terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Então é Natal...

Hoje não quero falar da minha doença ou do que tenho passado ou sequer do que vem por aí...
Hoje quero falar de AMOR. Mas daquele AMOR no sentido mais amplo, mais abrangente, mais transformador.
Gostaria de dar um abraço muito apertado em cada um de vocês, meus amigos e amigas, que têm me mandado sua energia e pensamentos bons, na forma desse AMOR. Gostaria de acarinhar cada cabeça e encostar a minha em cada ombro, ser como um polvo de mil braços e abraçar apertado cada corpo, cada um/a que tem me deixado tão feliz e emocionada a cada vez que leio meus emails ou meu blog.
Passei aqui, rapidamente, para dizer que, apesar de tudo, não perdi a esperança. Que vou lutar, que vou enfrentar e que muito ainda terá que ser feito. Ou, quem sabe não? Quem sabe a cura será rápida e surpreendente?
Como já disse várias vezes, não tenho medo da morte em si, pois acho que a morte é um sono eterno (tomara que eu esteja enganada). Tenho medo e pena de ter que deixar a VIDA. Deixar meus filhos, meu marido, meus amigos, não conhecer meus netos, não fazer o que desejo...Mas enfim, isto não está nas minhas mãos. O que me cabe é ter esperança, enxergar um caminho que possa ser percorrido com a força que tenho em mim e mais o AMOR, ele de novo, que tenho recebido, como dádiva, de todos os meus amigos, amados, parentes.
Não sei como será meu Natal, pois estou impossibilitada de fazer qualquer coisa...o pessoal aqui de casa vai ter que se virar...fazer uma ceia, encomendar, sei lá eu o que eles farão. Nestas horas é que vejo como a dona da casa faz falta, seja para delegar ou fazer o que tem que ser feito. A mãe é a agregadora, como diz minha filha e sei, que estou fazendo falta...
Não vou pensar que este poderá ser o último Natal...vou imaginar sim, que todos vocês estarão ao meu lado neste dia 24/25 de dezembro. Que cada palavra, cada frase, cada mostra de amor por mim, estará aos pés da minha árvore iluminada ou entre seus galhos enfeitados, pendurados como prendas, alegrando o meu Natal.
Quero também, compartilhar um pouco da minha força e esperança, a quem, como eu, vem passando por momentos difíceis: NÃO DESISTAM! Enquanto há vida, há esperança. Olhem para a doença como um aprendizado e entreguem-se ao AMOR. Ao amor por si mesmos, principalmente, e deixem vir, entrar, tomar conta de todos os espaços, o amor dos outros. Ele é um bálsamo curativo, poderoso, que tudo pode.
E que o Natal de cada um de vocês, meus amigos, seja como o meu, cercado de AMOR verdadeiro, cheio de LUZ, celebrado com muita PAZ e UNIÃO.
Esse é o meu desejo. E que assim seja e esteja escrito nas estrelas.
Grande, enorme beijo a todos.
FELIZ NATAL!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Esperanças & Expectativas

Olá meus amigos/as:

Hoje faz uma semana que retornei para o meu paraíso. A crise de asma tem sido uma constante, mas, agora, com um novo medicamento, estou me sentindo um pouco melhor e com menos falta de ar, embora não possa abusar, fazer esforços ou falar muito.
Em primeiro lugar, quero agradecer demais o carinho, o amor, as palavras de incentivo e toda essa força sincera e quase palpável que tenho recebido de todos os amigos virtuais ou não. Vocês têm sido importantes demais no caminho da cura. Estou forte, embora muito emotiva e fragilizada. Tenho meus momentos de dor, mas tenho também procurado não pensar muito no que vem pela frente. Como diz meu marido: um dia de cada vez. E é assim que tem sido.
Fui ao oncologista que irá me tratar e a surpresa não poderia ter sido melhor. Ele é um jovem médico, especializado em sarcomas e melanomas. O tipo de tumor que tenho é um melanoma. Lembram-se que já tive um desses há 20 anos atrás, na perna? Pois é, nunca imaginei que esse tipo gravíssimo de câncer de pele pode dar também nos órgãos internos. Meu caso é raro, mas estou cheia de esperanças de que serei curada.
Meu médico, é pesquisador e fez curso em Harvard. Mas, o melhor de tudo, como é médico do INCA, lugar de excelência aqui no Brasil, é também muito, muito humano. Ao final da consulta, olhou dentro dos meus olhos e me disse: Eu estou aqui olhando para você, Gloria, não para o seu tumor, mas para a possibilidade de curá-la. Estou aqui para curá-la e vamos conseguir isso juntos.
Levantou-se da sua cadeira, me abraçou e me beijou. Não há uma vez que eu conte isso que meus olhos não fiquem marejados. Humanidade. Um médico humano, assim como a maioria dos que têm cruzado o meu caminho nesta fase tão difícil.
Estou me sentindo uma privilegiada. Estou tendo muita sorte de ter pessoas competentes cuidando de mim, por estar recebendo amor sem medidas, gestos de amizade e carinho com os quais jamais ousei sonhar.
Esta fase também tem servido para repensar a vida, ver minhas prioridades, rever atitudes, ter noção de que damos importância ao que realmente não tem a menor importância e deixamos de olhar e ver o que realmente importa.
Sinto hoje uma força imensurável dentro de mim, como um pequeno rio que nasce e, ao passar por obstáculos, pedras, contornos, se transforma na cachoeira que cai lá de cima e forma uma grande masa d'água, capaz de produzir energia, ou, simplesmente, beleza.
Eu tinha que passar por isso. e vou passar aprendendo que a força, a verdadeira, vem da humildade em aceitar que somos pequenos diante da fragilidade de nossos corpos e que só através da dor, do contorno dos obstáculos, das pedras pelo caminho, crescemos e nos tornamos mais fortes, prontos para aceitarmos nossos destinos, sejam eles pequenos riachos calmos ou turbulentas quedas d'água capazes de criar luz.
Meu enorme beijo a todos. Continuem na torcida por mim. Em breve voltarei para contar como será meu tratamento e mais novidades.
Meu elmo dourado brilha mais do que nunca. Esta luz dourada que tenho recebido em forma de amor há de me salvar.

Glorinha L. de Lion