quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sequestro Emocional

Ainda agora, assistindo ao programa Saia Justa no canal GNT, fiquei tão impressionada com o assunto sobre o qual falaram, que vim correndo escrever sobre isso.
Conheço váááários sequestradores emocionais. Alguns fazem parte do meu círculo de conhecidos.
Outros abandonei lá atrás na minha vida, mas pude, depois de ouvir sobre o assunto, inclusive o psiquiatra Luis Cushnir, ver tudo com mais clareza.
O sequestrador emocional é aquele que só dá um pouco de si. Porque ele deseja que o outro dependa dele. Seja seu refém.
Então ele só faz meio elogio, para o outro ficar na expectativa do resto do elogio no dia seguinte.
Ele não fala que ama, pois ele precisa que o outro tenha dúvidas sobre seu sentimento.
Seja refém de seu amor.
Ele finge que não dá a mínima para a companheira, namorada, mulher, pois precisa que ela tenha necessidade do seu amor, numa dependência psíquica, quase como de uma droga.
Ele a leva pela coleira, para poder puxar na hora em que lhe aprouver. Chama a atenção dela o tempo todo: não faça isso, assim eu não gosto, você fez errado, não faz nada certo, e por aí vai...
Ele dá um mínimo de carinho de cada vez. Em doses homeopáticas. Num dia trata bem, no outro trata a pontapés. É o manipulador dos sentimentos alheios.
Quando sente que a mulher que ele trai ou abandonou ou destrata, está feliz, achou alguém, casou, noivou, colocou outro em seu lugar, ele aparece. Dá as caras. Afinal, como assim? Ele não a quer, ele só a quer um pouquinho, mas no fundo quer a sua dependência dele. Ela é sua refém.
E não há só homens assim, há mulheres, mães, amigos. Há todo tipo de sequestradores das emoções alheias.
E há também os que são dependentes desse tipo de sequestro porque acham que não são capazes de despertar algo melhor. Porque no fundo gostam desse tipo de humilhação, de deserto afetivo, de escassez de carinho.
É uma espécie de auto punição, auto flagelo.
Porque?
Porque não se amam, nem se sentem amados e esse é o único tipo de afeto do qual se acham merecedores: serem reféns de alguém. Do seu desejo, do seu belprazer. Viver sob seu jugo também lhes dá prazer, o prazer da humilhação por terem uma baixíssima autoestima. E isso vira um círculo vicioso que muitas vezes dura a vida inteira.
Freud explica. Jung explica. Eu não entendo. Conheço casais que vivem juntos há anos. Brigam o tempo todo. Vivem num verdadeiro inferno. E, no entanto, se dizem felizes e não fazem um movimento no sentido de sair do jugo do outro.
Conheço uns que, inclusive, me dizem que se dão muito bem na cama com os parceiros, como se isso bastasse!
Quando se levanta da cama, o que existe é vida real e vida não real não suporta desamor, maus tratos, descaso e indiferença. Ninguém é feliz só porque se dá bem na cama.
Mas esses dependentes dos que sequestram  suas emoções, suportam tudo isso em nome de um amor que não existe nem nunca existirá.
É a famosa Síndrome de Estocolmo do cotidiano.
Os terapeutas poderão falar disso bem melhor que eu. Embora eu conheça algumas terapeutas que fazem isso com seus parceiros em suas vidas particulares e outras, que embora terapeutas são vítimas desse tipo de relação.
Mas para que o sequestrador exista é preciso a conivência do sequestrado. Vivem numa simbiose enlouquecida de dor e desejo, tudo junto e misturado.
Casa de ferreiro, espeto de pau.
Alguém aí, chame o Freud, please! O mundo anda cheio de gente amarrando o outro e de outros que gostam de ser amarrados.
Ô mundo louco, sô! Ainda bem que eu sou normal....kkkkkk

22 comentários:

Eduardo disse...

Glorinha, bom dia. Interessante o ser humano, nao eh? A primeira vista o manipulador de sentimentos nao teria chance, mas como voce bem escreveu existem os que gostam de serem manipulados. Neste caso temos o melhor dos mundos: os dois se completam no desamor e na tristeza de uma vida infeliz. Eu acho que um casal precisa se completar, porem para serem felizes. Hetero ou homosexuais, nao importa, o que vale eh ter uma vida excitante, cheia de atividades e feliz. Quando se completam para a infelicidade eh um caso patologico, mas faz parte da diversidade humana e nao ha nada a fazer. Dito isto ha uma atividade preventiva que pais despreparados deixam passar e depois eh tarde demais. Ao se perceber os primeiros sintomas de baixa estima na crianca, trabalhar em sua cabeca para que ela supere essa tendencia; se preciso com ajuda medica. No caso oposto do manipulador, ensina-la a respeitar o sentimento dos outros e as pessoas em geral. Como diz o ditado: "eh de menino que se torce o pepino", porem em certos casos de grave patologia, pode nao ter jeito.
Um grande abraco
Shrek

MERU SAMI disse...

KKKKKKKKK....Eu também!

Oi , Glorinha!

Essa semana parece que todos ficamos atarefados além do comum, deve ser os tais ciclos...
Sou eu quem agradece por essa amiga linda que você é. Aproveito para adicionar mais uma coisa, me deixando levar pela brisa da primavera (andei?) pela blogosfera só observando...E sem exagero, não vi nenhumã anfitriã (-ão) como você, no mundo Web. Parabens!

É Primavera, amiga, e como mulheres, que também segue o ritmo natural, haveremos de florir, apesar dos pesares...
Sugestão de amiga: tire um dia dessa primavera para ficar só consigo mesma, não por necessidade, mas por prazer!

Beijão.

Unknown disse...

Glorinha

Belo post!

«Porque?
Porque não se amam, nem se sentem amados»

Nem se amam a si próprios/as.

Entregam tudo ao outro e ficam sem nada. Sem amor próprio, sem auto-estima. Por vezes, nem sabem que são infelizes.

Abraços.

jungleworldcitizen disse...

Bom dia!
Assunto bacana que pode gerar uma discussão interessante.
Sequestradores emocionais, infelizmente, existem aos montes nesse mundão de meu Deus!
Mas fico pensando se eu mesma, as vezes, não ajo como uma. Será? Acho que quase todo mundo tem seus momentos de insanidade temporária, espero que cada um consiga identificar quando, consertar e pedir perdão.
Agora, quando somos vítimas, é bom parar pra pensar bem se a pessoa tem potencial para mudar, se vale a pena tentar consertar. Se não, cai fora o quanto antes!
Um abraço!
:)

Tati disse...

hehehe
Somos todos tão normais quanto loucos, tem horas que é isso que eu penso.
Eu não consigo entender certos comportamentos, tanto do sequestrador como do sequestrado, neste caso. Aceito, por que a realidade de cada um tem suas verdades de ser, mas não entendo. Não gostaria de estar em nenhuma das situações (conheço muitos que se colocam assim). Gosto de me sentir livre, e de fazer livre quem está ao meu lado. Minhas loucuras são outras, é só colocar um terapeuta e três amigas também loucas em mesa redonda que logo aparecerão! heheheh
Adoro este programa também.
Beijos.

Suzanna disse...

cARACASSSSSS, VI NO SEU POST "ALGUEM, ALGUÉNS E OUTROS TANTOS "ALGUÉNS" KKK
BOM DEMAIS, QUE SIRVA PARA DESAMARRAR ALGUNS, OU TODOS!
KKKK ESTA TAL NORMALIDADE É QUE ME ASSUSTA QDO ME SINTO
NORMALZINHA .
BJNHOS GLÓRIA
SU

Leila Brasil disse...

As pessoas envolvidas não vêem ou não conseguem sair dessa situação de precisar de migalhas de sentimentos.
A baixa estima é uma praga que gruda na pessoa desde criança e "cresce" com ela.
Interessante saber que existe isso, falar sobre o assunto , buscar o autoconhecimento,trocar idéias com amigos, terapia, e etc para sair do cativeiro.
Glória, muito legal você compartilhar esse assunto interessante .
Beijocas

Nana disse...

Glorinha adorei o post, parabéns, penso que isso tudo está ligado as referencias da mídia!
As pessoas acham bom este joguinho de sedução, mas no fim isso nunca da certo, o que da certo é a gente se abrir sempre e dizer a verdade, se não dá certo para a relação, pelo menos nosso interior fica tranquilo!

Unknown disse...

Bom dia Glorinha,

Muito bem colocado por você o sequestro emocional. Mas como você disse, para existir sequestrador é preciso conivência do sequestrado. Eita mundo louco mesmo...

Beijos,

Unknown disse...

Querida Glorinha
É loucura ou normalidade viver uma vida equilibrada, sem gritos, escândalos, cama quebrada, copo partido, etc, etc?
O certo vira errado e o errado vira certo?
Vai entender, né.
Cada um com sua verdade ou com a verdade que melhor lhe convém.
Seria incrível se tivéssemos maturidade suficiente para entender nossa importância e a do outro também.
Acho que viveríamos mais em Paz.
Beijo grande.
Bom dia, bom dia mesmo!

Nilce disse...

Sabe, Glorinha, lendo o seu post, lembrei do meu passado.
Já passei anos sequestrada. E não via solução. Foi só fugindo mesmo e mesmo assim a perseguição continuou. Que tempo horrível.
Hoje, quando vejo pessoas assim, corro longe.
Ser livre, poder viver, ter uma bela autoestima e só ficar triste quando não suportar.

Bjs no coração!

Nilce

Isadora disse...

Shiiii Glorinha como tem pessoas assim: sequestrantes e sequestrados. É uma pena, pois vivem uma relação que beira o doentio e o que era para ser uma relação feliz, acaba por virar um inferno. Alguns nem conseguem perceber isso, pois acham que aquela relação é a tábua de salvação, o que resolverá todos os problemas. São pessoas com baixa autoestima sim, mas que nem mais conseguem enxergar isso.
Um beijo

Ana Maria Braga disse...

Nesse mundo de meu Deus, tem de tudo. O bom é quando o dominador encontra a presa certa, a que gosta de ser dominada. Mas para a pessoa "normal" uma pessoa assim, não é legal.Já fui levada pela coleira há anos.Era tolhida de todas as maneiras. Era manobrada total. Eu, muito nova, nem notava tudo isso, por gostar muito. Mas tudo passa.Claro que o casamento não deu certo. Hj vejo como fui boba. Amiga, fiquei tão esperta que nem imaginas...rs. Bjs.

Manuela Freitas disse...

Olá querida Glorinha,
Muito pertinente esta temática dos
sequestradores das emoções alheias e dos «impotentes» sequestrados. Disse tudo. Em termos mais banais por cá diz-se dessas pessoas, que são os mal-amadas e de facto parece que são muitas!
Beijinhos,
Manú

Celia disse...

Muito bem escrito Glorinha. Existem muito sequestradores nesse mundo a fora, infelizmente. Bj

Lu Souza Brito disse...

Adorei o assunto Glorinha porque nunca tinha pensado nele. Mas no final conclui que conheço muitas pessoas assim. É mais comum do que imaginamos. E mais que isso, como tem os que gostam de ser sequestrados!

Eu sou normal também como vc, ahaha (eee, nos safamos), porque "amor" doente eu quero é distancia.
Educação, muuuuuita gentileza, atenção, nao abro mão. Esssa historia "Te dou uns sacodes mas depois te faço amor" pra mim nao cola.
Beijokas!

Macá disse...

Glorinha
Sabe que lendo seu post cheguei a conclusão que por um tempo vivi assim: Sequestrador e sequestrada.
Mas me livrei em tempo.
Sai pra lá! Isso é horrível!
Sabe o que eu fiz hoje? Comprei o livro da Mila e agora estou aqui no aguardo. Comprei também o da She. Depois vou contar o que achei deles, ok?
um beijo

Anônimo disse...

Ola Glorinha,
Muito interessante sua exposiçao a partir da exposiçao do colega na televisao. Por essa narrativa eu nao especificaria tanto isso como uma "sindrome de Stocolmo" cotidiana ou um sequestro emocional. Parece mesmo o "bom" e velho sociopata,ou psicopata "leve", que nao mata, mas tambem nao ama, nao consegue fazer vinculo e o unico que trava é o da manipulaçao emocional. É claro que um ser dessa natureza precisa do seu complementar para existir, em geral numa figura fragiizada que cria um vinculo ( esse sim) de dependencia. E la nave va....Triste assim. Por que o psicotico por exemplo toma um remedinho e vai se equilibrando como pode, da para viver. Ja o sociopata é desvio de carater, nao tem remedinho para isso. Aonde passa nao nasce grama. Lembra do rei dos hunos na escola? Vixe nao sei por que esse exemplo me veio a cabeça agora.
Beijos para voce.
Cam

Kelly Kobor Dias disse...

Adorei sua postagem. Hoje não estou me sentindo bem, coisas de grávida rs, mas mesmo assim passei rapidinho para deixar um beijo

pensandoemfamilia disse...

O ditado nos diz "de médico e loucos, todos temos um pouco", rs,rs, Descreveu muito bem este tipo de relação. Eu tenho um texto Ligados pelo mal, que aborda sobre esta forma de vínculos.
bjs

Unknown disse...

OI Glorinha...
Infelizmente conheço gente assim...meu pai era um sequestrador emocional e isso praticamente destruiu meus laços de amor com ele por ver o que ele fazia com minha mãe e ela, por medo de ficar sozinha ( mas jã não estava?) permitia...
Muita terapia me ajudou, e hoje farejo a milhões de km esse tipo de gente...

Michelle Siqueira disse...

Você caprichou no traço do perfil do sequestrador, Glorinha. Eu não conhecia a definição, nem o termo. Quem sabe agora identifico alguns...
Dentro da minha família não há, felizmente.

As relações humanas vão de mal a pior. A trancos e barrancos. É claro, no tema que vc delineou a coisa deve ser secular. Mas o aprimoramento de tudo que é ruim no novos tempos certamente tem contribuído muito para a situação desgovernada em que a relações afetivas encontram-se hoje.

Bjs,
Michelle