueles santos com cara de bobos, todos brancos, de faces coradas, louros e de olhos azuis...No céu venceu a teoria hitlerista da pureza da raça!
No inferno, não...lá deve ser uma mistura danada (rsrs) de boa, de gente de todas as raças e cores, dançando em volta (e dentro) das fogueiras...Churrasco, franguinho no espeto...hummmm.
Como podem notar comecei falando de uma coisa e vim parar no meio do inferno...pensando bem...calor, gente de todas as raças, mistura, caipirinha, calor infernal, gargalhadas, piadas obscenas...Vem cá, o inferno não é o Brasil, não? Então, já estou no lugar certo...vai ver já morri e não sei...
Enquanto isso, eu continuo sem saber se escrevo para as massas ou para a elite intelectual e culta.
Acho melhor eu ir dormir. Quem sabe assim, essa ressaca passe até amanhã?
Irrcc...

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Flor & Espinho


Por ser uma pessoa que se expõe muito (por vezes, até demais) às vezes as pessoas confundem a escritora e poeta com a Glorinha, pessoa e vice versa.
Nem sempre o que eu escrevo deve ser entendido literalmente...Quantas vezes estou trespassada de dor e meus textos estão leves e reflexivos e somente muito poucos, que me conhecem muito, muito bem, percebem que estou triste.
Acho isso normal e até natural, visto que ninguém é adivinho para saber o que vai pela alma das pessoas, ainda mais de quem se conhece superficial e virtualmente.
Muitas vezes sou espinho querendo ser flor. E, noutras tantas sou flor, desejando mostrar a agudeza e o fio dos meus espinhos. Não sou sutil, é certo. Sou literal e muitas vezes, como me disse uma amiga, acessível demais, por me expor demais. Este é o preço que pago pela exposição demasiada. Mas ainda assim, mesmo sendo tantas vezes ingênua até, prefiro ser assim do que fingir o que não sou ou não sinto.
Hoje, escrevi um comentário num blog em que refleti sobre o conceito:
Uma imagem vale mesmo mil palavras ou  é justo o contrário: uma só palavra pode valer por mil imagens? Acho que há as duas possibilidades. Uma imagem pode ter uma força imensa, mas acho que as palavras, por darem vazão a toda espécie de interpretação que se queira, tem também a força que se queira dar a ela. Tanto por quem a escreve quanto por quem a lê. A palavra tem a força da intenção de quem a escreveu e de quem a leu. Portanto, podem ser duas intenções diametralmente opostas.
Às vezes, gente fútil me incomoda, gente supérflua me enerva. E gente que brinca quando quero chorar ou me cutuca quando quero ficar quieta me deixa louca. É, sou difícil. E exigente, como diz uma amiga. Sou sim.
Ultimamente estou como a canção de Nelson Cavaquinho:
"Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor..."
Não, não estou sofrendo de amor...como alguns irão pensar. Estou sofrendo e é só...Solitária e reflexiva como convém a quem está em pleno processo de criação.
Sofrimento de escritor não precisa de motivo ou explicação.
Sofro...
Palavra que vale mais que mil imagens.

PS - esse texto não foi escrito por causa de nenhum dos comentários que recebi no post anterior, hein gente!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Essa Tal de Esperança

Ontem, vi um trecho de uma entrevista com o Marcelo Yuka, aquele músico que levou um tiro num assalto e fixou tetraplégico...
Ele dizia que, no seu modo de entender, nada do passado importava e que ele nunca ficava triste pensando que estava numa cadeira de rodas ou se lamentava pela vida que vivia ou do que já tinha acontecido porque, para ele, sempre, "O MELHOR AINDA ESTAVA POR VIR"...........
Fiquei com esta frase me martelando a cabeça..."O MELHOR AINDA ESTAVA POR VIR".
Acho que pessoas muito religiosas pensam assim, ou porque acreditam na vida eterna ou na vida após a morte ou porque acham que vão reencarnar outras vezes...Como sou um abominável ser sem fé, fiquei pensando se isto não se chama esperança...
E fiquei invejando, secretamente, as pessoas que pensam assim...Desejei ardentemente ser como elas e achar que "O MELHOR AINDA ESTÁ POR VIR".
Como gostaria de acreditar nisso, de imaginar que minha vida será um mar de rosas, que nada do que vem acontecendo importará daqui para a frente, porque "O MELHOR AINDA ESTÁ POR VIR"...
Quero repetir esta frase à exaustão, como um mantra...Quero ficar imune às mentiras, às falsidades, às puxadas de tapete, às injustiças e à desesperança.
Quero esquecer o dia de ontem e amanhã, esquecer o dia de hoje, porque "O MELHOR AINDA ESTÁ POR VIR".
Pode ser que martelando, teclando, enfiando esta frase em meu cérebro, acabe por acreditar nela e, acreditando, acabe fazendo acontecer e que o melhor, finalmente chegue e deixe de somente estar por vir.
Quero dar a mão à esperança e desejo que me leve com ela a brincar de sorrir. Borboletas e libélulas são, para mim, um sinal de esperança. Quero crer nisto. Preciso crer nisto.
Que ele venha, O MELHOR, que ele me transforme, me transmute, me dê asas e me faça feliz outra vez.

Quem Quer Ganhar Na Esquina do Tempo Nº 50? Up Date



Minha amiga Lia do blog Quero Morar em uma Livraria está sorteando meu livro em seu blog.
Quem quiser participar é só clicar aqui.

Regras do Sorteio:

1 - Ter endereço de entrega no Brasil

2 - Seguir os Blogs Café com Bolo e o Quero Morar em uma Livraria

3 - Deixar um comentário neste post dizendo: "Quero conhecer Na Esquina do Tempo N º 50 com os blogs Café com Bolo e Quero Morar em Uma Livraria"

4 - Preencher o formulário aqui

Duração das inscrições: De 13 de julho a 13 de Agosto de 2011.
Resultado do Sorteio: 13 de Agosto de 2011.

Quem divulgar o sorteio, tem direito a mais um número. Vale Twiter, Blogs, Facebook....só precisa deixar o link preenchendo o formulário mais uma vez.
Tudo isto não deve ser feito aqui e sim no blog da Lia, ok?

Boa Sorte aos participantes!




sexta-feira, 8 de julho de 2011

Gloria Leão, A Escritora - um vídeo




Pessoal, desculpem os errinhos, mas foi de improviso...Espero que assim, possam me conhecer um pouco mais.
Obrigada à Comunicare, às minhas assessoras Bia e Luísa e à Laura pelo carinho.
Beijos, bom final de semana!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Presentes!

Ontem, a paisagem que se vê da minha casa estava assim...E eram umas três horas da tarde.
Tem gente que reclama do frio, mas eu adoro! Estou quase virando um pinguim aqui, mas quando a paisagem se veste de névoa e parece que moro num país distante, fico louca de felicidade. Esqueço que vivo nesta cidade infernal de calor tropical e úmido por quase o ano inteiro. Quando vejo a mata aqui em frente com nevoeiro, fico feliz da vida!
Em plena Mata Atlântica, um legítimo fogg londrino...

A cerração veio descendo do topo do morro e envolvendo tudo, como desce nas cidades serranas do Rio...pareciam as Brumas de Avalon. Quando vejo isso na "minha mata", recebo como um presente feito especialmente para mim....

E hoje, chegaram os livros que encomendei! Meu filho me deu dois e eu comprei dois...
Como podem ver, tenho muito o que ler pelos próximos dias... Fico encantada com capas de livros...e esses, uau, cada um mais lindo do que o outro...
Então, até qualquer hora pessoal, vou entrar debaixo das cobertas e ler, ler, ler....Os melhores presentes dos últimos tempos...frio, bruma e livros...

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Bertrand de Lisboa - a Livraria que Sobreviveu - Reedição *

Livraria Bertrand - Lisboa


Eu, em frente a loja de flores - Rua Garret -Lisboa
Como eu poderia passar diante de uma livraria secular e não comprar livros?
Pois foi exatamente o que fiz quando estive em Lisboa, mais exatamente na Rua Garret, aquela mesma que Eça de Queirós fala tanto em seus livros...
Pois bem, a Livraria Bertrand de Lisboa, foi fundada em 1732!
Foi destruída pelo terremoto que arrasou a cidade em 1755 e reinaugurada em 1773, agora na Rua Garret, 73/75, que fica na parte histórica de Lisboa, na mesma rua do café A Brasileira e perto de outras lojas antiquíssimas e lindas.
A Bertrand é a pioneira no sistema de cadeia de livrarias, tendo hoje, lojas por todo o país.
Fui lá e fiz a festa, como podem ver pelas minhas sacolas....
Bem que queria ter comprado mais, pois os preços, comparados aos de nossas livrarias, eram bem acessíveis, apesar dos Euros....O problema era o peso...
Mas, sinceramente, me arrependo de não ter comprado mais. Na minha próxima viagem, já prometi a mim mesma, que levo menos roupas, pra poder comprar mais livros...
Quando forem a Lisboa, não deixem de dar uma passadinha por lá, afinal, a Bertrand faz parte da história da cidade...e ela mesma tem uma incrível história de sobrevivência e adaptação aos novos tempos.
E, afinal, não é todo dia que se pode comprar numa livraria de quase 300 anos!

*Post reeditado de 28/09/2009.



terça-feira, 5 de julho de 2011

Nicola, A Borboleta De Uma Asa Só

Minha amiga Mila Viegas, é mais que amiga, é confidente, é colega de gargalhadas, é minha guxa, miguxa, de longos papos regados à cerveja. E, embora ela tenha idade para ser minha filha, parece muitas vezes ser o contrário: Ela é quem me dá conselhos, enquanto eu, a imatura, os ouço.
É uma sábia menina mulher de 30 e poucos anos, essa minha companheira de escrita. E talentosa como ela só!
Pois a Mila acabou de lançar o livro infantil Nicola, a borboleta de uma asa só, com o auxílio luxuoso da minha filha, Thaís Leão, que fez as aquarelas para o livro.
O livro é uma graça, colorido, atrativo, mas não só isso: traz uma mensagem importante de inclusão e de como podemos vencer os desafios que a vida, muitas vezes nos impõe.
Recomendo a todos os que tenham crianças em casa, afilhados, ou sobrinhos. Vale a pena comprar e ler para elas. Vale a pena comprar e ver que só voa quem acredita nos seus sonhos.
Parabéns Miguxa! Agora, tal e qual a Nicola, o mundo é seu! Voa, Mila!
Beijos,

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Brincadeira Boa!

Brincadeira boa demais, proposta por meu amigo Manuel do blog Constância:
Abrir um livro à sua escolha ou o que esteja lendo no momento. Abrir na página da sua idade, no meu caso: página 53, e escolher um trecho.
Aqui vai o meu:

Livro: Na Esquina do Tempo Nº 50 - autora Gloria Leão - página 53:

"Pertencia, não a um gênero, classe ou raça. Teve plena consciência de que eram todos oriundos das mesmas raízes, todos os sangues se misturavam em suas veias. Era branca, mas também negra, também índia, judia, amarela, muçulmana. Pertencia, como o restante das mulheres e homens do planeta a uma só raça, à raça humana.
Infelizmente, muitas vezes, nem tão humana assim..."


sábado, 2 de julho de 2011

Um Livro

Sou uma privilegiada por ter amigos tão compreensivos, acolhedores e inteligentes.
Tenho recebido tantos livros bons de presente!
E vindos dos mais diversos lugares. Mas me delicio mesmo é com os que são escritos em português de Portugal. Como escrevem bem os escritores portugueses! Se já era fã antes, agora então, apaixonei-me, definitivamente. Como usam bem a língua e as palavras! Aprecio demais um livro bem escrito, com riqueza vocabular, estilo e uma estória bem contada. Com isto, creio, minha cultura tem crescido consideravelmente nestes últimos dois anos. E só tenho a agradecer, pois não há presente que mais me dê prazer, ultimamente, do que receber bons livros.
Meu filho também tem contribuído muito com meu acervo, pois basta que lhe peça, como ontem, para que já me dê os que pedi. Ele sabe como isto me faz feliz e como meus prazeres têm sido bem poucos nos últimos três anos, acho que esse tipo de carinho e preocupação em me agradar, é a sua maneira de me dizer o quanto me ama. E eu só não o amo mais por tudo isto, porque é impossível amar-se mais a um filho do que o que já sinto.
Pois prazer na leitura é o que vem acontecendo com este livro que recebi de presente e estou lendo agora.
Eu não conhecia sua autora: Lídia Jorge, portuguesa do Algarve e detentora de vários prêmios literários.
Ainda estou pelo meio, mas me encantei com sua escrita e gostaria de citar um trecho que muito me fez refletir:
" Queremos encantar. Queremos vencer encantando, seduzindo....Queremos encantar pessoas, milhares, milhões de pessoas. Queremos ser maiores do que cada uma delas e do que todas no seu conjunto, queremos ter uma habilidade que elas não têm. Queremos entrar-lhes pelos ouvidos, pelos olhos, pelos nervos, pelo corpo todo....Por isso, elas vão ficar paradas, à espera, e nós, na sua frente, seduzindo-as, colando-as aos seus lugares, hipnotizando-as, desvairando-as com o nosso talento...Queremos o mundo...Queremos fazer amor com o mundo...Nós não temos medo das palavras..."

Quem lê esse trecho, do modo como o coloquei, omitindo algumas frases, poderá pensar: Ela fala sobre os escritores, de como querem seduzir seus leitores...Mas não, ela fala da música e de músicos, de cantoras, no caso...mas bem poderia se tratar dos escritores...
Afinal, quem escreve à sério não é isso o que deseja? Ser amado, ser aceito, ser o sedutor, o hipnotizador, pelas palavras? Isto é arrogância, é ser orgulhoso? Não acho. Todos os seres humanos são assim, em maior ou menor proporção. Os próprios blogs, o que são senão uma maneira de chamar a atenção para si, como dissessem: Olhem, estou aqui! Não me deixem só, venham, me façam companhia...?
O que é festejar aniversário de blog, número de seguidores, número de vistas do que dizer: sou bom, sou ótimo, olhem quantos estão vindo me ver? Orgulho? Vaidade excessiva? Carência absurda? Necessidade de chamar a atenção e assim, obter um suposto carinho?
Achei esse paralelo muito interessante e verdadeiro, pois quem é escritor deseja isto, ainda que finja que não. Seres humanos desejam isto, ainda que neguem. Vivemos todos em meio a uma fogueira de vaidades, mesquinharias, gente de valor, outros nem tanto, muitos medíocres...e todos, sem exceção, ainda que façam pose de modestos são, no íntimo, vaidosos ao extremo, carentes de elogios e de fingido afeto. Fingem que não vêem que são usados ou que usam. Dão, procurando receber de volta.
Escritores são vaidosos? A humanidade o é!
Livros me fazem pensar e refletir sobre mim mesma e, a cada vez, chegar mais perto do cerne, da essência do meu eu e do que há no âmago do mundo à minha volta.
Revelam-se, revelando-me a mim mesma.
Revelam-se e me revelam a humanidade, com lente de aumento.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Flagrante Lindo!


Os dois se abraçando...a gente parece com eles...às vezes...

Estou aqui sentada na computador e meus micos leão da cara dourada estão lá, na jabuticabeira, me olhando. Como já havia colocado trocentas bananas pra eles, fiquei tranquila escrevendo. Quando olhei para a árvore, vi dois deles, abraçadinhos, um catava o outro, enquanto o menorzinho, encostava a cabeça no peito do maior...Coisa mais linda!
As fotos saíram péssimas porque estou muito trêmula hoje, mas a cena era tão linda...parecia que tinham sentimentos humanos...ou nós é que temos sentimentos de macacos? Acho a segunda hipótese mais provável e ainda assim, acho que os dos bichos são mais verdadeiros, leais e inofensivos que os nossos.
Essa segunda foto está ainda pior que a segunda...saiu muito tremida, mas dá pra se ter uma ideia...eles abraçadinhos...olhem o pequenino com a cabeça encostada no peito do outro...

Agora, olhem essa carinha do filhote me olhando....não é lindo demais?

Imaginem que o Ibama quer levar meus micos daqui...diz que a população deles está crescendo demais e que eles não são originários dessa região, que são do sul da Bahia e do norte de Minas e que devem ter sido trazido por mãos humanas...Eles ameaçam os micos leão dourados que vivem numa reserva a mais de 100 km daqui. E os meus, os da cara dourada já saíram do risco de extinção, mas os dourados não, continuam em risco...Ah fiquei tão triste quando li isso na primeira página do jornal...A mata não é contínua até lá, onde os dourados moram, então eles não têm certeza se os daqui conseguiriam se espalhar até lá. Mas vão evitar que cheguem, capturando-os, enviando-os para as suas regiões de origem e colocando alguns num Zoo! Quase morri quando li isso! Num Zoo? Então, deixem que fiquem, pelo menos aqui vivem livres na natureza!
Mas, com a competência que lhe é peculiar, creio que o Ibama não consegue fazer isso tão cedo, quiçá o faça, um dia...Tomara!