Eu, autografando Na Esquina do Tempo nº 50.
Hoje se comemora, mundialmente, o Dia do Livro. Para mim, não poderia haver data mais santificada e simbólica do que esta.
Dia santo. Feriado no meu coração.
Dia em que reverencio os meus santos de devoção: São Fernando Pessoa, São Carlos Drummond de Andrade, São Érico Veríssimo, São Eça de Queirós, Machado de Assis, Ferreira Gullar, Fernanda de Camargo Moro, Sophia de Mello, Mia Couto, Balzac, Melville, Jorge Amado, Zélia Gattai, Rachel de Queirós, Monteiro Lobato, todos os autores que li ao longo da minha vida, tantos que já nem me lembro da maior parte deles.
Mas os tenho cá dentro, pedaços de mim, que me marcaram a alma, à ferro, à lágrimas, à sentimentos.
Já esqueci inúmeros enredos, inúmeras tramas das milhares que li, mas todas deixaram pequenos traços na minha escrita, na minha personalidade, na minha maneira de ver a vida e o mundo.
Neste dia, dia do meu maior objeto de adoração, de devoção, o livro, tenho pena de não poder ler tantos quantos eu gostaria, de não poder comprá-los às dezenas, como eu gostaria, de ter tempo ainda para ler todos os que não tive o prazer de ler, de cercar-me por eles, por todos os lados. Mas não resta muito tempo agora, já não há tempo para lê-los todos.
Se há algo que me daria imenso prazer neste momento de minha vida seria poder ter os livros que desejo. E são tantos!
Mas, infelizmente, a vida é traiçoeira e nos dá de um lado e nos tira de outro. Nada é perfeito. Na maior parte do tempo, a vida é injusta.
Mas neste dia santo, dia em que também eu fui agraciada com uma pequena conquista, ter meu próprio livro publicado, só posso ser grata aos meus amigos, aos meus leitores, à tudo o que li ao longo desses mais de 50 anos, vividos intensamente.
Porque, como me disse uma amiga, há uns dias atrás, sou intensa em tudo o que faço. Essa intensidade, às vezes me causa dor e arrependimentos. jogo-me de cabeça seja nos sentimentos, seja nas amizades, seja no acolher ou no repelir.
Não sou de meias palavras, de fingir o que não sinto. Ando aprendendo, por força da vida, a segurar as rédeas de mim mesma. Por força do ter que viver em grupo. Mas ando me aviltando, me corrompendo. É preciso, é necessário. Mas ando angustiada por me obrigar a ser quem não sou.
Não é tarde para aprender a conviver, embora às vezes, me imagine uma ermitã, vivendo isolada do mundo, no alto da minha montanha.
Muitas vezes, por dentro estou assim: lá, no alto de uma montanha, embora aparentemente esteja entre pessoas que não tem nada a me dizer, que nada me acrescentam. Então, fecho os olhos e me imagino a ler um livro...
Mas é inevitável. É preciso.
Como todo poeta é louco, me permito ser também louca, muitas vezes, embora preferisse o ser a maior parte do tempo, pois sou louca sim, e para a minha loucura não há remédio.
E porque há mais dor em mim do que alegria. E porque há mais desespero e solidão do que simpatia não espero que me compreendam. Desejo, mas já não acalento ilusões. Sou por natureza complicada e insana, complexa demais para que me entendam.
Não tenho pretensões de colocar-me ao lado de meus santos de devoção, meus amados escritores, as pessoas que me abriram o mundo e o desvelaram para mim. Não quero isso. Quero apenas poder sentar-me com um livro nas mãos e, por toda a eternidade saber o que há nas entrelinhas. Entender o que foi escrito e sentido pelo deus-escritor ou deus-poeta no momento em que o criou. Porque cada livro é um mundo, um sistema planetário.
Este é meu último desejo. Não ser compreendida ou sequer lida, mas entender que a santidade, a verdadeira beleza do mundo está contida nas páginas, no sistema solar, de um bom livro qualquer...
Convido-os a lerem também o texto que publiquei no meu outro blog Café com Bolo & Poesia.
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33 comentários:
Glorinha, mais uma vez parabéns pelo livro, já soube que é uma delicia de ler, estou aqui esperando ansiosa que o meu chegue para poder devora-lo. Nós que nos julgamos artistas, você como escritora eu como arquiteta e tantos outros que conhecemos por ai, somos loucos e insanos, não vivemos a realidade por inteiro, ou não a queremos viver, as viagens de nossas mentes nos fazem viver em uma roda gigante... vire e mexe de ponta cabeça, seja sempre autentica, nunca seja o que na verdade não é, ando pensando assim, agrade sempre a sim mesma.
Que seus santos de devoção sempre a proteja.
Adorei ver as fotos.
beijos e carinhos
Muito querida Glorinha...
Leio-te e leio-me...
"Não sou de meias palavras, de fingir o que não sinto."
"E porque há mais dor em mim do que alegria..."
Mergulho nas páginas do "Cemitério de Praga" e...a felicidade cabe de repente, novamente, em todas as letras impressas em centenas de folhas de papel...
Mil ternuras
Oi Gê, obrigada querida. Nossa insanidade pelo menos nos faz ficar mais eruditas...rsrsrs embora eu, a cada dia, menos sábia....hehe beijos, obrigada,
Loli, minha querida, e eu a ler o Gonçalo...retiro o que disse antes, talvez por estar meio zonza diante dos acontecimentos...Estou perdidamente apaixonada por sua escrita surpreendente a nos falar da vida, dessa viagem louca em busca de nós mesmos...beijos e todo o meu carinho, minha irmã de alma,
Glorinha,
Adorando seu blog!
Muito agradável... Me sinto em casa! BJO
Olá Glorinha, muito prazer em conhecer você e seu santuário.
Muito lindo seu texto! Também sou adoradora de livros e devota de escritores.
Vai ser um prazer sempre vir aqui tomar uma xícara de chá em sua companhia.
Adorei sua visita, volte sempre.
Beijos
Oi Raquel, fico feliz que tenha gostado, tb gostei do seu! Beijos,
Oi Mônica, então sentaremos juntas a tomar um chá, falar de livros e de nossos deuses....será bom demais! Beijos,
Que lindo ver vc a autografar seu livro.
Muito lindo mesmo.
Olha também sou devoto de alguns desses teus "santos".
beijinho, e boa Páscoa.
Nossos santos de devoção que velem por nós amigo Urbano! Amém! Beijo grande e obrigada pela gentileza,
Somos todos devotos dos teus "santos", Glorinha.
E que delícia de loucura é esta de entender os escritos, vivê-los e povoar nossa imaginação.
Só os livros nos dão essa oportunidade de criarmos detalhes diferentes a cada leitura.
Bjs no coração!
Nilce
Glorinha, essa solidão é necessária para quem escreve! Por isso a maioria dos escritores fazem "retiros" para escrever, se alojam sozinhos em hotéis, longe de parentes e principalmente dos barulhentos - as escritoras padecem mais, principalmente se são casadas - filhos e marido que solicitam o tempo todo e que indiretamente colocam o que é de prioridade ficar em segundo plano. Vou para a ilha de Madagáscar, quer vir comigo? (rs*) Feliz páscoa! Beijus,
Oi Nilcita, uns são mais devotos, outros menos, uns fingem que são, outros os ignoram, mas, mesmo não sendo devotos dos mesmos santos, mesmo não sendo um leitor compulsivo, mesmo gostando de livros de auto ajuda ou escritores vampirescos, sempre qq um, tirará boas lições dos livros, mesmo que leiam pouco ou quase nada, alguma lição se tira, até dos ruins...beijos,
Oi Lumita, eu já vivo num retiro, praticamente, mas a família de uma mulher escritora, realmente não dá trégua...temos que nos subdividir em mil pra dar conta de tudo e, no momento, só queria escrever e ler, ler e escrever. Sozinha e em paz...Será que em Madagáscar consigo fazer isso? Se puder, vou sim....beijos querida,
Boa Páscoa querida, cheia de chocolate e amor.
Um beijo
Denise
Olá Glorinha,
Acompanhei o lançamento do seu livro, mesmo de longe.
Parabéns querida! Sei que é a materialização de um sonho, e creia: Já é sucesso.
Feliz Páscoa pra ti e seus entes queridos.
Paz e Luz!
Obrigada Denise, o mesmo pra vc, beijos querida,
Obrigada pela gentileza Sônia. Sei que acompanhou pela Nilce tintin por tintin....Obrigada pelo desejo de sucesso! beijos,
Glorinha aproveito para dizer mais uma vez o quanto estou feliz por voce ter lançado o seu livro, e de ja poder adquiri-lo.
Digo tb que, fui homenageada com um selo, distinçao para pessoas que agregam valor na blogosfera.
Como voce agregamuito mais valor do que eu, fazendo movimentos incriveis, chamando pessoas para blogagens e tantas outras coisas, resolvi escolher voce para homenagear como uma das cinco pessoas que fazem a diferença na blogosfera. Por favor va la no meu blog ver a homenagem.
Beijos e boa semana!
Cam
Glórinha, venho te desejar uma Santa Páscoa,espero e faço votos que seu livro seja um sucesso e na sua vida tudo de bom,um grande abraço,e um beijão
Glorinha querida, amei o texto, a ode aos seus deuses, esta prece, oração, ou seja lá o que for. Agora, mais do que nunca, você faz parte deste dia. Por que passou para o outro time, o dos autores. E por merecimento, por talento, por valor.
Encomendarei o livro esta semana. Estou mega ansiosa para lê-lo!
Desculpe a ausência no encontro. Lendo o que escreveu aqui acho que me entenderá melhor do que eu saberia explicar... Beijos.
Obrigada Camille, já fui lá em seu blog agradecer pessoalmente. Grande beijo,
Oi Xunandinha, muito obrigada querida. Grande beijo pra vc e sua família,
Ai Tati, estou ficando nervosa com as expectativas que todos estão criando em torno do meu livro. Não tive grandes pretensões ao fazê-lo, mas claro que ficarei feliz se gostarem. Senti mesmo sua falta nos dois eventos, sei que mora longe e com filho pequeno é complicado. Grande beijo, obrigada pelo incentivo,
Glorinha,
É com muita alegria que passo por aqui para agradecer-lhe pela cumplicidade permitida, ao acompanhar o Caminhar & Ruminar, que ontem completou o seu primeiro ano de vida. Obrigado!
A festa é você, a sua presença e amizade que empresta sem reservas! Tenha certeza, significa muito!
Receba o meu fraternal abraço!
todo ano nesse dia, me lembro dos livros que li, dos que tive intenção de ler, mas que ficaram na intenção. mas esse ano foi diferente. Lembrei-me de vc. De você e de seu livro. Os deuses estão com certeza muito felizes por mais um livro estar ao alcance dos mortais. Bela semana para você, minha querida. vc está linda demais na foto do perfil. vitaminada e poderosa como sempre, ou como nunca.
Oi Gilmar, fico feliz por ter recebido meu abraço fraterno no aniversário de seu blog. Desejo que seja feliz e realize seus sonhos. Grande beijo,
Ai queridona, assim vc me emociona...lembrou de mim no Dia Mundial do Livro? Que linda amiga eu tenho! Obrigada querida, não sabe o quanto é importante ouvir isso de quem temos certeza que nos ama! beijo enorme!
Glorinha, você é um vulcão de emoções! rsrs Acho que somos todos assim, só não sabemos exprimir, ou nos acomodamos e deixamos a vida passar.
Mas é certo que artistas têm uma inquietação própria. A imaginação, o trabalho, a composição, a realização, demandam em uma profusão de sentimentos que se atropelam e parecem desestruturá-los.
Não se cobre tanto, as pessoas que realemnte valem a pena estar com você certamente a conhecem direitinho. O resto, que pensem o que quiserem! "O choro é livre", não é? rsrs
Beijo e acalme seu coração!
Você é exatinha, na medida certa.
Deve ter percebido pela minha última matéria que igual a você, não sou de meias palavras.
Penso que os blogues, assim como os livros, devam ser absorvidos e não tomando o rumo que estão tomando, de uns interesseiros que buscam méritos sem sentido. Blogues também são escritos e não importa como, todos os escritos tem seu valor. É como a descrição que fez, que mesmo que não se recorde de todos os enredos, os detalhes das tramas dos escritos que leu, algo delas se materializou em sua personalidade, seu jeito de ver o mundo.
Não sou um autor de blogues convencional, daqueles que se poem a ler somente a última matéria postada. Porque muito antes de ser autor, fui leitor. Nunca me agradou futilidades de redes sociais, agora as tenho por ser aconselhado na divulgação de meus escritos.
Portanto, sempre vi os blogues como um livro virtual e, nunca lemos somente o último capítulo de um livro. Para entender a trama, os personagens e principalmente o autor, pois nada diz mais de um autor que seus escritos, é necessário que se leia por inteiro, ou se, com escasso tempo, um resumo.
É o que faço nos blogues antes de segui-los. Algumas vezes um último escrito pode nos fazer com que nos identifiquemos com ele, mas o restante do contexto não e isso não me motiva a segui-lo. Certamente que também há muitos blogues cujos assuntos não são do meu interesse, mas se vejo qualidade, gosto de explorar novos mundos, novas maneiras de enxergar a vida.
Li grande parte do seu, conheci uma parte de sua história, gosto como escreve deixando vestígios em entrelinhas, mas principalmente encontrei uma grande afinidade que é a paixão pela leitura que ambos possuímos.
A vida por vezes é injusta e não estarei a dar-lhe conselhos de ser o que você é, uma forma tão simplória de aconselhar, quando parece que em sua atual realidade isto não seja possível.
Para que ser compreendida? Quanto mais complexos, insanos e incompreendidos, mais interessantes nos tornamos.
Apenas posso lhe dizer que não fizeste uma pequena conquista, mas uma conquista muito grande, que irá marcar não somente a você, mas a todos que tiverem acesso aos seus escritos. Quantos escritores não almejam esta mesma conquista que hoje, você pode dizer orgulhosa, que conseguiu? Aproveite este momento, porque este sim é seu e ninguém lhe poderá tirar.
Oi Ghost, adorei seu comentário. Adorei mesmo! Somos bem parecidos e pelo modo com escreve posso perceber que sim, pensamos igual. Delícia descobrir gente que pensa como a gente na blogosfera, muitas e muitas vezes solo seco onde nada brota de novo ou bom. Fiquei feliz com a sua visita, obrigada, abração,
Glorinha, não sei nem o que comentar. Seus textos me encanta, me fascina. Simplismente Amo seu jeito de escrever. Mesmo as tristezas da vida, as angustias e inquietações da alma ganham um toque singular quando é escrito por você. Te admiro muito viu?
Beijos
Olá minha flor!
Que saudades!!! Tenho andado sumida da blogosfera, mas fiquei sabendo da publicação do seu livro, o que me deixou extremamente feliz, pois acompanhei sua trajetória, aqui mesmo no Café com Bolo, e sei o quanto batalhou por esse momento.
Por favor, separe o meu exemplar(autografado), pois estou louca para ler seu livro! Como faço?quanto custa? como pago?
bjo no core
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