segunda-feira, 16 de maio de 2011

O Que Trago em Mim


Mais uma semana começa. E me pego pensando no que virá...
Não posso adivinhar, nem tampouco arquitetar um plano ou um desejo, pois minha vida, ultimamente, anda tão fora dos trilhos, que tudo pode acontecer: Coisas boas, outras nem tanto e vou caminhando procurando olhar para dentro, procurando em mim e no que venho lendo e escrevendo as razões para que a vida continue a fluir como espero. Ou que somente flua, como um rio a descer as corredeiras, levando tudo de morto e seco, fertilizando as margens onde toca.
Tenho pensado muito, refletido muito e, como não ando muito bem humorada, tenho preferido ficar sozinha.
Nas duas últimas semanas li três livros. Três bons livros. Estou lendo um outro agora, que dará um ótimo post quando finalizar sua leitura. Mas por ora, me pego pensando no que trago em mim...
Trago em mim tudo o que já vi e li.
Trago em mim a escrita de outros, que vou depurando e transformando em sabedoria, em reflexões, em auto análise. Pego tudo o que li, vi e vivi e transformo a partir do que depreendo, do que entendo.
Uma frase desperta em mim algo sutil, que estava lá, adormecido, como um vento que sopra e desenterra um baú escondido. Às vezes, só uma palavra, tem esse poder mágico de descortinar uma ideia inteira, um capítulo inteiro se faz de uma única e encantada palavra.
Ando mais introspectiva que nunca. Sou extrovertida quando estou entre amigos, mas aquela parte de mim, como já disse antes, é só a ponta do iceberg. A parte mais profunda do meu eu, ninguém vê, ninguém conhece, talvez nem eu mesma me saiba toda.
Mas o que trago em mim às vezes me dá medo. São tantas coisas, tantos sentimentos que nem sempre consigo decodificá-los. Será que era isso o que os escritores antigos definiam como loucura?
Será que essa loucura, é não ter palavras, muitas vezes, para definir sentimentos e essa impossibilidade cause dor e angústia tamanhas que possam ser confundidas com a perda da razão?
O que trago em mim é indizível, é sem tamanho, é inexplicável. Daí a solidão, daí a sensação de não poder dividir, daí a angústia.
A visceralidade me consome. Mas a escrita me salva de mim mesma.
Porque trago em mim a dor do mundo que, somadas à minha, me fazem a cada dia, inversamente, mais incompleta.
Mais densa e, no entanto, mais difusa.
O que trago em mim?
Universos. Uni. Versos. Unir Versos.
Este é meu motivo. Esta é a minha força para seguir adiante.
E é esta  força o que trago em mim.


38 comentários:

chica disse...

Estás numa fase bem reflexiva e esses são momentos que devem ser vividos por ti.

Faz bem isso, tentar se achar em meio às idéias e acontecimentos...

E Unir versos é maravilhoso sempre...

Um daqui, um de lá, juntos, um poema lindo de ler e viver...


Um beijo,linda semana,chica

Nilce disse...

Muitas vezes precisamos apenas de nós mesmos Glorinha.
Fica aí na tua concentração Unindo Versos.
Paz e luz!

Bjs no coração!

Nilce

manuela baptista disse...

se estivessemos completos, o que faríamos?

densa
difusa

verdadeira

força, Glorinha, confunda-se com a sua escrita!

um beijo

manuela

Socorro Melo disse...

Oi,

Que reflexão! Muito profundas as suas palavras.
Acho que isso é comum a todo pensador...
E que bacana, tirar grandes lições, de pequenas palavras. Às vezes isso me ocorre também.

Grande beijo
Socorro Melo

Nandinha disse...

A escrita é o que nos salva!

Seus momentos de reflexão sempre me fazem refletir no mesmo tom, na mesma profundidade... Me faz muito bem seu "unir versos"

Um beijo Glorinha!

Calu Barros disse...

Palavras não te faltam, amiga. O vernáculo é que,ás vezes, nos sabota.No entanto, escritores e poetas, encontram em palavras vividas outras por viver e fazem, como vc o sabe bem, histórias punjentes de si e das coisas que sentem.
È a saga da pena visceral, sofrer a felicidade de saber dizer o que vai n'alma.
È tua sentença, Glorinha, amiga escritora.
Uma semana de doces encontros e grandes revelações.
Bjinhos,
Calu

Manuela Freitas disse...

Olá querida Glorinha,

Estive a ler os teus desabafos, aqui e mais para trás! Ao ler este post lembrei-me do Manuel António Pina, que recebeu o Prémio Camões, o mais representativo da língua portuguesa e q foi atribuído por um júri no Rio de Janeiro, curioso é q este escritor não tem nenhum livro publicado no Brasil!
Perguntaram-lhe quem ele era e
ele respondeu, com as palavras do poeta Jorge Luís Borges, que tanto admira:

«EU SOU TODOS OS LIVROS QUE LI, TODAS AS PESSOAS QUE CONHECI, TODOS OS LUGARES QUE VISITEI»

É isto que está de acordo com o que escreves!

Depois quando escreves sobre loucura pensei em Fernando Pessoa:

«Tenho pensamentos que, se conseguisse realizá-los e torná-los vivos, acrescentariam uma nova luz ás estrelas, uma nova beleza ao mundo e um maior amor ao coração dos homens. Uma das minhas complicações mentais - horrível para além das palavras - é o medo da loucura, que em si próprio já é loucura. Cada vez estou mais só, mais abandonado.»

E depois de um comentário tão longo deixo-te beijinhos querida amiga.

Vou escrever-te em breve, a Primavera que entrou veio com calores de Verão, deixa-me tão «molinha»! kkkkkkk

Manu

Yo Neris disse...

Muitas vezes sinto isso também Glorinha
Acho que neses momento nossa melhor companhia somos nós mesmas.
Bjs da fã ( agora de carteirinha)

Blog Livros e Ideias da Drica disse...

Querida,

Eu tenho vivido uma fase bem parecida com a sua... sinto-me repleta de sentimentos e palavras que não consigo expressar, mas elas estão todas aqui... esperando o momento certo para sair...
Entendo a angústia de não saber definir ao certo o que se sente de forma que outras pessoas possam lhe entender... é díficil passar por isso, mas a angústia não é para sempre... quando você conseguir colocar pra fora tudo o que tem aí dentro, vai fluir como o rio que você falou bem no início do seu post...
Estou aqui, solidária com a sua dor e esperando também que o meu rio flua e possa inundar novas almas, construir um jardim a partir das pedras que encontramos no caminho...
eijão,
Drica

Iram Matias disse...

Senti gotinhas de melancolia no ar.
Se anima, amiga. Estou quase terminando de ler o seu livro. Literalmente o seu livro, quer dizer agora meu, né?kkkkkkkk.

Estou sinceramente me encontrando nele. Falo mais depois. Bom demais. Beijos e volto logo.

Iram

welze disse...

realmente somos como colcha de retalhos. somos pedacinhos do que fomos, do que conhecemos, do que vivemos. acho que as vezes os mais coloridos, mais alegres, mais calmos, bons, estão em evidência, outras vezes os mais escuros, carrancudos, aqueles que nem queríamos tomar conhecimento novamente, vem à tona nos dando solavancos de lembranças, Mas é tudo a gente. somos tudo isso. é tudo nosso. beijos.

Beth/Lilás disse...

Querida amiga!
As aflições que te consomem a alma, muitas por questões que não são de sua resolução, têm que ser esquecidas quando te concentras neste cantinho em que escreves. E é como dizes "daí a sensação de não poder dividir..."
Sinto que são coisas tão internas, tão profundas e contidas em ti mesma que não dá pra gente, mesmo muito amiga, te ajudar. Apenas ficar aqui, te lendo, imaginando um pouco disso que nos fala e torcendo para que tenha um final feliz, satisfatório em muitos sentidos ou, pelo menos, para sua alma.

No fundo somos todos iguais, esses seres complexos, cheios de indagações e tormentos, basta que pensemos mais profundamente sobre a vida e o que desejamos dela.
Deixo também um pedacinho de Augusto dos Anjos no poema Queixas Noturnas que parece ter alguma coisa dos teus sentimentos:

"E eu luto contra a universal grandeza
Na mais terrível desesperação...
É a luta, é o prélio enorme, é a rebelião
Da criatura contra a natureza!"

um super beijo

Lúcia Soares disse...

Glorinha, pessoas sensíveis, criativas, criadoras, sempre têm mais inquietações.
O melhor é extravasar os sentimentos em textos bonitos assim, em que pese sua angústia.
Beijo e boa semana.

Luma Rosa disse...

Acho que precisamos de uma certa insanidade para viver e nem tudo pode ser claro quando a alma guarda mais momentos raros do que qualquer outro tipo de momento. Esses momentos de tão valiosos, não merecem invasão e por isso a solidão torna-se necessária e dela podemos usar e fantasiar momentos bons que virão, que a solidão ou introspecção, como queria chamar, nos leve a ter pensamentos mais clarificados e, porque não resumir anseios e sonhos em poesia? Os poetas fazem isso e a solidão ressurge nos versos como uma magia, momentos caros, apreciado para se colocar os pensamentos em dia. Nem sempre é bom encarar a realidade nua e nestes momentos, se houver movimentos, que sejam lentos, talvez lá no fundo um acalanto para que possa olhar pela janela e ver as nuvens passando em frente da lua. A noite está linda e dizer mais o que do seu olhar? :)

Maria Izabel Viegas disse...

MEU AMOR!!!Chegou o livro hoje à tarde.
LINDOOOOO!
Começo a lê-lo!
Coloquei o seu livro e o da Sheila lá no canto esquerdo do coração do Blog Memórias de VP
Beijos, amadamiga.
Amei a dedicatória. rsrs Bem diferente, como pedi. Ninguém é sua Izabel San ;))) !!! Obrigada querida!

www.sosimplesassim.com.br disse...

O que vc sente está sempre muito presente em mim e, em momentos assim, nada melhor do que estar consigo mesma.
Lylia

Unknown disse...

Não te esqueças que :A mais subtil loucura é feita da mais subtil sensatez."

Beijo.

Anônimo disse...

Bom cuidar do que trazemos em nos.

bjx

Roy

Glorinha L de Lion disse...

Estou sim Chica, voltada para dentro, precisando mesmo de paz e quietude para terminar meu novo livro, beijos,

Glorinha L de Lion disse...

OI Nilcinha, vou unindo versos, reversos e trançando linhas...meu outro livro está ficando quase no ponto da colheita...rsrs beijos

Glorinha L de Lion disse...

Oi Manuela querida, acho que é isso que os verdadeiros escritores fazem, não é mesmo? Confundir-se com a sua própria escrita...bonita imagem...beijos,

Glorinha L de Lion disse...

Nem sempre isso ocorre Socorro. É preciso aquela fagulha que acenda a inspiração...e isso, como vc sabe, acontece de formas diferentes para cada um. Obrigada pelo comentário, beijos,

Glorinha L de Lion disse...

Oi Nandinha, fico feliz que meu unir versos te façam pensar e te façam tão bem...beijos,

Glorinha L de Lion disse...

Tem razão Calu, minha sentença é minha escrita, pena boa demais. A cumprirei com o maior dos prazeres...rsrs beijos,

Glorinha L de Lion disse...

Manu, como adorei esses dizeres, parece que fui eu mesma que os disse: «EU SOU TODOS OS LIVROS QUE LI, TODAS AS PESSOAS QUE CONHECI, TODOS OS LUGARES QUE VISITEI»
Estou bem assim, minha amiga, sentindo tudo isso de maneira profunda e profícua. Obrigada, teus comentários sempre me deixam feliz, beijos,

Glorinha L de Lion disse...

É verdade Yoyo, somos nossa melhor companhia em horas assim...beijos,

Glorinha L de Lion disse...

Oi Drica, acho que todos nós sejamos escritores ou não passamos por fases assim, em que nos perdemos e nos achamos em nós mesmos...é doído, mas é profícuo. Beijos,

Glorinha L de Lion disse...

Oi Iram, fico muito feliz com os comentários que venho recebendo sobre meu livro (que tb é teu...rsrs). Saber que consegui chegar ao coração das mulheres e até de alguns homens me deixa muito feliz mesmo...estou numa fase, digamos, difícil...mas vai passar...beijos,

Glorinha L de Lion disse...

É sim queridona, somos feitos de tudo isso...Já até escrevi um texto que foi premiado que comparava essa maturidade justamente a uma colcha remendada, de retalhos...somos feitos de seus pedaços, alguns rotos outros não, mas somos todos juntos, unidos pelo fio da esperança...beijos amoreco,

Ângela disse...

GLORINHA,ontem à noite terminei de "te ler", como comentei anteriormente, li demoradamente e em cada frase, mesmo sem conhece-la pessoalmente eu a senti. Mais uma vez parabéns.

As vezes precisamos ter um tempo só para nós, para ficarmos mergulhados em nossas proprias entranhas e assim quem sabe, podermos descobrir um pouco mais de nós mesmos.
beijos e carinhos

Glorinha L de Lion disse...

Oi Betita, vc sabe bem que quando estou assim, fico preferindo a solidão e a minha própria companhia...pois não consigo explicar nem me fazer entender por ninguém...coisa de poetas e escrevinhadores...rsrs beijos,

Glorinha L de Lion disse...

Pois é Lúcia querida, é assim que dou vazão às minhas angústias, transformando-as em palavras escritas...beijos,

Glorinha L de Lion disse...

Lumita, vc disse tudo...é assim que tenho me sentido ultimamente...precisando e me alimentando da solidão criativa. Beijos,

Glorinha L de Lion disse...

Querida Izabel San, vc é única! rsrs Que bom que chegou....agora divirta-se e passe bons momentos com ele e "comigo" rsrs beijos,

Glorinha L de Lion disse...

É sim Lylia, nossa própria companhia às vezes é o melhor pra nós...beijos,

Glorinha L de Lion disse...

Concordo, amigo Manuel...os mais loucos, talvez sejam os mais sábios...beijos,

Glorinha L de Lion disse...

Importante isso Roy, pois só nós mesmos sabemos quem somos e o que trazemos por dentro...beijos,

Glorinha L de Lion disse...

Oi Ângela, que bom que terminou de "me ler"... rsrs. Todo mundo tem sentido isso...que está "me lendo". E foi isso mesmo o que fiz, não quis me esconder, me mostrei inteira ali. Se ajudei de alguma forma, me sinto feliz, obrigada querida, beijos,