Sou melhor com as palavras escritas. Muito melhor do que com as faladas. Incomparavelmente melhor com as letras num papel do que com as que saem de minha boca.
Tenho uma certa rudeza que assusta, própria dos sincericidas. Espanto alguns, magoo outros e acabo me afastando por não saber dizer a minha verdade com as palavras certas.
Seres humanos me cansam, à vezes. Eu mesma me canso, às vezes.
Palavras escritas saem num turbilhão, dizem a minha verdade e, no entanto, não machucam. Embora, às vezes o façam sem que eu deseje.
Já as ditas, as faladas, estas, saem sem freio, sem a censura própria dos adultos.
Minha sinceridade assusta. Não que esteja sempre certa. Muitas vezes não estou. Muitas vezes, digo o que ninguém tem coragem de dizer. Muitas vezes não seria necessário dizê-lo.
Gente não gosta de ouvir. Pessoas não gostam de saber. Preferem tapar os olhos, fechar as cortinas e viver no seu mundinho irretocável. E eu, o que ganho com isso?
Que tipo de prazer é esse de esfregar o que penso na cara de quem não pediu para ouvir?
Não, a minha verdade não é absoluta. Pode ser para mim e não ser para o outro.
Por isso, às vezes as pessoas me cansam. Por isso, muitas vezes prefiro a solidão como companheira.
Para não ter que confrontar ninguém com a minha necessidade de dizê-la. Pois cada um tem a sua. Cada um a enxerga como quer.
Cada um faz o que quer com ela. A vê ou a camufla. Ou simplesmente a deixa lá, quieta, sem incomodá-la.
Às vezes penso que a cada dia me afasto um pouco mais do mundo.
Muitas vezes, prefiro o silencio que me envenena.
E a solidão que me completa e me mata aos poucos.
Gravura etsy.com
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
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40 comentários:
Sei. Entendi tudo. Eu também sinto o mesmo, mas não sou capaz de verbalizar ou mesmo escrever como você. A verdade é que todos temos nossa verdade, nosso mundo, seja ele bonito, feio, complicado ou simples.
Somos todos humanos e em "constante mudança no universo" (Platão), por isso esta inquietação no seu peito.
Em certos momentos o melhor é ficar quietinho mesmo e é isso que faço às vezes.
Te gosto muito, maninha!
beijo grande e fui!
Você sabe que eu adoro este autor e veja o que descobri agora:
"Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d'água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.
Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.
"
(O Pavão-Rubem Alves-Texto extraído do livro "Ai de ti, Copacabana")
beijo beijo e fui!
Admiro quem consegue expressar atravez da escrita os sentimentos.
Também procuro sempre ser sincera e dizer o que penso, estando muitas vezes errada.
Lindo blog.
Excelente quarta-feira
Eliete
http://papeandocomateliete.blogspot.com
Ah! Glorinha, como me reconheço no teu texto e me identifico com tuas palavras!
Também sou assim, sincera em tudo e falo! O pior é que falo! Putz!
Como você bem disse, nem todos querem ouvir, aliás eu acho que ninguém quer ouvir!
Querem ouvir elogios embutidos em falsidade. Preferem isso diante da dificuldade de lidar com alguém que fala o que pensa, embora o meu pensamento nem sempre seja o correto. Pra mim é. Para o outro, nem sempre.
Isto causa estranhamento e distanciamento e, confesso, de certas pessoas eu prefiro mesmo a distância. Detesto gente dissimulada!
Só posso te dizer, como consolo, que já me resignei diante da realidade: a minha boca é autônoma! Tô até pensando em pagar o carnê do INSS pra ela poder se aposentar...rs
Beijos
Lia
Glorinha, eu e uma amiga costumamos brincar que a verdade liberta, porém é preciso saber o quanto de verdade cada quer e está disposto a ouvir. Essa verdade é nossa, nosso ponto de vista e entendimento acerca de algo e não necessariamente, o correto, mas ainda assim é nosso.
Se a verdade dói ou magoa com certeza a mentira machuca muito mais.
O que talvez possamos fazer é omitirmos algumas verdades (aqueles que podem ferir por ser apenas nossas), já que nem sempre todas elas são necessárias.
Um beijinho
Amiga acho que o mundo precisa de pessoas sinceras ou sincericidas como você. Porém o mais importante é que você, sendo sempre tão sincera, mesmo que não peçam sua opinião, acabe se magoando. Isso é que não pode.Bjs pra vc amiga. Saudades
Betita, hj acho melhor ficar quietinha e me recolher à minha ermida, como boa ermitã que ando aprendendo a ser...beijos, obrigada pelo carinho,
Lindo Beth...não sei se sou o pavão orgulhoso, que acha que é belo sem o saber que bela é a luz e a água em suas penas...preciso refletir sobre isso. Gostei, beijos,
Oi Eliete, nem sempre a verdade é a que pensamos ser, preciso aprender isso com urgência. beijos, muito prazer.
KKKKK Tive que rir com vc Lia! Então sua boca é independente? rsrs Olha, eu aceitei esse fato durante anos, mas agora, já me encaminhando pro final da vida, tenho pensado muito: O que eu ganho com isso? Inimigos. A quem agrado falando essas "verdades"? A ninguém. Pra que então ser desse jeito? Não sei. Tento mudar, já melhorei, mas quando vejo, lá vai a Glorinha novamente fazendo mais um detrator, ou inimigo ou ganhando antipatia. Pra que? Esse mea culpa público é um pedido de desculpas tb a quem magoei com meu sincericídio. Cheguei à uma triste conclusão disso tudo Lia: quem é assim como nós, termina sozinho.......
beijos,
Oi Isa, minha doce Isa, vc tem toda razão. A verdade liberta, mas tb aprisiona. Eu me sinto prisioneira da minha verdade e muitas vezes sinto vontade de abandonar tudo e ser como os eremitas, pois ando chegando à conclusão de que não sei viver em sociedade. Triste? Talvez, mas libertador. Sozinha não posso mais magoar a ninguém, nem a mim mesma...beijos, obrigada,
Gi, meu anjo, o mundo precisa de gente construtiva e não destrutiva. Sinto que destruo mais do que construo, vc me entende? Por isso às vezes é tão insuportável pra mim conviver e acabo me cansando de gente e prefiro meus bichos. São fases, mas me atormentam. Obrigada amiga, por gostar de mim, beijos,
Gostei da sua ideia de que a sua boca é independente. :)) Desde que não se machuque a si própria.
Iihhhh Glorinha,
Não é privilégio seu não. Acho que todos tem estes momentos de querer afastar. Eu também costumo ser assim direta, "bocuda" como diz alguns.´Tô longe de ser a dona da verdade e nem pretendo, mas isso é coisa que nasce com a gente. Nos meus quase 30 anos, agoora começo a ponderar sobre isso. Já ganhei diversas inimizades por conta do meu jeito "sincero" de ser.
Bjooooooos. Se cuida! E nada de longo período de reclusão, rsrssr.
Glorinha como tu falas verdade, por vezes acontece comigo a mesma coisa, mas eu tento não me isolar,amo demais o voluntariado, por vezes vou de rastos com dores, mas o que é isso penso eu quando posso ver sorrisos de crianças?nada melhor né?poisacho que tudo vale a pena e nada vale a pena é conforme né?beijocas
Quando somos autênticas, muitas vezes as pessoas estranham...beijos,chica
Glorinha
Não se preocupe.Todos temos erros e acertos. Devemos tentar diminuir aquilo que julgamos que não é certo e reforçar o que temos de bom. Somos humanos e tenho a certeza que as suas qualidade são muito superiores a qualquer coisa que você ache errada.
Percebe-se que você tem um coração muito bonito.
Beijos.
Glorinha,
As palavras por vezes são assombradas, ás vezes têm a claridade dum traço de giz, marcando a forma dum corpo no chão de asfalto negro...a maioria das pessoas só faz uso das palavras em trivialidades.
Já lhe disse isso uma vez...aprecio muito a sua franqueza.
Quanto á solidão...veja o fundador do Facebook. O miúdo sem amigos inventou o maior clube de amigos do mundo...dizem que continua sózinho...não estamos todos???
BEIJO GRANDE
PS Deixei comentário no post anterior.
"Pensem que as palavras a que não se segue nenhuma consequência são ditas para nada ."
Beijo.
Pois é amigo Antonio, já machuquei muito a mim mesma. beijo,
ô defeitinho detestável esse né, Lu? Como detesto isso em mim...aos poucos, vou mudando. beijos,
Oi Xunandinha, Gostaria de fazer um tipo de voluntariado sim, acho que isso é importante e faz bem pro nosso interior, além de fazer bem aos nossos semelhantes.beijos,
Glorinha
é bacana esta maneira sincera de ser, se for só por sinceridade.
às vezes pode ser um vício, um hábito.
Intolerância, arrogância.
Veja, estou falando por experiência própria.
É preciso ser sincera com a gente para saber o motivo da nossa sinceridade.
Como você disse: o que eu ganho com isso?
É preciso ser franco e às vezes, muito firme com a gente mesma para sair desse nó.
Aos poucos a gente vai se achando e nisso acha o equilíbrio.
Para não precisar "fugir" do mundo.
Te confesso, foram anos de muita briga interna para conseguir ter consciência da falta de misericórdia da minha lingua e da quantidade absurda de preconceitos que eu tinha.
Achei MARAVILHOSA a atitude de se desculpar com aqueles que por acaso se ofenderam com você.
Veja, sua boca (seus dedos) promovem coisas incríveis....
Lembra do caminho do meio?
Eu ainda acho que ele é o melhor a fazer.
Te amo muito viu?
Um abraço gigante nesse ser humano fantastico que é voce.
Oi Chica, autenticidade tudo bem, sou muito a favor, pois odeio gente falsa, mas sincericídio não precisa né? beijos,
Obrigada Elys, preciso ainda aprender muito e tenho aprendido com todos vcs, com uns mais, com outros menos, mas todos nós ensinamos algo uns aos outros, não é? Beijo agradecido por sua doçura.
Oi Loli querida! Vc sempre com uma palavra amiga! Estou simplesmente encantada contigo, sabes? E que lindas palavras usou pra falar delas, das palavras...Minha franqueza em parte é bom, pois já mostro quem sou e não engano a ninguém, já algumas pessoas são mestres nos disfarces e na dissimulação. Até que eu não posso me queixar, pois acaba que ao meu lado só ficam os bons...os verdadeiros, beijos
Sábio Manuel, sempre com a palavra e a frase certas...beijos meu amigo.
Liliane, seu comentário foi de uma verdade incrível. Muitas vezes agimos assim por arrogância sim por achar que a "nossa" verdade é mais verdade que a do outro. Eu ando tropeçando em gente arrogante mas que não se acha assim. Reconheço meus defeitos com tanta nitidez como se os visse com lupa...pena que veja tb os dos outros com uma lupa. Auto análise é o que tenho feito ao longo da minha vida, algumas vezes saio vencedora ao atravessar a mim mesma, de outras, vencida. Mas a vida é isso, não é mesmo? Tentativa, erro, recomeço, nova tentativa. Acho que tenho feito um grande bem a mim mesma me abrindo com vcs aqui no blog. Tem me ajudado a me enxergar com muito mais lucidez. Obrigada por suas palavras, Lili, fiquei até emocionada com sua demonstração de carinho por mim. Obrigada, de coração. beijos,
Olá Glorinha querida!
Sei como é isso. Eu fui muito impulsiva quando jovem assim como você relata.
Com a maturidade aprendi a ouvir e a pensar antes de falar se realmente era necessário e útil colocar o meu parecer. Isso me livrou de muita encrenca e vivo mais feliz.
Agora sozinhos nós vamos ficar sempre...mesmo acompanhados.
Até daqui a pouco na blogagem.
Beijo grande
Astrid Annabelle
Oi Glorinha,
Realmente, te entendo perfeitamente. Por vezes as pessoas nos cansam. Cansa falar. Temos tanto a dizer e quando estamos cara a cara pensamos, falar para quê? Falar para quem? escrever é uma ação solitária em que conseguimos expressar melhor as nossas virtudes, nossas limitações, nossos desejos e desilusões.
Um beijo grande e continue escrevendo, sempre, desse seu jeito mágico que emociona a gente.
Olá Glorinha
Durante muito tempo, fui impulsiva, falava o que considerava certo. No entanto fui aprendendo que cada um tem sua verdade e nem sempre quer ouvir o outro. Se não conseguimos nos conter quando é necessário, acabamos magoando e sendo magoadas.
Exercício do auto controle.
bjs
Oi Glorinha! Eu me identifiquei bastante com seu texto. Eu sempre falei o que penso, desde jovem, mas antes eu falava até pra quem não queria ouvir. Hoje em dia sou muito mais controlada. Controlada no sentido de não sair por aí dizendo o que vem à cabeça,porque hoje em dia fico quieta no meu canto, mas se procurarem, com certeza vão achar rs Continuo falando tudo que penso. E assim como você, sou melhor com as palavras escritas do que faladas, ou pelo menos era... Hoje em dia tenho dificuldade de me expressar mesmo no papel. Acho que a escolha que fiz do silêncio e solidão estão matando aos poucos as palavras dentro de mim.
Bjos
Glorinha,
as palavras tem poder, constroem ou destroem, e a gente sempre pode escolher o que fazer com as nossas.
As vezes, a gente acerta, as vezes a gente erra, mas não se pode mesmo é silenciar, porque o silêncio é um prisão, e você querida, nasceu livre demais para se submeter.
bjs no seu coração
Oi Astrid, ainda bem que não sou só eu...um dia ainda consigo também! Beijos,
Verdade Naty e Carlos, obrigada, bjs,,
Malu, vc me entendeu no âmago! Muitas vezes sinto isso: estou falando à toa, pra ninguém e aí me afasto. Como vc disse, escrever é uma ação solitária e é aí que me encontro comigo mesma. Melhor assim. Obrigada por me compreender, bjs,
Tem toda razão Norma, por isso às vezes prefiro ficar quieta no meu canto, ultimamente, cada vez mais. Beijos,
Pois é Thayla, antes eu achava legal ser sincera, hj já não acho tanto, até pq as pessoas preferem a mentira que não doa do que a verdade que fere. Venho tentando melhorar nesse sentido, embora nem sempre consiga, beijinhos,
Cris, minha querida. Será que se trata disso? De liberdade? Não sei a que conclusão chegar...só sei que dói em mim ser assim. às vezes não, tem quem mereça ouvir a verdade. Mas é difícil ser assim como sou, te confesso que é, beijos amiga,
Pois é Alê...esse é o grande conflito. Englir, envenenar-se ou falar e perder um amigo? Embora tenha gente que mereça ouvir a verdade com letras garrafais. Mas não sou eu o juiz do mundo, nem pretendo ser. Difícil viu meu amigo? Vou tentando melhorar com o tempo...beijos,
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