sábado, 6 de agosto de 2011

Um País e Seus Heróis

Ontem à noite eu assisti a este filme: A Última Estação, magistralmente interpretado por Christopher Plummer, Hellen Mirren e James McAvoy.
O filme trata dos últimos dias do escritor Leon Tolstoy, autor de Anna Karenina e Guerra e Paz. Tolstoy era considerado o maior escritor do mundo em 1910 e os russos o amavam como a um deus.
O que me impressionou não foi o fato dele ter aberto mão dos direitos autorais dos seus livros em favor do povo russo ou de suas ideias de paz, vida simples, não violência, abrindo mão dos bens materiais (Tolstoy era conde) nas quais Ghandi, posteriormente, se inspiraria.
O que me encantou e me levou às lágrimas foi o amor do povo russo pelo escritor Tolstoy.
Foi a devoção, a admiração ao ídolo, que levou, através da escrita, o nome da Rússia aos quatro cantos do planeta, mostrando e criticando as diferenças sociais.  Desde os mais simples homens e mulheres do povo até os grandes escritores, todos, adoravam Tolstoy.
Quando ele morreu, o povo chorou, como quem perde um pai bondoso. Perdera seu ídolo, seu símbolo máximo.
Não pude deixar de me enternecer e emocionar com a imagem final do filme.
Enquanto hoje em dia, basta aparecer 15 minutos na Tv para ser elevado ao grau máximo da celebridade, sem precisar saber falar, escrever razoavelmente ou sequer pensar.
Enquanto aqui, um jogador de futebol ganha milhares de dólares e os artistas e os escritores são relegados às traças.
Enquanto se precisa mendigar ou pagar para que uma editora nos publique, onde é preciso que se suplique, quase se humilhe para que divulguem um livro. Onde ninguém dá valor à escrita de qualidade e preferem a baboseira de fácil assimilação.
Feliz do povo que faz de seu ídolo maior, um escritor.
Feliz do país que pranteia seus escritores e os eleva ao panteão dos heróis da pátria.
Continuemos nós, com a nossa "pátria de chuteiras" e a adorar nossos ícones de pés de barro...
Cada país tem o povo que merece e vice versa. Cada país escolhe os heróis que melhor os representa.
Lembrei-me agora do Senna carregando aquela bandeira brasileira a cada vitória e nos levando às lágrimas.
Tudo bem, ele foi um herói, mas um herói do esporte. O que é a Fórmula Um senão um punhado de milhões de dólares nas mãos de uns poucos?
Isto pode ser considerado a representação de um povo?
No futebol, o mesmo. O dinheiro é quem manda.
Onde estão os verdadeiros representantes heroicos do mundo de hoje?
Por onde andam os Tolstoys?
Haveria lugar para ele no mundo de hoje?
Eu, infelizmente, sei a resposta: Não.

19 comentários:

Beth/Lilás disse...

O filme deve ser bárbaro então, vou pegar pra ver também.
Vi ontem O Retrato de Dorian Grey e é, digamos, bonzinho.
Quanto ao que fala é bem verdade, vivemos um momento tão pobre de valores que até os ídolos atuais, as chamadas celebridades, são pessoas vazias, sem conteúdo e relevância e que o talento muitas vezes grandioso, não combina com o ser, e isso ao que parece é mundial.
beijos cariocas e ótimo final de semana pra vocês!

Glorinha L de Lion disse...

O filme é razoável Betita, não é nenhum espetáculo, mas as interpretações, sim. O McAvoy dá um show... E a cena final, me emocionou muito. Enfim, já não há mais heróis...e nem ideologias, como diria Cazuza...beijos,

R. R. Barcellos disse...

Às vezes imagino pessoas como Tolstoi, Gandhi e Jesus vivendo em nosso tempo e, principalmente, em nosso país. Como reagiriam à cruel dependência do espírito e do intelecto aos valores puramente materiais?
Valeu, Glorinha. Abraços.

Calu Barros disse...

Vou na tua dica, Glorinha e faço coro as tuas certeiras palavras.
È lamentável , mas cada povo tem os heróis que merece; para desalento nosso.
Será que veremos o dia em que os escritores brasileiros serão ovacionados como o são os jogadores de futebol???
Gostaria muito de ter essa resposta como positiva.Enfim...fica a esperança.
Òtimo fim de semana, amiga,
Bjinhos,
Calu

Glorinha L de Lion disse...

Acho que dariam um tiro na cabeça amigo Rodolfo! Infelizmente, aqui é a terra do QI (quem indica) e do dinheiro comandando tudo, beijos, bom domingo!

Glorinha L de Lion disse...

Não amiga Calu, não creio que isso acontecerá um dia em nosso país. Um país sem memória, um país inculto, um país que passa as tardes de sábado vendo Luciano Huk e os domingos assistindo ao futebol e ao Faustão não tem mesmo a quem chamar de herói, beijos querida, bom fim de semana,

ManDrag disse...

Pois é, um país é o reflexo do seu povo, das suas gentes.

Mas quanto a Tolstoi, recordo da delícia intelectual que foi a leitura dum livro de contos sobre comboios (trens, br). Embora suspeito pela minha paixão por comboios e ferrovias, aqueles contos eram de tal modo humanos que me absorviam por completo e me punham na pele dos seus intervenientes. Daquelas experiências que não se repetem nunca e nos marcam para toda a vida.

Abraços

Celina Dutra disse...

Oi Glorinha,

Estamos na terra do QI, do jeitinho e do descaramento. Faltam educação e amor por aqui. Mas confio na juventude que está vindo, eles começarão o trabalho de virada do ter para ser!

Vá aqui, um carinho pra vc
http://colheitadegirassois.blogspot.com/2011/08/rosa-montero-louca-deliciosa.html#comments

Girassóis nos seus dias!
Beijos.

Glorinha L de Lion disse...

Oi amigo Man Drag. Nunca li nenhum livro dele, vi os filmes Anna Karenina e Guerra e Paz, mas há tantos anos que nem me lembro mais...Mas os contos devem ser mesmo fantásticos! Hoje em dia gostaria de ter grana suficiente pra comprar todos os livros que desejo ler e fazer uma biblioteca pros meus descendentes, caso não haja livros de papel no futuro...beijos, obrigada pelo comentário,

Glorinha L de Lion disse...

Sei não, Celina, não sou tão otimista como vc...tenho lá minhas dúvidas, embora torça pra que isso realmente ocorra, beijos, obrigada pelo post dedicado a mim!

Glorinha L de Lion disse...

Não Alê, querido, não vi, não vejo mais quase Tv e Tv aberta muito menos...sou da "zelite" como diria nosso moribundo presidente que não desencarna nem se o próprio Kardec viesse à terra e implorasse...o bichinho da muléstia não larga do osso de jeito nenhum...
Pois é, é como eu disse, cada povo tem os heróis que merece. Sem ideologia, sem consciência, sem ideal a não ser cada um encher seu próprio bolso às custas dos outros, à custa de esmola, à custa de cangalha, não há ícone ou herói que preste. No nosso país, o Lula virou herói. Precisa falar mais? Beijos amore!

www.comtextosdavida.com disse...

Como você mesma disse, cada povo tem o ídolo que merece. Um país de analfabetos não pode ter como ídolo um escritor, só pode ter um outro analfabeto igual a ele.
bjs Lais

cucchiaiopieno.com.br disse...

Oi amiga
Vou assistir a esse filme, fiquei curiosa pelo que você descreveu!
O futebol é um tapa na cara da pobreza, não entendo esse endeusamento!
Bjos querida
Léia

Glorinha L de Lion disse...

Com certeza Lia...e ele ainda dava força pra que continuassem analfabetos e vivendo das esmolas-votos que ele distribuía magnanimamente com o nosso dinheiro...beijos,

Glorinha L de Lion disse...

Nem eu Leinha! O que acontece é que o povão se vê representado através desses exemplos, que aliás, em sua maioria não são exemplo pra ninguém com suas bebedeiras, noitadas, mulherada e uso de drogas. Vide goleiro Bruno e Adriano e tantos outros...O dinheiro em excesso, nesses casos, onde não há educação nem preparo, os leva pro buraco...e na maioria das vezes, perdem tudo...triste, né? Esses são os nossos heróis...beijos,

William Garibaldi disse...

Arrasou Glorinha.. hoje os valores estão invertidos, os heróis do povo estào invertidos... que coisa triste.. mas isso vai mudar! Por isso somos escritores e um pouco vilões...! rsrsr Que paradoxo!

Quero ver este filme... quando li Guerra e Paz eu era muito novo... preciso reler, mas a maravilha ante Tolstoy foi imediata... é mesmo um gênio da paz e da igualdade...

Preciso ressaltar o nome dele aqui para você Tuda! LEON Tolstoy!

Olha que interessante:
Glorinha LEON Tolstoy!
:))))))))
Vou te chamar de Tolstoya agora.. não prefiro Tuda!

Vc sempre é muito genial em seus textos, e este é mais um que levo no coração!

Grato!
( Só vc pra me fazer sair do Facebook e vir visitar os amigos Blogueiros! srsrrs )

Boa semana! Bjus de Luz!

Glorinha L de Lion disse...

kkkkkkkkkk Também prefiro tuda...acho mais engraçado...até pq estou a anos luz de chegar no dedão do pé do Tolstoy, né meu amigo? Menos, menos...sei bem qual é meu lugarzinho...bem pequenininho...E já te falei, Fb só pra divulgar...aquilo lá é perda de tempo puro...beijão,

Socorro Melo disse...

Oi, Glorinha!

Fiquei curiosa para ver o filme.
Concordo com você, acho que não haveria mesmo lugar para Tolstoy, na nossa realidade.
Fico muito triste com essa constatação. Vemos, todos os dias, os "heróis" sendo fabricados...Mas, não vemos os atos heróicos, porque eles não existem...
É impressionante como a Música, os Esportes, a Literatura, etc. têm sido tão desvirtuados, com o tanto de lixo que se propaga...
Infelizmente.

Um abraço
Socorro Melo

Glorinha L de Lion disse...

Tem toda razão Socorro...não há atos heróicos pra serem comemorados...sabe aquela música do Cazuza: " Meus heróis morreram de overdose...ideologia, eu quero uma pra viver..." Sem ideologias, não há heróis, só interesses escusos em benefício próprio...Aqui cada um só pensa em encher o próprio bolso ou se dar bem nas costas dos outros...por isso continuo cada vez mais gostando mais de bichos do que de gente...beijos,