Essa foto é da Papelaria Contigráfica, em Laranjeiras, bairro onde nasci e cresci.
A Contigráfica era a papelaria dos meus sonhos quando criança e adolescente. Creio que de todos os que iam com suas mães comprar o material escolar a cada início do ano letivo.
Pois, um dos últimos ícones do passado, estará fechando suas portas daqui a vinte dias.
Suas prateleiras, ocupadas por tintas e canetas tinteiro Parker, tintas para carimbo dos anos 50 e 60, cadernos de capa de couro resistiram o quanto puderam, exibindo uma época que não existe mais.
Há 61 anos funcionando, a tradicional papelaria que foi frequentada por famílias da alta sociedade, grandes empresas e embaixadas, pela qualidade do material vendido, em sua maioria, importado e, por ter sua própria marca, num tempo em que as grandes papelarias como a Papelaria União e Casa Cruz no centro tinham também esse diferencial, abrirá, agora, uma loja virtual.
Quanta saudade me deu ao ler essa notícia.
Lembrei-me dos meus cadernos e livros encapados com plástico xadrezinho verde ou amarelo, com carinho por minha mãe e, depois de crescidinha, por mim mesma, que adorava sentir aquele cheiro de livros e cadernos novos, ansiosa pelo início das aulas.
Uma doce nostalgia tomou conta de mim, aliada a uma tristeza saudosa de um tempo que não volta mais.
Tive vontade de ir voando até lá, sentir pela última vez o cheiro de seus móveis antigos, o perfume de papel no ar, de ir buscar velhas lembranças de meu tempo de meninice, onde qualquer saída com minha mãe, qualquer compra, mesmo que para o colégio, era motivo de diversão e encantamento. Papelarias então, sempre foram meu fraco, até porque era lá que se vendiam meus adorados livros e cadernos, muitos cadernos para que eu pudesse escrever.
Quando o Rio de Janeiro ainda era a Capital da Velha República, as embaixadas encomendavam lá, à sua gráfica, os convites para as recepções. Lá se podia encomendar também, papel timbrado e convites de casamento.
Ao ler essa notícia me lembrei imediatamente que a saudade às vezes, está dormindo dentro da gente e basta uma leve brisa para acordá-la imediata e intensamente.
Hoje fiquei assim, com saudade do passado e de tudo que era relevante e que hoje já não tem mais importância.
Quando se enterra o passado, enterramos também um pedaço de nós mesmos.
E ao desenterrá-lo, mesmo que só para retirar o mofo e o bolor, ficamos face a face com quem um dia nós fomos.
Foto do jornal O Globo, 26/09/2010.
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41 comentários:
Aqui longe sinto o cheiro a papel tintas e outras coisas mais.
Beijinho.
Pois é Glorinha.
É como o "Jornal do Brasil". Dá para acreditar que não existe mais ?
Agora é só online ...
Bjs.
Elvira
Oi Glorinha,
É uma pena que livrarias assim sejam cada vez mais raras...Quantas amizades fizemos ou gente interessante conhecemos nesses lugares? Realmente é uma pena...
Beijinhos,
Bia
www.biaviagemambiental.blogspot.com
Glorinha estava sumida por causa de um montão de trabalho por aqui.Mas não tem como te esquecer, né? Vc é inesquicícvel. Rsrsrs. Já recebi suas fotos. Ai amiga queria tanto que vc participasse mas tava com verginha de pedir, afinal vc aí tão ocupada com seu livro, nunca pensei que quisesse entrar na brincadeira. Estou mandando um e-mail pra vc. Bjs
Ih, eu sei bem do que fala, também tive estas experiências na infância e a sensação quando entramos num lugar como este é que tudo parece voltar no tempo!
Os meus cadernos eram geralmente encapados de plástico colorido transparente, adora mudar as cores a cada ano. Cheiro de papelaria, de livros, cola, lápis de cores, papel contact, durex, estojos, fichários, cartolinas, pastas de couro, lancheiras, ahhhhhhh, como é bom tudo isso!
Uma pena ver estabelecimentos assim se acabando, mas imagino que seja porque os filhos dos donos não queiram ser comerciantes como os pais, afinal eles formaram os filhos para serem doutores e aí não vão querer ficar atrás de balcões e ademais o mundo virtual está crescendo mesmo, não tem como evitá-lo e além disso não precisam pagar tantos encargos para empregados e aluguéis de lojas.
É a vida, maninha!
beijinhos cariocas
Oi Manuel querido! Estás a sentir daí? que delícia, esses cheiros são melhores que muito perfume francês...hehe beijos amigo.
Pois é Elvira, uma pena o que houve com o Jb que já não vinha bem das pernas desde que mudou de mãos, aliás mãos sem qq ligação com a imprensa. beijos.
Oi Beatriz, lá era mais papelaria, mas é uma pena mesmo. Mas como resistir em tempo de internet? Difícil, só mesmo sendo milionário.Beijos
Oi Gi. Vergonha???? Pofrque amiga. Se eu não pudesse te dizia! Adorei poder brincar disso com vc! De vez em quando é bom parar de escrever pra me distrair um pouquinho. beijinhos.
Não Beth, a estória não foi bem assim. os filhos assumiram nos anos 80, há mais de vinte anos, portanto.
O que houve é que por ser uma papelaria de bairro, não resistiu à internet e a modernidade. Eles foram heróis levando a loja da família até hj. Devem ter passado por muita coisa, muitas dificuldades e agora não deu mais pra segurar.
Beijos.
A Vida é assim, feita de mudança!
Aqui em Portugal houve uma época em que fecharam os Cafés, alguns também com História e histórias para contar, e abriram Bancos em seu lugar. Hoje, com a crise, fecham os Bancos e abrem lojas de Telemóveis (celulares) ou de Tv. Cabo, ou de Internet. Uns acabam e outros virão...E para nós, ficará sempre a recordação.(Rimou sem querer).Bjs. Bombom
Que pena isso,não?
São pedaços de vida que se vão! beijos,tudo de bom,chica
Todas as férias da minha infância foram exatamente em Laranjeiras, aí no Rio! Lembro de muitos detalhes.
Pela foto até identifiquei a papelaria, devo ter conhecido.
Que pena! Também me sinto triste quando vejo o passado sendo enterrado. E quando se trata de livrarias ou papelarias e aí que me toca mais.
bjs Lais
Oi!
Nos últimos anos essa será uma tendência cada vez maior. Lembro-me também dos plásticos xadrezinhos de encapar cadernos. Não foi tempo que passou, foi a tecnologia que andou a jato e devorou muitos dos nossos prazeres.
Teu blog é um doce, mesmo... por isso te indiquei ao selinho... Busca, tá?!
beijo!
Ingrid
Glorinha
Eu também adorava papelaria. Até hoje gosto, mas as que existem são muito diferentes.
Mas você comentou sobre como uma notícia, nos remete ao passado. Hoje li também no blog do Antonio Rosa um post sobre como o passado pode voltar para olhá-lo nos olhos; muito interessante também.
O tema de hoje é esse?
beijos
saudades
Glorinha sou apaixonada por papelarias principalmente essas antigas, livros, canetas , lápis cheiro de papel que delicia.
Saudade é como uma leve brisa que vem de vez enquando trazendo aromas de nós mesmos..ai ai q saudade e muitas coisas vão perdendo espaço pra "modernidade"..é uma pena...
bjs
Olá, Glorinha
Meus cadernos foram já encapados com papel Kraft... etiquetados... tudo muito perfeitinho...
Já dos meus meninos, foram com os xadrezinhos de várias cores como vc postou.
Saudades também....
Abraços fraternos
Bombom, querida! Triste não é? A cada dia que passa vemos o passado indo embora e levando um pouco da gente com ele. Assim é a vida. beijos.
Bombom, querida! Triste não é? A cada dia que passa vemos o passado indo embora e levando um pouco da gente com ele. Assim é a vida. beijos.
Pois é Chica, triste mesmo...bjs.
Oi Bruxa, é mesmo? Em Laranjeiras? Que legal. Vai ver a gente até se conhece...hehe beijos
Laís, são tempos que não deveriam ter ido embora, pois era tudo tão mais humano não é? bjs.
Oi Anabela, é verdade. A tecnologia anda a comer o tempo a cada dia. Com tantas novidades, o mundo perdeu um pouco da graça da descoberta. bjs.
Oi Ingrid, obrigada pelo carinho. bjs
Oi Macá, acho que ando mesmo melancólica...sinal de que a velhice realmente vem chegando...fazer o que, né amiga? beijos
Nika, eu tb! Papelarias com suas canetinhas, cadernos, cheiro de papel...e livrarias, são meu fraco...beijos
Oi Rosélia, pois é, era tudo tão caprichado né? E a gente tinha cuidado com o material escolar. Não é como agora que as crianças terminam o ano com cadernos e livros todos estrupiados. beijos.
Oi Litle Place, vou lá te visitar. Obrigada por vir aqui. beijos.
Glorinha~~
Lindísimo post sobre o nosso passado, que quer queiramos, quer não, volta sempre para nos olhar nos olhos.
Nem imagina como a compreendo.
Gostei da observação da Macá, associando os nossos posts. Que interessante! E lindo.
Beijos
António
Oi Antonio, pois é, a Macá percebeu que,embora de maneiras distintas, no âmago, falávamos das mesmas coisas. Como o passado é importante para que resgatemos quem fomos e pq somos assim. beijo grande.
Alê, meu querido, imagino que emoção comprar numa papelaria do séc XV! Realmente um país que não preserva sua história, sua memória não "c'est pas un pays serieux", como já disse o De Gaulle acerca do Brasil. Não se rezsspeitando nosso passado, não podemos esperar grande coisa do futuro não é mesmo? Belo comentário meu amigo! Beijos.
Glorinha que doce lembrança e fez voltar um pouco no tempo. Assim como você adorava a compra de material, porém comprávamos na Casa Mattos. Era um momento muito gostoso.
Triste pensar que tenham que fechá-la, mas que bom que te trouxe boas lembranças.
Um beijo
quantas lembranças minha linda. adorei
Amiga querida! Saudades!
Eu te entendo muito, papelaria tb é meu fraco. Quando criança meu pai era dono de uma. Já pensou? Ficava doido com os lápis de cor, canetinhas, papéis coloridos...
Dá uma nostalgia né?
Mas que venha o novo. Essas lembranças não morrem, ficam guardadas em nosso coração.
Quero aproveitar e fazer um convite: ontem inaugurei um blog/loja virtual, será um prazer ver vc por lá!
http://man-dalla.blogspot.com/
bjos do amigo
Isa querida! Tb tinha a Casa Matos mais nova e a Casa Cruz, mais velha. E a papelaria União...tinha cada coisa de enlouquecer. Nem sei se ainda existe.Era bom demais né? Beijos.
Oi queridona! Bom lembrar né? Pena que os motivos de boas lembranças estejam acabando e dando lugar à tecnologia. beijinhos.
Oi Marcelo, saudades tb! Eu sou até hj louca por uma papelaria! Pareço até criança...fico doida! Vou lá ver seu blog/loja! beijos.
Glorinha,
Voltei ao passado com seu post. Encapar de xadrezinho...quantas vezes fizemos isso! E colocar etiqueta com nome...
Havia uma certa ansiedade pela estréia dos novos livros e cadernos.
Ainda ontem escrevia sobre como eu gostava dos livros de história!
Ai, Glorinha, de vez em quando bate esse saudoasismo, né?
Mas é triste ver estabelecimentos que se vão... É a vida!
Bjs.
Oi Gina, era bom demais o material novo, né? Ai que saudade me deu e lembrar disso! Ui! beijos.
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