D. Pedro II
Ontem, finalmente terminei o livro "O Príncipe Maldito".
E, enquanto lia suas últimas páginas, refleti sobre nossa história, nosso jeito errado de fazer as coisas, ou melhor, de "não fazê-las", as origens do que chamamos "indolência", "jeitinho brasileiro", e todos os demais "defeitos" que temos, e que de certa maneira, aceitamos, como coisa atávica, que não tem jeito, visto que, os incorporamos como características de nosso povo, muitas vezes até, nos vangloriando desse modo de ser...
É estarrecedor constatar como foi feita a história do Brasil, como construímos nossa nação em cima de ignorância, falta de atitude, despreparo, vaidade...uma maneira bem provinciana, atabalhoada, apressada, urgente, como o sol dos trópicos.
D. Pedro II foi um monarca amado pelo povo, extremamente culto, amante das artes, da astronomia, do progresso, da liberdade de expressão...um homem à frente de seu tempo, mas, ao mesmo tempo, um romântico, com a cabeça nas nuvens, muitas vezes omisso e indeciso...
Talvez, essa sua indecisão e falta de atitude, sempre à espera do melhor momento para se posicionar, momento, que muitas vezes, passava, tenha levado o país ao golpe que proclamou a República, e à necessária, atrasada, mas intempestiva, libertação dos escravos.
A Lei Áurea, desejada inclusive pelo imperador, mas assinada por sua filha em uma das viagens do pai, foi promulgada sem que o país estivesse preparado, sem mão de obra substituta na lavoura cafeeira, levando com isso, a economia do país ao caos e gerando imensa revolta dos cafeicultores e grandes senhores de terra.
Daí, as fileiras contra a monarquia se engrossarem mais ainda...e terem desaguado na Proclamação da República pelos militares descontentes, com o respaldo das oligarquias.
Os escravos, por sua vez, se viram de uma hora para outra, sem casa, sem comida, muitos andando a esmo, gerando também, por outro lado, revolta e violência...
Enfim, tudo feito sem objetividade, sem preparo...
O pobre imperador, que amava o Brasil, foi extraditado às pressas, teve que sair do país como ele mesmo disse "quase um fugido", de madrugada, sem levar nem mesmo seus pertences...uma maldade sem nome. D. Tereza Cristina, a Imperatriz, esposa de D. Pedro, morreu pouco depois de chegarem à Europa, tamanha foi a tristeza...
Museu Imperial de Petrópolis - Residência de Verão da Família Imperial na Época
Não sou historiadora, e só há alguns anos me interessei e me aprofundei, realmente, em nossa história, mas, por esses fatos, e outros que tenho lido, consegui entender um pouco do nosso way of life, que persiste até hoje...
A herança maldita de que somos reféns...um povo que até hoje é vítima e algoz de si mesmo...queremos mudar, mas algo nos puxa para trás.
O Rio de Janeiro na época de D. Pedro, tinha esgoto a céu aberto, populações já se favelizando, a República foi um fiasco, uma ditadura militar dando lugar à liberdade de expressão e de direitos...corrupção, inépcia, miséria...
Quando reflito sobre isso, penso que mudamos muito pouco...em alguns casos, só pioramos...
Talvez, entendendo nossa história, nossas origens e as origens de nosso modo de ser, possamos transformar e quem sabe, mudar nosso país.
Recomendo o livro, não só a quem gosta de história, mas, principalmente, a quem deseja compreender quem somos.
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12 comentários:
Muito interssante, vou colocar na minha lista de livros pra ler. Esse museu deve ser o qual fui visitar numa excurssao quando estava na quarta serie. Mal me lembro de tudo e sou doida pra voltar la agora nessa idade que aprecio tanto historia! bjos
Grato pela lição de história.
Beijo.
maravilha seu post!
bjs.....judy
Amiga Glorinha,
Eu sou uma fã antiga de D.PedroII, aliás, quase todo mundo que mora em Petrópolis o é, vimos nele um monarca que realmente amou o Brasil e uma das coisas mais importantes que ele conseguiu foi a unificação desta nossa língua portuguesa que é falada em todo o território nacional. Ele era culto e sabia a importância da unificação de uma língua para que não houvesse guerras internas como vemos em países minúsculas e que falam tantas línguas e dialetos.
Mas, esta derrapagem em sua monarquia, facilitou o que vemos agora, pois deixou que continuasse aquilo que veio desde os primórdios de nossa descoberta - a corrupção e inércia coletiva.
Eu acho que isso tudo se deve a este calor absurdo que sempre tivemos, pois pensa bem, quem é que gosta de trabalhar ou pensar muito, executar algo quando faz um calor de arrebentar a cuca! hehe
Tô louca para ler este livro também, adorei a dica!
Beijos e espero que estejas melhorzinha.
Parabéns Sr Drª, bem delineada esta lição de história, gostei bastante. Estudei a História do Brasil, mas com esta leitura avivei conhecimentos.
Beijinhos e bom fim de semana,
Manuela
Oi Glorinha querida!
Adorei seu relato final sobre o que captou do livro.
Sempre admirei D. Pedro II, apesar de achá-lo mesmo letárgico, devagar, muito lento...
Mas a cultura dele é inegável, assim como seu amor ao Brasil. Dá para perceber nos mínimos detalhes o anmor que ele tinha por esse país. Porém, acho que foi mal preparado para assumir o cargo.
Era ainda um menino de 5 anos, longe dos pais. É evidente que isso crivaria nele uma personalidade vacilante e, tb, sonhadora.
Não podemos deixar de creditar a ele os erros que foram imensos. E ele foi deixcando tudo passar.
No livro O Cortiço, lançado em 1890 mas que foi escrito anos antes, já vemos ali configurada a pre-formação das favelas. Será que ele e seus asseclas desconheciam isso? Acho muito dif´cil, ainda mais um homem antenado como ele...
Mas a verdade é que o poder, sem fiscalização constante da imprensa e outros órgão (corretos e não golpistas), corrompe e cega. Tanto que ele foi expurgado enqto viajava com a amante pela Europa ou Euroásia, não me lembro... Estava no bem-bom com a amante e o Basil às favas.
Foi ruim o final mas ainda acho que poderia ter sido pior se ele continuasse no poder. A limitação dele, ao final, era evidente. Cego, sonhador, apaixonado por outra, perdendo os pudores. Tudo me leva a crer que com ele seria bem pior.
E, como o Rio já estava um caos com ele, SP viu aí uma oportunidade de crescer trabalhando com mão de obra dos imigrantes. E soube aproveitar, deslanchou e atyé hj é o maior estado do Brasil.
São tantos os erros que me dá pena desse país. Mas acho que estamos entrando nos trilhos. Aida temos esperanças!
Beijoooo
Glorinha
Acabei me esquecendo de agradecê-la.
Li seu comentário na Simone e fiquei encantada com seu apreço por mim.
Vc sabe muito bem que a recíproca é verdadeira, que já tenho em vc uma grande amiga. Nossas diferenças políticas jamais me turvariam a visão a ponto de não ver em vc uma mulher especial. Faz um tempo que deixei de pensar com o fígado...rs
É estourada, elétrica, fala o que lhe vem à cabeça. Mas é arrebatadoramente carinhosa, por mais que possam achar isso incompatível. E isso não tem preço.
Eu te mandarei meu endereço por email, mas saiba que vc terá de me dar o seu. Afinal já estava pintando umas coisinhas pra te mandar, mas com a nossa troquinha confirmada então acelerarei no meu projeto por aqui....hehehe
Beijoooo
Hi Glorinha,
Gostei muito da visita que fiz ao seu blog!
Wow - that;s my cup of tea!!! Essa eh uma expressao que usamos quando gostamos de algo e dei risada pois o seu blog eh Cafe e eu tomo cha... desculpe talvez vc nao entenda meu senso de humour...
A foto no cabecalho de seu blog eh fantastica!!!
Adorei
Gina UK/BR
Huuuuuuum achei bem interessante tudo isso...apesar de não ser muito fã de história...prefiro as estórias.
Realmente mudamos muito pouco e em alguns casos até pioramos como vc mesma falou, precisamos muuuuuuito ainda progredir, mas vamos ser otimistas? E olhar que podemos melhorar ainda mais sim, mas pior seria a estagnação e estarmos ainda lá atrás... não é mesmo?
Beijooooooooooo e amei o seu post!
She.
Pouca coisa mudou em quase todo o mundo, infelizmente. Veja que quando acabou a escravidão no EUA também foi um caos. Os países e seus governantes quase sempre fizeram tudo de qualquer jeito e isso é uma pena. Falta boa vontade ao mundo inteiro.
beijo e boa semana
Que dleícia este seu blog! Vim aqui por recomendação da Silvana, que me disse que vc é de Niterói!
Adorei o post sobre os fantasmas, sou cética como vc mas acho fascinante a magia dessas histórias. Acho que é por isso que gosto tanto da Inglaterra.
Sobre este post aqui, vc já leu 1808? Também nos dá o que pensar sobre nossa cultura e sobre por que o povo brasileiro é como é.
Abraços!
Glorinha
Teu post é ludico e cultural, tudo ao mesmo tempo.
Destes-nos uma bela aula de história do Brasil, minha amiga!
E, a reboque, veio uma boa indicação para um livro!
Estejas sempre bem!
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