sábado, 20 de novembro de 2010

Sou uma Ilha

"Meus amigos, ser rei não é nada fácil..."
Começava assim um livro de minha infância, que contava a estória do rei da selva, o leão.
Não sei bem porque, hoje amanheci com essa frase na cabeça, só que da seguinte forma:
Meus amigos, ser poeta não é nada fácil...
Ontem, fui parar num hospital, depois de passar mal desde a véspera.
Não consigo respirar porque meu pulmão dói. Dói tanto que não posso suspirar...logo eu, que suspiro o dia todo...
Tenho dores pelo corpo todo. Me sinto dolorida: pele, ossos, nervos...
Tenho pensado muito nisso, em como as dores da alma se transformam em dores do corpo, em mim.
O peso que venho carregando nesse último ano, tem me transformado numa Maria das Dores.
Filha diz que estou hiponcondríaca.
Marido diz que só vivo reclamando e não vou ao médico.
Só o filho não diz nada... Esse passa, me olha com seus olhos doces e me faz um carinho na face...
Sabem como eu me sinto?
Como uma ilha, boiando, no meio do nada...
Uma ilha, sozinha no lago, em meio às brumas, carregando o peso das árvores e das suas raízes.
Me pergunto: Foi para isso que nasci assim?
Foi para sofrer? Chorar dias inteiros?
Não aguentar a crueza da vida?
Não suportar a dor, o sofrimento, a solidão?
Porque fui nascer assim, carregando o peso do firmamento?
Meu corpo padece.
Dores na carne, na alma, no peito...

Preferia ser dura, não ter sentimentos, não ser sensível ao belo, ao minúsculo, ao que ninguém vê...
Às vezes penso que enlouqueço. E penso que seria melhor se enlouquecesse de uma vez. Se é que já não estou louca. Se é que já não nasci louca.
Por vezes falo para as paredes. Sozinha, aos encontrões, esbarro em mim mesma nas madrugadas desertas.
Estou sozinha, irremediavelmente sozinha na minha loucura.
Por mais que tenha amigos, por mais que esteja cercada de gente à minha volta.
Vivo só desde que nasci. Não tenho com quem dividir minha dor porque todos tem as suas e ninguém entende as minhas...Acham bobagem, acham besteira.
Lá, naquele lugar, onde só há nós mesmos, me olho e não me vejo, procuro e não me acho.
Ando perdida de mim mesma. Em mim mesma.
Ando cansada desse sofrimento sem fim que é ser poeta...
Meus amigos, ser eu não está sendo nada fácil...

21 comentários:

chica disse...

A vida nem sempre é fácil.nem sempre é moleza.

temos altos e baixos e momentos bons e ruins...

Desejo que te encontres e fiques bem, o melhor possível.

Mesmo que nÃO FIQUES 100% Glorinha, que possas conviver bem com toodos os trancos da vida.
um beijo,fica bem!chica(

ainda agorinha estava no teu blog pra ver qual seria a tela da semana.A confissão, o que senti? Virá na blogagem...)

pensandoemfamilia disse...

Oi querida

Já e perguntou o que pode fazer por vc mesma?
Quais os pesos que pode abandonar? Quer abandonar, pode abandonar?
Sabe o diálogo com o si mesmo nós dá sábias respostas. Podemos compartilhar tudo, mas o nosso ser é um mistério que podemos nos mergulhar, sofrer e ressurgir de uma forma mais leve.
Se quiser pode deletar este comentário, pois é apenas um desejo meu de poder ajudar.

bjs, carinhosos.

Tati disse...

Glorinha, tem momentos que nada que alguém diga pode ajudar. Entenda que também te olho com ternura e faço um carinho na face, acho a ação mais acertada.
Entendo sua busca pela solidão ao mesmo tempo que a rechaça. Medo da solidão que tanto ama. É assim, pelo menos, que me sinto.
Que você fique bem. Estarei sempre por perto, com um abraço, uma xícara de café, e dois ouvidos para você.
Beijos.

lolipop disse...

Glorinha...
Lamento mesmo que esteja se sentindo assim...
Há quem diga que só é feliz quem vive alienado.Eu acredito que pessoas despertas para a leitura, para o conhecimento, para a reflexão...tendem a ser menos felizes, pelo simples facto de que pensam mais nos absurdos e paradoxos da vida.
Uma sensibilidade exacerbada e delicada, angustia-se permanentemente com as injustiças, a banalidade, a hipocrisia, o pensamento limitado.
Acredito também que todos estamos de algum modo sózinhos.
Há uma performer nascida em Belgrado, de que gosto muito, Marina Abramovic, não há muito tempo, fez uma performance no MOMA em Nova Iorque, em que pura e simplesmente se sentava quieta e silenciosa, durante sete horas, numa cadeira no centro dum círculo de luz. Numa cadeira á sua frente, podiam sentar-se pessoas que estivessem dispostas a permanecer também em silêncio, olhando-a nos olhos durante algum tempo. Vi fotos das pessoas e era incrível, ao fim de algum tempo, muitas delas choravam convulsivamente. Segundo Marina Abramovic, as pessoas carregavam tanta dor dentro delas que ela conseguia quase imediatamente vê-la e senti-la...850,000 pessoas sentaram-se diante dela, algumas mais do que uma vez. Fizeram-se crachás para pôr no peito, a dizer..."Eu chorei com Marina Abramovic."
Talvez, o que nos falte seja isso, olhar fundo nos olhos de alguém como se fosse um espelho, sem precisarmos de palavras, sentir o silêncio como experiência religiosa...e deixar correr as lágrimas que guardamos...
Desculpe o comentário longo, mas foi a maneira que encontrei pra dizer que estou aqui, que entendo, que sinto...
TERNURAS

Magridt Gollnick da Luz disse...

Olá querida
que encanto as palavras e tudo por aqui, já estou por aqui seguindo.
bj

MARCELO DALLA disse...

Amiga!!!!! Eu entendo sua sensibilidade e desejo do fundo do meu coração que decrete a mudança, a cura, em nome da alegria e da felicidade.

Penso na frase de Gandhi: seja a mudança que você quer ver no mundo. Você quer ver um mundo mais justo, mais feliz e harmonioso? Pois essa mudança começa em nós. É de dentro pra fora.

O desafio é SERMOS a cura, para espalhar essa energia à nossa volta... Dificil, eu sei. Mas se fosse fácil não seria um desafio.

E penso assim> se tantos mestres conseguem, porque não podemos conseguir também? Só depende de nós.

Eu tô nesse mesmo movimento. Me preparando, reunindo energias pra decretar uma grande mudança em mim!!!!

Sejamos felizes, fomos feitos pra isso!!!!
Grande bjo no seu coração

lolipop disse...

Glorinha voltei para lhe deixar um poema duma amiga virtual, a Maria Helena...

Viver num mundo
Plantar jardins
Distribuir flores
Abrir os braços
Ser puro afago
Pisar em solo firme
Fechar a guarda
Confiar na exatidão
Da amizade
Da lealdade
Da cumplicidade
Da felicidade
E perceber
Com assombro
O mundo paralelo
Da sombra
Do sofrimento
Da competição
Da inexatidão
Da imprecisão
Da incerteza
E inexoravelmente
Perder a leveza
Perder a ingenuidade
Perder a afabilidade
Perder-se dentro de si
E se descobrir
Como parte de um plano
E experimentar
A perplexidade
A decepção
A crueza da dor
A solidão
E mesmo assim
Não sucumbir
Não desesperar
Não perder a fé
Respeitar
Silenciar
Juntar as partes
E seguir


http://pintandoosetecomavida.blogspot.com/2010/11/mundo-paralelo.html#comment-form

orvalho do ceu disse...

OI, querida ilha II... III... IV...
(somos muitas vezes ilhas e mais ilhas no universo imenso)
Se a comprendo???
Muito mais do que imagina, amiga...
Só te falo uma coisa: leia os posts dos meus silêncios na semana que pre iniciei hoje e nem comentar precisa,caso não deseje...
POde ter algo que lhe beneficie.. sempre tem...
Estou com vc em pensamento e oração.
Se somos uns pelos outros quem será contra nós???
Tenha excelente fim de semana e pode ser que seja fibromialgia... é difícil diagnosticar, hoje em dia é mais comum, sugira ao reumatologista... por um simples exame é diagnosticado, querida.
Bjs

Maria Helena disse...

Olá, minha querida!
Alguns seres nascem com as asas da poesia e sabem com maestria transformar tudo a sua volta em obra de arte. Você é um desses seres que pagam o preço de sofrer ou se alegrar de uma forma exacerbada chegando quase que no limite, se é que existe, de cada emoção. Sente-se só prque seus olham enxergam com mais nitidez o ser único que você é. Cada um, por mais acompanhado que esteja, tem só a si ,com intensidade. Só você sente sua dor e sua alegria do seu jeito. Ninguém nunca vai saber como é ser você. Só você! Mas tem algo maravilhoso nisso. Você vive com intensidade e acaba sendo luz para o caminho de muitas pessoas.
Períodos como o que você está passando são precursores de momentos imperdíveis que virão. Já vi uma obra prima no seu post de hoje. Amei! É sua alma em poesia.
Agradeço a minha amiga Lolilop por ter me conduzido ao caminho de alguém tão especial e de uma energia contagiante. Pela sua foto, já posso lhe ver.
Força!
Vamos juntas!
Um beijo!

Teresa Cristina Martins disse...

Olá Glorinha, tem horas que a gente precisa de um colo para descansar e parar para promover um encontro com nós mesmos. Sinto que vc precisa de cuidado. Sem receitas prontas, a busca de ajuda profissional já me ajudaram muito nesses momentos dolorosos, mas libertadores depois que compreendemos às raízes de nossas dores. Beijos e fique com Deus!

Suziley disse...

Glorinha, muitas vezes nos sentimos assim: carregando as dores do mundo em nossos corpos e em nossas almas. E, aí, quando nos pesa a "cruz" oramos com todo o coração para aquele que tudo suportou por amor a todos nós. E, aí, encontramos forças para seguirmos em frente. É assim. Somos humanos. Sentimos e sofremos. Mas, depois passa. Tudo passa. Só ficará mesmo no seu coração a graça de sentir-se amada por aquele que nunca nos abandona e nos deixa sozinhos: Jesus, nosso irmão. Um grande beijo, que tenha uma boa noite querida amiga :)

Unknown disse...

É a solidão que inspira os poetas, cria os artistas e anima o génio .

Beijinhos minha querida.

Carla Farinazzi disse...

Glorinha,

Não sei o que é pior, dores da alma ou dores do corpo. Talvez as da alma. Mas não se imagine só. É certo que nascemos sozinhos e sozinhos morreremos. Mas entre o nascer e o morrer, quanta coisa há! Coisas e pessoas. Pessoas lindas que conhecemos pela vida afora. E sim, se importam sim com você!
Pode apostar!
É com imenso carinho que te escrevo e é o jeito de demonstrar que me preocupo com você.
Acredito que você não gostaria de "ser dura, não ter sentimentos, não ser sensível ao belo, ao minúsculo, ao que ninguém vê..."
Duvido muito que gostasse...
Você é daquelas pessoas intensas, que vivem a vida ao máximo, sofrendo ou não. Amando ou não, se iludindo ou não.
Mas vivem...
Jamais sobrevivem.

Beijos

Carla

urban.go disse...

Ser quem somos, não é nada fácil. Sobretudo quando se é tão sensível, e se tem assim um coração do tamanho do mundo.
Não estás sozinha, deixo aqui o meu ombro sempre à disposição.
Bjs, vem ao meu blog, vais ficar um pouco melhor, eu prometo.

Malu Machado disse...

GLorinha, querida.
Te conheço tão pouco e como sinto que te conheço!

Ah minha amiga, somos todos ilhas soltas pelo mar, muitas vezes sem direção, sem sentido, apenas contradições.

Não vejo nada eu teu texto que não veja em minha vida. Uma roda gigante com altos e baixos.

Amiga, se encontrar a cura, te conto.

No entanto, temos momentos de felicidade, em nome dos quais digo que a vida vale a vida.

Beijo grande, suspire fundo, sem dor, e continue poeta.

Beth/Lilás disse...

Maninha, eu sei bem o que estás sentindo, mas continue tomando os anti-inflamatórios, relaxe o corpo ao máximo, tome sol pela manhã e me aguarde na segunda que irei pegá-la para passear. Não entristeça mais o seu coração, lembre-se do nosso terço da vida.
Força, menina!
beijo e um abraço semi apertado para não machucar mais.

Anabela Jardim disse...

Concordo com o Manuel Marques.Deixe a vida fluir naturalmente, você não está só na sua solidão. Muitos de nós às vezes também nos encontramos perdidos. Faz parte da alma humana.

Élys disse...

Glorinha
Você é uma pessoa de uma grande sensibilidade e absorve muitas situações que estão a sua volta, mesmo sem perceber. Acontece com muita gente.
Tente não ficar pensando nos problemas, tente pensar em coisas mais amenas, no lado bom de tudo.

Não é fácil, eu sei , mas tente.

Você não está sozinha. Não tenha medo da vida. Tudo passará mais rápido do que você imagina.

Amigos virtuais, também podem ser verdadeiros amigos.

Mantenha a fé. Tenha a certeza que no âmago do seu ser existe uma centelha divina lhe amparando. Acredite e tente, tente ver apenas o lado bom da vida.
Paz e muita Luz.
Beijos.

Manuela Freitas disse...

Olá querida Glorinha,
Estar doente é uma situação que tens que tratar. Evidentemente que os problemas a nível psíquico são tranferidos para o corpo, mas isso tem medicação adequada.
Exarcebada sensibilidade, dá exactamente para te sentires como tu dizes! Apercebendo-nos ou não disso todos somos umas ilhas, navegamos, por vezes estamos mais próximos de outras ilhas, outras vezes mais afastados...
Desejo que melhores, parece que estás a precisar de arejar!..
Beijinhos minha querida, melhoras!
Manú

Glorinha L de Lion disse...

Amigos queridos que passaram por aqui. Estou num momento em que preciso do silencio e da solidão comigo mesma. Perdoem-me, mas estou sem forças para responder um a um. Agradeço demais o carinho e preocupação, grande beijo a todos.

Lu Souza Brito disse...

Glorinha,

Por vezes me sinto assim no que se refere a dor, a ninguém entender, a achar que estou fazendo drama, exagerando, me tornando hipocondriaca, enfim.
A verdade é que ninguém, por mais que nos ame, é capaz de sentir a nossa dor. Tenta entender, mas passa muito longe.
Mas cuida sim para que nao faça ninho em sua cabeça, porque nada mais verdadeiro do que o que disse: as dores da nossa alma se tornam dores físicas. Hoje eu entendo isso perfeitamente e por isso mesmo, sei que estar bem fisicamente depende muito, muito como me comporto. E como é difícil!
Eu sofro até pelo que nao preciso. O que ganho com isso? Bom, vc sabe bem!

Fique bem garotinha! Fique no seu cantinho, silencie, faz bem tbm. Quando estiver a fim de falar, dividir, conversar, estaremos aqui.
Beijos
Te gosto muito!
Lu