Não, não é um livro fácil. Livro de quase 600 páginas, mas que nos vai enovelando em sua trama metafórica de tal maneira que não se consegue largá-lo. Acabei por deixar os outros que estava lendo de lado e me dediquei somente a ele, página por página, marcando, escrevendo, passando linhas em volta das passagens e trechos que mais me tocavam.
E há inúmeras.
O livro é feito de metáforas. Como a Vida. Andamos sempre no limiar entre o real e o fantástico, entre o possível e o improvável.
Passamos muitas vezes por portais imaginários que nos levam ao passado e nos trazem novamente ao presente.
Num dos trechos que sublinhei, ele escreve e compara a vida à um labirinto, como nossas entranhas o são, labirínticas.
O livro não nos dá as respostas, muitas questões ficam no ar...entende-se como se queira, como se pode ou como se necessita entender naquele momento.
Este livro caiu como uma luva no momento em que atravesso. Senti que muitas vezes poderia ter sido eu a escrever o que ele havia escrito.
Deixo aqui, um dos trechos, entre tantos que mais gostei:
“E não há maneira de escapar à violência da tempestade, a essa tempestade metafísica, simbólica. Não te iludas: por mais metafísica e simbólica que seja, rasgar-te-á a carne como mil navalhas de barba. O sangue de muita gente correrá, e o teu juntamente com ele. Um sangue vermelho, quente. Ficarás com as mãos cheias de sangue, do teu sangue e do sangue dos outros. E quando a tempestade tiver passado, mal te lembrarás de ter conseguido atravessá-la, de ter conseguido sobreviver. Nem sequer terás a certeza de a tormenta ter realmente chegado ao fim. Mas uma coisa é certa. Quando saíres da tempestade já não serás a mesma pessoa. Só assim as tempestades fazem sentido.”Haruki Murakami, in 'Kafka à Beira-Mar'Só assim os livros fazem sentido, quando saímos melhores deles do que quando os começamos...
31 comentários:
Glorinha,
Parece ser demais mesmo este livro e nesta frase resume tudo o que estás vivenciando: "E quando a tempestade tiver passado, mal te lembrarás de ter conseguido atravessá-la, de ter conseguido sobreviver."
Ao que tudo indica, este livro caiu-lhe como uma luva ou um bálsamo neste dia de tempestade interna, né mesmo?
Que seu novo dia seja radiante, cheio do brilho do sol depois da tormenta!
beijinhos cariocas
Olá, Glória!
Seja muito bem vinda!
Passei por aqui e gostei muito da forma que escreves!
Me parece um livro interessante! Gosto de leituras que nos desafiam e entrar no território desconhecido, de nosso enigmático interior.
Eu particularmente nunca fui fã de respostas prontas, de manipulações camufladas.
Parece que tudo chega até nós no tempo "exato".
Grata por compartilhar a leitura, aprendizado e momento.
Bjus
Creusa
querida Glorinha
eu entro e saio dos livros de Murakami
e já sou tantas
que sei sempre quem sou
experimente "crónica do pássaro de corda" e do labirinto, passará ao poço
e iniciará o seu precurso de regresso a casa
é bom encontrar alguém, que do outro lado do mar
lê, o que gostamos de ler!
um beijo
manuela
...e o que é plugar??
manuela
Oi Glorinha...
Bom dia!
Que Deus te abençoe!
Esse gatinho da capa do livro me chamou a atenção... Agora mesmo tenho um no meu colo aqui igualzinho a esse!
Mas vim aqui, falar q tenho saudades de vc e passei aqui para te ver...
bjo
É tão bom quando lemos algo que nos dá prazer, aquece nossa alma e nos faz seres humanos melhores. Isso é bom d+! beijos
Oi Betita, ainda estou precisando ficar mais um tempo desplugada.....beijos,
Obrigada pela visita Creusa, livros que nos desafiam são os melhores, não é mesmo? beijos,
Olá Manuela querida. Desplugar é tirar o "plug" da tomada. Plug é como chamamos de fio ligado com uma tomada na ponta, então plugar é ligar, desplugar é ficar off, tirar o fio da tomada, compreendes? Ficar fora do ar...Obrigada pelas dicas dos livros. Há tantos que quero ler, muitos mesmo...teria que viver mil vidas para ler tudo o que quero, obrigada, beijos,
Oi Mylla, obrigada pelo carinho, beijos,
Com certeza Cíntia, ao terminar um bom livro, nos tornamos melhores, crescemos como seres humanos, nos conhecemos mais e à vida, beijos,
Gosto dos livros da Haruki Murakami (foi o meu Nuno -filho- ) que me trouxe este amor...Os dois somos loucos por livros. Tenho esse, mas, ainda não arranjei tempo para o ler.
Com as tuas dicas, despertaste o meu interesse e vou pôr outros de parte para ter acesso a esta "tempestade".
Beijo
Graça
Que lindo Alê! Os nomes japoneses são poesia por si só. Imagina, eu ia ficar amiga dele na hora! Me identifiquei demais com sua escrita. Gosto de quem mexe com meus neurônios...rsrs beijos,
Graça, amiga querida, pois lança-te à este! Vais amar, tenho certeza! E eu o li na edição portuguesa, com o português falado em Portugal, coisa que muito me encanta! Beijos,
Creio nisso.: Quando saímos de uma tempestade já não somos mais o mesmo.
Certamente crescemos.
Beijos, amiga.
Assim penso, amigo Élys, e ainda bem que seja assim! Beijos,
Oi Glorinha, faz tempo que nao escrevo mas sua leitura de Kafka me lembrou de autores filosofos e existencialistas que escrevem sobre o tema da vida, da humanidade e do ser humano. David Dennett comenta em "Darwin's Dangerous Idea" sobre o sentido das palavras, das coisas, da vida. A questao eh: existe sentido? Porque as coisas precisam ter sentido? Como dar sentido as palavras ja que muitas delas mudam o sentido dependendo de sua colocacao numa frase ou em que plavra damos a entonacao mais alta ao ler a frase. O cerebro humano eh muito complexo. Quando nossa especie se separou do ultimo elo comum com os primatas (os chipanzes) ha 6 milhoes de anos, comecou a experimentar uma serie de mudancas no cerebro que culminou na sofisticacao de hoje. Temos que nos exercitar para evitar cairmos em certas divagacoes que nos provoquem depressao ou incertitude. A necessidade em entender o mundo, as pessoas, a razao das coisas nos faz as vezes enveredar por areas fora de nosso alcance e causar ansiedade. Recomenda-se nao se estressar com o desconhecido ou com frustracoes de entendimento, mas continuar a busca sem se deixar abater pelos despontamentos. Afinal quem eh que sabe a verdade? Quem sabe a razao das coisas? E se nenhuma coisa precisa realmente de ter sentido?
As coisas - a vida - sao como sao. A humanidade continua em sua saga de entender as coisas, porem muita coisa esta fora da capacidade do cerebro de nossa especie de hoje. Talvez em um futuro distante... Voce ja ouviu falar em "meme"?
Um abraco
Shrek - Eduardo
Gosto muito de livros metafóricos, não conheço o autor, mas já estou anotando para as próximas leituras.
Bjs,
Grata pelo compartilhar.
Minha querida
parece ser muito bom esse livro , pois adorei o trecho que voce colocou ,vou ver se acho esse livro
bjs
Oi Glorinha
Já li dois livros desse autor que ganhei da Loli. Adorei!
Na minha última compra de livros queria trazer este, mas não deu. rsrs
Se você indica, da próxima vai ser o primeiro da fila.
É muito bom quando lemos um livro que nos transforma.
Como você está minha amiga? Quero notícias.
Bjs no coração!
Nilce
Olá Eduardo, bem vindo de volta! Esse livro não tem nada a ver com Kafka. Kafka é o nome do personagem, que metaforicamente escolhe esse nome, numa espécie de pseudônimo. O autor escolheu esse nome, logicamente, por se tratar de um livro non sense, como a obra de Kafka, onde a falta de respostas às questões não é o mais importante, mas sim, as metáforas que permeiam todo o livro.
Sei sim o que é meme. Gosto muito do Richard Dawkins, embora por vezes ele seja por demais prolixo em suas ideias. Quanto ao resto concordo com vc, muitas vezes não há respostas, sequer há perguntas a serem feitas... o que há é a Vida e vivê-la bem, eis a questão mais difícil de todas. Obrigada, suas vindas aqui sempre enriquecem um bocado meus posts, beijo,
Oi Norma, eu aconselho somente para quem gosta de ler livros complexos e de difícil assimilação, beijos,
Oi Lídia, é como falei acima, não é um livro pequeno (quase 600 páginas) e nem de fácil leitura. Mas recomendo para quem gosta de ler. Eu adorei! beijos,
Vale a pena se gosta de livros difíceis Nilcita! Eu estou mais ou menos, um pouco menos triste hj, mas ainda triste...mas vai passar...beijos, obrigada amiga,
Ah querida Glorinha, eu não podia deixar de comentar aqui hoje, apesar de estar um pouco "despuglada" também.
Para mim, é uma felicidade ouvir alguém falar com tanto agrado dum livro de Murakami.
Sabe que o editor Japonês de Murakami, colocou um site na web para que os leitores pudessem colocar questões sobre o significado deste livro?
Num espaço de três meses, os leitores Japoneses colocaram 8000 questões. O autor respondeu pessoalmente a cerca de 1000.
Numa entrevista declarou que o livro tem vários enigmas mas nenhuma solução...e acrescentou que a chave para o entendimento do romance estaria em lê-lo mais do que uma vez, ou estar atento ao cruzamento dos enigmas, através do qual uma solução poderia tomar forma, mas seria sempre diferente para cada um dos leitores.
Esse excerto que escolheu é também dos meus preferidos, num romance que é para mim uma permanente metáfora sobre a procura de nós próprios, entre a liberdade e a responsabilidade, o passado e o presente, o sonho e o real.
Navegando entre Beethoven e prostitutas que citam Hegel, gatos que falam, ou peixes que caiem do céu...
"Só assim os livros fazem sentido..."
Adorei a sua última frase.
Mil ternuras
Eu não só gostei Loli, amei!Mesmo muita coisa não tenha ficado respondida, mas só refletir sobre elas já nos faz bem. Como vc bem disse ele trata de tudo isso e até de peixes que caem do céu. E porque não?
Beijos querida amiga,
Loli, esqueci de comentar. Sabe? Eu prefiro ficar sem ter minhas questões e dúvidas sobre o livro respondidas...acho que essa é a graça dele, beijos,
Copiei o último trecho!
Muito bom!!!!!!!!!!!!
Muitas beijocas Glórinha
Oi Lalá...e esse trecho é só um deles...tem muitos outros trechos incríveis! beijos, saudades,
Apaixonante o modo que você se envolve com os livros, Glorinha!
"A verdade é um batalhão de metáforas", disse Nietzsche...
E, é o envolvimento que nos transforma no melhor que podemos ser...
Beijos!!
É sim Livinha. Me envolvo, me embrulho e me apaixono pelas estórias, claro que nem todas....Quanto à verdade, o que é a verdade além de ficção exagerada e kitsch? A vida é puro Almodovar, beijos,
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