domingo, 8 de maio de 2011

É Bonita E É Bonita...



Como não sou ligada em datas, por ter memória seletiva, creio, e também porque acho que tenho coisas mais importantes a fazer, ler e escrever do que guardar datas, por exemplo, havia me esquecido que hoje faz anos que minha mãe morreu.
Há quem vá achar: Que absurdo, filha desnaturada! Na minha própria família, minha irmã há de achar isso um despropósito. Mas sou assim e quem gostar de mim que leve o pacote completo.
Pois foi perto dos dias das mães que minha mãe morreu, há dez anos atrás. Ou serão onze? rsrs Não me ligo nessas coisas...
Não fiquei traumatizada, pois já era adulta, minha mãe sofria de câncer, estava com 81 anos e eu já era atéia sem o saber, pois achava um sofrimento sem razão mantê-la viva com uma doença fatal.
Sou assim pragmática e poeta, vá entender...
Já meu pai, morreu quando eu tinha 15 anos, numa véspera dos dias das mães. Não fiquei traumatizada com o fato de ser dia das mães e meu pai ter morrido, talvez para minha mãe sim, todo ano, essa data a fizesse lembra-se dele e ficar ainda mais triste. Ela, que abdicou da vida aos 54 anos ao ficar viúva.
Lembro-me bem que ao engravidar de minha primeira filha e saber que ela nasceria, provavelmente, no dia em quem meu pai morreu, minha mãe ficou muito ansiosa, rezando e pedindo aos céus que ela não viesse ao mundo no mesmo dia: 12 de maio.
Eu lhe dizia: Mãe, olha só, se ela nascer no mesmo dia, isso será um bom sinal. Sinal de que teremos um motivo para ficar felizes nesse dia e não tristes.
Mas qual! Ela não queria saber dessa estória de neta nascendo no dia em que o avô havia morrido e continuava rezando e pedindo a todos os santos que ela não nascesse nesta data.
Acabou que minha filha veio a este mundo no dia 20 de maio...Minha mãe ficou feliz, agradeceu aos céus, católica devota que era.
Lembrei-me desse fato agora, nem sei porque, para contar a vocês que se ela tivesse nascido no dia 12, para mim, seria indiferente. Não porque eu seja fria ou não tenha amado meu pai, mas por ter uma visão da vida e da morte muito diferente da maioria das pessoas.
Sou esquisita? Não sei.
Criei um envoltório para não sofrer? Talvez.
Só sei dizer que, para mim, se minha filha houvesse nascido neste dia, seria um motivo de felicidade, haveria toda a simbologia do renascer embutido aí, seria um dia em que lembraríamos de meu pai com carinho, pois ele (para quem crê) teria simbolicamente enviado a neta para preencher um vazio que a sua morte prematura havia deixado na vida da família.
Escrevo isto para dizer que a vida, por mais que pareça triste ou sem sentido pode ser direcionada para um sentido maior que independe de religiões ou crenças.
A Vida, por si só, já faz todo o sentido.

PS: E como diria Gonzaguinha na belíssima canção E a Vida...é bonita e é bonita...

35 comentários:

Iram Matias disse...

A vida por si só dá muito sentido a outros sentidos da vida que nós não sabemos dar, não é mesmo Glorinha? Engraçada, eu já sou tão ligada a datas, Não datas de histórias, mas datas de histórias da minha vida. Tanto é, que fui capaz de escrever a minha história cronologuicamente neste meu blog.
Quanto a data do nascimemnto de sua filha, vc tem razão. O que importaria se ela tivesse nascido dia 12, 17, ou 20? O importante era como ela nasceria. Bem, saudável e trazendo alegria, não?

Por isso... Feliz dia das mães pra vc!

Beijos

Lúcia Soares disse...

Glorinha, aos poucos me desligo de datas. Mas ainda curto algumas.
Eu acharia lindo se tivesse um filho depois de uma data trsite. Seria um preenchimento dela, como vc acha.
Nada melhor do que a vida, para preencher um lugar por onde a morte tenha passado.
Beijo e feliz domingo.

Taia Assunção disse...

Um pensamento recorrente que costumo ter é lidar com a morte com a mesma naturalidade com que lido com o nascimento. Mas acho tão difícil, por mais que eu saiba que a vida é um ciclo com início, meio e fim, lidar com a perda nunca foi uma situação fácil para mim. Sou péssima com datas, não por ser seletiva, mas por ser desmemoriada mesmo...rsrsrs. Beijocas e feliz Todos os dias das Mães para você! Beijocas!

Terê. disse...

disse um filosofo, vc deve conhecer melhor do que eu,(que não estudei)o problema não é o que fiseram de nós, e sim o que nós fisermos do que fiseram de nós,
não acho vc esquesita, tem seus próprios conceitos, ou nenhum,vc é assim e ponto e nós precisamos aceita-la como é, uma pessoa fantastica, que reconhece que é diferente,ou não. grande beijo. e feliz dia das mães, rsrs. terê.

Ângela disse...

Glorinha, obrigada pela visita. Essa semana recebi o livro e estou a ler lentamente, para assim demorar mais e poder saborear cada palavra escrita, estou sentindo e sabendo de você a cada palavra que leio, estou adorando, simplemente isso, quando terminar falarei mais.
Concordo com você quando diz que a vida poderá ter um sentido maior, vamos viver cada dia, lembrar e festejar os bons momentos, e deixar que os maus momentos se perca com o tempo.
Também não sou muito ligada a datas,envolve muito comércio e odeio isso.
Glorinha, parabéns pelo dia das mães.
beijos e carinhos

manuela baptista disse...

a cada um, os seus símbolos e as suas crenças

mas eu gosto de pessoas esquisitas...

um beijo

manuela

Irene Moreira disse...

Glorinha

Temos que ser verdadeiros e dizer sem mágoa e nem meias palavras aquilo que sentimos.

Talvez uma grande maioria seja tanto com você, mas não é autêntica, ou melhor como você diz esquisita.

Cada um é único na sua maneira se ser, agir e pensar. Parte de nossas vidas vivemos embaixo da influência da família e das pessoas que estão ao nosso redor, mas vamos formando a nossa personalidade e é muito gostoso encontrar pessoas "esquisitas" como você e como gostei de ler sobre esta parte de sua vida.

Meu irmão morreu aos dezoito anos em virtude de um acidente no dia 13 de agosto. Meu filho nasceu no dia 26 de agosto um dia depois do aniversário de minha mãe.
Agosto para mim é o mês mais importante da minha vida e os momentos tristes cicatrizam e deles só recordamos do que ficou de bom.

Beijos e um lindo dia e semana.

Glorinha L de Lion disse...

Pois eu Iram, não dou a mínima para datas.Lembro dos fatos, mas não do dia em que aconteceram e mesmo assim não lembro de todos, só de alguns...agora que estou na Esquina do Tempo Nº 50, já faz 3 anos, tenho me lembrado de coisas que nem lembrava...acho que ao ficarmos mais velhos, nossa memória antiga volta aos poucos...adoro! Beijos querida,

Glorinha L de Lion disse...

É sim Lúcia, como eu disse, a vida por si só, já faz sentido, não é preciso que demos mais sentido do que ela já tem...Beijos,

Glorinha L de Lion disse...

Não encaramos a morte com naturalidade Taia, pq a tememos. Acho natural o medo do desconhecido e a morte, além de representar o fim da linha, encerra todo o mistério da vida humana...eu tb não consigo encará-la como natural, sem aflições. Já a encaro de outra maneira agora que não creio em nada, de um modo mais triste talvez, por saber que tudo acaba mesmo ali...isso daria um bom post... beijos,

Urbano Gonçalo de Oliveira disse...

Minha amiga, vejo nestas palavras ... muita coisa por dizer, muita coisa sofrida.
Penso que sim, que crias-te uma espécie de invólucro anti-coisas más, mas isso só demonstra, que és uma pessoa muito dedicada, frágil e sofrer não pode significar viver. Sei isto porque ... também sou assim, mas ser assim como nós, viver assim como nós ... é muito difícil sem alguém que nos ame, sem alguém perto de nós.
Beijinhos, boa semana para ti.

Zélia Guardiano disse...

Texto muito lindo, querida Glorinha!
Sabe que você está certa?
Penso ser preciso desmistificar muita coisa, senão a vida se torna um fardo tão pesado que acabamos impossibilitados de carregá-la...
Li duas vezes o seu escrito, e vou ler mais uma vez, pois é excelente matéria para reflexão!
Grata, querida!
Abraço bem apertado da
Zélia

Unknown disse...

Oi Glorinha....

fico preocupada com uma coisa: acho que muitas crenças religiosas acabam por nos trazer mais problemas do que soluções.

estou buscando um jeito de dar novo sentido as minhas crenças, em especial sobre a morte.
para mim Glorinha, antes morrer era ir encontrar com Deus.

ah... que beleza, achava bonito aquilo (adorava ir consolar as pessoas nos velórios)

meu Deus, quando eu fiquei doente (pra sarar depois) descobri que toda aquela piedade e sentimentalismo em relação a morte era uma maquiagem.
Tinha medo daquele deus justo que seguia cada passinho meu e se eu fizesse besteira, me mandaria pros q... do inferno.

Foi terrivel Glorinha, não desejo aquele tormento para ninguém.

Hoje estou tentando ser mais lúcida, olhar para o que eu vivo agora.

Quem eu sou de verdade, e deixar o que vem depois para o depois.

E crio os meus meninos para terem principios, terem responsabilidade e carater.

Sem medo do que Deus fai fazer com eles.

Acho que a interpretação da morte é cultural, existem locais que enxergam a morte com muito menos desepero ou angustia.

E quando sua menina, que bacana que você não se encheu de superstições e a recebeu no dia que ela chegou, não é?

que bacana...
um abraço Glorinha, pelo ser humano tão forte e lúcido que é.
beijos.

She disse...

SENSACIONAL Glorinha! Concordo totalmente contigo, até porque muitas coisas nessa vida cabem a gente fazer positivo ou negativo... ;) Parabéns pelo post e feliz Dia das Mães!
Beijo, beijo!
She

Glorinha L de Lion disse...

Obrigada por seu comentário tão delicado e compreensivo Terê. Acho que sou um somatório do que fizeram de mim + o que fiz com isso = eu! beijos,

Glorinha L de Lion disse...

Oi Gê, delícia saber que está saboreando meu livro com prazer...espero que goste. Obrigada por partilhar comigo seu modo de pensar, pensamos igual, beijos,

Glorinha L de Lion disse...

Eu tb Manuela, prefiro as esquisitas bacanas do que as certinhas canalhas. Beijos,

Glorinha L de Lion disse...

Puxa Irene que estória bonita e triste, parece com a minha...ao fazermos o triste virar alegre damos uma rasteira na vida e acabamos rindo por último do tombo que ela tentou nos dar...viver não é fácil não! Há que saber tirar da vida o melhor que pudermos e soubermos. Beijo grande,

Glorinha L de Lion disse...

Oi Urbano, claro que gostaria de ter mneu pai e minha mãe comigo, mas não é disso que falo no meu texto...falo que podemos transformar dor em alegria...basta olhar por outro ângulo a mesma coisa...como não tenho fé em nenhuma crença talvez, para mim, seja mais fácil. Mas te entendo, meu amigo...viver não é nada fácil, e pros poetas, mais difícil ainda, pois sentimos tudo amplificado. Eu sinto, embora sinta diferente dos outros...beijos,

Glorinha L de Lion disse...

Oi Zélia, pois é, tem um ditado que diz: "a cada dia basta seu fardo", me lembrei disso agora...pra que carregar mais dor ainda? Pra que? Devemos aprender a olhar a vida, já tão difícil e dura, por outros ângulos, alguns, inusitados...acho que por isso sou tão esquisita, nasci com esse olhar enviesado pra vida. Beijos, obrigada,

Glorinha L de Lion disse...

Claro, Lili, que é cultural. Cada povo vê a morte de acordo com sua religião ou cultura. Os orientais vêem de uma forma mais natural, como fazendo parte da vida, nós os ocidentais, a vemos como se não soubéssemos que um dia tudo acaba...parece que é sempre uma grande surpresa, a morte. A culpa judaico-cristã que incutem na gente desde que nascemos, a noção de pecado, tudo isso ajuda a dar um nó na cabeça das pessoas...Meu nó, a cada dia, fica mais frouxo...qq dia ele desmancha...beijos,

Glorinha L de Lion disse...

Obrigada She! beijos,

Paula Pacheco disse...

Glorinha, vc é ímpar mesmo, sabe que eu adoro me ligar em datas, gosto de saber exatamente quando aconteceu e em que dia, mês e ano foi...pra mim é importante o registro dos fatos, gosto de lembrar e de ligar a data ao fato, coisa de louco...e sabe que muitas vezes não lembro da data e fico fula da vida, e fico batutando "ai meu Deus" que dia foi mesmo...mas sinceramente, não precisamos disso né Glorinha, lendo isso que vc escreveu, fiquei um pouco mais leve, ás vezes quero levar tudo muito á sério, e não dá certo, a vida tem que ser um pouco flexível...
bjão querida e ótima semana
Paula

welze disse...

ganhei muitos presentes, até quem não é filho, de mim, da minha barriga, me presenteou. um entre eles, apesar de ter amado todos, se destacou. veio com palavras lindas que me fizeram tremer na base. amei sua carta, seu autógrafo. coisa de amigas mesmo. como somos. te amo. sem nada nem porque. simples assim. amei o livro. logo começarei a ler, mas não agora. quero estar só voltada para ele. coisa minha. mas sei que entende. que presentão, que presentão, que presentão. bençãos para todas nós. beijos beijos beijos.

Roy Frenkiel disse...

Concordo contigo, Gloria, acho que selecionamos tambem datas pra regojizar ou nao.

Beijos

RF

Lu Souza Brito disse...

Oi Glorinha,

Queria eu ter este desapego com datas. Eu absolutamente gravo tudo (da minha história) em datas. Mas só coisas importantes, em que o fato é tao marcante que faz com que a data nao seja esquecida.
A morte? É, a maioria teme mesmo. Eu nao sofro quando alguém morre porque nao acredito que tudo acabou ali. Mas de uns tempos pra cá, pensando nas pessoas que mais amo (mae, marido, irmãos), confesso que passei a sentir algum medo - nao da morte, mas de perdê-los.
Sua filha aniversaria no mesmo dia que minha irmã mais velha!
E fosse qual fosse o dia do nascimento dela, com certeza nao deixaria de ser feliz e especial. Não há porque complicar as coisas não é?^
Beijos
E como eu disse a Lucia, Feliz Vida de Mãe,ahaha, porque todos os dias sao delas (de vocês)!

Glorinha L de Lion disse...

Oi Paulinha, cada um é de um jeito, né? Não estou aqui querendo dizer que o meu jeito é melhor ou pior do que o jeito de ser dos outros...só acho que sou diferente da maioria. Fico feliz de ajudar, pelo menos, a refletir sobre como cada um vê a vida e tb a morte, beijão querida,

Glorinha L de Lion disse...

Ô minha queridona, fiquei tão feliz por te fazer feliz! Que vc usufrua e se divirta passando bons momentos "me lendo" rsrs Beijos minha amada amiga! Te amo muuuuitão!

Glorinha L de Lion disse...

Oi Roy, tudo na vida é questão de escolha, né? beijão,

Glorinha L de Lion disse...

Que legal Lu, muita gente aniversaria nesse mês né? Acho que cada um é como é e ponto. Se vc é feliz se ligando em datas, ótimo, o importante é ser feliz, cada um a seu jeito...beijão querida,

Calu Barros disse...

Taí, gostaria de ser menos ligada em datas do que na verdade sou. Acredito que por força da profissão tenha me guiado tanto na marcação do tempo em "dias D", que fui assumindo isto na vida cotidiana.Mas vejo que é uma prática meio obssessiva definir certos dias como bons ou maus de acordo com os acontecimentos sucedidos.
De uns bons tempos para cá, tenho me atido somente às "boas datas", deixando as que foram doídas um simples lampejo de memória, quando ocorre, sem culpas ou lamentos.
Sou, especialmente apreciadora desta canção do Gonzaguinha, aprendendo e ensinando com ela e através dela.Uma alegre lição!!
Tenha uma ótima semana, amiga.
Calu

Ricardo e Regina Calmon disse...

ESCRIBA QUERIDA,SORVENDO ESCRITAS SUAS,ESTOY,ME AGUARDE,BZUZ

UMA TERÇA , COMO SE DOMINGO FOSSE

VIVA A VIDA

Glorinha L de Lion disse...

Calu querida, com o tempo a gente aprende a de "desprender" de certos fardos...rsrs beijão,

Glorinha L de Lion disse...

Querido Ricardito, aguardo aval de mestre e mentor...ansiosamente, beijos, viva a vida!

Suzanna disse...

NOSSA AMEIIIIII ISSO GLORINHA!
ACHO QUE UM POUCO DE MIM APARECEU AÍ OU TUDO DE UM POUCO.
PARABÉNS PELO MOMENTO QUE ESTA PASSANDO ... LINDO VER VOCÊ ASSIM, ATÉ PARECE, AO MENOS PARA MIM, QUE SE ABRIU UMA JANELA EM SUA VIDA E QUE TODOS QUE TE ACOMPANHAM OLHAM JUNTOS POR ELA COM VOCÊ SORRINDO.
BEIJOS E... FALTOU AQUELE EMAIL COM DADOS PARA O ENVIO DO VALOR PARA RECEBER O LIVRO.
BJUS
www.sorrisodemulher.blogspot.com