Tempo de Faxina e Mais Uma Blogagem Chega ao Fim...

Ando precisando treinar meu desapego. Fazer uma faxina daquelas...Jogar fora o que não presta e guardar as coisas boas.
Chega o final do ano e aparecem aquelas listinhas idiotas de: Vou fazer isso... Não vou mais fazer aquilo no ano que vem.
Minha amiga Rê Rosembaum do blog Tô Fora, Tô Dentro fez um ótimo post sobre isso, aqui. E comentando lá, no blog dela, me inspirei a falar sobre isso.
Adoro listas. Já fui mais "listeira". Fazia lista desde as compras do mercado até os livros que queria ler...E, pior, não seguia nenhuma...Coisas de virginiana. Hoje faço menos, mas essa tal lista de final de ano, só fiz uma única vez. Coloquei tudo o que eu pretendia fazer e conseguir, no ano seguinte, num papel e guardei...No final do tal ano fui lá ver: Não tinha UMA única coisa que eu tivesse feito ou conseguido...Ah! Piquei em mil pedacinhos e fiquei com raiva da lista e não de mim...Oras, se não consegui cumprir foi culpa da lista que era muito difícil!
Peralá! Como assim? Que dizer que a culpa não era minha por não ter conseguido nada do que tinha proposto a mim mesma como meta? Era culpa de quem? Do meu marido? Dos meus filhos? Bem, por que é esta sempre a saída mais fácil: a culpa tem sempre de ser de alguém e não nossa se não conseguimos algo, se não entendemos algo, se não fomos capazes de fazer algo...Claro! Nós somos sempre as vítimas! Dos outros! Até da lista que nós mesmos fizemos!
Quando li a Rê, pensei logo nas listas de final de ano... Mas agimos assim durante o ano todo...é um tal de jogar nos outros a culpa da nossa incompetência, da nossa arrogância, da nossa intolerância.
Julgamos os outros com uma facilidade tal, como se nada fossem. Aquele fulano ali? Ah, um reles fulano...um burro, um ignorante, um imbecil, um maria vai com as outras. Rotulamos tudo e todos...Listamos tudo e todos, menos a nós mesmos. Alguns acham que pessoas existem para lhes babar o ovo ( é assim que se chama puxa-sacos aqui no Rio de Janeiro, Brasil), para servirem a eles, para lhes depositarem flores aos pés...E outros, do alto de sua prepotência e incompreensão, se fazem de cegos, surdos, mudos para não caírem do pedestal em que se colocam...pobres infelizes...como se pedestal houvesse...
Se fulano não concorda comigo, lógico que ele é quem está errado e não eu!
Se sicrano disse algo que me ofendeu, começo a falar mal dele pelas costas, pois claro, fui ofendido...
Se outro disse algo que não entendi, ele é que é burro, ignorante, pisou na bola, não sabe explicar...Logo o rotulo de sectário, de ditador, de caga regras, de convencido...ELE, não EU!
Não procuramos saber o que o tal fulano está passando, quais as razões dele. Eu não o conheço bem...nem sei direito quem é fulano...Será que ele tem razão? Será que não exagerei? Será que estou mesmo certo...não serei que EU que entendi mal?
Tenho tropeçado em gente assim e em mim mesma tantas e tantas vezes... Agindo assim, do mesmo jeito que condenamos nos outros, do mesmo jeito que não queremos que façam conosco, do mesmo modo que achamos feio, errado e vulgar.
Só tem um detalhe: Me olho no espelho e vejo que fui má, vil, volto atrás, peço desculpas...E quando acho que estou certa, não tenho mesmo que ficar me desculpando.
Esse tipo de "faxina interna", sinceramente, eu vejo que bem poucos fazem.
Será que é se humilhar fazer um mea culpa? Será que é feio voltar atrás? Será que o orgulho e a arrogância de alguns são tamanhos que não se permitem achar que erraram? Não, eles não erram! Não, pois estão acima do bem e do mal.
Olha gente, ultimamente tenho visto cada coisa aqui nos blogs que é de deixar quem fez vermelho de vergonha...Mas não, errados são os outros...Como bem disse Fernando Pessoa: "são todos príncipes na vida"...
Acho que faxinas foram feitas para isso. E as melhores são as que fazemos com a gente mesmo, diante de nós mesmos, na solidão do espelho ou do banho, ou à noite, na cama, quando falamos com nossos botões, nossos umbigos, nosso narcisismo exacerbado.
Fico pensando nas nossas listas, nas nossas prioridades, nos compartimentos em que separamos as pessoas...Todos vão morrer, como eu...Vão apodrecer, como eu. O pum do fulano cheira mal igual ao de todo mundo, ao meu inclusive...
Vamos todos nos encontrar no inferno, no céu ou, muito provavelmente, no meu modo de ver, nunca mais iremos nos cruzar por aí, em nenhuma galáxia ou em universos paralelos...Então, vamos baixar a bola...somos todos iguaizinhos...só que uns se enxergam e outros tem uma visão de si mesmos, digamos, um tanto ou quanto exageradamente deturpada para melhor...
A Rainha da Inglaterra fede se não tomar banho igualzinha à dona de casa da China se não tomar uma ducha com sabonete, bem cheirosinho, depois de uma boa faxina...
O Rei da Espanha tem azia e arrota igual ao trabalhador das minas da África do Sul...
Somos todos irremediavelmente humanos, cheios de falhas, defeitos...erramos, erramos e voltamos a errar.
Apontamos as falhas do outro com uma destreza...somos rápidos e prestos e, no entanto, pobres de nós, não enxergamos nossas próprias falhas e erros...
Não sou espiritualizada, nem bato no peito me dizendo iluminada, mas sei pedir desculpas, sei quando devo voltar atrás, sei se fui injusta, mas também sei se fiz algo legal e bacana. Tenho visto cada atitude feia, horrorosa, desleal, por debaixo dos panos nessas últimas semanas...coisas que me deixaram realmente entristecida e cada vez mais descrente na raça humana...E, aturdida, noto que, de quem menos se espera atitudes vis, são justamente os que as tomam...
Até hoje, nunca atingi ninguém pelas costas, nem fui traiçoeira ou usei pessoas para conseguir alguma coisa. Se não gosto de alguém, não procuro, se não tenho coisas em comum com outra não vou ao seu espaço dar palpites. Não fiz meu blog com objetivos de angariar gente, seguidores ou puxa sacos... Fiz pelo prazer de escrever, de conhecer gente, de fazer auto análises e catarses, como tenho visto tantos fazerem, eu, inclusive. Minhas blogagens coletivas são sempre harmoniosas e afinadas e é com imenso prazer que tenho tido a honra de orquestrá-las...As pessoas que participam sempre das minhas blogagens não são meros nomes em listas: muitos se transformaram em verdadeiros amigos, de coração, na alegria e na tristeza e não gente que me usa ou eu a eles só para se promoverem na blogosfera.
Se tenho que fazer, dizer, falar, eu faço e eu digo! De cara limpa. E ainda fico na janela para levar um tapão no meio da cara, se precisar. Não tenho medo, nem vergonha de pedir perdão. Não tenho medo de cara feia. Não deleto comentários no meu blog. Não mando recados. Se não concordo, calo ou discordo educadamente. Coloco no meu blog TUDO o que me escrevem. Até quem discorda de mim.
Não respondo ou respondo secamente quando não concordo. É meu direito. O blog é meu. Não o uso para ofender quem quer que seja. Nem para conclamar pessoas a se manifestarem contra quem quer que seja.
Acho que está na hora da faxina...Levemos para fora o que não nos serve mais: nossa arrogância, nosso rei na barriga, nossos julgamentos, nosso narcisismo, nosso desdém ignorante, nossas feiúras internas. Vamos guardar conosco o que temos de melhor, de mais bonito, de amoroso, de compreensivo...
Já fiz muita faxina interna e sei que ainda tenho muito que fazer...Pelo menos, pretendo, porque ainda quero viver muito...E, perfeição, meus amigos: Não Existe!
Feliz faxina para todos nós!


PS: Sou imensamente grata a todos os participantes da blogagem coletiva Minha Ideia é Meu Pincel por tudo o que aprendi, vi e vivi aqui, mais uma vez. Para quem não me conhece ou conhece há pouco tempo, esta é a terceira coletiva que faço sempre com muita harmonia, consideração e amizade.
Consideração e apreço pelos meus amigos de blog, para mim foi sempre, fundamental.
Emocionei-me e recebi grandes lições de como se deve ou não agir nesta última blogagem. Continuarei como sempre fui, sincera, franca e, por vezes, destemperada. Quem quiser, fique, quem não gostar, sorry, é só não voltar...
Esta foi a terceira blogagem que orquestrei em um ano de blog e, como sempre digo, vocês todos foram os instrumentos. Para que uma orquestra funcione, há que ter o maestro e há que ter os instrumentos. Um, não existiria sem os outros. E, quando chamo a mim mesma de maestrina não é com arrogância ou prepotência, mas sim, com o desejo de organizar e agregar, até porque, apesar de as ideias serem minhas, elas só são passíveis de execução quando encontro resposta e recebo o aval de todos os amigos.
A nossa, no final, deu um show de afinação com muita sinceridade, emoção e reflexões.
Gostaria de lembrar a todos para que escolham o melhor post entre todos os da blogagem, desde seu início. Meu blog não está em votação e nem votarei em ninguém para não dar margem à confusões e más interpretações. Peço que mandem seus votos para os comentários deste post.O post que receber mais votos será publicado em meu blog na próxima quinta feira, dia 09/12. Fecharemos então, com chave de ouro, nossa belíssima e emocionante ciranda em torno da Arte e de suas pinceladas. 
Porque não existe Arte menor...
"Arte é uma mentira que nos faz perceber a verdade" - Pablo Picasso. 
Beijos a todos,