terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Então é Natal...

Hoje não quero falar da minha doença ou do que tenho passado ou sequer do que vem por aí...
Hoje quero falar de AMOR. Mas daquele AMOR no sentido mais amplo, mais abrangente, mais transformador.
Gostaria de dar um abraço muito apertado em cada um de vocês, meus amigos e amigas, que têm me mandado sua energia e pensamentos bons, na forma desse AMOR. Gostaria de acarinhar cada cabeça e encostar a minha em cada ombro, ser como um polvo de mil braços e abraçar apertado cada corpo, cada um/a que tem me deixado tão feliz e emocionada a cada vez que leio meus emails ou meu blog.
Passei aqui, rapidamente, para dizer que, apesar de tudo, não perdi a esperança. Que vou lutar, que vou enfrentar e que muito ainda terá que ser feito. Ou, quem sabe não? Quem sabe a cura será rápida e surpreendente?
Como já disse várias vezes, não tenho medo da morte em si, pois acho que a morte é um sono eterno (tomara que eu esteja enganada). Tenho medo e pena de ter que deixar a VIDA. Deixar meus filhos, meu marido, meus amigos, não conhecer meus netos, não fazer o que desejo...Mas enfim, isto não está nas minhas mãos. O que me cabe é ter esperança, enxergar um caminho que possa ser percorrido com a força que tenho em mim e mais o AMOR, ele de novo, que tenho recebido, como dádiva, de todos os meus amigos, amados, parentes.
Não sei como será meu Natal, pois estou impossibilitada de fazer qualquer coisa...o pessoal aqui de casa vai ter que se virar...fazer uma ceia, encomendar, sei lá eu o que eles farão. Nestas horas é que vejo como a dona da casa faz falta, seja para delegar ou fazer o que tem que ser feito. A mãe é a agregadora, como diz minha filha e sei, que estou fazendo falta...
Não vou pensar que este poderá ser o último Natal...vou imaginar sim, que todos vocês estarão ao meu lado neste dia 24/25 de dezembro. Que cada palavra, cada frase, cada mostra de amor por mim, estará aos pés da minha árvore iluminada ou entre seus galhos enfeitados, pendurados como prendas, alegrando o meu Natal.
Quero também, compartilhar um pouco da minha força e esperança, a quem, como eu, vem passando por momentos difíceis: NÃO DESISTAM! Enquanto há vida, há esperança. Olhem para a doença como um aprendizado e entreguem-se ao AMOR. Ao amor por si mesmos, principalmente, e deixem vir, entrar, tomar conta de todos os espaços, o amor dos outros. Ele é um bálsamo curativo, poderoso, que tudo pode.
E que o Natal de cada um de vocês, meus amigos, seja como o meu, cercado de AMOR verdadeiro, cheio de LUZ, celebrado com muita PAZ e UNIÃO.
Esse é o meu desejo. E que assim seja e esteja escrito nas estrelas.
Grande, enorme beijo a todos.
FELIZ NATAL!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Esperanças & Expectativas

Olá meus amigos/as:

Hoje faz uma semana que retornei para o meu paraíso. A crise de asma tem sido uma constante, mas, agora, com um novo medicamento, estou me sentindo um pouco melhor e com menos falta de ar, embora não possa abusar, fazer esforços ou falar muito.
Em primeiro lugar, quero agradecer demais o carinho, o amor, as palavras de incentivo e toda essa força sincera e quase palpável que tenho recebido de todos os amigos virtuais ou não. Vocês têm sido importantes demais no caminho da cura. Estou forte, embora muito emotiva e fragilizada. Tenho meus momentos de dor, mas tenho também procurado não pensar muito no que vem pela frente. Como diz meu marido: um dia de cada vez. E é assim que tem sido.
Fui ao oncologista que irá me tratar e a surpresa não poderia ter sido melhor. Ele é um jovem médico, especializado em sarcomas e melanomas. O tipo de tumor que tenho é um melanoma. Lembram-se que já tive um desses há 20 anos atrás, na perna? Pois é, nunca imaginei que esse tipo gravíssimo de câncer de pele pode dar também nos órgãos internos. Meu caso é raro, mas estou cheia de esperanças de que serei curada.
Meu médico, é pesquisador e fez curso em Harvard. Mas, o melhor de tudo, como é médico do INCA, lugar de excelência aqui no Brasil, é também muito, muito humano. Ao final da consulta, olhou dentro dos meus olhos e me disse: Eu estou aqui olhando para você, Gloria, não para o seu tumor, mas para a possibilidade de curá-la. Estou aqui para curá-la e vamos conseguir isso juntos.
Levantou-se da sua cadeira, me abraçou e me beijou. Não há uma vez que eu conte isso que meus olhos não fiquem marejados. Humanidade. Um médico humano, assim como a maioria dos que têm cruzado o meu caminho nesta fase tão difícil.
Estou me sentindo uma privilegiada. Estou tendo muita sorte de ter pessoas competentes cuidando de mim, por estar recebendo amor sem medidas, gestos de amizade e carinho com os quais jamais ousei sonhar.
Esta fase também tem servido para repensar a vida, ver minhas prioridades, rever atitudes, ter noção de que damos importância ao que realmente não tem a menor importância e deixamos de olhar e ver o que realmente importa.
Sinto hoje uma força imensurável dentro de mim, como um pequeno rio que nasce e, ao passar por obstáculos, pedras, contornos, se transforma na cachoeira que cai lá de cima e forma uma grande masa d'água, capaz de produzir energia, ou, simplesmente, beleza.
Eu tinha que passar por isso. e vou passar aprendendo que a força, a verdadeira, vem da humildade em aceitar que somos pequenos diante da fragilidade de nossos corpos e que só através da dor, do contorno dos obstáculos, das pedras pelo caminho, crescemos e nos tornamos mais fortes, prontos para aceitarmos nossos destinos, sejam eles pequenos riachos calmos ou turbulentas quedas d'água capazes de criar luz.
Meu enorme beijo a todos. Continuem na torcida por mim. Em breve voltarei para contar como será meu tratamento e mais novidades.
Meu elmo dourado brilha mais do que nunca. Esta luz dourada que tenho recebido em forma de amor há de me salvar.

Glorinha L. de Lion

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Felicidade

Meu ideal de felicidade hoje é ver chegar o dia em que, finalmente, vou poder dormir na minha cama, com meu marido ao meu lado, meus três cachorros deitados no chão do quarto e uma breve, mas profunda sensação de alívio e de que tudo vai dar certo...

Estou escrevendo esse post de um quarto de hospital, onde estou internada há 25 dias. Vim parar aqui com uma forte dor no pulmão direito e, após alguns exames foi detectado um tumor e, assim, fui internada na mesma hora, com a roupa do corpo e a sensação de que estava vivendo um pesadelo que não era meu.
Agora, feitos vários e vários exames, punções, biópsias e uma videolaparoscopia da pleura, aguardo o laudo definitivo do patologista para que os médicos resolvam o tipo de tratamento que farei: se rádio, quimio ou os dois ou talvez algum outro procedimento.
Somente alguns amigos mais íntimos sabem do que venho passando por emails ou através da minha amiga Beth Lilás.
Mas ontem, meu filho trouxe de volta o laptop e, com algum esforço, escrevo essas linhas para contar que estou no caminho, buscando forças e recebendo muito amor e carinho. Infelizmente, não posso responder aos emails de cada um ou atender a telefonemas, pois ou estou fazendo nebulizações ou muito cansada e com falta de ar para isso. Mas, agradeço de coração as mensagens e preces.
O tumor é maligno, embora nunca tenho sido fumante e odeie cigarros de qualquer tipo, mas tenho absoluta certeza de que vou sair de mais essa armadilha com que me deparei na minha vida.
No início, o choque foi devastador. Achava que ainda tinha muito a fazer, queria ver meus netos nascerem e crescerem, queria viajar, escrever, ainda tenho tantos planos...Era cruel demais! Depois de quase dois dias no CTI voltei numa tremenda tristeza para o quarto. Chorava a todo minuto, ainda mais que estou com uma crise de asma muito forte, mas que com o tratamento adequado, tem melhorado. Com o passar dos dias aquele desânimo passou.
A força do amor que tenho recebido de meus amigos, através de preces, pensamentos positivos, carinho, beijos, abraços, presença constante de meus filhos, Allan, Camilla, marido ( cujo amor incondicional tem me deixado mais forte e confiante), minha cunhada Ana, que é mais que irmã, minhas amigas/os espetaculares Cida e Beth, Carminha, Maria Izabel, Rainha Regina Rosembaum, Sílvia, Dora e Cecchetti, Man Drag, Celina, Manu, Bombom, Léia, Loli, Lu, Alê, Macá, Gi, Lúcia, Rose, William, Rodolfo, amigos virtuais e amigos reais, minha irmã e irmão, sobrinhos, enfim, tanto, tanto amor tenho recebido que é impossível que eu não saia desse pesadelo curada. Mas, agora vou ter que parar por aqui, estou ficando cansada, talvez não tenha me lembrado de todos, perdoem se esqueci de alguém. Agora, são todos parte da minha futura cura. Eu quero. Eu posso. Eu vou. Nunca me esquecerei de cada um de vocês e das palavras de esperança que têm me enviado.
Muito ainda tem que ser feito para chegar a ela, mas, tenho certeza de que através dessa força, a verdadeira, a Força que vem do Amor, sairei vencedora, com meu elmo dourado (né Betita?), tal qual uma leoa lutando contra esse dragão invisível e silencioso, com todos vocês ao meu lado.
Espero ainda esta semana poder voltar para casa. Agora virá segunda etapa, mas, felizmente, não tenho metástases e isto me dá muita esperança na cura.
Enorme beijo a todos, eterna gratidão.

Glorinha L. de Lion,

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Café Com Flores


Talvez eu seja um pouco imatura na minha maneira de encarar o que é uma amizade. Dou muito e espero de volta o que dei. Não sei se isto está fora de moda ou se foi uma ideia meio infantil de lealdade a toda prova que ficou em mim desde a infância.
Espero confiança porque confio cegamente.
Espero o silêncio de compreensão, sem interrupções, apenas ouvidos e mentes voltados para o que se fala, seja eu ou seja o outro. Sou boa ouvinte e assim, espero que também o sejam comigo.
Espero o conselho sem a crítica, apenas o bom senso apontando um ou outro jeito de se fazer uma coisa, como uma mãe aconselha um filho, com carinho e não apontando os dedos para seus defeitos, como se ele só tivesse defeitos e quase nenhuma qualidade.
Espero que haja desavenças, claro, como em toda relação profunda. Mas que elas sejam pautadas pelo respeito, pelo reconhecimento do que há de melhor no outro e, que, através disto, se supere as falhas, afinal somos todos falíveis e humanos.
Ando dentro da casca, esperando a hora em que deixarei de sentir tudo isto que venho sentindo e volte a florescer. Ando sem inspiração para escrever e sem ânimo, como vocês, que tanto têm me apoiado, bem sabem.
Mas hoje, gostaria de homenagear duas grandes mulheres, duas grandes amigas: a Calu do Fractais de Calu e minha amiga d'além mar, a Bombom, do Meu Estaminé pelo carinho, incentivo, apoio e amizade imensuráveis. Pelos conselhos, por saber ouvir, por apontar o que há de melhor nas pessoas, em mim, inclusive.
Dedico este Café com Flores às duas queridas com toda a minha amizade.

Tela: Valeriy Chuikov

sábado, 29 de outubro de 2011

Minha Queridona Se Foi

Escolhi essas margaridas pela sua beleza, simplicidade e pureza para homenagear minha amiga irmã Welze do blog Gostosuras sem Travessuras que partiu ainda há pouco desta vida.
Ela era aquela que sempre tinha uma palavra de consolo, os abraços abertos para acarinhar, o ombro amigo para nos sustentar.
Era uma fortaleza de mulher, ajudando a tudo e todos, sempre comemorando cada aniversário com renovada alegria, uma pessoa que soube tirar da vida cada pedacinho de felicidade. Amou demais e foi também, muito amada.
Nunca a esquecerei, minha queridona.
Que sua família encontre na união, a força e o consolo necessários para seguir adiante.
Dedico esse post à memória de Welze de Fátima, minha grande amiga.

"Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas, ficarão."
Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O Escafandro e a Borboleta

Depois de mais de um mês em depressão profunda, sem vontade de nada, eis-me aqui de volta, retornando aos poucos e, pela primeira vez em tanto tempo, com vontade de escrever.
Semana passada assisti ao filme O Escafandro e a Borboleta. Estranho, porque nunca tive vontade de vê-lo, achava que iria ficar aflita, pois se trata de uma estória real de um editor da Elle francesa, um homem bem de vida, jovem, rico, que havia largado a mulher e os filhos para ficar com a amante. Um dia, passeando no seu conversível caríssimo, ao lado do filho, ele sofre um AVC raro, cujas sequelas são muito graves, porém continua com o cérebro funcionando, mas não pode se mexer, comer, andar, falar. Só um olho se mexe e assim, através desse único olho, com a ajuda da assistente da sua editora ele "dita um livro" através de piscadas para as letras certas.
Pois nesse dia, assisti, e pude fazer uma correlação com o que se passava comigo.
Enfim, é um filme comovente porque mostra um homem preso em seu próprio corpo ( o escafandro), que descobre que possui seu cérebro funcionando perfeitamente e, com humor até, descobre ( a borboleta ) que o faz sonhar, imaginar, voar, criar...
Tracei esse paralelo com o vem acontecendo comigo e de como me senti, nesse tempo todo, guardadas as devidas proporções, como uma pessoa presa em seu próprio corpo. Eu queria sair, eu queria me libertar, mas não conseguia.
Nunca entendi bem do que se tratava a depressão, pois nunca imaginei que um dia teria esse tipo de doença da alma.. Há casos na minha família de depressão crônica, mas sempre achei que bastava que a pessoa se esforçasse para sair dela. Achava meio falta do que fazer, do que pensar, que bastava se ocupar, ocupar a mente para resolver o problema.
Ledo engano! Quanta ignorância!
A depressão é algo que nos incapacita para a vida, para as tarefas mais banais e ainda há os efeitos colaterais dos medicamentos: enjoo, náusea, um sono que parece não passar nunca, vontade de estar sozinha e não fazer nada, nem falar com ninguém. Neste mais de um mês, não li e nem escrevi uma única linha. Meu segundo romance está parado. Eu me sentia uma morta viva, sem vontade, onde nada no mundo parecia me dar prazer, um ínfimo prazer, um pequeno sorriso...E como aconteceu de repente!
Eu achava que minha criatividade havia se acabado, que nunca mais voltaria a escrever, que minha casa era meu túmulo, meu escafandro e eu, a borboleta, acabaria morrendo por falta de voar...
Hoje, acordei melhor. Acho que finalmente o remédio está fazendo efeito, embora ainda sinta muito sono, mas não do jeito que eu sentia nas primeiras semanas. Eu dizia que parecia meus cachorros: cochilava e acordava de meia em meia hora...
Enfim, não quero ser chata e ficar aqui me lamentando. Quero brindar com todos vocês que vieram aqui, deixaram comentários carinhosos, que me ligaram, me mandaram emails, mesmo quando eu não respondia.
Quero comemorar essa pequena melhora, mas que, para mim, representa uma grande vitória.
Aguardemos os próximos dias. Espero que as grades da janela desapareçam e só fiquem as flores para que a borboleta possa sair e voar novamente pelos caminhos mágicos da imaginação.
Grande beijo a todos e minha gratidão,

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Em Recuperação

Estou descansando.
Estou me recuperando.
Ainda não estou 100%, mas estou medicada e espero voltar logo.
Por enquanto, preciso desse tempo pra mim. Dessa pausa.
Grande beijo a todos.
Até Breve!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Concurso Uma Foto Mil Lembranças- Um Convite

Foto roubada da minha amiga Beth Mãe Gaia

A Somnia Borboleta é uma pessoa pra lá de interessante, simpática, antenada, que tem um carisma incrível e fez inúmeras amigas pelo mundo. Ela é artista plástica e formada em filosofia, entre outras coisas...
Ela fez um concurso em que várias/os blogueiros participaram falando sobre uma foto e as lembranças que esta foto lhes trouxe.
Gostaria de convidar a todos para darem um pulo em seu blog e lerem as várias estórias de vida incríveis, emocionantes que pessoas sensíveis da blogosfera contaram.
Para votar no melhor texto é só clicar na enquete na barra lateral.
Os textos estão imperdíveis.
Vale a pena passar por lá.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Rosinhas Trepadeiras

Hoje eu queria flores na entrada
Muitas rosinhas trepadeiras
colorindo o meu umbral
Hoje eu queria rosas pela casa
enfeitando cada canto
perfumando cada cômodo
enchendo minha alma
de cheiros bons

A tristeza está indo embora
não sinto saudades dela
andava cansada dela
e de sua mania irritante
de se meter em tudo
de sujar tudo de cinza
pisando em silêncio
amassando a grama verde
com seus pés enormes e pesados
Começo a vislumbrar a mim mesma
atrás da porta florida
será que sou eu mesma?
Certamente que não sou mais a mesma
Aprendi com a dor
a respeitar a dor alheia
Mas, saio inteira
ainda que em pedaços costurados
pequenos remendos aqui e acolá

Hoje trago rosas no peito
não mais o sufocamento
a sensação de estar morta em vida
A dor, vez em quando
ainda arde
Mas agora sei como curá-la:
Perfume de flores
Amor
Amizade
Não há remédio melhor para dor de alma.

foto Lauren Wardell

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Hold On



Desviando o olhar do meu próprio umbigo, eis aqui um dos mais belos trabalhos humanitários do mundo.
Um dos vídeos mais emocionantes e tocantes que já vi sobre Os Médicos Sem Fronteiras, mostrando que se ajudarmos, haverá esperança para estas milhares de crianças e seres humanos. Não deixe de ver. Eles aguentam firme.
Ajude! Seja doador!

sábado, 1 de outubro de 2011

A Viagem e A Mala Que Quase Virou Suco

Lá fui eu e Betita, minha amiga, mais que amiga e fiel escudeira rumo à Sampa. Eu estava mal, bem mal. Pânico, angústia, bolo no peito, agonia que não sabia explicar. Tinha consciência que os sintomas eram de síndrome do pânico, mas estava medicada e com meus florais ao lado e mais o 35 da Almeida Prado que minha sobrinha toma e me recomendou. Enfim, faltava controlar meu inconsciente que teimava em me assombrar sem eu saber porque. Respiração. Inspire pensamentos bons, expire as coisas ruins, me ensinou meu marido antes de eu partir. E lá fui eu fazendo isso a viagem toda, o que me ajudou bastante.
Eu pensava:
- O que estou fazendo aqui, nesse ônibus? Porque não cancelei tudo?
-Porque quis cumprir minha palavra, não podia furar depois do trabalho todo que a Macá tinha tido.
O que eu vou dizer para aquelas mulheres? Que palavras de esperança posso transmitir se estou assim?
Enfim, foram seis horas de pura agonia.
Quando embarcamos no ônibus em Niterói a Beth falou pra mim:
- Glorinha, vamos entrar por último que assim, nossas malas ficam logo na frente e seremos as primeiras a pegá-las lá em SP.
- Ótima ideia!
E assim fizemos.
Ao entregar minha passagem ao motorista ouvi uma senhora pedindo a ele se poderia parar em certa altura da rodovia para que ela saltasse ao que ele respondeu que iria sim, mas que era perigoso.
Entrei e esqueci disso.
Ele parou 3 vezes no decorrer da viagem e como vi algumas pessoas passando por nós, concluí que iriam saltar em alguma cidade ao longo da estrada.
Quando saltamos, saiu a mala da Beth e  do restante das pessoas e, cadê a minha?
Sobrou uma mala preta, bem parecida com a minha, mas que não era a minha.
Vieram os rapazes da 1001 e eu confrontei o motorista:
- O senhor parou na estrada para passageiros descerem. O senhor deu a minha mala pra alguém.
E ele negava, dizia que não, donde concluí na mesma hora que o tal "perigoso" do qual ele falara à tal senhora significava "ilegal". Ele continuou negando, temeroso.
E eu:
- Mas meu senhor, essa mala não é minha e está sobrando, então alguém que saltou na estrada levou a minha.
Ele negava.
Eu bufava, o coração queria saltar pela boca, o estômago revirava...
Fomos ao guichê, onde relatamos tudo. A sorte é que a tal mala que sobrara tinha um número de telefone. Depois de mais de meia hora, vieram nos dar a notícia de que acharam a tal senhora e que realmente ela estava com a minha mala!
Que vontade de trucidar aquele motorista FDP que além de fazer uma coisa ilegal, ainda mentiu e nem conferiu o papelzinho com o número da bagagem.
Resumo da ópera: Minha mala foi parar em Campinas, a moça de lá não queria devolver a minha enquanto a dela não chegasse. A filha da mãe pega a mala dos outros e ainda quer fazê-la de refém!
Ficamos mais de 2 hs na rodoviária, pois fui fazer boletim de ocorrência na ANTT e vi logo que não queriam fazer, imaginem quanto uma empresa poderosíssima como é a 1001 deve ter de "acordos" com Polícia Federal, Polícia Rodoviária, etc, etc...mas mesmo com o policial dizendo para mim que não era preciso, eu o confrontei e disse que era meu direito fazer e ter uma garantia em mãos, caso a mala sumisse ou algo dentro dela fosse roubado.
Eu e Beth, o dia todo, no maior stress, ligando quase de hora em hora para a 1001 e eles sem contarem a verdade nem dizendo onde minha mala estava.
Às 11 horas da noite, minha mala chega ao hotel sã e salva. Intacta, com tudo o que eu havia levado direitinho. Pude tomar, finalmente, meu sonhado banho, botar meu pijama limpo e cheiroso e dormir o sono dos justos.
Agora, a parte boa:
No dia seguinte eu estava bem melhor. Acho que ter desviado o foco para a mala me desanuviou dos meus próprios problemas e angústias.
Chegou a hora de irmos para o café e a Macá, super gentil, foi nos pegar no hotel.
Chegando lá, já havia várias amigas dela nos esperando e mais minha amiga-irmã Érica que mora em SP, a Soninha Borboleta, a Lu Lichia Doce. Logo depois chegou a Rose, pessoa maravilhosa que lê meu blog e me mandou um email se dispondo a me ajudar pois é terapeuta holística e me receitou Florais. Um verdadeiro anjinho japinha que apareceu na minha vida. E, quase no final, apareceu a Gê, uma simpatia, uma doçura, que mesmo cheia de problemas foi lá me dar seu abraço.
Não estava em meus melhores dias, confesso. As pessoas interagiram bastante, e, talvez pelas constantes interrupções não consegui seguir uma linha de pensamento objetiva como da primeira vez, mas ainda assim, todas gostaram ou pelo menos, disseram que sim.
Senti uma vibração muito boa e gostaria de pedir desculpas se não correspondi ao que esperavam. Fiz o melhor que pude, dadas as circunstâncias.
Gostaria de agradecer imensamente à Beth, pela infinita paciência, por ter até se desenergizado ao meu lado. Sei que não é fácil ficar ao lado de um deprimido, pois tenho parentes e tive alunas de pintura com depressão. Nossa energia vai embora mesmo, na ânsia de fazê-los melhorar. Eu mesma, sempre tive o maior jeito para lidar com pessoas deprimidas, mas sei bem o quanto nos fragiliza lidar com pessoas assim. Sinto muito, Betita. Essa, não sou eu. Quero muito melhorar e voltar a ser quem sempre fui.
E também queria agradecer à querida e bela Macá pelo carinho, pelo empenho, por tudo o que fez para que o evento desse certo e pela disponibilidade em nos levar pra lá e prá cá.
Meu grande beijo a todas as pessoas que foram lá me ouvir e interagiram com tanta veemência.
Eu e a mala voltamos para casa. Agora vou tratar de mim e expulsar essa intrusa que anda ocupando minha metade. Quero voltar a ser inteira, a ter o brilho nos olhos e a alegria de viver que sempre tive.
Tomara que, como a estória da mala, meu final, seja feliz.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Até a Volta!

Amanhã estarei indo para São Paulo para o bate papo que acontecerá no Nice Cup Café, dia 28 a partir das 15:00 hs. O Nice Cup fica na Rua Pedro Nicole, 1, Chácara Klabin.
Convido, mais uma vez, a todas as amigas e amigas das amigas para passar momentos agradáveis, conversando e tomando um bom café comigo.
Até a volta, pessoal!
Torçam por mim!
Beijos,

PS: Para quem está tendo problemas ao entrar no meu blog, tente pelo Explorer ou Mozilla. O Google Chrome está com problemas.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Noites de Tormenta

Acordo encharcada
Deitada sobre um lençol
Completamente molhado
Sob o chuveiro
Deixo que a água caia
Lavando meu corpo
Meu suor
Minhas lágrimas

O que está acontecendo comigo?
Meu corpo reclama
Tenta me avisar
Que algo não vai bem
Que nada vai bem
Olho o café da manhã
E sinto náuseas
Sinto nojo da vida
Nojo das pessoas
Do mundo em que vivo

Dizem que depressão é raiva
Pode ser
Raiva pela impotência
Nunca imaginei que um dia
Qualquer dia em minha vida
Fosse sentir tudo isso
Esse nojo
Essa raiva
Essa impotência
Essa tristeza
Meu corpo emite sinais de SOS
E eu
Sem nada poder fazer
Procuro ajuda
Mas a ajuda é inócua

As noites são de tormenta
Os dias são de desânimo
Quero voltar a ser quem fui
Ando com nojo de mim mesma
Um Plasil metafísico, por favor!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Criança Sorriso - Parte 2

Nessa foto eu ainda não tinha um ano, devia ter uns 9 meses e estava apontando um avião no céu, segundo minha mãe contava...

Quando eu nasci, minha mãe já tinha quase 39 anos...Hoje em dia isso é até bastante comum, pois as mulheres estão priorizando suas carreiras e deixando para ter filhos mais tarde, mas naquele tempo, em 1957, isso era bem incomum, até porque as mulheres de 38 anos não eram como as de hoje, bonitonas, saradas...as mães daquele tempo eram mais envelhecidas, naturalmente. Minha mãe era uma mulher muito bonita, mas tinha muitos problemas psicológicos. Quando soube que estava grávida de mim, contava que saiu do consultório médico chorando muito, desesperada, pois ela já tinha dois filhos grandes e nos três primeiros meses de gravidez, ficava um graveto, pois nada parava em seu estômago, ela colocava tudo para fora, até água e ficava literalmente, de cama. Ainda bem que minha avó morava com ela, pois cuidava de tudo para que a pobrezinha ficasse lá, entregue às baratas, vomitando tudo o que via pela frente...
Minha mãe era frágil, era despreparada para a vida e, apesar de ter sofrido muito com a doença de meu avô (seu pai morreu de câncer de faringe e artério esclerose) fazia um drama sem tamanho por tudo e por nada. Quando descobriu que eu fumava, se jogou na cama feito uma criança e ficou lá chorando por horas...Não sei bem se é por isso, cresci querendo ser totalmente diferente dela. E sou, embora muitas vezes me veja repetindo atitudes suas...isso é inevitável, afinal, sou sua filha...Mas me sabia forte, sabia que podia aguentar os trancos da vida. Sempre lutei pelo que queria e se não conseguia, corria atrás até conseguir...Não sei bem de quem herdei essa persistência diante dos Nãos que a vida me dá, acho que da minha avó materna, que sofreu o pão que o diabo amassou a vida toda e nunca a ouvi se queixar ou maldizer a vida. Tinha uma alegria de viver invejável...Eu tenho a minha avó como meu exemplo de mulher de fibra. Aquela que teve tudo para se tornar amarga e triste e, pelo contrário, soube ser uma pessoa de sorriso no rosto e uma fortaleza diante das agruras da vida.
E realmente, cresci ouvindo minha mãe dizer que eu era igualzinha à minha avó no meu jeito de ser...
Acho que essa foto é da mesma época da outra. Eu devia ter uns nove meses...Meu irmão, coitado, que foi um bebê lindo estava na fase mais feia de sua vida...e ainda tinha quebrado os Mentex da frente...devia ter aí uns onze anos...

Bem, nasci....Vim ao mundo num dia de setembro e minha mãe demorou dois dias e duas noites para me ter...Das duas uma: ou eu não queria sair de lá, tão quentinho, tão gostoso ou ela é que queria que eu ficasse, para sempre protegida, em seu ninho, preparado pela natureza para mim...Fui retirada à fórceps e a coitadinha, sofreu mais uma vez...o obstetra dela era um grosso, um estúpido que lhe disse, quando ela gritava de dor: Fica quieta, pra fazer foi bom, né? Agora aguenta..."
Vejam se pode uma coisa dessas? E minha mãe adorava ele...Hoje em dia isso dava até processo.
Pois é, e lá vim eu para este mundo, amada por todos...só minha irmã teve um pouco de ciúme de mim, mas só durante uma fase da vida. Afinal, durante 7 anos ela foi a princesa da casa...aí, chego eu, toda fofinha, gordinha e sorridente e abalo o seu reinado...não é por acaso que seu nome é Regina...rsrs
Aqui eu tinha uns 5 anos. Sorrisinho lindo mesmo...Essa fantasia de holandesa eu me lembro até hoje...foram minha mãe e minha avó que fizeram. Era de organdi e cetim e  toda aplicada com tulipinhas de feltro...reparem nos tamanquinhos de madeira, legítimos...
Olhando essas fotos me deu uma saudade imensa da minha família, de quando éramos todos crianças. De quando meu pai e minha avó eram vivos, meus padrinhos, que me adoravam, também. Da minha mãe, com seu colo e suas muitas broncas...Hoje, todos já se foram...Minha mãe faleceu há 10 anos, com 81 anos. Estava lúcida e foi uma velhinha muito fofinha e uma avó maravilhosa para os netos...
Nossas diferenças se apagaram com o tempo e até mesmo o que ela não fez por mim, hoje eu compreendo, pelas suas limitações...Era uma mulher com sérios problemas emocionais e talvez até tenha tido essa depressão que eu sinto hoje, e que naquele tempo não foi detectada...Angústia, dor no peito, choros sem explicação, melancolia...quem sabe sentia tudo isso e não tinha com quem se abrir  e talvez nem soubesse explicar?

Bem, lembrar o passado nos faz  re- vivê-lo. Lembrar o quanto fomos felizes, mesmo passando por momentos infelizes durante a vida, nos faz avaliá-la e redimensioná-la. Serve de conforto e também de consolo.
Traz-nos ao rosto um sorriso doce de saudade e nos momentos de tristeza, nos lembra que a menininha sorridente sempre estará lá, esperando que a despertemos para que nos sorria de volta e nos mande um beijo envolto em delícias em meio às brumas do passado...

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Criança Sorriso

Essa foi minha foto de um aninho...Por ser a terceira filha e, temporã, ainda por cima, tenho pouquíssimas fotos, mas em todas, sem exceção estou exibindo meu melhor sorriso...
Eu vivia rindo, sorria para todos e uma tia de um primo meu, me achava uma graça e vivia falando pra minha mãe: "A Glorinha deve ser uma criança muito feliz, pois vive rindo"...
E era verdade, nunca senti ciúmes dos meus irmãos, sempre me senti amada por meus pais, pela minha avó...acho que era uma criança feliz. Nunca desejei o que não podia e sempre tive o que desejei, dentro das possibilidades dos meus pais. Não tive viagem à Disney ou festa de debutantes e nunca desejei tais coisas...sempre fui "diferente" achava aquilo tudo uma cafonália só, brega mesmo...virei uma adolescente meio hippie e sempre lancei moda entre as minhas amigas, que imitavam o que eu vestia porque eu era meio que "cobaia" de quem não tinha coragem de ousar...Então, elas esperavam que eu usasse primeiro, pra depois então, usarem também. Eu fumei primeiro entre minhas amigas, aí, todo mundo começou a fumar...Coisa que hoje abomino com todas as minhas forças, mas na minha época de adolescente, fumar era um must e meu pai e meus dois irmãos fumavam...
Eu usava cabelo Black Power aos 13 anos, quando a moda era fazer touca pro cabelo ficar liso igual cabelo de japonês...Eu era a única black power loura do bairro...rsrs
Enfim, acho que fui feliz.
Nunca fomos ricos, mas éramos, como a maioria da população do Rio de Janeiro daquele tempo, classe média, mas média mesmo. Eu e meus irmãos estudamos em escolas públicas. E a não ser meu irmão, que sei lá porque cargas d'água estudou alguns anos num colégio de padres (coitado), que era pago, eu e minha irmã sempre estudamos sem pagar. E minha irmã, que fez o ginásio e o clássico ( naquele tempo era assim que se chamavam os quatro últimos anos do segundo grau e o terceiro grau daquele tempo) no Colégio de Aplicação da UFRJ. Inteligente que só ela, embora fosse um colégio público, só passava quem era muito estudioso e inteligente. E ela é isso tudo até hoje.
Eu, a raspa do tacho, estudei a vida inteira em Escola Pública. Só mesmo o cursinho de Pré Vestibular é que foi particular, depois passei para a UFRJ e pronto. Meus pais nunca pagaram escola pra mim. (Curso de Inglês, sim). E isso, lá em casa, era ponto pacífico, introjetado em nós, sem nem passar pela cabeça da gente que iríamos para um colégio ou universidade particular. Que estudássemos e tirássemos boas notas, meus pais nem precisavam pedir ou nos lembrar de estudar. Nós 3 sabíamos que era nossa obrigação. Eu e meus irmãos fizemos faculdade na UFRJ. Nós três fomos bons alunos. Minha irmã, sempre excelente e eu e meu irmão, bons alunos, mas sempre, acima da média.
Mas, voltemos ao meu sorriso...

Essa foto é de 1966, eu tinha 9 anos, e esse foi o ano em que minha avó morreu. Ela morava conosco, não sei se a foto é de antes ou depois da sua morte, mas isso não importa, lá estou eu com meu sorriso de dentões " Mentex " no rosto...Quem é da minha época, sabe bem o que é Mentex, nem sei se existe mais...Sempre zoiuda...Meu pai, nessa fase, me chamava de "olho, dente e pescoço", pois era enjoada demais pra comer, não gostava de nada e era uma magrela, só tinha mesmo olhos, dentões e um longo pescoço...eu nem ligava...Nunca liguei de ser zoada...sempre tive personalidade forte e não passei por aquela fase de me achar horrível, como as adolescentes têm. Tive a sorte de nunca ter tido espinhas, de ter sido sempre magra (ai, saudades....) e com um corpinho bem jeitoso...
Hoje, continuo sorrindo...isso vem de mim...e mesmo que esteja com o maior problema do mundo, nunca me verão de "beiço caído" ou "bicuda" ou tratando mal aos outros que não tem culpa dos meus problemas.
É assim que eu sou. Ando meio tristinha ultimamente, mas é só passar alguém e me dar bom dia, que abro meu melhor sorriso...Podem dizer tudo de mim, mas antipática, isso não sou não!
Acho que a Criança Sorriso ainda mora em mim, ainda que eu ache que não...


segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Assim Caminha a Humanidade

Semana passada estávamos eu e a minha deprê, zapeando a Tv, quando vejo que vai começar um filme no Cine Cult com o Sidney Poitier, ator que adoro e cuja temática era o nazismo e a psiquiatria, dois temas, portanto, muito bons e que me interessam muito.
Comecei a assistir e o filme me prendeu do início ao fim.
É de 1962, em P&B, mas as atuações, além de estupendas, me revelaram esse ator que nem conhecia: Bobby Darin, como o nazista americano, psicopata, inteligente e frio. Excelente ator. Sidney Poitier,  como o psiquiatra, então, dá um show!



"Num presídio, o chefe de psiquiatria ouve as reclamações de um auxiliar seu querendo desistir do caso de um garoto negro. Ele acha que o chefe, por ser negro, poderá cuidar melhor desse paciente. O chefe então lhe conta sobre um dos seus primeiros pacientes, que conhecera no início da carreira em 1942 (mostrado em flashback). Esse paciente fora condenado a três anos por rebelião, por ser um admirador de Hitler e seguidor da ideologia nazista. Além disso tem sérios problemas psicológicos por causa de uma infância problemática, sofre de insônia, ataques e alucinações. O doutor o ajuda a melhorar de seus vários problemas e ele se torna um prisioneiro exemplar. As autoridades do presídio querem dar a condicional ao prisioneiro, mas o doutor se nega pois acha que ele é um homem "perigoso". As autoridades desconfiam de que o médico está tomando uma atitude "parcial" devido ao prisioneiro ser abertamente racista." Wikipedia



Bem, mas o que me impressionou foi a analogia do nazismo com qualquer tipo de extremismo, seja ele religioso ou político.

Retrata de forma contundente como as pessoas são levadas por um líder, geralmente muito inteligente, com desvios de caráter e uma ótima oratória, ao inimaginável. Isto acontece nas guerras e também com religiões e com pessoas cuja fé beira o fundamentalismo.

As cenas em flashback mostrando as reuniões dos nazistas americanos (sim, eu também não sabia que havia nazistas nos EUA em 1942, em plena Segunda Guerra!) e a forma como eles cooptavam as pessoas é interessantíssima. Me pareceu como fazem algumas dessas chamadas "Igrejas Evangélicas" que prometem vida eterna e dinheiro no banco se o pobre infeliz pagar o dízimo ou der tudo o que tem. E agora, pode-se pagar o dízimo com cartão de crédito ou débito bancário! Elevam a auto estima da criatura, dizendo que lá, encontrarão seus iguais, quem pensa e sofre como eles. Não estou generalizando, mas que há milhares pululando por aí, isso há...

O filme é ótimo, pois mostra que o preconceito não tem cara, cor, gênero, etnia...Ele existe e está lá, à espreita, esperando que um grande líder com um grande poder de persuasão o acorde e enfim, o liberte. O monstro adormecido, enfim, abre os olhos...E os inocentes sucumbem...

Assim caminha, até hoje, a humanidade...




domingo, 18 de setembro de 2011

"Mas é Claro Que o Sol Vai Voltar Amanhã..."

Há exatamente um ano atrás, fiz um bolo e fui comemorar meu aniversário com meu irmão e sua família, pois ele tinha sofrido terríveis queimaduras em suas duas pernas e acabara de sair do hospital onde ficara internado 15 longos e dolorosos dias.
Foi minha maneira de dizer o quanto o amava e uma forma comemorar a Vida.
Gosto de comemorar meus aniversários, sempre fui festeira...mas, esse ano, ando numa depressão daquelas "de endoidecer gente sã", como diz Renato Russo na sua inspirada e belíssima letra "Mais Uma Vez"...
Ganhei de presente de aniversário da minha filha, duas entradas para ir ver o show do Flávio Venturini, que iria tocar aqui pertinho da minha casa. Passei o dia dormindo, sem ânimo, sem saber o que eu sentia...Quase pedi a meu marido para ir até lá tentar vender os ingressos.
Mas fiz um esforço sobre humano , me vesti, me maquiei e fui.
Nem preciso dizer que o show foi de arrepiar. Eu amo a mineirada do Clube da Esquina, desde Beto Guedes, Lô Borges ao meu ídolo, Milton Nascimento e, claro Flávio Venturini está incluído aí...
Quando ele cantou Céu de Santo Amaro, parceria sua com Caetano Veloso e Noites com Sol me debulhei...chorava tanto que tive que ficar enxugando as lágrimas na minha pashmina...As musicas dele tocam a alma.
Graças à minha filha, que teve a sensibilidade de saber que isso iria me trazer um sopro de vida, de alegria, pude ver e ouvir verdadeiras jóias da MPB.
Saí do show às duas da manhã, cantarolando as músicas que ouvi, me sentindo leve como uma pluma, sem o peso no peito que tenho carregado nestes últimos tempos.
O show terminou com a música: Mais uma Vez do Renato Russo...
Foi um recado pra mim. Uma maneira de me dizer que o sol iria brilhar hoje. Que sou feliz, que tenho amigos, que sou amada pelos meus filhos e por meu marido...E que acredito nos meus sonhos, que confio em mim e que quem acredita nos seus próprios sonhos, faz da suas noites, por mais negras que pareçam, "noites com sol"...Enfim, não quero parecer piegas, mas há muito o que comemorar hoje.
Um brinde à minha Vida!
Que eu melhore dessa melancolia que anda tomando conta de mim e possa voltar a ser quem eu sempre fui, alguém que comemora a Vida, apesar de tudo.

"Nunca deixe que lhe digam
Que não vale a pena acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança".

Um Beijo a todos!

Ganhei da Chica! Obrigada amiga! Beijos,

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

No Espelho

Sou feita
de lembranças
Mas também
de fatos
Às vezes
acordo rindo
Noutros dias
me arrasto
Sou mel
Mas por vezes
sou salgada
Pura pimenta
Quase adocicada
Tem dias que olho
no espelho
Noutros sou
apenas sombra
Memória longínqua
Raio que estronda
Sou mar
E sou barco
Sou fera
E sou mansa
Tem dias que
quero colo
Em outros
apenas um solo
A música me arrepia
O choro cai
como orvalho
Danço
bailo sozinha
Por vezes
me sinto um carvalho
Enorme
Fincado
Centenário
Às vezes sou
semente explodindo
Às vezes sou
terra parindo
Sei ser sol
Sei ser lua
Não sei bem
quem sou
Mas, às vezes
lucidamente
Sou bem
quem eu sei
certamente
incoerente
Esta miragem
Este caos
No qual muitas vezes
me perco
É também onde
me acho
Reflexo
Riacho
Rio
Acho
Esta sou eu
Talvez...
Quem sabe?

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Da Minha Janela

A gente passa a vida fazendo o "Jogo do Contente".
Pensa bem - a gente diz pra gente mesma - tem gente sofrendo mais que eu, tem gente que não tem o que eu tenho, olha pro lado, vê como tem pessoas em pior situação, eu tenho duas pernas, dois braços, dois olhos, tem gente que não tem...
Bem, desde pequenos ouvimos isto e vamos introjetando. Quando estamos deprimidos ou nos sentindo como se carregássemos o peso do mundo, vem sempre alguém com a melhor das intenções dizer uma destas frases. Ou então, nós mesmos, como consolo pra tanta desgraceira que, por vezes, cai sobre a gente, falamos interiormente, como se nos anestesiássemos:  - Pára de reclamar, é só olhar pros lados pra ver que tem muito mais sofrimento por aí do que o seu!
É isso ou um tiro na cabeça...Tem gente que se acha egoísta por estar sofrendo quando há tantos problemas graves à nossa volta, tanta fome, tanta miséria. Mas acontece que cada um TEM o direito de sofrer, sim.
Acho que os sentimentos humanos existem para serem sentidos com toda a sua força. Precisamos dar vazão, deixá-los sair. Gritar, chorar, espernear. Sentir raiva, dor, prazer, alegria. A compaixão tem lugar, mas quando sofremos, só nós sabemos da nossa dor.
Subestimar nossos sentimentos, tornando-os menores, sublimando-os ou fingindo que não os sentimos, isso sim, é doentio.
Fomos feitos pra nos regozijar com pequenas coisas e chorar também por elas. Pelas grandes então, nem se fala.
Setembro chegou.
É o meu mês. O mês em que nasci e em que a Primavera me traz de volta pequenos tesouros.
Sempre acontece algo de bom para mim em Setembro, nem que seja um almoço em família no dia do meu aniversário.
Olho pela minha janela e me recordo do que vi através dela durante todo esse ano.
Pequenos grandes milagres da Vida, diariamente. Os micos leão da cara dourada, com seus filhotinhos às costas.
O gaturamo verdadeiro, com seus tons de azulão e amarelo intensos...
O filhote de porco espinho, vindo comer os restos das frutas que os micos deixaram...
Os canarinhos da terra, livres, comendo a canjiquinha que coloco para eles no muro...
O lagartão de um metro e meio que mete medo em muita gente, mas que tem mais medo de nós do que nós dele...

Vejo tudo isso da minha janela e muito mais, durante todo o ano.
Sofri? Muito! Este ano foi um ano intenso, em que muitas vezes me senti fraquejar, em que muitas vezes pedi (sim, pedi, não sei a quem, mas pedi) que minha vida tivesse fim...e que meu sofrer terminasse...
Mas, também tive inúmeras alegrias. Fiz amigos de verdade, conheci algumas pessoas ao vivo, pude abraçá-las, sentir seu calor e dizer o quanto as amo olhando em seus olhos...Estreitei laços, lancei meu livro...
Escrevi, escrevi...chorei, chorei. Tive momentos de intensa euforia, e também de profunda depressão...Os hormônios, ah, benditos hormônios ( ou será que devo chamá-los de malditos? )...
Enfim, olhando pela minha janela, via a Vida e a cada dia que passa entendo mais do que é feita.
Da dor e da alegria, do sal e do açúcar...de nascimentos e também de perdas.
Mais um aniversário se aproxima e sei mais acerca de mim.
Acho que disso tudo, essa é a grande certeza que tenho hoje: Me aceito e me conheço.
E sei do que sou capaz.
Minha janela é minha vida. Sou grata por ter me mostrado que a natureza sou eu. E que eu sou ela.
Fosse entre lágrimas ou entre sorrisos, vi meus bichos, diariamente e, todos eles me pertencem e eu a eles.
Por esse retângulo iluminado pela claridade lá de fora, olhei e vi.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Confirmado! Sampa, Aqui Vou Eu!

Confirmadíssimo!
Dia 28 de Setembro, quarta feira, estarei no NiceCup Café para um bate papo gostoso sobre mulheres, maturidade e menopausa com as amigas de São Paulo e arredores.
Horário: a partir das 15 hs
Endereço: Rua Pedro Nicole, 01 - Chácara Klabin - telefone: (11) 5083-1012
Amigas e leitoras paulistanas, aguardo vocês lá!
Nossa, vou poder abraçar e conhecer ao vivo tanta gente que adoro! Vai ser bom demais!
Até lá, pessoal!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

"Alguma Coisa Acontece no Meu Coração..."

Pois é, adoro São Paulo...e já não ia à essa cidade que eu amo há um bom tempo. Mas agora, senhoras e senhores, amigos, amigas, leitores, minha amiga Macá, do blog Agenda Ilustrada está organizando tudo para que eu faça um bate papo sobre maturidade e menopausa com as mulheres de Sampa, agora, no final de setembro.
Preparem-se e já anotem na agenda...Última semana de setembro, Café com Glorinha em Sampa!
Confirmarei a data e o local ainda esta semana!
São Paulo, querida, aqui vou eu!
Brasil, me aguarde!
Como diz minha sábia amiga, a Elara do meu livro: "Vou comendo o mingau pelas beiradas"...e atingindo meus objetivos. Com muitas dificuldades, mas também com muita solidariedade e muita ajuda dos amigos.
E também com a perseverança e a obstinação que são minhas marcas pessoais.
Que os deuses da escrita sempre me acompanhem e me inspirem aonde quer que eu vá.

"Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João..."
                   *Música Sampa de Caetano Veloso*

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Lançamento de Livro!

Dia 10 de setembro, no próximo sábado, meu amigo Rodolfo do blog Sete Ramos de Oliveira estará lançando seu primeiro e tão esperado livro, no Shopping Ilha Plaza, das 14 às 18 hs. Convite aqui.
Infelizmente não poderei estar presente, mas gostaria de convidar à todos os amigos e leitores para conhecer, não só a obra, O Outro Nome da Rosa, mas também a este homem inteligente, espirituoso e com o dom da escrita que é o Rodolfo, admirado por todos os que o conhecem ou o conheceram de perto, como eu!
Boa Sorte, amigo Rodolfo! Que os Deuses da Escrita te iluminem e continuem a te abençoar com este dom maior!
Sucesso! Quando fizer o lançamento em Niterói, estarei lá, na fila de autógrafos!
Beijo grande!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Dia Da Nação Chamada Brasil

Que tal toda a blogosfera aderir a essa bandeira hoje?
Para que o Brasil se enxergue como Nação!
Todos unidos contra a corrupção!
Que o nosso povo tenha educação, saúde e trabalho dignos!
Que os corruptos sejam punidos e a derrama de dinheiro público se extingua de uma vez por todas e vá para o seu lugar de direito e não mais acabe caindo nos bolsos dos ladrões insaciáveis e seus asseclas!
Não haverá ParTido que nos cale!
Imprensa livre! Liberdade de expressão!
Que o povo aprenda a lutar por seus direitos.
Fora, ratazanas e roedores!
Viva o Brasil e os brasileiros de bem!

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Café com Flores Para os Meus Amigos

Hoje estou em dois blogs: no da Elaine Gaspareto do Um Pouco de Mim e no da Jussara do Palavras Vagabundas. Num, respondo à perguntas sobre o meu livro, noutro comemoro com  a Ju o aniversário do seu blog e o amor pelos livros, que ela compartilha comigo.
Fiquei embevecida com os comentários, com o carinho e com o incentivo dos amigos e de pessoas que nem conhecia e que foram deixar seus depoimentos nos dois blogs.
Hoje as orquídeas aqui de casa estão repletas de flores. Algumas nunca haviam florido e estão cheias de botões e flores lilases. Talvez estejam comemorando comigo, mostrando a sua beleza em forma de pétalas, as alegrias e presentes que tenho tido através do meu blog e do meu livro.
Agradeço, enternecida, tanto carinho e amizade.
Café com Flores pra todos vocês!
Beijos,