terça-feira, 31 de maio de 2011

In-Definições

Tudo é Definitivo
Nada é Definitivo
Infinitivo
Infinito
Finito
Findo
Fim
Recomeço
Renascença
Renda num vestido
Renascimento
Nascimento
Nascer
Mal chegamos
Já é hora de partir
Malas prontas
Livros gastos
Alma gasta
Vestido novo
Em folha
Folhas brancas
À espera
Do eterno
Recomeçar
Definitivo
Infinitivo
Infinito
Definido
Indefinido
Viver
Fechar os olhos
E olhar pra dentro
Infinitas vezes
Recomeço
Começo
Meio
Fim
Infinito
Brincar
De procurar
A razão
Que não há.................................................................

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Refletindo Sobre Livros, História & Colonialismo

Li, recentemente dois livros sobre colonialismo: o de Isabel Allende, A Ilha Sob o Mar e o último do Vargas Llosa, O Sonho do Celta.
Gostei razoavelmente do primeiro e não gostei muito do segundo.
Mas, tanto um quanto o outro me fizeram pensar nas formas de colonialismo que existem e existiram no mundo.
E como esta forma violenta, devastadora, de expansão territorial marcou o que se entende hoje como: Mundo Moderno.
Mapa do colonialismo nas Américas em 1763

O livro da Isabel Allende mostra a que preço foi feita a colonização do Haiti e ao lê-lo, entendemos melhor a história do povo desta ilha, até hoje vivendo abaixo da linha da miséria, com sucessivas ditaduras ao longo dos séculos. Seguindo sendo explorada, dizimada, trucidando-se e sendo trucidados por outros povos e por eles próprios.

O livro do Vargas Llosa mostra também, como a África e a América do Sul foram repartidas entre os países europeus colonizadores e de que forma esta colonização, supostamente feita para levar "cultura", religião, educação, "tirar os povos da barbárie" em que se encontravam, era somente uma fachada para a exploração desmedida, a usurpação dos valores culturais, o extermínio de populações indígenas e tribais.
Eu sou de opinião que os romances históricos são de extrema importância, pois é através desta visão, deste "olhar para trás" que entendemos o passado e podemos analisar o presente e não repetir ou tentar não repetir os mesmos erros no futuro. Mas o ser humano, quanto mais poder tem, menos pensa no outro. A ambição por riqueza e poder promove as guerras, os radicalismos, o terror. O que são as guerras senão a tentativa de fazer valer pela força os valores de um povo sobre o outro?
Os países colonizados, entre eles o Brasil, deram o suporte para que as "grandes nações" do mundo fossem o que são. As igrejas, catedrais, museus, cultura, belezas arquitetônicas, em sua maioria, foram patrocinadas pelo nosso ouro, nossa borracha, nossas inúmeras riquezas, usurpadas, trocadas e barganhadas, algumas, exploradas até se extinguirem.
Isto sem falar nos povos que simplesmente desapareceram ou foram escravizados e mutilados em suas culturas e valores.
Tudo isto me faz pensar até que ponto uma nação pode ou deve alterar e interferir na cultura de um outro povo. Seja em nome de religiões ou direitos humanos ( aos nossos olhos, não aos deles).
Ao fazermos isto não estaríamos repetindo os erros do passado?
Procurem ler e refletir sobre este assunto...
Boa Semana!

domingo, 29 de maio de 2011

Have You Ever Really Loved A Woman?

Ontem revi um filme lindo, romântico, daqueles que a gente termina de ver com a alma leve: Don Juan De Marco, de 1995. Com Johnny Depp, no auge da beleza e sensualidade e para arrasar corações, com um irresistível sotaque espanhol...E ainda tem Faye Dunaway, como a esposa balzaquiana de  Marlon Brando no papel do psiquiatra que cuida do jovem suicida que pensa ser (ou é?)  Don Juan.
A música é linda, conhecidíssima, com uma letra inspirada, daquelas que a gente fica cantarolando durante dias: Have You Ever Really Loved A Woman?
O filme conta a estória de um jovem que tenta se matar jogando-se de um prédio e de sua relação com um psiquiatra que é chamado para demovê-lo da ideia.
As estórias que o rapaz vai contando ao longo da terapia são de tal maneira sensuais, românticas e convincentes, que o psiquiatra de meia idade, prestes a se aposentar, acaba por ser envolvido pelos relatos tão eloquentes e passa a enxergar a vida com os olhos do rapaz, passando, ele próprio, a precisar das sessões de terapia, mais do que o próprio jovem. Ouví-lo e às suas conquistas vai acendendo novamente o fogo da juventude, o amor à vida, o amor e a paixão pela mulher, também ela madura. Eu comprei o dvd nas Lojas Americanas por R$ 12,00....é daqueles filmes para rever de quando em quando e lembrar que estamos vivos...
Deixo a conclusão final para vocês e recomendo a todos...E prestem atenção, no final do filme, à tradução da letra da música...muitos homens deveriam lê-la com muita, muita atenção mesmo. É uma verdadeira aula de como se deve amar uma mulher. E vocês, mulheres, mais atenção ainda: vejam como devem ser amadas e não deixem por menos!

sábado, 28 de maio de 2011

Na Esquina do Tempo Nº 50, No Jornal O Globo De Hoje

Saiu a matéria sobre o meu livro no Jornal O Globo - Caderno Niterói, de hoje.
Vários amigos já me ligaram dizendo que leram a matéria. Muitos, sequer sabiam que eu havia escrito um livro...
Pois é, aos poucos, passo a passo, vou alcançando os meus objetivos.
Como disse meu amigo Alexandre Mauj do Lost in Japan num email que me mandou: Vamos chegar aos mil exemplares vendidos!
Que assim seja! Graças aos meus amigos, leitores, às minhas assessoras da Comunicare, Bia e Luíza, estou caminhando na direção da concretização do meu sonho.
Agora, é aguardar as cenas do próximo ato...O romance já está na gaveta, quase pronto, aguardando que a sorte continue a me sorrir...E, tenho certeza, que irá.
Para ler a matéria, cliquem na foto, para ampliá-la. Na foto, não saiu a data do lançamento em Niterói: Dia 03 de junho, sexta feira próxima, às 18:30 hs no Bistrô do MAC.
Aguardo todos os amigos dia 03!
Bom fim de semana pessoal!
Beijos,

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Palco

Me pego pensando, enquanto olho estas árvores, qual é o meu papel nesta vida.
Vivi, até meus quase cinquenta, como quem via uma peça sendo encenada num grande palco à minha frente. Sentada, confortavelmente, eu ria, chorava, me emocionava, me entristecia, mas não tinha noção de que aquilo era a Vida. Assim mesmo, com V maiúsculo. E que era a Minha Vida que passava diante de mim, dos meus olhos, sem que eu percebesse. Rápida, veloz, inexorável. Sem tempo para arrependimentos, sem jeito de voltar atrás para buscar algo que havia esquecido. Sem retorno.
E eis, que, numa quinta feira, como tantas e tantas vezes tenho feito nos últimos anos, me pego pensando qual é o meu papel neste palco.
Atuando, amadoristicamente, neste teatro de bufões, protagonizado por péssimos atores, todos canastrões, tentando equilibrar pratos inequilibráveis. Tentando fazer rir quando muitas vezes desejamos chorar. Tentando ser o que sabemos que não somos. Palhaços, ridículos, de pequenos dramas pessoais, de tramas rocambolescas, vestidos com roupas que não nos cabem, grandes demais ou apertadas demais...
Qual o meu papel nesta trama? Autora, diretora e atriz de meu próprio papel. Olhando através de uma lupa gigantesca para a platéia. Vejo rostos disformes, caretas medonhas, rugas, verrugas.
Pateticamente, a platéia também me vê, assiste espantada, entre gargalhadas e sustos, meus olhos esbugalhados, monstruosos, por trás das lentes de aumento. Grotescos, puro non sense.
Somos todos o que aparentamos ser? Somos marionetes, mamulengos, levados de cá para lá por mãos invisíveis?
Somos feitos de que matéria? Papel maché, madeira, carne, ossos, sonhos?
Me pego olhando estas árvores antiquíssimas e querendo ser como elas...centenárias e imóveis, assistindo à mesma peça inútil que, há milhares de anos, a humanidade encena.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Algumas Notas Alegres e Algumas Muito Tristes

* Hoje é um daqueles dias de muitos sentimentos misturados: alegria e uma imensa tristeza.
Tristeza porque uma blogueira amiga, escritora a Renata Farias do blog Por Toda A Minha Vida, de Olinda, faleceu, de infarto, aos 45 anos.
Eu tive contato somente duas vezes com a Renata, mas deu para perceber que era uma pessoa da melhor qualidade, escritora de primeira linha. O último post dela é um primor de bem escrito e ao lê-lo, assim que soube da notícia, ontem à noite, vi, claramente que se tratava de uma despedida: ela sentia que ia partir...Semana passada foi lançado um livro, uma antologia, do qual era co-autora. Ela estava feliz...Enfim, nem dormi direito essa noite, só pensava nela...A vida não tem mesmo explicação.

* Também hoje, minha queridona, amiga, irmã mais velha, ombro e abraços de mãe, a Welze, do blog Gostosuras sem Travessuras foi internada para fazer a cirurgia de que necessita na sexta feira. Peço a todos que enviem energias positivas e muita luz lilás para a cura da Welze! Queridona, estamos todos torcendo por você! Vai dar tudo certo, você vai sair dessa rapidinho com sua enorme força e coragem de guerreira que é! Grande, enorme beijo!

* Agora, um motivo de alegria...a Rosélia do blog Espiritual-Idade fez um lindo post falando sobre o meu livro.
Eu fiquei muito feliz por tê-la inspirado tanto e me emocionei com seu relato falando do quanto o Na Esquina Do Tempo Nº 50 mexeu com seus sentimentos. Acho que esse é o desejo secreto de todo escritor, foi o que escrevi para ela em seu blog, calar fundo, encontrar eco...e mesmo nas minhas linhas tortas, com as verdades pessoais que coloquei lá, saber que toquei, de algum modo, outras pessoas, outras mulheres, é algo libertador. Apesar de ser descrente, creio que o escritor tem uma espécie de missão, tal e qual um cruzado medieval: levar a palavra a quem não consegue falar de seus sentimentos, dar voz a quem cala, ser o arauto das ideias, espalhá-las, como quem semeia.

Acho que a Renata fez de sua vida, a sua missão: espalhou as sementes, lançou-as ao vento para que outros a tomassem e plantassem dentro de si.
Minha homenagem à ela e a tudo o que representa e foi nesta vida.
Que os deuses da escrita a recebam entre penas, tintas e papéis em branco.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Eu e Meu Livro no Blog O Que Elas Estão Lendo!

Um super presente de segunda feira, para começar a semana cheia de alegria e com a auto estima lá na lua!
Estou no conceituadíssimo blog: O Que Elas Estão Lendo, da Geórgia Aergeter e da Flávia Mariano.
Sou a escritora do mês. Nem preciso contar como estou feliz, não é mesmo? Vocês podem imaginar...
Dêem uma passada por lá para ler a minha entrevista.
Obrigada, de coração, à Geórgia e à Flávia pela oportunidade!
Café com Flores pra vocês, meninas! Beijos,

sábado, 21 de maio de 2011

Chá, Livros & Divagações...


Adoro quando o tempo está assim, como o deste fim de semana: friozinho, sol fraco, que de vez em quando se esconde, tímido, atrás de nuvens escuras. Quando posso sentar com um livro, uma caneca de chá e ficar, por longas, longas, horas, absorta e enfronhada num mundo em que não vivo, num outro mundo, paralelo, feito de estórias de outros, contadas com maestria, prendendo minha atenção.
Quando o fim de semana se aproxima e a casa se torna um entra e sai de gente, minha paz fica um pouco abalada, pois ando precisando de silencio e calma. Prefiro a casa deserta, mas também gosto de ter a família por perto. Mas mesmo tendo mais coisas a fazer, me retiro para o meu canto preferido e, quando posso, retomo o meu mundo e deixo a minha imaginação voar.
Ando tão mergulhada em meus escritos, que de vez em quando, preciso sair para outras caminhadas, por outras paisagens, outras épocas, outros países.
Isso me alimenta, me oferece uma diversidade de olhares, dos quais necessito para escrever.
Tenho notado algo que veio muito forte, em mim, com a maturidade: Meu olhar se aguçou, meu entendimento das coisas e do mundo se ampliou, como se meus neurônios se multiplicassem e minha inteligência se refinasse.
O auto conhecimento faz isso conosco, nos fornece subsídios para que compreendamos melhor o mundo.
Minha capacidade criadora também tem crescido de maneira notável. E isto não é auto elogio. É constatação.
A cada dia, sinto que minha criatividade se amplia, cresce. Seria isso o que os antigos chamavam de "sabedoria"?
Estou com minha atenção, também, redobrada. Meu lado observador, aprimorado. Como se meu radar para as coisas e pessoas estivesse exacerbado. Noto o que outros não notam, percebo o que outros não perceberam.
Todos os meus sentidos estão voltados para a criação, para o entendimento, para o depreender.
Livros fazem isso com a gente. Abrem nossa cabeça, nos preenchem, ocupam os cantos escuros, os lugares, os vãos.
Mas para que isso ocorra é preciso ter sido preparado, através da vida, para esse preenchimento. E ele vai sendo feito, homeopaticamente, ao longo dos anos.
Afinal, literatura não é botox. Escritores, que possam ser chamados por esse nome, não se encontram em qualquer esquina.
Para que a leitura encontre eco dentro de nós, é preciso mais do juntar palavras ou concatenar ideias.
Para que um escritor faça jus ao nome de escriba é preciso ter lido mais do que livros de auto ajuda ou romances de bancas de jornais.
Escritores se fazem ao nascer e se aprimoram ao longo da vida. E isso, não é para qualquer um. Podem até achar-se  escritores. Podem até ser descritos como tais, mas não o são e jamais o serão.
Volto eu para o meu sofá, meu chá e meu livro...já divaguei demais pela arte da escrita. Porque a escrita é arte. Tolos são os que pensam que, porque escrevem razoavelmente, são artistas. Mais tolos ainda os que escrevem mal, muito mal e, ainda assim se auto denominam escribas.
Para bom entendedor, um pingo é letra. Os maus entendedores, os que não têm estofo, esses, continuarão sem noção de quem realmente são...



foto sidewalkstories

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Para A Minha Princesa

Há alguns anos atrás (parece que foi ontem), num reino encantado e cheio de amor, nascia uma Princesa.
A mãe gostava de nomes curtos e tinha uma lista com vários, todos belos, mas ao ver o rosto redondo e vermelho da princesinha que acabara de nascer, seus cabelos muito escuros, seu narizinho bem feito e sua boquinha rosada, deu-lhe o nome de Thaís. Como na Ópera Thaís, de Messenet.
Hoje é seu aniversário.
Dizer que a amo, que ela será sempre a minha Princesa, nem preciso dizer mais.
Falar que desejo que a vida lhe dê tudo o que sonha e deseja, também não preciso mais falar.
Ela sabe. Ela sente.
A Vida me trouxe este presente há alguns anos atrás...Trouxe ao meu reino, nem sempre tão encantado assim, cheio de dores, angústias, fases difíceis, mas também outras, repletas de alegria e risos, orgulho, desejos realizados, essa pessoa forte e decidida, que herdou de mim a coragem para mudar, de buscar, de correr atrás do arco íris, mesmo que ele pareça distante e impossível de alcançar.
Essa princesa, se tornou mulher e hoje é rainha, dona do seu destino. Imperatriz coroada da sua própria vida.
Seja feliz minha eterna Princesa! Minha Rainha.
Filha linda e amada, desejo que encontre a felicidade e faça dela seu eterno par.
Com todo o meu amor!
Sua mãe,

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Novo Lançamento! Agora em Niterói!






Mais um lançamento do meu livro: Na Esquina do Tempo Nº 50! 
Pois é, agora a noite de autógrafos vai ser em Niterói, a cidade que escolhi para viver e que me acolheu com carinho. Como carioca da gema, tinha que fazer o lançamento no Rio, mas era preciso, também, fazer uma noite de autógrafos para todos os amigos que não puderam ir e que moram aqui em Niterói. 
Será no dia 03 de junho, a partir das 18:30 hs, no Bistrô MAC, Mirante da Boa Viagem, s/nº Subsolo.




Espero todos lá...
Ah! E mais uma coisinha...vai sair uma entrevista minha no jornal O Globo- Caderno Niterói, em breve.
Avisarei quando sair e, se der, postarei o link aqui.
Eu não disse que conseguiria? Quem apostou suas fichas nessa escriba que vos escreve colherá junto comigo os louros da vitória.
Quem achou que eu não conseguiria, I'm sorry!
Há uma leoa dentro dessa virginiana aqui...pode demorar, mas sempre consigo o que quero.
Beijos e minha gratidão aos amigos que sempre acreditaram nos meus sonhos, junto comigo,

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Meu Lugar de Escrever II



É aqui onde fico a maior parte do dia...


Com muitos dos meus livros em volta, minha coleção de canecas e, sempre que posso, encho o ambiente de flores...Essas rosas meu filho trouxe ontem para mim.



Amo flores e gosto de colocar algumas em todos os cantinhos...



Passo muitas horas escrevendo, por isso procuro fazer do meu lugar um canto aconchegante e perfumado. Há sempre uma essência, seja de alfazema, laranja ou rosmarinum, no aromatizador, que eu mesma pintei...



Canecas, canecas e mais canecas...Adoro! As duas das pontas são de Portugal. Procuro sempre comprar canecas aonde quer que eu vá. E os amigos costumam presentear-me também, quando viajam.

Aqui, neste lugar de paredes de tijolos, eu choro, rio, me emociono, me angustio. Aqui sou tomada, muitas vezes, pela dor mas também pela alegria de poder colocar em palavras tudo o que sinto.
Enfim, aqui é onde a inspiração vem, na maior parte das vezes à noite, bem tarde, quando a casa mergulha num silêncio que diz tudo...Gosto de escrever de madrugada, quando meus outros eus vêm à tona e me sussurram o que preciso ouvir.
E como têm me sussurrado ultimamente....................................

" Quando de teus bens mortais
fores privado,
E de tua farta despensa
só restarem 2 pães,
venda um, e, com o dinheiro,
compre jacintos,
para alimentares a alma."
Poema Persa 



Isso é o que tenho feito ultimamente, alimentar minha alma...

terça-feira, 17 de maio de 2011

Blogagem Coletiva - Apoio à Fundação Dorina Norwill

A fundadora, Dorina de Gouveia Norwill, ela também deficiente visual, falecida recentemente.

Estou participando da blogagem coletiva proposta pelo Alessandro Martins do blog Livros & Afins.
Uma blogagem diferente, humanitária, de apoio à Fundação Dorina Norwill, que oferece oportunidades para deficientes visuais e precisa da ajuda de todos os que puderem contribuir de alguma forma. Quem teve a oportunidade de ver ou ouvir entrevistas dadas por essa pessoa forte e determinada que era a Sra. Dorina, ficava emocionado com sua coragem e bom humor. Ela esteve à frente da instituição que leva seu nome por seis décadas e  lutou pela inclusão social de crianças, jovens, mulheres e homens cegos. Seu legado permanece, precisando da ajuda de todos os que, de alguma forma, possam cooperar. Vejam que trabalho fantástico a fundação vem fazendo há 65 anos:


"65 anos de inclusão da pessoa com deficiência visual na sociedade

Há mais de seis décadas, a Fundação Dorina tem se dedicado à inclusão social das pessoas com deficiência visual, por meio da produção e distribuição gratuita de livros braille, falados e digitais acessíveis, diretamente para pessoas com deficiência visual e para mais de 1.400 escolas, bibliotecas e organizações de todo o Brasil. A Fundação Dorina Nowill para Cegos também oferece, gratuitamente, programas de serviços especializados à pessoa com deficiência visual e sua família, nas áreas de educação especial, reabilitação, clínica de visão subnormal e empregabilidade.
Organização sem fins lucrativos e de caráter filantrópico, ao longo dos anos a Fundação Dorina Nowill para Cegos produziu mais de seis mil títulos e dois milhões de volumes impressos em braille. A instituição produziu ainda mais de 1.600 obras em áudio e cerca de outros 900 títulos digitais acessíveis. Além disto, mais de 17.000 pessoas foram atendidas nos serviços de clínica de visão subnormal, reabilitação e educação especial.
São mais de seis décadas de dedicação e de muitas realizações. Tudo isto graças a doadores, voluntários, amigos e patrocinadores que acreditam na missão da Fundação Dorina Nowill para Cegos e fazem da instituição uma referência no trabalho de inclusão social das pessoas cegas e com baixa visão."

Quem quiser, participe também dessa ciranda em prol da inclusão de tantos brasileiros.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O Que Trago em Mim


Mais uma semana começa. E me pego pensando no que virá...
Não posso adivinhar, nem tampouco arquitetar um plano ou um desejo, pois minha vida, ultimamente, anda tão fora dos trilhos, que tudo pode acontecer: Coisas boas, outras nem tanto e vou caminhando procurando olhar para dentro, procurando em mim e no que venho lendo e escrevendo as razões para que a vida continue a fluir como espero. Ou que somente flua, como um rio a descer as corredeiras, levando tudo de morto e seco, fertilizando as margens onde toca.
Tenho pensado muito, refletido muito e, como não ando muito bem humorada, tenho preferido ficar sozinha.
Nas duas últimas semanas li três livros. Três bons livros. Estou lendo um outro agora, que dará um ótimo post quando finalizar sua leitura. Mas por ora, me pego pensando no que trago em mim...
Trago em mim tudo o que já vi e li.
Trago em mim a escrita de outros, que vou depurando e transformando em sabedoria, em reflexões, em auto análise. Pego tudo o que li, vi e vivi e transformo a partir do que depreendo, do que entendo.
Uma frase desperta em mim algo sutil, que estava lá, adormecido, como um vento que sopra e desenterra um baú escondido. Às vezes, só uma palavra, tem esse poder mágico de descortinar uma ideia inteira, um capítulo inteiro se faz de uma única e encantada palavra.
Ando mais introspectiva que nunca. Sou extrovertida quando estou entre amigos, mas aquela parte de mim, como já disse antes, é só a ponta do iceberg. A parte mais profunda do meu eu, ninguém vê, ninguém conhece, talvez nem eu mesma me saiba toda.
Mas o que trago em mim às vezes me dá medo. São tantas coisas, tantos sentimentos que nem sempre consigo decodificá-los. Será que era isso o que os escritores antigos definiam como loucura?
Será que essa loucura, é não ter palavras, muitas vezes, para definir sentimentos e essa impossibilidade cause dor e angústia tamanhas que possam ser confundidas com a perda da razão?
O que trago em mim é indizível, é sem tamanho, é inexplicável. Daí a solidão, daí a sensação de não poder dividir, daí a angústia.
A visceralidade me consome. Mas a escrita me salva de mim mesma.
Porque trago em mim a dor do mundo que, somadas à minha, me fazem a cada dia, inversamente, mais incompleta.
Mais densa e, no entanto, mais difusa.
O que trago em mim?
Universos. Uni. Versos. Unir Versos.
Este é meu motivo. Esta é a minha força para seguir adiante.
E é esta  força o que trago em mim.


sexta-feira, 13 de maio de 2011

Os Sem Noção - Up Date

Às vezes eu gostaria de ter menos educação e oferecer para algumas pessoas o famoso chá (imaginário) de Simancol.
Tenho visto cada coisa ultimamente em matéria de falta de noção...Ou as pessoas não pensam um mínimo no outro e só olham para o próprio umbigo ou são tão egoístas que acham que a humanidade existe para lhes render homenagens ou são mesmo uns aproveitadores.
Há os que mesmo sem intimidade se fazem de íntimos e se imiscuem na vida alheia, sem pedir licença. Basta uma brecha, uma ínfima brecha para se acharem os "melhores amigos" com direitos inalienáveis.
Há os que acham que por serem amigos não precisam comprar o livro de um amigo escritor(a), sem imaginar que o dito amigo tem contas a pagar, e que se o pobre coitado fosse dar os livros para todos os amigos, ficaria ainda mais pobre do que antes. E estes são, justamente os que emprestarão o livro "ganho" aos amigos e parentes para evitar que gastem dinheiro comprando o livro..."Para que?" dirão eles, "Se eu ganhei, posso te emprestar, compra não...bobagem..."
Há os que mesmo que a gente fale MIL vezes que é ateu, escreve ou fala, manda cartões ou recados, ou ainda comentários do tipo: "Para que você sinta o quanto Deus te ama". "Um dia você sentirá a revelação"...e coisas do gênero...além de falta de respeito, uma falta de educação sem tamanho.
Penso que minha mãe me ensinou boas maneiras demais...Queria saber rodar a baiana e falar umas verdades para quem merece ouví-las...Mas, não, não é de bom tom, é falta de educação, é politicamente incorreto...posso perder o amigo(a)...posso magoar, posso ferir...Então engulo quieta e calo. E quase morro entalada!
Mas, me digam vocês, ultimamente (ou é impressão minha?) as pessoas não andam perdendo demais a noção dos limites, não?
Não tem gente se aproveitando de ideias alheias, da bondade alheia, de amizades e da educação dos amigos ou supostos amigos para se dar bem?
Ando cansada de certo tipo de gente...
E os "gargantas"? Aqueles de quem tudo é o melhor? Os filhos são os mais inteligentes, têm os amigos mais ricos e chics, têm a casa mais bonita e a família mais unida? Nada deles é imperfeito. Aliás, como dão importância à status, riqueza  aparência...E eu que achei que isso já andava meio demodê...dar importância aonde vai, com quem vai, se gastou muito, se comprou isso ou aquilo ou  relaciona-se com gente endinheirada.
Pior é que conheço várias pessoas assim. No discurso dizem que não dão importância a essas coisas, mas nos atos...ah! nos atos são uns sanguessugas da suposta "riqueza" ou "bem de vida" do outro...Como diria minha mãe: "fazer cumprimento com chapéu alheio". Tem disso aos montes.
Ando farta.
Não é à toa que vivo mergulhada em meus livros e escritos...Definitivamente não me incluo nesse mundinho pequeno e vazio dos sem noção...Mundinho esse, onde eles são reis e rainhas de um universo que gira ao redor deles...
Ultimamente prefiro a minha própria companhia e a dos meus livros, do que ficar ouvindo abobrinhas e obviedades rasas ou quem se vangloria pelo fato de ter amigos poderosos...Tô fora!
Chá de Simancol.  Agora que começa a fazer um friozinho gostoso, é sempre tempo de se tomar um pouco, à noite antes de deitar. Eu recomendo!

Up Date:
PS -Dei meu livro, de presente, para três amigos muito queridos que me ajudaram e me apoiaram muito, me enviando livros, me incentivando a escrever e me fazendo descortinar a mulher escriba que havia em mim, achei por bem fazer-lhes esse agrado como uma forma de demonstrar meu carinho e gratidão. Gostaria de ter dado muitos mais, a muitos outros amigos queridos, a quem devo muito, mas infelizmente, não me foi possível, pois pretendo pagar minhas contas e viver da minha escrita(?!). Esta é uma explicação necessária, pois não estou de forma alguma falando destas pessoas. Espero que todos tenham compreendido.
Beijos,

terça-feira, 10 de maio de 2011

Boas Notícias!

Meus amigos e queridos leitores: É com muito prazer e grande alegria que comunico que, em menos de um mês, meu livro chegou aos 150 exemplares vendidos.
Graças à divulgação de alguns bons amigos, do Facebook, da propaganda boca a boca e ao tema que tanto tem agradado às mulheres de todas as idades, tenho, dia a dia, conquistado mais e mais leitores. Alguns, já fizeram posts sobre o livro, outros ainda farão, pois ainda estão lendo, outros ainda irão receber.
Talvez alguns esperassem mais, outros amaram. Tenho recebido inúmeros emails contando sobre como estão se reconhecendo nos capítulos, ou reconhecendo alguém que faz parte de seu círculo de amigas, mães, parentes.
Não pretendi com ele fazer nenhum tratado de como é a vida na maturidade. Ou dizer o que é certo ou errado. Falei de mim e do que vejo e sinto. Não se trata de um livro de auto ajuda.
Aliás, é sim. Pois através das páginas que iam saindo de mim, pude me ver mais, me conhecer mais, levando-me a um auto conhecimento, senão total, pelo menos de uma parte de como sou.
Escrevi ali o que escrevo aqui. Mostro-me lá, como me mostro aqui. Inteira, sem subterfúgios, transparente.
Agradeço a todos os que me ajudaram, tem feito divulgação, tem falado do livro para suas amigas e familiares.
Preciso demais dessa ajuda, desse "disse me disse", como as brincadeiras de criança onde um conta pro outro, o famoso "telefone sem fio", como só as mulheres são capazes de fazer.
Num dos capítulos falo numa matilha de mulheres lobas, famintas, desejando afeto, companheirismo, amizade, solidariedade...coisas que nós, mulheres, sabemos fazer como ninguém...
Minha gratidão a todos e meu pedido para que continuem divulgando, me ajudando a fazer deste livro, quem sabe um best seller...Se tantos livros medíocres constam da lista dos dez mais, porque não o meu?
Pretensão a minha? Talvez.
Mas sonhar não custa nada e sonhos existem para serem sonhados.
Ajudem-me a sonhar, sonhando comigo!
Beijos a todos!

Foto gentilmente cedida pela minha amiga-irmã Beth.

Aqui alguns blogs que já comentaram e fizeram sinopse, vou atualizando conforme forem escrevendo, por favor, me avisem:
Lúcia Soares - http://luciahsoares.blogspot.com/2011/05/meninas-os-eu-li.html
Calu - http://fractaisdecalu.blogspot.com/2011/05/pelas-esquinas-do-tempo.html
Beth Lilás - http://supremamaegaia.blogspot.com/2011_04_24_archive.html#6628254186019395484
Mila - http://bosquesdealim.wordpress.com/2011/05/06/minha-mae-na-esquina-do-tempo-n%C2%BA-50/
Nilce - http://www.nilceguerreira.com/2011/04/o-grande-dia.html
Lu Souza - http://lichiadoce.blogspot.com/2011/05/voce-ainda-nao-tem-nao-acredito.html

domingo, 8 de maio de 2011

É Bonita E É Bonita...



Como não sou ligada em datas, por ter memória seletiva, creio, e também porque acho que tenho coisas mais importantes a fazer, ler e escrever do que guardar datas, por exemplo, havia me esquecido que hoje faz anos que minha mãe morreu.
Há quem vá achar: Que absurdo, filha desnaturada! Na minha própria família, minha irmã há de achar isso um despropósito. Mas sou assim e quem gostar de mim que leve o pacote completo.
Pois foi perto dos dias das mães que minha mãe morreu, há dez anos atrás. Ou serão onze? rsrs Não me ligo nessas coisas...
Não fiquei traumatizada, pois já era adulta, minha mãe sofria de câncer, estava com 81 anos e eu já era atéia sem o saber, pois achava um sofrimento sem razão mantê-la viva com uma doença fatal.
Sou assim pragmática e poeta, vá entender...
Já meu pai, morreu quando eu tinha 15 anos, numa véspera dos dias das mães. Não fiquei traumatizada com o fato de ser dia das mães e meu pai ter morrido, talvez para minha mãe sim, todo ano, essa data a fizesse lembra-se dele e ficar ainda mais triste. Ela, que abdicou da vida aos 54 anos ao ficar viúva.
Lembro-me bem que ao engravidar de minha primeira filha e saber que ela nasceria, provavelmente, no dia em quem meu pai morreu, minha mãe ficou muito ansiosa, rezando e pedindo aos céus que ela não viesse ao mundo no mesmo dia: 12 de maio.
Eu lhe dizia: Mãe, olha só, se ela nascer no mesmo dia, isso será um bom sinal. Sinal de que teremos um motivo para ficar felizes nesse dia e não tristes.
Mas qual! Ela não queria saber dessa estória de neta nascendo no dia em que o avô havia morrido e continuava rezando e pedindo a todos os santos que ela não nascesse nesta data.
Acabou que minha filha veio a este mundo no dia 20 de maio...Minha mãe ficou feliz, agradeceu aos céus, católica devota que era.
Lembrei-me desse fato agora, nem sei porque, para contar a vocês que se ela tivesse nascido no dia 12, para mim, seria indiferente. Não porque eu seja fria ou não tenha amado meu pai, mas por ter uma visão da vida e da morte muito diferente da maioria das pessoas.
Sou esquisita? Não sei.
Criei um envoltório para não sofrer? Talvez.
Só sei dizer que, para mim, se minha filha houvesse nascido neste dia, seria um motivo de felicidade, haveria toda a simbologia do renascer embutido aí, seria um dia em que lembraríamos de meu pai com carinho, pois ele (para quem crê) teria simbolicamente enviado a neta para preencher um vazio que a sua morte prematura havia deixado na vida da família.
Escrevo isto para dizer que a vida, por mais que pareça triste ou sem sentido pode ser direcionada para um sentido maior que independe de religiões ou crenças.
A Vida, por si só, já faz todo o sentido.

PS: E como diria Gonzaguinha na belíssima canção E a Vida...é bonita e é bonita...

sábado, 7 de maio de 2011

Às Mulheres do Mundo


"A mulher é certamente um elemento humano
fora do comum: as casas só não envelhecem porque ela existe.
Um cuidado feminino suporta a construção
(como o cimento). Uma casa
só não cai, se dentro dela existir alguma delicadeza." - Gonçalo M Tavares - Uma Viagem à Índia

Não vou ser mais uma a escrever sobre a maternidade, sobre como é bom ser mãe, ou cair nos clichês e chavões de praxe. Até porque não gosto destas datas puramente comerciais que o homem inventou para vender fogões e aspiradores de pó.
Quero sim, homenagear as mulheres, sejam elas mães ou não.
Que elas conscientizem-se do seu poder, nesses tempos conturbados que estamos vendo e vivendo, e possam restabelecer o contato com seu lado delicado, para que os alicerces do divino que mora em todas nós, façam desse planeta, dessa Mãe Terra, um lugar melhor para se viver.
Meu abraço de fêmea a todas as mulheres do mundo.
Paz e Bem!

Foto: fyearhruins


sexta-feira, 6 de maio de 2011

Olhando No Espelho / Erros


Olhando no Espelho / Erros

Há muitos anos atrás, um amigo me disse que enquanto as outras pessoas da nossa convivência, eram arroz com feijão, eu era um prato exótico....
Os anos se passaram e, um outro amigo, um dia me disse: você é transparente, não consegue esconder seus sentimentos...
Há pouco tempo, uma outra amiga me falou: você é uma pessoa
muito densa...
Até agora, pra falar a verdade, não sei direito o que eu sou...sou densa, transparente, um prato que foge à mesmice...o que as pessoas enxergam em mim?
O que eu mostro pra uns que não mostro pra outros?
Sou tudo isso junto, ou cada coisa separada?
Sou arrogante? Sou fácil de entender? Sou fácil? Difícil? Transparente? Densa? Sou caótica ou de simples leitura?
Acho que sou tudo isso...mulher de mil faces, de mil fases...Mulher que transgride, mas que também aceita.
Erros? Todos...
Fêmea louca, mas também serena... Sábia e imatura...Carente e auto suficiente...
Não seremos todas nós, assim?
Não seremos, nós, todas as mulheres, um pouco disso tudo? Basta conhecer um pouco de nós mesmas?
Mas quem conhece a si mesma? Quem consegue se enxergar de fora, extra corpo, como numa fotografia?
Há alguma mulher capaz disso? Há alguma dentre nós, capaz dessa análise fria, de se olhar como se olha um espelho e ver através dele?
Como eu me vejo?
Como seria se eu pudesse me ver de fora, como seria me ver e me sentir como os outros me sentem?
Ao mesmo tempo, essa tarefa seria impossível, pois hoje sou uma, hoje estou bem, mas amanhã, como estarei?
Sou bipolar? Acho que sou muitas...Acho que sou todas...Sofro muito...Às vezes sou tão feliz!
Toda mulher traz dentro de si todas as possibilidades...nosso mundo é um mundo só nosso...intangível, inatingível...por isso é tão difícil que nos entendam...
Tem dias em que acordo monstro...quero me engolir, me aterrorizar, bicho papão de mim mesma...
Outros, acordo princesa...quero me enfeitar, me acarinhar, apaixonada por mim mesma...
Noutros ainda, sou sapo...detesto tudo o que vejo em mim, acho que fiz tudo errado, chuto meu próprio rabo...
Dá pra entender quem sou?
Será que alguém me conhece?
Sei lá...Só sei que apesar da dor, das perguntas, dos questionamentos...até que é divertido ser mulher...
Só sei que a graça da vida é se olhar no espelho e, procurar...

Este post é uma reedição e faz parte da brincadeira que meu amigo Roy do blog Suma Irracional vem fazendo com as palavras e que me presenteou publicando meu texto na íntegra no Facebook e no seu blog.




quinta-feira, 5 de maio de 2011

Ainda Sobre Uma Viagem À Índia...

Acabei de ler ontem, entre extasiada e perplexa o livro Uma Viagem à Índia do Gonçalo M Tavares sobre o qual já havia falado há uns posts atrás...
É um daqueles livros que se termina a leitura, meio que em estado de choque, tal a força dos pensamentos e insights filosofóficos com os quais o escritor nos confronta, forçando-nos, quase que nos empurrando, a refletir sobre eles, sobre a vida, enfim.
Senti esse mesmo tipo de empuxo para dentro quando li As Benevolentes de Jonathan Littell. Ambos livros grossos, de muitas páginas. Ambos livros que nos fazem pensar. E muito. Um, uma epopéia metafórica, outro, um romance, não no sentido romântico, mas sim no estilo de narrativa.
As pessoas, aqui no Brasil, como não têm o hábito da leitura, associam "romance" àquela coisa água com açúcar ou onde há um herói, uma heróina, e os clichês de praxe.
Não, não há nada de romântico no livro As Benevolentes. ( Quem quiser saber sobre o livro clique aqui e aqui. ) Fiquei tão impressionada quando o li que escrevi dois posts sobre ele, exatamente como faço agora com Uma Viagem à Índia.
Traçando um paralelo entre os dois: Ambos falam sobre a maldade humana e até que ponto ela existe em nós e pode ser desperta a um simples toque, a uma ideia, um ideal.
Mas, por favor, não me venham com aqueles comentários do tipo: Eu sou tão bonzinho, não há maldade em mim, não tolero gente má, o homem é essencialmente bom....tudo balela!
Por favor, não me venham com essas baboseiras! O homem é essencialmente mau e as culturas e religiões é que nos compartimentam e nos encaixam em regras.
Se o homem fosse bom não haveria guerras ataques terroristas, dizimação, genocídio, pedofilia, regozijo com a morte de criminosos.
A maldade humana é fato. Povos inteiros são levados a deixar seu lado bárbaro vir à tona, basta uma simples fagulha, um rastilho de pólvora e um fósforo.
Deixo aqui uns trechos de Gonçalo M Tavares para reflexão. Reflitamos pois.

"Eis pois que uma conspiração parece começar.
O que indispõe homens contra homens?
De onde vem a náusea daquele homem
que passeia entre ruínas desertas e
a inveja daquele outro que passeia ao domingo
em ruas repletas de comércio
e de cidadãos competentes? É no sono
que os homens se fazem maus, eis uma possível resposta;
aí, de olhos fechados, nesse acto universal, se cozinha o
                                                         [ pão da maldade."

"....De facto, Bloom, já o sabe há muito:
somos inseparáveis do nosso pior.
Pode-se fugir durante anos,
mas cada um é inseparável da sua maldade....."


"....Não se enterra a maldade - eis no que reflecte Bloom -,
ela é apenas interrompida......" 

Não estou fazendo apologia da maldade humana, pelo contrário, nem dizendo que só há em nós o lado mau,  mas tentando fazer, que ao reconhecê-la, também, como parte intrínseca de nós, saibamos lidar melhor com esse lado obscuro e talvez, assim, ao nos olhar no espelho, saber quem somos, sem negar do que somos feitos.

Foto daqui. 

Desejos

Acabei de vir do blog da minha amiga Luma onde ela faz aos seus leitores a seguinte pergunta: "O que mais você deseja da vida?"
Para mim, a resposta é fácil: PAZ.
No momento, para mim, o maior luxo que pode existir é ter paz. Paz  para deitar no meu travesseiro perfumado e macio e dormir sem grandes problemas, com a cabeça descansada, sem preocupações e sem calmantes.
Não tenho grandes ambições.
Quero escrever, e se possível que meus livros sejam lidos com prazer e que eu possa me sustentar aliando o prazer da escrita à profissão de escritora.
Viajar, pelo menos uma vez por ano.
Ter saúde e ver meus netos e filhos realizando-se tanto emocional como profissionalmente.
Mas, principalmente ter PAZ. Paz de espírito, consciência tranquila.
Como bem diz a Luma no seu post, cada idade tem suas dores e delícias.
Desejo que a minha velhice tenha paz e dignidade, e os meus sonhos, esses, bem sei, continuarão comigo, porque como diz a canção: sonhos não envelhecem...E os meus, nunca envelhecerão.