segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Indizível


Dizer o indizível, pensar o interdito, caminhar por onde ninguém vai...
Vivo perdida num mundo e com um pé no outro.
Entre o real e o irreal transito. Me divido.
Sou louca e sábia. Vivo em conflito.
Não sei se fico naquele, perdida.
Ou volto para este, ainda mais descabida...
Vivo entre dois mundos.
Espécie de umbral, purgatório, nem lá e nem cá.
Respiro neste e desejo aquele.
Depois que passo da porta, não quero mais sair de lá.
Meu céu e meu inferno.
Minha primavera e meu inverno.
Só os loucos me entendem.
Só os que caminham sobre o fio, sobre a lâmina
Se dependuram no infinito da existência
Sabem do que falo.
Diversos mundos, muitos universos.
Galáxias, vias lácteas povoadas de memórias
Do que não vivi. Do que não vi.
Que nome se dá a isto?
A este não saber explicar e tampouco negar sua existência?
À beira do abismo, precipício, princípio, início.
Fim em si mesmo.
Acordar em um planeta.
Adormecer numa nuvem.
Vivo presa e livre.
Em universos paralelos.
Sou gaiola e passarinho.
Fantasma do que desejo ser.
Embrião do que jamais fui.

Escrever é morrer
E renascer
Sem pátria.

* Inspirada por Lídia Jorge e por meu  amigo e poeta, equilibrista como eu, Man Drag.


26 comentários:

Élys disse...

Equilibrar-se entre o aqui e o lá é o princípio da dúvida e a dúvida é o princípio da certeza.
Viva!... Simplesmente viva, pois as respostas vem por si na hora certa, no momento exato.
Uma bela semana.
Beijos.

Glorinha L de Lion disse...

Oi amigo Élys, ser escritor e poeta é viver entre esses dois mundos, quer queiramos, quer não, não concorda? beijos,

ManDrag disse...

A criação literária é uma condenação! É viver uma existência de deuses criadores numa condição de humanos sofredores. Mas é também a glória de poder existir em mundos que jamais outro humano poderá pensar alcançar.

Obrigado pela referência, amiga. Um orgulho ver o meu nome entre o de duas escritoras reconhecidas.

Abraço enorme de solidário

Deia disse...

Oi Glorinha! Gostei muito do texto, cheio de idas e vindas, caminhos escolhidos e outros não traçados - a trajetória daqueles que tem a alma grande e o coração cheio de buscas. "Sou gaiola e passarinho" tornou-se a minha frase do dia hoje! Um beijo carinhoso, Deia.

Tha Boss disse...

É todo ser humano está sempre em 2 mundos, a famosa dualidade, nem sei se existe essa palavra hehehehe, da alma humana, estou de volta e um beijão Glorinha :-)

Glorinha L de Lion disse...

Oi Man, meu amigo, é sim, uma condenação e uma sublime libertação. Contrastes, paradoxos de quem vive na corda bamba, atravessando infinitos, beijos querido,

Glorinha L de Lion disse...

Obrigada Deia, quem tem a escrita nas veias sabe bem do que falo...beijos,

Glorinha L de Lion disse...

OI Máfia, Tudo bem? Bem vindo então, de volta! A dualidade de que falo nada tem a ver com os humanos normais, mas com quem vive à margem: poetas, escritores, artistas, esses loucos que habitam o mundo dos vivos sem que estejam realmente lá, beijão,

Depois dos 25... disse...

Vi a chamada lá no Face e adorei ter vindo! Lindo, Glorinha!!!

Beijos

Glorinha L de Lion disse...

Obrigada Depois dos 25, um prazer tê-lo/a(?) aqui, bjs,

William Garibaldi disse...

Nossa que lindooo... que vida forte!

Também vivo lá neste inferno que me queima! Tuda! Arrasou!
Quero conhecer este teu amigo poeta dos bons.

Bjus de Boa semana, levo mais este teu poema incrível em meu coração.

Grato!

c r i s disse...

Glorinha, será que tem a ver com criação, este ir e vir, olhar uma coisa e ver outra, sentir terminar e na realidade começar...
Além do texto, dá muitas mangas os comentários e observações posteriores!! Que delícia! Bjo grande e boa semana!

Anônimo disse...

como eu costumo dizer por aí: há uma certa fatalidade no ato de escrever

:)

Glorinha L de Lion disse...

Você vai gostar do Man...achei que já se conheciam. Cara inteligente e sensível, como vc...beijos Bill-tudo,

Glorinha L de Lion disse...

Oi Cris, acho que tem a ver com o sofrer da criação...quem é escritor desde que nasceu sabe disso...beijos querida,

Glorinha L de Lion disse...

Sim, Srta. G, tb acho...beijos,

Beatriz disse...

Belo texto, como sempre, hein Glorinha!!! As vezes também sinto que vivo em universos pararelos...
Beijinhos
Bia
www.biaviagemambiental.blogspot.com

Beth/Lilás disse...

Disso que falas eu não sofro, mas sofro quando não posso ajudar alguém como tu, que tem se dedicado tanto, mas as coisas parecem tão difíceis.
bjs cariocas

Zélia Guardiano disse...

É isso mesmo, minha querida Glorinha!
Vivemos suspensos no ar...
Somos partículas de flor de caliandra, levadas ao léu.
Luz e escuridão...
Gozo e agonia...
Vida e morte...
Ai...
Lindíssimos os seus versos, como todos os seus escritos!
Abraço bem apertado.

PS- Torce por mim, amiga!
Dia 27, lançamento do meu livro POESIA COMBINA COM TUDO.
O coração está saindo pela boca!
Ai...
Em pleno A(o)gosto das Letras, eu, modestamente, em meio a grandes estrelas.
Programação completa:
http://curtaourinhos.blogspot.com

Glorinha L de Lion disse...

Oi Bia, Acho que em algumas horas todos nós nos sentimos assim...beijos querida,

Glorinha L de Lion disse...

Pois é Betita, difícil, quase impossível que seja do jeito que quero, mas não desisto, continuo na batalha, embora haja dias em que esmoreço...beijos,

Glorinha L de Lion disse...

Amiga Zélia e como vc merece estar ao lado desses expoentes da arte! Torço muito por vc amiga, pode crer nisto! Grande beijo!

Giovanna disse...

que poema maravilhoso
beijos
likehappydream.blogspot.com

Glorinha L de Lion disse...

Querido Alê, Esse vício é daqueles que não mata, pelo contrário, faz viver! Estou escrevendo amigo! beijos,

Glorinha L de Lion disse...

Obrigada Giovana, beijinhos,

Dani dutch disse...

Glorinha lindo seu poema, também me sinto assim, e as coisas parecem ser tão dificeis, por mais que o pensamento positivo esteja conosco 24 horas por dia.
Até estava sem inspiração pra escrever. bjuss