segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Seca

Período de seca
Estiagem
Chão duro
Não chove
Nem fora
Nem dentro
De mim
O sol
Fere os olhos
Queima tudo
Seca a grama
As folhas
A mim
Tenho sede
As gotas
Que me salpicam
São o meu próprio
Suor
O ar resseca
Boca
Palavras
Sinto
Não sinto
Torpor
Ausência
Deserto
De ideias
De vida
Nem lágrimas
Tenho mais
Secou
Tudo
Sequei
Toda
Quero dormir
E sonhar
Com chuva
Mananciais
Riachos
Corredeiras
Quedas d'água
Nascentes
Porém
Acordada
Vejo
O sol
Que queima
Incendeia
Evapora
O pouco
Que resta
Da esperança
Da úmida
Frágil
Crença
Em mim
Mesma.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Reflexão


"Acredito na essencial unidade do homem, e portanto na unidade de tudo o que vive. Desse modo, se um homem progredir espiritualmente, o mundo inteiro progride com ele, e se um homem cai, o mundo inteiro cai em igual medida." (Mahatma Gandhi)


A todos os meus amigos, um maravilhoso fim de semana, de reflexão, lazer e alegria. 



quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Um Urso Chamado Zé: Zé Colméia

foto Custódio Coimbra - Jornal O Globo


O nome dele é Zé. Zé Colméia. Sua vida mudou para melhor em 2007 quando, cansado dos maus tratos do domador, dono de um circo itinerante, em Campos dos Goytacazes, cidade do interior do Estado do Rio, o atacou e foi entregue ao Zoo do Rio. Seu sofrimento chegava ao fim.
Zé Colméia tem aproximadamente 10 anos. Chegou tão debilitado ao Zoo, tão raquítico (com 96 kg, quando o peso de um urso normal e saudável é de cerca de 250  a 500 kg ), sem pelos na cabeça, devido ao roçar constante no teto de sua jaula exígua, em que ficou preso por cinco anos.
Só comia ração de cachorros. Por isso, hoje, ao sentir aproximar-se a hora das refeições, ele fica excitado, ansioso e come sem parar.
Devido aos maus tratos que sofreu, hoje tem problemas comportamentais, é atrasado e bem menor do que Trina, a ursa com quem agora divide uma jaula de 100 metros quadrados, com piscina de água limpa e cachoeira.
Ali, é o paraíso para ele, depois do inferno que foi sua vida. Em dois anos, seu peso dobrou. Sua compulsão por comida o faz devorar cerca de 30 kg de alimento diariamente, entre frutas, vegetais, carne bovina e uns presentinhos, tipo lanches surpresa, que ganha de vez em quando: melancias, peixe, um cacho de bananas e maçãs.
Como Zé é muito ansioso não consegue copular com Trina, embora agora ela o aceite. No início ela não o aceitava e brigavam.
A missão de Zé é engravidar Trina no seu próximo cio. Caso não consiga será levado para o departamento médico para que seu sêmen seja coletado e examinado para saber se seu dna foi afetado pelos maus tratos.
Ao ler esse artigo no Caderno Terra do Jornal O Globo, fiquei tão triste...Ele ainda vai sofrer mais um pouco...Porque não o deixam viver somente, sem a necessidade de procriação?
Fora os absurdos que vários países asiáticos fazem com animais, assunto sobre o qual já escrevi uma vez aqui, retirando bile de ursos vivos que ficam sendo torturados até à morte, porque acham que a bile é um poderoso afrodisíaco. Existe toda uma cultura em torno disso nos países da Ásia. Animais são mortos ou torturados, ou usados para exibição até hoje.
Já escrevi várias outras vezes sobre a maldade humana.
Essa é uma pequena amostra do que o homem é capaz.
No Brasil uma lei recente, proíbe o uso de animais em circos. Ainda bem que um pouco de humanidade ainda nos resta.
Quem quiser colaborar ou denunciar maus tratos à animais, pode contactar o Santuário Rancho dos Gnomos que faz um trabalho maravilhoso e muito sério, resgatando animais selvagens abandonados por circos, e também, qualquer outro tipo de animal maltratado.
Acho que é muito pouco o que posso fazer. Mas já é alguma coisa.
Que o Zé seja feliz, na medida do possível, já que viver num Zoo não é lá a ideia que tenho de felicidade para um urso pardo. Mas, que pelo menos, nunca mais sofra maus tratos em sua vida. Dos males, o menor.
Se eu fosse um deus ou uma rainha, libertaria todos os animais que vivem presos, trancafiados em jaulas e gaiolas, fora de seus habitats para o deleite único e exclusivo dos homens.
Mas, meu cetro é minha escrita, minha lei são minhas palavras, meu édito é meu blog.
É o que posso fazer. Denunciar, alertar, conclamar, assinar petições, protestar.
Ajudem também, como puderem!
Façamos jus à palavra que perdeu credibilidade, e com razão, ao longo dos séculos: Humanos.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Tempos sem Gentileza

Fico pensando no que estamos nos transformando.
Em monstros?
Em seres sem coração?
Sem entranhas?
Porque nem nos comparo aos animais, visto que eles têm muito mais ética, lealdade, gentileza e amor do que nós, os humanos.
Há dias atrás fui ao cinema com meu marido. O cinema fica num shopping no centro da cidade.
Pessoas dos mais variados níveis sociais. Educação: nenhuma!
O cinema era um tapete de pipocas espalhadas pelo chão logo que entramos. Vestígios da sessão anterior à nossa.
Um senhor, trazendo uma bandeja com refrigerantes e pipocas para a moça que estava com ele, ao passar, com o filme já começando, sem querer, derrubou um pouco de refrigerante na moça à sua frente. Pronto: Foi motivo e alvo de palavrões em alto e bom som. A moça que o acompanhava respondeu baixo e educadamente: Me desculpe, foi sem querer...
A outra, a do palavrão, continuou reclamando, e logo depois, ela e mais seus acompanhantes caíram na gargalhada, alta, de deboche... O menino que acompanhava a reclamona, passou atrás de nós, forçando todas as poltronas da nossa fileira, empurrando-as para a frente, quando entrou para sentar-se.
Depois, sentou-se atrás de meu marido e passou a sessão toda chutando-lhe as costas da cadeira. Meu marido ficou calado durante todo o filme. Fiquei abismada com a falta de educação e a sujeira da sala de exibição ao término do filme. Fiquei pensando: Está havendo alguma coisa muito errada com a humanidade ou estamos mesmo virando uns trogloditas?
Hoje à tarde fui ao cinema com minha filha. A sessão estava lotada. Conseguimos, com muito custo, dois lugares na última fileira, encostadas na parede, logo depois de um casal de jovens.
Lá pelo meio do filme, pasmem, percebi que a jovem estava fazendo felação no rapaz!
Ao meu lado! Ele, todo espalhado na cadeira, com um braço quase caindo em cima de mim!
Avisei à minha filha, pois meu medo maior era que ele chegasse "aos finalmentes" em meu lindo pezinho e na  sandália que ganhei de Natal. Ou que eu visse e ouvisse...ai que horror! Sabem lá o que é isso? Você se sentar às 4 horas da tarde para assistir a um filme daqueles românticos, água com açúcar e, ao seu lado, um casal atracado, fazendo sexo oral?
Levantei-me procurando um lugar mais na frente e também para que os dois vissem que eu vi e parassem com aquele absurdo.
Minha filha me mandou chamar a segurança. Mas ele ao me ver levantar, mandou que ela parasse. E ela, felizmente parou, mas continuou durante todo o filme deitada em seu colo. Mas, pelo menos, para meu alívio, pararam com aquilo.
Resultado: fiquei tão tensa que perdi uma boa parte do filme.
Saí do cinema pensando: O que está acontecendo? Cinema, na minha juventude era sim, um lugar para uns "amassos", uma mãozinha aqui, um beijo mais quente, mas fazer sexo, no cinema, com pessoas sentadas ao lado e na frente? Hoje em dia, com a liberdade sexual que nossos jovens têm, com tantas oportunidades de ir a um motel e fazer sexo na hora em que querem, precisava isso? Eu precisava passar por um constrangimento desses?
O que está havendo com as pessoas, sejam jovens, velhas, de alto ou baixo poder aquisitivo?
Será uma crise de valores?
Será a falta de educação que grassa em nosso país? Será a certeza da impunidade? Liberdade demais?
Educação de menos?
Falta de mãe e pai para educar?
Saí do cinema pensativa. A falta de gentileza com o outro: O jogar o saco de pipoca no lixo, pensando no próximo que virá assistir ao filme na próxima sessão...coisas mínimas como essas e máximas como deixar para fazer sexo oral com o namorado na intimidade, em casa ou num motel.
Onde andará nossa gentileza? Onde andará nossa humanidade?
Que futuro estamos preparando para as próximas gerações?
Confesso que saí chocada, logo eu, que me considero uma pessoa sem preconceitos, ou pelo menos, consciente e atenta aos meus, para que não passem do limite, tentando domá-los.
Saí estarrecida, confusa. Está tudo fora de ordem. O mundo está um caos. Gente que se diz espiritualizada joga pedras nos outros pelas costas. Falta de escrúpulos, de gentileza, de amor ao próximo.
Ando precisando de férias do planeta Terra.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

In Vino Veritas

Yes, bebi!
Bebi além da conta
Naquele interstício entre o langor e a sabedoria
Entre a verdade e a melancolia
Bebi
Vinho do Douro
E do Alentejo
Com um risoto de brie
Dos deuses
Conversa entre amigos
De outras vidas
Estou no limiar
Entre o sono e a lucidez
Quando tudo parece claro
E confuso
Onde a vontade de escrever
Vem com tal força
Como se carecesse dela
Da verdade
Para latejar
Em meus dedos
Em meus pensamentos
Em ânsia
Como se não coubesse em mim
Essa inebriante
Leveza

Parada na porta
Do que sou
Embriagada
De mim mesma
Sorvendo em pequenos goles
A alma
O desejo
Esse ópio dos sentidos
Que os faz brilhar
Lançando um facho de luz
Na escuridão
Revejo
Tudo o que quero
O que preciso
Não sei se entro
Ou se fico
Basta um passo
Ou o retrocesso
Basta fechar os olhos
Para que o sonho venha
E tome forma
E tome a mim
Basta um caminhar trôpego
Um passo em falso
Ou um passo apenas
Para adentrar num mundo
Onde a verdade
Nunca vence
Yes, sim, oui
Bebi
Além da conta
Ou talvez
Aquém da conta
Na matemática
Louca
Insana
Santa
Demoníaca
Que é
A conta
Sem nota fiscal
Do
Viver.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Denúncia: SOS Parque Ecológico Reserva Darcy Ribeiro - Niterói

O Parque Ecológico Reserva Darcy Ribeiro consiste em:

"A Reserva é um patrimônio ecológico da cidade de Niterói, formada por um conjunto de maciços costeiros. Esta Unidade de Conservação engloba a Serra do Malheiro, a Serra Grande, a Serra do Jacaré e a Serra do Cantagalo, abrangendo os bairros de Pendotiba, Piratininga, Itaipu, Rio do Ouro , Várzea das Moças e Engenho do Mato. Sendo uma área estimada de 12,4 quilômetros quadrados e um perímetro de 55 quilômetros."
Fonte: nitvista em artigo de 2004.

Já fiz várias denúncias contra a favelização e desmatamento das reservas florestais na RO. Nunca obtive resposta de nenhum órgão competente. Cabe ao MP cobrar explicações da Prefeitura de Niterói para saber porque os ex moradores do Morro do Bumba, sobreviventes da tragédia que fez dezenas de vítimas, estão sendo encaminhados para a Reserva Ecológica Darcy Ribeiro, área essa de interesse ecológico e ambiental, uma das últimas reservas de Mata Atlântica do Município de Niterói.

Saiu no jornal O Globo de 22/01:

O Instituto de Arquitetos do Brasil no Rio de Janeiro (IAB/RJ) avalia com preocupação a intenção da prefeitura de Niterói de construir unidades habitacionais no bairro do Jacaré, na Região Oceânica, por se tratar de uma “área de grande relevância ambiental”.

— As construções estão compreendidas na Reserva Darcy Ribeiro, uma das áreas verdes mais importantes de preservação da cidade — explica o presidente do IAB/RJ do Núcleo Leste Metropolitano, Carlos Krykhtine.

Segundo o decreto 10.772/2010, emitido pela prefeitura em 29 de julho, a desapropriação no Jacaré será de
132.888 metros quadrados. O bairro é um dos 12 destinados à ocupação de 3.700 moradias para os desabrigados das chuvas de abril. No entanto, com base nas coordenadas dadas pelo mesmo documento, técnicos do IAB traçaram um polígono da área intitulada de “utilidade pública” e constataram que ela tem o dobro da divulgada: 298.043 metros quadrados.

— O decreto apresenta diversos problemas na sua redação, com erros na descrição do polígono, que, se levados à risca, comprometem a integridade geométrica da área — critica Krykhtine.

O relatório do IAB entregue à prefeitura demonstra que 87,5% da área delineada encontra-se na Reserva Darcy Ribeiro, região resguardada para a criação do Parque Darcy Ribeiro. Outros 9,8% estão em Zona de Conservação de Vida Silvestre (ZCVS), que se trata de zoneamento que prioriza a baixa ocupação. Sobraria, de acordo com o relatório, apenas 2,5% da área declarada, ou 7.644 metros quadrados, que, mesmo assim, seriam impactados pelo Rio Jacaré e suas faixas marginais de proteção.

Após a publicação do decreto, foi realizada uma análise técnica geológica entregue à Associação de Amigos do Parque Natural Darcy Ribeiro (Ama Darcy). O documento produzido pelo geólogo Josué Barroso evidencia pontos de estrangulamento para a construção das unidades habitacionais no local.

— A área é totalmente inadequada para intervenções urbanísticas — esclarece Barroso, que dá detalhes do estudo. — Durante o processo geológico, uma série de blocos se depositaram naquelas encostas, e eles estão firmes por conta da sustentação da vegetação. As construções de prédios e ruas vai levar à instabilidade dos blocos, que podem rolar, trazendo prejuízos econômicos e colocando a vida das pessoas em risco.

Ainda de acordo com o geólogo, a intervenção desobedeceria às leis federais de números 4.771 (Código Florestal Brasileiro) e 6.776/79 (Lei Lehman).
A íntegra da matéria esta na edição deste domingo do GLOBO-Niterói.
Também assista ao vídeo sobre o despejo irregular de entulho no Sapê, outro ponto que receberá as unidades habitacionais.
Reserva Darcy Ribeiro vista por satélite

Enquanto no mundo todo se noticia a tragédia da Região Serrana do Rio como uma resposta da Natureza ao descaso das autoridades por desviarem cursos de rios, permitirem a construção em encostas, Niterói vai na contramão de tudo o que se entende como ecologia e preservação ambiental e a cada dia  o que se vê são mais favelas surgindo na Região Oceânica e as que já existem, se alastrarem, como ervas daninhas, sobre as reservas e encostas.
Até quando a impunidade dos governantes continuará?
Até quando o povo permitirá que, mesmo pagando impostos altíssimos, seus direitos não valham nada, seus imóveis, construídos com sacrifício, com o suor de seu trabalho, ao fim da vida, estejam no meio de uma "comunidade", que cresceu à sua volta?
No lugar em que se paga o IPTU mais caro do Rio de Janeiro, maior do que no bairro mais chique do Rio, o Leblon, isso é possível?
Até quando se permitirá a degradação e destruição do que resta de Mata Atlântica?
Até quando continuaremos calados, vendo a desvalorização e a favelização de uma das regiões mais lindas do Estado, sendo vilipendiada, vendida, usurpada pela mesma corja que suga do poder há anos?
Acorda Niterói!


UpDate: Minha amiga irmã Beth do blog Mãe Gaia conta o que viu em Petrópolis, a solidariedade de nosso povo, que sabe que não pode contar com os governantes, e os desmandos e  o descaso que causam tantas mortes, a cada verão, no Brasil.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Blogagem Coletiva - 3 Anos Cantinho She - Uma Estória de Amor


O Amor - É Uma Estória

Existe coisa
Mais piegas?
Mais clichê?
Mais óbvia?
E, no entanto
Menos óbvia
Menos piegas
Menos clichê
Do que o Amor?
Existe coisa mais 
Absurda
E sem propósito
Do que olhar 
Alguém
E achar
Que ele 
É nossa vida
Nosso destino
Nossa razão 
De viver?

A cabeça 
Vive na lua
Enquanto os pés
Pisam estrelas
E até nas coisas 
Mais banais
Se acha graça
Encanto
Beleza
O mundo
Parece 
De pernas
Pro ar
E o ar
De pernas 
Abertas
Pro mundo
Não me perguntem 
Porque
Não me perguntem 
Como
Mas fazemos 
Loucuras
Asneiras
Bobagens
Por ele
E ele nos deixa
Sem dormir
Sem comer
Com sede
Com fome
Só dele
Do Amor
Esse tresloucado
Sentimento
Vira tudo
Ao contrário
Entontece
Entorpece
E ainda 
O chamam
De puro
Doce
É nada
É um vício
Que alucina
Arrasa
Mistura
Descombina
Deixa
Doido
Tira tudo
Do lugar
Vira
E desvira
Nossa alma 
Do avesso
E sem ele 
Somos
Morcegos
Cegos
Deixando-nos 
Guiar
Por um radar 
Invisível
Por um cheiro
Por um gosto
Que nem 
Sabemos
Ou queremos
Explicar
Podemos viver
Re-viver
Amar
Re-amar
Remar
Contra as marés
Por ele
E só por ele
Viver
Não importa
Se por muito
Ou pouco
Tempo
Quem nunca 
Sentiu
Esse torpor
Esse lampejo
Essa grande
Onda
Esse "barato"
Alucinógeno
Rasgando 
O peito
Arranhando
A pele
Dando um nó
Na garganta
Que atire
A primeira
Flor...

Este post faz parte da blogagem em comemoração ao 3º Aniversário do blog Cantinho She, da amiga Sheila Mendonça. Parabéns She! Muito Amor pra todos nós!

sábado, 22 de janeiro de 2011

Em Portugal, de Lisboa ao Porto, com GPS...ou, Apesar Dele...Reedição


Eu, no Mosteiro dos Jerónimos - Lisboa.


Ontem fiquei me lembrando de nossas peripécias em Portugal e dando risada sozinha...depois ainda fazemos piada com nossos amigos portugueses...
Quando fomos à Portugal, alugamos um carro para ir de Lisboa ao Porto e para ir parando onde nos apetecesse...meu marido queria ir à Figueira da Foz, onde morou com os pais, e queríamos parar em Óbidos, Batalha, Coimbra e tínhamos tempo de sobra...
Pois bem, alugamos um carro com GPS, ele de piloto e eu, de co-pilota com mapas nas mãos e GPS ao lado...
Quando pegamos a auto estrada, que por sinal é uma beleza, lisa, sem um buraco, um verdadeiro tapete...bem diferente das nossas, começamos a ver que não era tão simples assim seguir as instruções do GPS, ainda mais que meu excelentíssimo marido achava que as instruções estavam sempre erradas...
Resumindo, discutimos tanto que esquecemos Batalha e Figueira da Foz...paramos só em Óbidos, que, aliás, é a coisa mais linda e, partimos para Coimbra...
E era um tal de entrar na estrada errada e ter que voltar pra trás...e meu marido dizendo que estava errado, que não era aquele o caminho por onde tínhamos que ir...ele achava que o GPS estava nos boicotando, ensinando o caminho errado!
Brincadeirinha...mas que ele toda hora achava que as instruções não estavam certas, isso ele achava...Eu dizia que GPS não erra, que nós é que éramos burros...Hoje a gente ri muito disso, mas na hora, num país estranho, apesar de ser a mesma língua, dava um frio na barriga a cada vez que errávamos e tínhamos que voltar... E tome de briga e discussão!
Só sei que a viagem durou o dia todo, de tanto que erramos...Quando nos acostumamos com o GPS, 5 dias depois, já na volta do Porto para Lisboa, pegamos um mega engarrafamento na estrada, pois era uma segunda feira, todo mundo indo trabalhar ou voltando do fim de semana...
Comecei a ficar apertada pra fazer xixi, acho que de nervoso...cada vez ficava mais apertada e o trânsito não fluía...já estava quase fazendo xixi nas calças, pois lá, não tem postos de gasolina para parar, como aqui.
Então, coitado, meu marido com pena de mim, entrou por uma estrada vicinal...aí, começou nossa luta com as tais das rotundas...São contornos, com várias entradas...e o Gps dizia: terceira rotunda à esquerda, entre. Entramos em tantas rotundas, que perdi até as contas...e a bexiga latejando...Ele me dizia pra prestar atenção, porque eu era a co-pilota e deveria indicar onde ele tinha que entrar...e eu, vocês já sabem...nem conseguia mais raciocinar.
Quando entrávamos na dita cuja da rotunda, esquecíamos de contar, eu porque só pensava na minha bexiga explodindo, e ele porque é enrolado mesmo, então, perdíamos a conta, nunca sabíamos se era a segunda, a terceira ou a quarta...quando víamos, tínhamos feito uma volta de 360 graus, voltando ao mesmo lugar...e eu, quase molhando as calças, já suando frio...até que finalmente, entramos numa cidadezinha que tinha uma lanchonete e eu, feito um foguete, entrei já desabotoando as calças e perguntando: Pelamordedeus meu senhor, onde fica o toalete?
Ufa! Acho que foi por pouco, pois apesar de ter feito xixi antes de sair do hotel, por causa do nervoso, fiquei mais de cinco minutos no banheiro, eu devo ter fabricado mais ou menos um litro...
Brinquei com meu marido, depois, já aliviada, que da póxima vez, vou usar fraldão...
Aí, meu bom humor até voltou...poderíamos até ter nos perdido mais um pouco que eu nem ligava...
Acho que fomos os únicos seres sobre a terra que conseguiram se perder com um GPS, e, o que é pior, duvidando das indicações que ele dava!
Isso foi ou não uma piada de brasileiro?

Reedição de um post de 03/02/2010.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Para Loli, Com Amor

Para minha amiga, mais que amiga, irmã de alma, minha amada Loli:


Viva Banzai

Viver?
Tem coisa
Mais simples?
Respirar
Suspirar
Inspirar
Não
Não é tão
Simples
Assim

Viver
É muito
Mais
É amar
É ser amado
É compartilhar
É doar
É dividir
É multiplicar
Sementes

Vida
É compaixão
É dádiva
É felicidade
É sorriso
E também
Lágrima
E também
Tropeços
E quedas
E levantar
E novamente
Seguir
Lançando
Pelos caminhos
Sementes de flor
De margaridas
A nos lavar
Os olhos
Doridos
A nos fazer olhar
Novamente
Diferente
Para o valor
De um abraço

E mesmo
Longe
Sentir
Esse abraço
Sentir
Seu calor
Sentir
O perfume
E mesmo
De longe
Ao olhar
Os campos
Que parecem
Desertos
Ao primeiro olhar
Ver que não:
Estão repletos
De margaridas
Brancas
Amarelas
Laranjas
Colorindo
A estrada
Dando cor
Ao que estava
Seco
Deserto
Triste
Dando Vida
Dez Mil Anos
Soprando
Amor
Em névoa
Trazendo pólen
De afeto
Viva
Banzai!

Dedico esse poema, feito por mim, especialmente para minha amiga Lolipop, com todo o meu amor, amizade e solidariedade.
Se quiserem ouvir esse poema, é só clicar no blog do nosso amigo Alexandre do Lost in Japan.que preparou um lindo vídeo para nossa querida amiga,



quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Porto da Minh'Alma

Este restaurante chama-se Adega e Presuntaria Transmontana. Fica em Vila Nova de Gaia, do outro lado da Ribeira do Porto, tendo o rio Douro a nos separar com suas águas esverdeadas.
Jantei lá na última noite de minha viagem em 2008.
Foi o melhor bacalhau que comi de todos os lugares por onde andei em Portugal.
E onde fomos melhor tratados, com extrema gentileza e fidalguia, como é próprio aliás, de nossos irmãos portugueses.
Quando chegamos, não havíamos reservado mesa e a casa estava lotada. Pois o maitre nos levou até uma mesa grande, nos fundos do restaurante e nos serviu lascas de presunto Pata Negra e de Parma, azeitonas e vinho à vontade, enquanto aguardávamos por uma mesa.
Assim que nos sentamos, comi o melhor bacalhau e tomei o melhor vinho de toda a viagem.
O rapaz que nos atendeu era casado com uma brasileira e conhecia o Brasil melhor do que nós próprios. Era de uma simpatia e de uma gentileza, ímpares.
Fazia um friozinho gostoso de início de outono...Era final de setembro e já sentíamos a diferença no clima, principalmente porque o Porto, considerado a capital do Norte do país, fica numa região mais fria.
Hoje, ao ver umas fotos que a Manu enviou-me do Porto e suas tascas, senti uma enorme saudade, uma vontade imensa de viajar novamente, de ficar perambulando pelas ruelas estreitas do Porto e de Gaia, a bebericar vinho do Porto, a olhar o Douro, a caminhar sem horários, sem compromisso por esses lugares que tanto me encantaram.

Gostaria de me lembrar que vinho foi esse que tomamos lá...era maravilhoso e, se não me falha a memória, era do Alentejo...ai que delícia...
Meu maridão está com cara de português nessa foto, estava feliz demais ao visitar a terra de seu pai e avós.
A Ribeira do Porto, onde também há inúmeros restaurantes, tascas e adegas onde come-se muito bem e bebe-se melhor ainda...
Eu, de cabelo em pé e olhos arregalados...ui! E a moça que nos recepciona e mostra toda a Casa Sandeman aos turistas, contando sua história e nos levando por caminhos labirínticos, entre velhos barris de carvalho, milhares, a guardar o precioso líquido amarelo ouro, rubi ou escuro do perfumado vinho do Porto.
Quantas lembranças maravilhosas eu tenho dos lugares por onde andei.
As imagens ficam guardadas numa foto ou no computador. Mas os sentimentos, as sensações, os cheiros e emoções que sentimos, essas, ficam indeléveis num cantinho de nós, que ao menor vislumbre, ao menor gatilho, voltam com sabor de saudade melancólica...
Foram os melhores dias da minha vida, os que passei na Itália e em Portugal. Viajei pouco durante a minha vida, pelo menos até hoje...mas sonho em voltar, sonho em conhecer outros lugares, sonho, quem sabe, em fazer uma noite de autógrafos de meus livros lá, em Portugal.
Quem sabe o que o futuro me reserva?
Quem saberá o que me espera, guardado pelo acaso, pelo destino?
Mas, pelo menos, tenho boas lembranças, pedaços de mim que voltaram diferentes, impregnados da terra dos meus ancestrais. Esses pedaços, modificados para sempre, não me deixarão esquecer, jamais, de tudo o que vi, vivi, senti e  trouxe comigo de volta para essas terras brasileiras.
Estou muito triste esta semana, talvez por isso, tenha buscado em minhas lembranças, alguma coisa que me deixe feliz.
Dedico esse post a todos os portugueses e seus descendentes, a todos os amigos de língua portuguesa e das ex colônias, amigos d'além mar que fiz através de meu blog.
A vós todos,
Meu abraço e meu carinho.

PS - Quem for ao Porto e à Gaia, o endereço da Adega e Presuntaria Transmontana é: Rua Cândido Reis, 132, Vila Nova de Gaia. Não deixe de conhecer.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Blogagem Coletiva - Minha Declaração de Amor




 


DECLARAÇÃO:

Eu, Glorinha L de Lion, nascida no Rio de Janeiro, Brasil, sob o signo de Virgem com ascendente em Leão, declaro, para os devidos fins, que AMO.
AMO a natureza, os animais, meu jardim, minha família, meus amigos.
AMO minha casa.
AMO meus cães, os pássaros e micos que me visitam e as flores que nascem, espalhadas pelo quintal.
AMO os bicos de lacre, os sabiás laranjeira, os beija flores, os canários da terra, os sanhaços, os milhares de passarinhos que cantam, enternecendo os meus dias, tornando-os menos pesados e mais suaves.
Declaro, em alto e bom som que há dias em que AMO mais, outros em que AMO menos. Mas, nunca, passei um dia sem AMAR.
AMO viver. AMO crianças. AMO bebericar um espumante, numa linda taça, enquanto cozinho, aos domingos.
AMO quando a casa está cheia e barulhenta. AMO os silencios das madrugadas enquanto escrevo e só o cricrilar dos grilos, o coachar dos sapos e o arrulhar das corujas me fazem companhia.
AMO coisas grandiosas como uma orquestra sinfônica tocando Tchaikovisky. AMO coisas pequenas como cantar sozinha. AMO tomar um café com bolo com minhas amigas e falar de coisas improváveis, rir com elas ou  filosofar sobre a vida.
AMO noites estreladas e sem lua, quando o céu parece que nem cabe em si de tão denso e brilhante, fazendo-me sentir a minha pequenez diante do Universo.
AMO também as noites enluaradas, quando a lua pensa que é sol e ilumina os caminhos. AMO os finais de tarde quando o céu se tinge de rosa e a noite chega devagar, envolta em súbita paz.
Declaro, para os devidos fins, que AMO. E que, embora pense que não, às vezes me pego AMANDO as coisas rotineiras que me vejo obrigada a fazer, pois, mesmo elas, têm sua importância, ao preencher meus dias com sua mesmice que faz falta, repleta da segurança das coisas repetidas.
AMO meus livros, todos, até os ruins, pois me ensinaram como não devo escrever. Os bons então, nem se fala...E os maravilhosos, esses, AMO demais, pois encantam e encantaram minha vida. Por eles, por meus livros, sou capaz de um AMOR desmedido e sem tamanho.
AMO as palavras, pois é através delas que me sei, que sou, que serei até o fim de meu tempo nessa vida.
Declarado pois, tudo o que AMO, deixo aqui, minha firma, reconhecida por mim mesma. Pois meu nome é tudo o que tenho e meu maior bem.
Dito isto,
Declaro, registro e faço fé,
Niterói, 18 de janeiro de 2011.

Esse post faz parte da blogagem coletiva proposta pela amiga Nilce do blog A Vida de Uma Guerreira, que comemora seu primeiro aniversário hoje. Parabéns Nilce! Muitos anos de vida para o seu blog!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Dieta Coletiva - Dia 3

Bem pessoal, ainda não emagreci. Pelo menos, acho que não. Estou me pesando toda segunda feira na balança aqui de casa, dessas de banheiro. E o ponteiro ainda não se moveu! Maledeto!
Aos domingos eu saio da dieta. Por nada no mundo deixo de comer o que quero no domingo. Tomei meu prosecco, fiz um risoto de camarão que ficou divino e comi sorvete de creme à tarde.
Mas, durante a semana, estou fechando minha boquinha nervosa...
Tenho uma sugestão para quando bate aquela fominha do final de tarde, lá pelas 5 e meia, 6 horas, quando a boca vai ficando nervosa e não há tranquilizante que dê jeito nela.
É a hora dos gordos, gordinhos, cheinhos...Hora fatídica, quando toda a dieta pode ir pro brejo em questão de segundos.
Bem, a receita é:
Shake ou Sorbet de Mamão Papaya:
Bata no liquidificador:
1/2 mamão papaya
2 colheres de sopa de leite em pó desnatado
adoçante à gosto
muito gelo
1/2 copo de água filtrada
gotas de baunilha
Tem que ter muito gelo, pois fica grossinho feito um sorvete. O mamão dá uma encorpada.
É ótimo e dá aquela sensação de que tomamos uma taça de sorvete.
Se quiser pode-se acrescentar um pouco de gérmen de trigo ou quinua ou qualquer outra semente triturada.
Tem poucas calorias e dá saciedade.
A outra parte do mamão pode-se usar pela mnã ou no lanche da tarde.
Aprendi essa receita maravilhosa para o calor, quando eu frequentei os Vigilantes do Peso há mais de dez anos atrás. Resolvi tirá-la agora do meu baú e refazer.
Pode-se usar outras frutas, substituindo o mamão, mas com o papya fica mais encorpado.
Façam e me digam se não é uma delícia.
Beijinhos,

Madre Teresa, a Dor do Mundo e o Amor

Já há algum tempo tenho vontade de escrever sobre Madre Teresa de Calcutá, nascida na Macedônia, país dos Balcãs, em 26 de agosto de 1910, com o nome de Ganxhe Bojaxhiu.
Madre Teresa foi uma pessoa iluminada, dedicada ao próximo, grandiosa em sua figura frágil, principalmente porque passou a vida toda atormentada pelas dúvidas sobre a existência de deus.
Ela nasceu com o dom da dádiva, com o olhar voltado para os desvalidos, para os mais miseráveis dos miseráveis, para aqueles em que ninguém tocava: leprosos, aidéticos, mendigos, cobertos de feridas purulentas, corpos esquálidos exalando terríveis odores, enfim, para os "intocáveis", pois sabia que ninguém olharia por eles. Viveu, durante muitos anos em Calcutá, em meio à imundície das ruas, cheias de crianças nuas brincando na própria urina, doentes e subnutridos, animais, esgoto à céu aberto.
Ela escreveu inúmeras cartas falando de suas dúvidas, da ausência de fé em deus, sem entender porque havia tanta dor no mundo. Sofreu tanto com suas dúvidas, que ela chamava de "escuridão", que foi ficando corcunda, como se o peso do mundo inteiro, as dores de toda a humanidade, o intenso e atroz sofrimento do qual era testemunha, fossem carregados por ela, em suas costas franzinas.

O padre Brian Kolodiejchuk lançou um livro com suas cartas: Madre Teresa: Venha, Seja Minha Luz.
Na minha opinião, a igreja católica usou a madre em benefício próprio. Até o Papa João Paulo II usou sua imagem como propaganda para a igreja, devido ao grande prestígio que possuía, em todas as esferas e em todas as religiões, ainda mais, após ter ganho o Nobel da Paz, em 1979.
Acho até uma ofensa à sua memória, que uma pessoa que passou a vida em luta interior, em tristeza confessa por seus dilemas espirituais, seja santificada, como deseja a igreja. Viveu atormentada, em solidão e tortura, segundo suas próprias palavras. Durante 66 anos escreveu cartas, pensamentos e questionamentos internos, que foram transformados em livro.
Há umas semanas atrás, vi um documentário sobre ela. Ela abraçava leprosos, os beijava, cuidava das feridas dos doentes. Montou vários hospitais pelo mundo afora, reuniu equipes de médicos e enfermeiros prontos a cuidar e a acarinhar essas criaturas, as mais miseráveis entre os miseráveis que eu já vi. Gente sem nariz, sem boca, chagas humanas. Imagens tão horrendas que eu nem conseguia olhar.
Foi ficando a cada dia mais encurvada, mais cheia de dúvidas, menos crente e mais caridosa. Todos queriam posar ao seu lado. Qualquer pedido seu era atendido.
Sua fé era no amor, na solidariedade, na ajuda humanitária. A religião, embora poucos saibam disso, não era o que a impelia e sim, o amor ao seu semelhante.
Mas, seu íntimo, era torturado, pois não compreendia que deus era esse que maltratava tanto aos seus filhos. Orava, pedia, mas só via a escuridão.
Vejam algumas frases dela:


"Onde está minha fé, aqui no mais profundo não há nada, Meus Deus, que dolorosa é esta pena desconhecida. Não tenho fé".

"Se há um Deus, perdoa-me, por favor. Quando tento elevar minhas preces ao Céu, há um vazio tão condenador...".

"Peço, me agarro, quero, e não há Ninguém para contestar - Ninguém a quem me apegar, não, Ninguém. Sozinha"

"Se um dia eu for Santa, serei com certeza a santa da escuridão'. Estarei continuamente ausente do Paraíso"


Poucos sabem sobre esse outro lado dessa mulher única, e essa seja, talvez, a sua verdadeira face.
Depois de saber disso tudo, cresceu ainda mais a minha admiração por essa criatura iluminada, não pela religiosidade, mas pelo Amor.
Esse sim, deveria mover o mundo.





sábado, 15 de janeiro de 2011

SOS Região Serrana- UpDate


A Região Serrana precisa da ajuda de todos. Quem quiser ajudar, a Ong Viva Rio está coletando doações no Rio e em Niterói.
É só clicar no link, que a página, com maiores informações, aparecerá. Tem inclusive a listagem do que os desabrigados mais necessitam.
A Luci, do blog Artes da Luci, também se prontificou a ajudar, num gesto de solidariedade muito bonito.
A Elaine Gaspareto e a Luci estão fazendo uma rifa de artes no blog da Elaine, é só acessar e ajudar.
Na barra lateral do meu blog, logo em cima, também está o link para as informações de quem quiser ajudar.
Vamos agir.
Milhares de pessoas precisam de nossa ajuda, por pequena que seja.
O pouco se transforma em muito quando muitos se unem.
Obrigada e beijos a todos,

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Sobre a Vida e a Morte

Terminei de ler o livro "A Filha do Capitão" de José Rodrigues dos Santos, que recebi de presente de minha amiga Manu, há alguns meses atrás.
634 páginas muito bem escritas, repletas de fatos históricos e muita informação sobre a participação de Portugal na Primeira Grande Guerra.
Mas, no início do livro, o protagonista, Afonso é enviado ao seminário para ser padre e vive intensamente martirizado por questões relativas à fé. Questiona-se e questiona seus mestres, sobre a existência ou não de deus.
No final do livro, as mesmas indagações retornam, com muito mais força, devido ao sofrimento dos acontecimentos gerados pela guerra.
Afonso questiona o padre que foi seu professor: "Deus é bondoso ou Deus é temível? Hã? Em que ficamos? Que contradição é essa? Ou bem que é bondoso, ou bem que é temível. Não pode ser as duas coisas ao mesmo tempo."
E aqui começa um questionamento enorme sobre a fé, o temor, a vida, a morte.
Até que, em determinado momento ele aceita a existência de Deus, mas pergunta ao padre:
" A grande questão é a velha dúvida de saber por que razão Ele nos criou, por que razão Ele nos impinge tanto sofrimento, que propósito tudo isso serve?"
O diálogo cheio de dor entre um e outro segue por algumas páginas. Citei essa parte do livro, que, para mim é uma das mais interessantes, por tratar-se da  dialética entre a razão x fé.
Quando nos vemos diante de grandes tragédias não há como não pensar em fé e religiosidade se contrapondo à razão.
Quando vejo que vidas humanas nada são diante da enormidade da Natureza, da sua força e poder de destruição, não posso deixar de pensar que a fé, nessas horas, deve trazer algum conforto para quem a tem, ao mesmo tempo em que, para mim, a cada nova tragédia que acontece, menos fé eu tenho, se é que isso é possível, visto que não tenho mais nenhuma fé em nenhuma crença, deus ou religião.
Alguns dirão: Se escreve tanto sobre isso é porque deve ter alguma fé. Ou, então quer acreditar em algo.
Quanto a isso respondo: Sim, seria tão mais fácil e menos doloroso crer, em qualquer deus ou religião!
Se existisse um deus ele teria que ser bom e justo e não um deus cruel e temível. Se as pessoas conseguem crer num deus assim é porque precisam da fé como tábua de salvação, como muletas para caminhar sem sofrer tanto. Até entendo, mas não aceito.
Vida e morte se confundem. Nascemos já morrendo aos poucos. Podemos tentar nos esquecer do final, mas todos trazemos  dentro de nós essa certeza, a única aliás: todos podemos morrer a qualquer momento, rezemos ou não, creiamos ou não.
Eu não queria escrever sobre a tragédia que se abateu sobre meu Estado. Eu não queria ser mais uma a escrever sobre como a Natureza vem cobrar seu preço, de tempos em tempos, pelo descaso, pelos maus tratos, pelo mau uso da terra, pelos sucessivos e ininterruptos aviltamentos de quem tem sido vítima através dos séculos.
Mas sinto tanta tristeza hoje, que mesmo procurando não ver ou saber, as notícias chegam até mim.
Todos temos nossas pequenas tragédias cotidianas, nossas dores, nosso quinhão de sofrimento, mas alguns, parecem ter sido marcados, ao nascer, com o símbolo da catástrofe.
Eu não rezo porque não creio. Eu não peço misericórdia ou consolo às vítimas porque não tenho fé. À mim só resta uma solidariedade vã. Um sentimento vago de comiseração e total impotência.
À mim, só resta a piedade, a tristeza e a constatação de que cada minuto da vida deve ser vivido como se fosse o último. Porque ele pode, realmente, sê-lo.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Receita de Felicidade?


Será que alguém sabe 
Qual é a receita da felicidade?
Pequenos momentos
Instantes fugazes
Que não se podem prender 
Entre as mãos
Às vezes 
Penso que sou
Para no minuto seguinte
Achar que não
Que felicidade não existe
Somos tão pequenos
E desimportantes
E, no entanto,
Nos enxergamos
Como gigantes
Donos de nossa própria 
Existência
Senhores de si
A face 
Que mostramos
Ao mundo
É a que mais 
Nos convém
Somos fracos
Quando sós
Somos tristes
No silencio da noite
Somos órfãos
Quando as lágrimas rolam
E não há ninguém
Para enxugá-las
Receita de felicidade?
Quem tiver alguma
Por favor
Que a avie
Na farmácia mais próxima.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Dieta Coletiva - Dia 2

Bem, eu confesso: Não fiz a dieta direito na semana que passou!
Tive vários eventos, saí, churrasco em casa, visitas, não resisti e comi tudo o que não podia.
Não vou ficar aqui mentindo e dizendo que fiz sem ter feito. Vou estar boicotando a quem? À mim mesma, óbvio!
Comecei muito bem a semana passada, cortando uma fatia de pão no café da manhã. Fazendo uma colação lá pelo meio da manhã. Comi pouco. Isso até quinta feira. Depois disso, enfiei o pé na jaca com vontade!
Mas ontem, comecei a sério, agora vai...
Cortei doces, cortei 1 fatia de pão integral pela manhã ( pois comia dois) e cortei o jantar. Vou lanchar uma coisa leve.
Agora falta avisar à minha barrigota pra ela se sentir devidamente cortada e diminuir também...hehehe. Isso é que é difícil...ela é desobediente demais...não sei a quem puxou...rsrsrs
Nem me pesei, mas agora, senti firmeza!
Dieta, aqui vou eu!
Esta postagem faz parte da Blogagem Coletiva da Clau Finotti, aqui.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Porque Sou do Contra

Eu passei o Reveillon vestida de preto. Espantei alguns, mas passei assim por três razões:
Não acredito nessas coisas de que se eu passar de branco ou azul ou amarelo (que supostamente traz ouro...) meu ano será de paz e harmonia ou que ficarei rica.
E também porque eu fico muito bem com cores escuras, preto, principalmente. E ainda, porque li num lugar qualquer que, como o preto é a soma de todas as cores, possui todas as cores nele, é portanto, uma boa cor para se passar o Ano Novo. Assim eu estava vestida com todas as cores...
Teve gente que me perguntou espantada: "Você passou o Ano Novo de preto? Como teve coragem?"
E uma pessoa da família, irônica e ao mesmo tempo desdenhando minha descrença: "Engraçado, você diz que não acredita em nada e acreditou no que leu e ainda seguiu?
Eu sinto que ando incomodando muita gente com meu jeito destemperado, ousado e sem amarras.
Gente da minha própria família, gente conhecida, gente amiga...Estou virando aquela pessoa que apontam como "a louca", a "que quer ser diferente", "a que afronta", a "que quer chocar"...
Bem, não é nada disso...só estou vivendo a minha vida da maneira que acredito, sendo fiel ao que sou e ao que penso.
Só porque a maioria acha que não "se deve" usar preto no Reveillon eu também tenho que achar isso?
Só porque todos gostam das obras de Niemeyer eu também tenho que gostar e achar bonito?
Ou porque não fica bem falar certas coisas que penso ou acho, devo ficar calada, engolindo meus pensamentos?
Bem, cheguei a uma fase da minha vida, em que se é tudo ou nada. Cheguei aos 53 no TUDO.
Sou exigente, sou intolerante, muitas vezes, sou verdadeira no que penso e digo, sou o 100 na escala de 0 a 100.
Tem quem me ame, tem quem me odeie. Não sou boazinha. Não faço o que não quero. Não finjo estar bem se não estou. Não sei ficar em cima de nenhum muro. Tomo posições, tomo partidos. Defendo meus amigos. Mas falo para eles o que penso se acho que estão agindo mal ou se não concordo.
Detesto ser carneirinho. Detesto ser obrigada a fazer o que não gosto.
Ao longo da vida fui colecionando antipatias, talvez, mais do que amigos.
Paciência. Sei que não sou fácil. Quem conviver comigo viverá numa constante enxurrada de indagações e questionamentos. Mas, ser meu amigo significa também que sempre terá meu ombro e meu abraço na hora em que precisar de colo, mas que também vai levar bronca na hora em que eu achar que está errado.
Às vezes sou egoísta, às vezes sou magnânima, em outras sou ríspida, noutras carinhosa...Sempre, uma manteiga derretida que não se importa de pedir desculpas...Enfim, uma passional.
Preciso da paixão para sobreviver, seja pela vida, pelas coisas de que gosto, pelos meus amigos, pelo que creio.
Eu não sou do contra apenas para ir contra a maré. Sou do contra porque sou tão inquieta no meu íntimo que não consigo aceitar as coisas que a maioria aceita sem questionar. E, quando questiono e vejo que aquilo não é do meu gosto, ou que não concordo, não sei fingir o contrário.
Por isso incomodo, por isso mexo em coisas que para a maioria deveriam ficar lá, quietinhas, imexíveis, ponto pacífico, sem discussão.
Não é fácil ser assim do jeito que eu sou. Não, não é nada fácil.
Mas também é preciso ter coragem para ser assim. E isso eu tenho: coragem.
E também, transparência e verdade para mostrar quem sou.
Quem gostar de mim, terá uma amiga fiel e leal. Quem não gostar, eu mesma me encarrego de me afastar, talvez como numa espécie de defesa da rejeição. Rejeito eu, antes que me rejeitem. Freud deve explicar.
Por isso, passei o Ano Novo de preto, por isso não gosto de seguir regras, por isso não me faço de boazinha, pois ninguém o é, o tempo todo. Prezo demais minha liberdade de SER.
E exijo respeito a mim, como pessoa. Exijo mesmo.
Argumentos, tenho todos. Pois sei bem as minhas razões, pois penso sobre elas. Porque não gosto disso e sim daquilo, porque creio nisso e não em outra coisa. Quando me decido por uma coisa, hoje em dia, sei, e muito bem, porque. Não fico esperando que decidam por mim ou que digam do que devo gostar ou fazer.
Essa sou eu.
Tenho o bem e o mal. O amor e a raiva. Mas me conheço profundamente.
E sei bem porque fiz minhas escolhas. E sei bem que eu e só eu sou responsável pela minha vida.
Vestindo preto, azul ou branco.