quinta-feira, 31 de março de 2011

Na Esquina do Tempo Nº 50 - Meu Livro!

É com enorme prazer e indescritível emoção que partilho com meus amigos, amigas, leitores e seguidores do Café com Bolo que, finalmente, meu primeiro livro será lançado no dia 14 de abril, às 19 horas, na Editora Multifoco, na Lapa, Rio de Janeiro, Brasil.
Na Esquina do Tempo Nº 50 - Menopausa: Modos de (se) Usar é meu primeiro livro. Um livro de contos, contados por várias mulheres. Onde cada uma fala das dores, delícias, aflições, descobertas dessa nova fase da vida. É um livro alto astral, despretensioso, no qual procurei mostrar que essa pode ser sim, uma época de renascimento e recomeço.
Foi um livro que me causou dor e felicidade ao escrevê-lo, pois o fiz numa época em que tudo dentro de mim parecia um turbilhão a querer jorrar em forma de palavras. O pari, como se parisse um filho, com alegria e sofrer, misturados de tal forma que nem sei dizer qual foi a parte maior  se a da dor ou a da alegria. Só posso contar que o resultado é que o vejo como quando se olha um filho, com um amor desmedido, embora se saiba de suas falhas.
É muito importante que meus amigos queridos estejam ao meu lado nesse momento.
Preciso do apoio e da presença de todos os que gostam de mim, do que escrevo e do que sou.
Este será o primeiro de muitos, tenham a certeza.
Conto com vocês na divulgação e na noite de autógrafos.
Sem o suporte que sempre me deram, sem as palavras de incentivo e carinho, talvez não tivesse conseguido chegar até aqui.
Divido com todos vocês a minha felicidade. Vocês também fazem parte dessa estória.
Meu afeto e a minha gratidão,
Beijos a todos!


quarta-feira, 30 de março de 2011

Café, Abelhas E Uma Nova Amiga


Hoje, desvirtualizei mais uma amiga, a Calu, vizinha de bairro, que sem que soubéssemos como, o Universo atraiu, como faz com as abelhas, levando-as até às flores melífluas e nos apresentou uma à outra.
Fomos tomar um café e nos conhecer pessoalmente.
Falamos sobre tudo e é impressionante como a Vida nos presenteia, principalmente quando estamos mais frágeis e precisando de carinho, à pessoas afins, com tanto em comum conosco.
Abelhas ou beija flores não sentem-se atraídos por flores que não dão mel. Algumas flores, apesar de belas, não têm nada a dar, além de beleza. Outras não, produzem perfume, fornecem pólen e néctar.
Não que a beleza pura e simples não seja necessária. Ela é. E por si só já vale a sua existência.
Mas o belo, quando é oco, perde um pouco do seu sentido. Quando não tem nada a oferecer, o belo só faz bem aos olhos, quando o que aquece o coração é muito mais do que isso...
Café, mel, açúcar, pensamentos, palavras que se movem numa mesma direção, tal como as abelhas.
Atraem, imantam.
Às vezes penso que a Vida vale muito à pena. Às vezes, na maior parte do tempo, acredito que é sempre tempo de um café, de uma pausa no corre corre dessa louca vida para um encontro com o que nos faz bem e com o que faz nossa vida mais palatável e mais doce.
Flores e abelhas. Amigos e café. Encontros de almas.
Quando o pensamento, tal como as abelhas, encontra outro pensamento vagando, em uma mesma sintonia, exalando mel, cor e perfume, passo a acreditar que é possível sim, pelo menos por algumas horas, ser feliz.
Beijos, Calu!

terça-feira, 29 de março de 2011

Xixi do Adriano

Pegando carona num texto da amiga Chica, aqui, me lembrei de um fato engraçado da minha viagem à Roma.
Roma tem mais de duas mil e quinhentas fontes de água potável espalhadas pela cidade.
Vê-se, por todos os cantos da cidade, milhares de turistas enchendo suas garrafinhas e bebendo a água que jorra das milhares de torneirinhas das fontes de água potável, ininterruptamente. Há séculos que as águas correm por debaixo das ruas de Roma, vindo dos inúmeros aquedutos que sempre abundaram pela cidade e arredores.
Mas, eu dizia brincando ao meu marido, que aquelas águas que jorravam das bicas e fontes tinham ainda restos do xixi do Imperador Adriano e nós dois, rindo muito, comprávamos água mineral em garrafas....Ficava imaginando os aquedutos passando por debaixo das ruas, em meio às ruínas por debaixo dos meus pés. Imaginava os ratos andando pelos canos e andares abaixo da superfície de pedras antiquíssimas. Imaginava sempre, muitos andares e ruínas abaixo de mim, com minha imaginação fervilhante, como num desses documentários feitos pelo Nat Geo que mostram as cidades secretas por baixo das ruas, aquelas ruelas escuras que ninguém vê...
Um dia à noite, passeávamos pelo Pantheon, que já estava fechado, e vimos dezenas de ratazanas gordas e bem nutridas, passeando entre as ruínas externas, com certeza muito bem abastecidas de água potável também...
Fiquei cismada e não houve jeito de me fazerem beber a água das fontes, que por sinal, é geladíssima, mesmo no verão. Lavei meu rosto e mãos nelas, mas beber, não consegui.
Tirei essa foto, para mim, uma das mais belas da viagem, no Monte Palatino, uma das sete colinas de Roma, local, cuja lenda diz, foi erguida por Rômulo, a Cidade Eterna.
Reparem na pombinha pousada na beira da fonte, como se soubesse que ficaria eternizada na foto.
Para mim, essa foto simboliza meu amor por Roma. E mesmo quando falo brincando sobre ela, o faço com todo o amor que alguém é capaz de sentir por um lugar. Já contei outras vezes, aqui e aqui o quanto é enorme meu amor por Roma e como me identifiquei com essa cidade imediatamente no momento em que meus pés a tocaram pela primeira vez.
Quando eu voltar à Roma, não me importarei mais e brindarei ao meu retorno com um belo copo do xixi do Adriano, agora, já meu amigo íntimo e pessoal...

Plugada com Kafka


Aproveitei meu desplugamento temporário para terminar de ler o livro que ganhei e com o qual deslumbrei-me: Kafka à Beira Mar de Haruki Murakami.

Não, não é um livro fácil. Livro de quase 600 páginas, mas que nos vai enovelando em sua trama metafórica de tal maneira que não se consegue largá-lo. Acabei por deixar os outros que estava lendo de lado e me dediquei somente a ele, página por página, marcando, escrevendo, passando linhas em volta das passagens e trechos que mais me tocavam.
E há inúmeras.
O livro é feito de metáforas. Como a Vida. Andamos sempre no limiar entre o real e o fantástico, entre o possível e o improvável.
Passamos muitas vezes por portais imaginários que nos levam ao passado e nos trazem novamente ao presente.
Num dos trechos que sublinhei, ele escreve e compara a vida à um labirinto, como nossas entranhas o são, labirínticas.
O livro não nos dá as respostas, muitas questões ficam no ar...entende-se como se queira, como se pode ou como se necessita entender naquele momento.
Este livro caiu como uma luva no momento em que atravesso. Senti que muitas vezes poderia ter sido eu a escrever o que ele havia escrito.
Deixo aqui, um dos trechos, entre tantos que mais gostei:
“E não há maneira de escapar à violência da tempestade, a essa tempestade metafísica, simbólica. Não te iludas: por mais metafísica e simbólica que seja, rasgar-te-á a carne como mil navalhas de barba. O sangue de muita gente correrá, e o teu juntamente com ele. Um sangue vermelho, quente. Ficarás com as mãos cheias de sangue, do teu sangue e do sangue dos outros. E quando a tempestade tiver passado, mal te lembrarás de ter conseguido atravessá-la, de ter conseguido sobreviver. Nem sequer terás a certeza de a tormenta ter realmente chegado ao fim. Mas uma coisa é certa. Quando saíres da tempestade já não serás a mesma pessoa. Só assim as tempestades fazem sentido.”Haruki Murakami, in 'Kafka à Beira-Mar'
Só assim os livros fazem sentido, quando saímos melhores deles do que quando os começamos... 

segunda-feira, 28 de março de 2011

Desplugando...

Há dias em que estou assim, como hoje. Vontade de desligar todos os botões que me ligam à vida fora de mim.
Cansaço. De ter que ficar dando explicações, as mesmas, milhares de vezes. De ter que responder às mesmas coisas e me sentir falando para as paredes. Porque não entra na cabeça das pessoas que existam outros modos de ver e enxergar a vida. Não, só seus mundinhos medíocres, massificados, bovinamente aquiescentes, moralmente aceitáveis de ver a vida é que servem.
Não vou me justificar mais um vez, visto que já falei tantas e tantas vezes sobre o que penso e creio.
Mas às vezes sinto um cansaço....às vezes vem uma sensação frustrante de que falo grego.
Meu mundo é um vulcão em erupção. Não tenho como explicar à maioria das pessoas o que se passa dentro de mim. Sou uma bomba relógio. Penso tanto que chego a doer por dentro. Minha cabeça dá verdadeiros nós de marinheiro, daqueles que não há quem consiga desfazer. Às vezes penso que enlouqueço. Às vezes penso em desistir de tudo. Porque não vale a pena. A solidão acompanhada é a pior das solidões. Não se fazer entender é pior do que ser mudo. Ouvir baboseiras e ter que responder a elas me mata aos poucos. Nesse caso é melhor ser burro, ignorante, cego, surdo.
Não tenho como explicar o que sinto. Não sei fazer isso. Nem eu mesma me entendo na maior parte dos dias.
O desânimo toma conta de mim. Não tenho nem quero ter que ficar dando explicações. Assim como não entro no espaço de ninguém para ficar dissertando sobre meu modo de ver a vida ou as questões de fé. Escrevo aqui o que penso, o que quero. E exijo que me respeitem. Mas vejo que é pura ignorância essa falta de respeito ao pensar do outro. Sei que a intenção não é má, embora desrespeitosa.
E não é só no que tange às religiões. Também no campo das ideias sinto que não atinjo meus objetivos, muitas e muitas vezes. Ser compreendida, me fazer compreender é uma batalha diária, pois a maioria, vê apenas o raso, o que está à tona de mim.
Sou exigente. Sou uma pessoa que exige demais do outro, eu sei.
Mas ando cansada, até disso. Desta constante exigência que não leva a lugar algum.
Hoje, queria me desplugar e ficar uns dias fora do ar. Pode ser que amanhã eu mude de ideia, mas hoje quero ficar só em minha turbulenta companhia.

PS- Segunda é Dia de Poesia está no meu outro blog.

sábado, 26 de março de 2011

Se Eu Soubesse Rezar

Se eu soubesse rezar
pediria a um deus qualquer
qualquer um deles
que desse
saúde aos meus amigos
Pediria que se compadecesse
de quem não merece sofrer
Se eu tivesse uma crença
saberia que o conforto
está na prece
na espera
na certeza
de que nosso destino está nas mãos
de um deus qualquer
e que basta acreditar
para deixar a responsabilidade com ele.

Se eu soubesse rezar
pediria amores sãos
saudáveis
felizes
generosos
para as pessoas que amo
Pediria escolhas sábias
pediria a visão exata
de como é a vida
de quem não é amado
encontraria respostas
às questões que os afligem

Mas não creio em nenhum deus
não tenho fé em nada
só na sabedoria
que recebemos
ao nascer
em nossos genes
no que vimos
ouvimos
sentimos
vemos como exemplo
ao longo da vida

Como não sei rezar
e a única riqueza que possuo
foi ter nascido
com um certo jeito
com as palavras
tal como uma artesã
juntando as letras
e tecendo as ideias
numa espécie de rosário
numa espécie de oração
Essa é minha forma de orar
Uma oração à Vida
pois creio nela
na energia positiva
que emanamos
ao universo
conclamando as estrelas
numa grande teia de amor

Pois então
coloco nelas
em minhas palavras
o dom de transmutar corações
Coloco nelas a força
no sentido
de fazer o amor nascer
onde não há amor
morrer
onde há desamor
de brotar saúde
onde ela falta
de tirar a dor e o sofrimento
de quem sofre

Minhas mãos não são milagrosas
nem acredito em milagres
Mas peço à Vida
que a força do meu amor
através da renda que fio
possa mudar
o que não consigo
possa aplacar
sofrimentos
e fazer nascer
o que desejo de bom e bem
a quem tanto amo.

Dedico esse post à minha amiga e queridona Welze e à duas pessoas, de meu convívio, que amo muito e que atravessam momentos difíceis.
Que cada um deles, receba a Força, a Energia e o Amor que costurei nesse poema.
Saúde, Paz e Bem! Essa é minha forma de rezar.
Beijos,

Poema Em Pétalas/ Poema Das Duas Amigas




Ilustração, gentilmente feita pelo Leo Macedo.

Para a amada amiga Loli, que arrebatou esses corações, em sua maior parte, brasileiros, nosso carinho e amizade. Desejo que teu dia seja repleto de alegrias e que realizes sempre teus sonhos.
Te dedico esse poema com todo amor e amizade:

Poema Em Pétalas

Crisântemos
Magnólias
Flor de cerejeira
Jardim japonês
Pontes
Lagos
Bonsais


Almofadas
Futons
Tatamis
Quimonos de seda
Cerimônias do chá
Fogo nos cabelos
Ternuras na alma
Ameixeiras floridas
Saquês
Kampai

Qual é a mágica?
Que sortilégio
Une as pessoas?
Uma mesma língua
Distância imensa
Só a magia explica
Dragonflies...

Queria te mandar
Amiga
Um amor sem medidas
Pétalas de margaridas
Perfumadas
Sakuras
Ikebanas
Lanternas
Libélulas
Carpas
Banzai

Para minha flor Margarida, com meu profundo desejo de que sejas feliz!
Saiba que te amo sem te ver e te enxergo com os olhos da alma.
A Vida, às vezes, escolhe por nós. E te escolheu por mim. Desejo um dia, em breve, te abraçar e te olhando nos olhos, dizer sem palavras, o quanto gosto de ti.
Feliz Aniversário, minha querida amiga!

Quis o destino que duas das amigas mais queridas fizessem anos no mesmo dia! Essa Vida é mesmo deliciosa!

Poema Das Duas Amigas


Preto e branco
Água e azeite
Sim e não
Pessoas 
assim
tão diferentes
podem se amar
como irmãs?

Uma é generosa
A outra fala 
o que pensa
Uma ri 
e fala alto
A outra é 
pura pimenta
Uma ouve
a outra escuta
Quem é ela?
Quem sou eu?
Rimos juntas
Juntas choramos
Sonhamos
e partilhamos
Sonhos tão 
diferentes
E, no entanto
tão iguais
Eu
na minha
impaciência
Vejo em nós 
a mesma 
essência
Vejo nela 
o que não tenho
Ela em mim
o que lhe falta
Uma é teimosa
a outra, birrenta
uma voa
a outra salta
Gosto de 
vinho tinto
Ela, de vinho branco
Vamos 
aos trancos
Muitas vezes
aos barrancos
Eu digo não
Ela diz nunca
Mas ambas 
queremos
as mesmas
coisas
Açúcar, afeto
uma vida doce
e até discordando
nossos encontros
são sempre regados
à café com bolo
conversas
trocas
e descobertas



Uma é mar
Outra montanha
Uma quer paz
A outra, saltita
Ouço o barulho do vento
Ela o som das buzinas
Eu sou do mato
Ela, a cosmopolita

Personalidades
distintas
duas formas 
de ver
a vida
e de seguir 
o caminho
Mas de modo
semelhante
Uma sim
a outra não
olhamos 
numa mesma 
direção
com o mesmo 
olhar de carinho
sempre estendendo 
a mão
Talvez
por essa razão
a Vida
nos colocou
frente a frente
Surpresas
do coração

Ela não é de chorar
Eu, manteiga derretida
Eu a implicar com ela
Ela, cabeça de vento
Eu a pensar na vida


Como todos
somos falhas
temos nossas 
picuinhas
Às vezes
as arestas 
arranham
às vezes
se aparam
sozinhas
Duas mulheres
mães
fêmeas
que nesse mundão
tão grande
quis o destino
que um dia
no virtual 
se esbarrassem
e como irmãs 
se encontrassem
tornando esse
amor
real.



Te amo, Betita! Uma irmã generosa que ganhei da vida! Feliz, muito Feliz Aniversário! Deixo aqui, de presente pra você, a hortênsia do meu jardim, a primeira foto que tirei com a "nossa câmera".
Beijos, da sua cara metade feminina, sua irmã-malagueta,




quinta-feira, 24 de março de 2011

Lendo na Cama

Uma das coisas que mais me dá prazer ( e sempre deu ) é ler na cama, antes de dormir.
Esses são momentos deliciosos onde me esqueço de mim e de meus problemas, para mergulhar em outros mundos, outras vidas.
Saio literalmente do meu corpo e assumo a vida dos personagens. Imagino, construo outro universo a partir das descrições do autor, consigo sentir cheiros, ver cores, pisar e caminhar onde os personagens caminham.
Às vezes, mesmo com a TV ligada, me desligo totalmente do mundo fora dali, naquela bolha encantada onde estou, folheando página por página, presa naquela teia tecida pelo gênio do escritor.
Ler antes de dormir me acalma, faz meu coração entrar num ritmo, num compasso que não consigo manter durante o dia.
Se chove lá fora, então, é o paraíso. Ler ouvindo a chuva caindo em pródigas gotas, sentir o cheiro de terra e folhagem molhadas, se misturando aos cheiros do papel e da estória, são para mim, uma das delícias de estar viva.
Pequenos grandes prazeres solitários e indescritíveis.
Ando às voltas com um Murakami que ganhei de presente de uma amiga querida. Ando me deliciando com seu realismo fantástico, imaginando situações e lugares completamente distantes da realidade em que vivo, no meu mundo real.
Ao meu lado, na mesinha, uma caneca de chá de bergamota e mais uma dúzia de livros, alguns aguardando sua vez na fila, outros começados, esperando que os continue a ler.
Durmo com eles ali, ao meu toque, basta esticar os dedos da mão. Durmo com mundos, imagens, personagens, criaturas imaginadas, pensamentos de outras pessoas, tudo ali, quase tocando minha cabeça.
Eles povoam minha vida, meus dias e minhas noites. Meus sonhos.
E mesmo tendo tantos ao meu lado, mesmo sabendo que tantos outros me esperam para serem lidos, ainda me pego desejando outros, sonhando em comprar outros, tantos mais...
Compulsão? Paixão?
Devoção...eles velam pelo meu sono. Meus livros me acalantam com canções de ninar, acarinham meus cabelos quando preciso de um afago, sopram, sussurram palavras encantadas durante meu sono.
Tantas e tantas vezes tenho falado sobre isso aqui. Tantas e tantas outras tornarei a falar.
Nunca me canso disso. Espero que quem vem aqui, também não se canse de ouvir.
Através dos anos, antes do sono, meus livros são minha forma de oração.

tela de James Whistler

quarta-feira, 23 de março de 2011

Vote No Lost In Japan

O blog do meu amado amigo Alexandre Mauj, o Lost in Japan está concorrendo ao prêmio de melhor blog pelo site alemão The Bobs. Clique aqui para votar, se você tem Twiter ou Facebook.
O Alê nos mostra o Japão sob ângulos nunca vistos, com uma sensibilidade, um bom humor e uma inteligência incríveis. Fora que nessas últimas semanas, durante a tragédia do Japão, seu blog foi ponto de referência em objetividade e prestação de serviços, fosse acalmando os parentes dos brasileiros que moram lá, fosse explicando com isenção e olhar aguçado tudo o que acontecia por lá, sem sensacionalismo e sem cair na armadilha fácil da pieguice.
O Alexandre é daqueles amigos mais que especiais.
Peço que votem no blog dele pelo conjunto da obra.
Beijos Alê! Ti voglio tanto bene, amore!

PS: "Roubei" essa foto no google, pois no teu blog não dá pra roubar nenhuma...rsrs...Bem feito pra chupinhada!

Dia D



D de Dia
de Dia D
Emoção
à flor da pele
Espera
D de Desejo
D de Demora
D de fazer
Refazer
Sonhar
Esquecer
D de outras letras
e palavras
D de apagar
e reescrever
D de Descrer
e de retornar
Retomada
D de encontro
de Desesperança
Hoje é meu Dia D
invasão
pé ante pé
na direção
do sonho
realidade
transformação
D de vitória
de ocupação
território
batalha
vencida
Minha Normandia
Minha guerra
particular
garra
guerreira
crença
Prova cabal
de que sem armas
ainda assim
se pode
conquistar
alcançar
tocar
D de dedos
que dedilharam palavras
D de mim
comigo mesma
de noites insones
travando escaramuças
com minha
alma
D de
Enfim.

terça-feira, 22 de março de 2011

Glorinha Com G

"Ora, meu amigo, a inteligência não é para aqui chamada. Não sou tão inteligente como isso. Tenho é minha própria maneira de ver as coisas, o que provoca amargos de boca a muito boa gente. Essas pessoas acusam-me de passar a vida a trazer à baila assuntos que é melhor deixar quietos. É o que acontece a quem, como eu, pensa pela sua própria cabeça e diz a verdade, mesmo quando é desagradável - regra geral, só arranja inimigos". - Kafka À Beira Mar - Haruki Murakami

Ontem, ao ler esse trecho do livro de Murakami, passei um lápis em volta do parágrafo pensando:
- Essa sou eu. Impressionante, ele me descreveu!
É mais forte que eu. Provocar polêmicas, trazer assuntos que entram em desacordo com o que a maioria das pessoas pensa, ser do "contra", como alguns me chamam.
Mas ao olhar à minha volta vejo pessoas que não conseguem pensar com suas próprias cabeças, chegar a conclusões sobre os assuntos, precisando de um aval, de uma opinião de outro ou outros para então, emitir a sua.
Outro dia, conversando com uma amiga, ela me disse que na minha infância devo ter sido tolhida nas minhas opiniões, que por ter sido a caçula e temporã, talvez não tivesse voz em minha casa, ninguém me ouvisse ou desse importância à minha opinião. Acho que deve haver um fundo de verdade nessa análise que ela fez de mim.
Não me lembro bem de minha infância. Mas me lembro, que desde bem cedo nunca ninguém me obrigou a fazer o que não queria. Sempre tive "quereres". E sempre tive amor próprio. Alguns chamam a isso de egoísmo, eu chamo de gostar de mim em  primeiro lugar.
Mas essa necessidade que tenho de emitir opiniões, muitas vezes contrárias à maioria, não é por ser do contra, mas simplesmente porque fui acostumada a pensar. Talvez, como ela me disse, por não ter podido falar, eu pensava e concluía sozinha...Nada para mim veio mastigado. Tive que romper amarras e pular muros. Não sei se minha infância foi assim. Mas tendo dois irmãos bem mais velhos, filha de pais mais velhos, talvez tenha me sentido sufocada sim, em algum momento. Como não faço terapia, imagino que minha amiga esteja certa e justifico assim meu modo de ser: uma pessoa que contradiz, que tem necessidade de expor o que pensa, mesmo que magoe ou machuque.
Tenho encontrado grandes "donos da verdade" em minha vida. Aqueles que não admitem que os contradigam ou sequer levantam a hipótese de que possam estar errados. Poucos são os que aceitam suas falhas, suas faltas, seus erros e voltam atrás. Poucos, muito poucos são, na verdade, os cordatos e "bonzinhos" que tentam vender aos outros a imagem que fazem de si próprios.
A maioria das pessoas jamais admitiria que pisou na bola, fez besteira, e que muitas vezes é orgulhoso e arrogante. Como eu.
Sei que sou. Luto contra. Mas como disse é mais forte que eu. Às vezes eu mesma fico com uma tremenda raiva por ter dito isso ou aquilo, sem necessidade. Por vezes consigo me segurar, mas aquilo que não falei me envenena a alma, vou ficando com litros de amargor acumulados e aí, acabo ficando com nojo, raiva, sem paciência com o outro. Por que não falei o que desejava ter falado.
E aí é que entra minha escrita. A escrita, por mais contundente que seja, não machuca como as palavras ditas. Prefiro escrever que falar, porque sei o quanto posso ser afiada e cortante quando falo.
Muitas vezes quis ser de outro jeito. Pensar menos. Ouvir mais. Concordar mais. Aceitar mais.
Mas aí, não seria eu. E meu nome não seria Glorinha, com G.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Segunda É Dia De Poesia

 
Agora, toda segunda vou fazer o Dia da Poesia aqui no blog e no meu outro Café com Poesia.
Quem quiser se juntar a mim, será muito bem vindo. Pode até se tornar uma blogagem coletiva.
Estão todos convidados a participar, pois ando com a escrita solta e a mão pedindo para escrever...
Aqui vai:


Purpurinas no Nariz

Se o céu pudesse me ouvir
e seus bilhões de estrelas
fossem  furinhos
por onde os sons
transpassassem
atravessando o infinito
numa ligação direta
com o Universo inteiro
eu diria sussurrando
bem baixinho eu diria
ao céu
pois com tantos ouvidos
atentos
não precisaria gritar
nem tampouco
falar alto:
- Sabe aquele meu sonho?
  Aquele de tanto tempo?
  O sonho que eu tentava alcançar
  e parecia tão longe?
  Ele está se transformando
  tomando forma
  moldando-se
  Passou
  por caminhos tortos
  Talvez
  por estradas íngremes
  degraus
  colinas
  montanhas
  Talvez
  tenha rolado entre seixos
  de algum rio por aí
  Mas sinto que ele vem vindo
  um passo
  depois o outro
  Está me ouvindo
  Universo?
Sei que está
pois me devolve
estrelas piscando
como a me responder
em brilho
em chuva de purpurinas
das quais um dia falei
Não tarda
Vem numa forma
 estranha
de um jeito
que eu não queria
Mas não há nada
que o impeça
não há atalho
ou armadilha
que o atrase mais
que o postergue mais
já sinto
cócegas no meu nariz
como a neve a cair
Se o céu pudesse me ouvir
eu nem precisaria contar...

domingo, 20 de março de 2011

Energia Confiável

"Procura-se uma fonte de energia confiável, que mantenha a geladeira funcionando vinte e quatro horas por dia, deixe o escritório refrigerado e garanta a nossa novela das nove. Exige-se que seja segura, não exploda e nem mate de câncer quem mora na vizinhança. É fundamental que não destrua florestas, contamine rios e ameace os pássaros com suas turbinas. Deve manter o ar limpo e não ocupar grandes extensões de terra. E, claro, precisa ser barata e ter boa aparência. Tratar com Deus".
Agostinho Vieira - Coluna Eco- Verde do jornal O Globo de 17/03/2011.

Após ler, na última quinta feira, essa genial e irônica crônica do Agostinho Vieira, fiquei me perguntando: Afinal o que nós queremos?
E a resposta veio rápida: O impossível.
Não sei se notaram, mas parei de apoiar a campanha contra Belo Monte depois que li vários depoimentos de ecologistas dizendo-se a favor dela. Pensei melhor e vi que não há solução melhor para o país, pois é uma "energia limpa, segura e barata". Trará consequências? Sim, como qualquer outra.
O que é melhor? Hidrelétricas ou Usinas Nucleares?
Como diz o jornalista na coluna: "Não existe mundo ideal".
A energia solar e a eólica são sim, soluções a longo prazo. Mas por enquanto, temos que fazer nossas escolhas.
Ninguém quer deixar de ver o jogo pela TV no domingo, ter luz em casa, ter freezer e geladeira cheios de cerveja gelada, entre outros tantos aparelhos elétricos que nos trazem conforto e tornam nossas vidas mais fáceis.
Acho que antes de apoiarmos campanhas contra isso ou aquilo, temos que racionalizar e estudar as possiblidades e viabilidades.
A natureza sempre cobrará seu preço, de uma maneira ou de outra.
Que tal então, começarmos a voltar à idade das cavernas?
Alguém se habilita a abrir mão de seu conforto em prol da natureza e do bem estar da humanidade?
Está aberta a temporada de debates.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Quase...

Pois é...um belo dia vi que estava grávida de mim mesma e resolvi escrever sobre isso.
Falei da concepção, da gestação e das dores do parto aqui, nesse espaço.
Muitos acompanharam de perto, ansiosos, outros, à distância, alguns, da minha própria família não me perguntaram uma vez sequer se eu precisava de alguma coisa para o meu bebê...
Já, muitos, dezenas, interessaram-se demais por minha gravidez, ofereceram-me ajuda, roupinhas, berços para acalentá-lo, mãos para ajudar a embalá-lo...
Hoje, vim aqui contar que o nascimento está próximo.
Que conto os dias para ver seu rosto, tê-lo em minhas mãos, vê-lo sendo acarinhado por mãos amigas.
Serão tantos os padrinhos e madrinhas!
Ele está pronto e só aguarda a hora de, finalmente ver a luz da vida, ver a cor do mundo.
Estarei inteira lá, e, através dele, reconhecerão a mim, ao que entendo, ao que vejo, ao que sinto.
Ele está no nascedouro...em questão de dias darei a notícia de que nasceu, de forma natural, num parto com dor, mas com muita alegria e o amparo das mãos amigas, parteiras que foram do que está por nascer...
Minha gratidão à todos, que com a força das palavras, têm mantido a chama acesa e a vida pulsando, dentro de mim.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Das Coisas Que Eu Sei

Sei que gosto de coisas que nem todos gostam e que não gosto de outras que todo mundo gosta.
Fazer o que? Sou assim, diferente...Nem melhor, nem pior que ninguém. Cometo erros, falhas, agrido, maltrato, digo palavras que magoam, como todo mundo faz às vezes.
Sei ser gentil, carinhosa, amorosa, também às vezes.
Gosto de sentir em minha boca o gosto do café bem quente e forte, logo que acordo.
Gosto de tomar um chá fumegando quando o tempo esfria e chove lá fora, como agora, já madrugada. E ao saboreá-lo, lembrar-me da amiga que enviou-me o pacote de lá, do outro lado do oceano. E, ao saboreá-lo, ficar pensando nela. E na vida que nos une à pessoas com tanto em comum conosco e que no entanto, mal conhecemos, conhecendo tanto e sabendo tão pouco dela...
De como pequenos gestos são tão importantes e mais valiosos do que a mais linda ametista ou esmeralda que se possa comprar.
Certos gestos não tem preço.
Ler os originais de um livro para uma amiga escritora. Escrever as orelhas de um outro livro para uma amiga poeta. Fazer isso com prazer e ao mesmo tempo sentindo um peso e uma enorme responsabilidade.
E ainda assim fazer, por puro amor e carinho.
Enviar livros para quem os ama, por saber que o amigo os ama e no momento exato em que esse amigo não pode comprá-los.
Generosamente, disponibilizar ajuda financeira para realizar sonhos. Ser mecenas em tempos em que a arte é relegada às gavetas.
Me pego pensando, enquanto escrevo essas linhas, no quanto sou diferente. Sou uma privilegiada por ter amigos assim. Tudo isso tem acontecido comigo, no meio de uma tempestade em minha vida.
E sou assim tão amada por meus amigos porque sou diferente ou sou diferente porque sou amada assim pelos meus amigos?
Devo merecer isso tudo. Devo despertar algum tipo de sentimento bom nas pessoas que me conhecem a fundo ou mais um pouco.
O que eu sei é que nem tudo na vida são flores e que momentos de tormenta parecem não ter fim.
Sei que meus problemas, por maiores que sejam para mim, são pequenos dramas perto de dramas muito maiores, como a tragédia que se abate sobre o Japão e seu povo tão ordeiro, gentil e cordial. Como a tragédia no Sul do país em que milhares perderam tudo nas enchentes. Nosso povo tem sofrido. Eu tenho sofrido. Tantos tem sofrido.
Mas o que eu sei é que quando menos se espera nasce um girassol no jardim.
E ele, só ele, ilumina o lugar, o estado, o país, o mundo.
Sei de muitas coisas, de outras, ouvi falar.
Muitas ainda quero ver e aprender.
Das coisas que eu sei, bem lá no fundinho de mim, uma delas é que amanhã o dia nascerá novamente, e assim será eternamente. E eu, por ser diferente, saberei olhar pro amanhecer e sorrir...porque saberei que tenho tantos e tantas ao meu lado, de mãos dadas comigo, pelo simples fato de me amar, do jeito que sou. Isso é o que eu sei.
E sou grata a todas elas por isso.
Com todo o amor que eu sei dar, dedico esse post a essas amigas.

PS: A Ingrid do blog Desconstruindo a Mãe está com vários links em seu post para quem puder e quiser ajudar os desabrigados de São Lourenço do Sul, cidade castigada pelas chuvas, no Sul do Brasil.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Gratidão e Rejeição

Bom dia meus queridos amigos!
Minha gratidão à todos os que me deram a alegria de participar junto comigo e com a Lu do Dia da Poesia.
Foi emocionante. Um dia verdadeiramente lindo e poético. Muitas coisas lindas e emocionantes escritas e postadas.
Mas, gostaria de falar também sobre um assunto que vem me incomodando nos últimos tempos: Rejeição.
Sei que não posso agradar a todos. Ninguém é unanimidade na vida.
Sabe-se lá por que cargas d'água tem gente que não vai com a nossa cara, com o nosso jeito e, claro, nós também temos nossas antipatias. Isso é inerente ao ser humano. Dizem os espiritualistas que isso vem de outras vidas. Já com alguns, a empatia é imediata. Parece que somos amigos há décadas sem nunca termos posto os olhos em cima de tal pessoa.
Mas noto que no mundo dos blogs as pessoas tendem a colocar no ostracismo quem não bate palmas para si ou quem não diz sempre sim ao que escrevem. Quem discorda, mesmo que educadamente, é colocado no limbo do mundo dos blogs. E isso não acontece só comigo. Já vi acontecer com pessoas amigas também.
Outra coisa que tenho notado: inveja de quem escreve bem e  por parte de quem se sente "ameaçado" por essa boa escrita, como se não pudéssemos conviver todos, uns ajudando aos outros, divulgando os trabalhos de outros bons escritores. Noto que quem escreve muito bem não dá muita trela para outros escritores bons. Vejam bem: isso é uma percepção minha. Tenho visto gente que escreve medianamente ou até mesmo não muito bem, com seus blogs lotados de comentários. Das duas uma: ou a maioria de nós, gosta mesmo de mediocridades ou então, fazemos questão de não dar bola para quem é bom no que faz. Eu não me incluo em nenhum dos dois tipos. Procuro visitar e elogiar quem eu acho que escreve bem. Não sinto nenhuma ameaça de outros escritores, até porque, temos que nos unir, já que não há espaço para novos escritores no mundo editorial. A no ser junto às editoras anãs.
Tenho sido parabenizada e elogiada pelo que escrevo. No entanto, muitos que me elogiam tanto não me tem entre seus blogs preferidos. Estranho, não é?
Já outros, mesmo eu já tendo ido visitar seus blogs e deixado comentários uma, duas, três vezes, simplesmente não se dignam nem a vir agradecer, quanto mais a comentar o que quer que eu escreva. Acho que boa educação e gentileza não fazem mal, nunca. Mesmo que seja SÓ por educação e gentileza. Isso bastaria.
Mas, pensando bem, em tempos onde gentileza, educação, simpatia e, principalmente, sinceridade são artigos de luxo, raramente encontrados por aí, não é de se estranhar esse tipo de comportamento.
Perdoem-me a sinceridade, mas isso para mim só pode ser inveja ou sensação de ameaça.
Nenhum ser humano gosta de ser rejeitado. Todos querem ser aceitos, por mais que digam que não, que não façam questão disso, que estão pouco ligando...É mentira!
Continuo admirando e lendo à distância quem não faz questão de ser meu amigo, ou tem medo de mim...Sei lá eu o que represento para essas pessoas. Medo de bate boca? Nunca bati boca ou briguei no blog dos outros. Brigo, faço e aconteço, mas no meu, pois aqui é meu espaço de direito.
Uffa, desabafei! Mas de vez em quando é bom colocar para fora o que nos anda incomodando.
Pra terminar, ofereço um café encorpado e quente aos meus amigos, em  especial à Lu do Lichia Doce, por ter me chamado para essa blogagem coletiva do Dia da Poesia, por sua gentileza e postura sempre tão correta e amiga. E a todos os meus amigos que tanto carinho tem me dado nos momentos difíceis e árduos que venho atravessando.
Beijo, Lu! Beijos aos meus amigos verdadeiros!

segunda-feira, 14 de março de 2011

Dia Da Poesia - Blogagem Coletiva

Carlos Drummond de Andrade - tela de Portinari


Luz  Na Escuridão ( se preferir "ouvir" o poema, o botão para ligar o som, está no final do post )
Autora: Gloria Leão


Feche os olhos:
Imagine a escuridão
Agora,
pense em um facho de luz
Alvoreceres
Lanternas
Estrelas
Velas acesas
iluminando
o breu

Cecília Meireles - retrato por Arpad Szènes

Fazer poemas
é colorir
o mundo
com palavras
tornando-as
claridade
Clarividência
nas trevas
da vida
Lançando faróis
por sobre
os sentires
Fernando Pessoa - retrato por Almada Negreiros

Poetas falam
das suas verdades
não as do dicionário
mas as que revelam
sua emoção
que afinal
são os sentimentos
de toda
a raça humana

Ferreira Gullar por Jorge Inácio

Um poema é uma luz
revelando
a exatidão
do que se sente
e quem o lê tem a impressão
de que foi escrito por ele
e para ele
como se feito fosse
para aquele momento
e para si
Pois os poetas
falam por nós
Dão voz
a quem silencia
Manoel Bandeira - tela de Portinari

Fazer poemas
é trazer vagalumes
pequenas lâmpadas
a piscar na noite
escura
Incandescentes
estrelas
a mover
ideias
É lançar
um sol
aquecendo o frio
É tornar o mundo
possível
palatável
menos duro

Sophia de Mello Breyner Andresen - net

Fazer poemas
é romper muros
derrubar barreiras
deixar sempre
a chama acesa
para que não restem
dúvidas
Tom Jobim - capa do disco Tom pra Dois

O poema
e o poeta
traduzem
explicam
reiteram
elucidam
o que sentimos
e não sabemos nomear
Eles são a eterna chama
a nos lembrar
que haverá sempre
primavera
mesmo que o frio
e o temor
teimem em nos dizer:
Não
Chico Buarque - net

O poeta junta as palavras
dando-lhes
sentido e sentir
fala de seus sonhos
canta seus amores
chora suas dores
transformando
quem o lê
tornando-os
eles também
pequenos fachos de luz

Feche os olhos agora
e veja:
lanternas
vagalumes
estrelas
alvoradas
Um poema faz isso
ao tocar-nos
a alma
e apontar o belo
Iluminam a nós
e ao mundo.


 Audio Recording on Sunday morning Luz na Escuridão by Glorinha L de Lion
Meu outro blog, o Café Com Bolo & Poesia também está participando dessa Coletiva.


PS Caso eu tenha deixado de colocar algum blog participante na listagem lateral, por favor, me avisem.

Esse post faz parte da Blogagem Coletiva proposta pelo Tatto do Blog Xipan Zeca e ligeiramente modificado por mim e pela Lu.