Rapunzel
Era uma vez um casal muito feliz que esperava seu primeiro filho. Eram vizinhos de uma mulher má, feia e invejosa, uma verdadeira bruxa, cujo prazer era espreitar o que o casal fazia.
A infeliz chegava ao cúmulo de ficar escondida atrás das cortinas e, pela janela, olhar enquanto faziam amor imaginando-se no lugar da jovem mulher e, excitada, fechava os olhos, sonhando que eram seus, os lábios que o jovem, da casa em frente, beijava.
Esta mulher tinha uma bela horta, pois isso era a única coisa que sabia fazer bem, plantar legumes e verduras que vendia na feira.
Numa noite, a jovem grávida sentiu um desejo imenso de comer beterrabas. Desejo de grávida tem que ser satisfeito, pois como sabem, se não o for, a criança poderá nascer feia como um rato.
O marido, preocupado e sem um tostão no bolso, pensava onde iria arrumar beterrabas aquela hora da noite, quando teve uma ideia: pedir a vizinha que lhe desse duas ou três, só para saciar o desejo de sua mulher e que no fim do mês lhe pagaria.
Ao bater à porta da feiosa, ela abriu de má vontade, arrastando as chinelas:
- O que quer a estas horas?
Quando viu que era o jovem rapaz, assanhou-se toda, ajeitou os cabelos desenxavidos, aprumou-se e deu-lhe seu melhor sorriso banguela.
_ Boa noite minha senhora, me desculpe por estar incomodando a estas horas mas é que minha mulher...e blá,blá,bla...explicou tudo.
A bruxa, imediatamente, como só as pessoas má intencionadas sabem fazer, pensou logo num meio de tirar vantagem da situação.
- Hum sei...queres beterraba pra aquela tua mulher...hum. Bem, te proponho um trato.
E, como quem não quer nada, lançou ao jovem um olhar cheio de excitação e volúpia, deixando escorrer a blusa de modo a que ele visse, num relance, suas duas muxibas caídas e murchas, mais murchas que maracujá de gaveta.
- Dou-te as beterrabas, mas tu hás de se deitar comigo e fazer amor como fazes com aquela tua mulher.
O jovem arregalou os olhos e sacudiu a cabeça, veementemente.
- Isso não senhora, de jeito nenhum! Argh!
E saiu porta a fora, sem as beterrabas.
Ao voltar para casa, sua mulher, já salivando, perguntou pelas beterrabas, e ele, tristemente, disse que a vizinha não lhe quisera vender.
Ela caiu num pranto sem fim.
- Ai, pobre de mim, meu filho há de nascer com cara e focinho de rato...ai de mim!
O marido voltou à casa da maledeta.
- Aff, mulheres, como são complicadas!
Bateu novamente à porta:
- Minha senhora, por favor, me dê as beterrabas, minha mulher está desesperada de vontade de comê-las.
- E eu com isso? falou a desdentada. Eu quero é ser comida por ti e muito bem comida. Tu me apeteces e não é de hoje. Faz-me o favor de entrar, tiras a roupa, fazes amor comigo e te dou todas as beterrabas que quiseres.
- O jovem negou, enojado, e disse-lhe que faria qualquer outra coisa que a bruxa pedisse, menos deitar-se com ela.
- Então vou pensar no que desejo. Podes pegar as beterrabas. Mas lembra-te do que me prometeu! Não poderás voltar atrás.
E assim, o jovem levou quantas beterrabas lhe couberam nas mãos e satisfez o desejo da mulher.
Passaram-se os meses e um dia, quando sua filha já estava com quase um ano, a mulher bateu à porta.
- Vim buscar o prometido.
Ah? Como assim? perguntaram os dois jovens, entreolhando-se.
- Vim buscar a menina. Tu me prometestes o que eu quisesse, não te lembras? Em troca das beterrabas, sorria, desdentadamente, a malvada.
A mãe apertou a filhinha contra o peito e a velha a puxava. A criança berrava e a velha por fim, conseguiu soltá-la da mãe e sumiu com ela na escuridão.
Os dois jovens não suportaram a perda e acabaram se separando. A moça nunca perdoou o marido. Teria sido preferível mil vezes ter se deitado com a bruxa.
Rapunzel, que era como a menina se chamava, mudou-se com a velha para outra cidade. Foram morar na cobertura de um prédio, afastado do centro.
A velha só deixava que Rapunzel saísse para levá-la ao médico, pois agora, era mais velha ainda e vivia cheia de dores nas juntas, estava diabética e enxergava mal.
Os cabelos de Rapunzel cresceram tanto que, para penteá-los, ela tinha que jogar as tranças para fora da janela do terraço e eles batiam lááá na calçada.
Ela vivia triste, sozinha, tendo como única companhia, a velha e egoísta que a criara.
Um dia, olhou para o céu e pensou:
- Tudo o que eu queria era um homem interessante, bem apessoado, sensível e com quem eu pudesse dividir meus sonhos.
Um dia, ao desembaraçar seus longos cabelos sentiu um peso danado, puxando-a para baixo. Teve que segurar-se no peitoril da janela para que não caísse daquela altura, quando de repente, um jovem de óculos e ar de intelectual, cabelo espetado com gel, saltou na sua frente, agarrado em suas tranças.
Ela, levou um susto enorme, mas bem que gostou ao ver aquele jovem tão bem apessoado, ali.
Deu-lhe seu melhor sorriso e convidou-o a se sentar.
Ele, respondeu-lhe:
- Não meu bem, obrigadíssimo. Só vim aqui te convidar para ir ao meu salão. Sou cabeleireiro aqui no bairro e queria te dar o meu cartão. Quando resolver cortar esses seus cabelos lindos e enoooormes não se esqueça de me procurar, darling!
Deu dois beijinhos nela e pediu:
- Faz um obséquio querida? Me empresta suas tranças pra eu descer? Se chego amassado no salão, meu parceiro vai me fazer um interrogatório, ele mooooorre de ciúmes de mim. Beijinho querida.
Rapunzel, decepcionada, colocou as tranças na janela e deixou o moço descer. E continuou a viver com a velha e morreu solteira e solitária à espera de um amor que nunca veio.
" Tomemos cuidado com o que desejamos pois nossos sonhos podem tornar-se realidade"
autor anônimo
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
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25 comentários:
kkkkkk
Boa essa!
Quer dizer então que o possível príncipe nos dias de hoje pode ser uma 'princesa'!
É bem por aí mesmo.
Quanto ao preço atual de um corte está pela hora da morte hoje em dia, ontem mesmo num salão bonito desses aqui do bairro, entrei para conhecer e perguntar quanto era o corte.
A mocinha da recepão me responde:
Depende!
Eu: depende, como? Só quero saber quanto é um corte de cabelo.
Ela aí me disse que cada profissional tinha seu preço e era a partir de 90 reais o corte do fulano, 130 do sicrano e aí eu disse, ok, obrigada e tchauzinho.
Pode, uma coisa dessas?
Amei a estorinha atualizada e fico imaginando o quanto a pobre Rapunzel não gastaria para cortar este cabelaço nos dias de hoje.
beijocas cariocas
Príncipe gay, hahahahhaha
Enquanto a Beth imagina quanto ela gastaria para cortar, eu fico imaginando quantas perucas dava pra fazer com esse cabelão... hahahaha
beijos e bom fim de semana!!
Maninha,
Olha só, fiquei aqui pensando que sua estorinha tá mesmo muito legal, afinal nos dias de hoje já cabe a aceitação do gay na nossa sociedade e porque não inseri-lo na realidade infantil também? Assim, quem sabe teríamos uma sociedade bem menos hipócrita,mais justa e as crianças entendendo e aceitando as diferenças de um modo mais natural, do que o que a tv e revistas nas bancas expõem, né mesmo?
Quem sabe um bom editor não veja isso por aqui!
beijos
Glorinha
Você é o máximo! Histórinha com gay e tudo? Já imaginou o valor do corte? É, tem salão que cobra pelo tamanho também. E fazer escova? Ou chapinha?
Ah! mas ela podia querer um baby-lis rsrsrsrsrs
Gostei tá?
beijos
Glorinha, essa adaptação dos contos está sensacional, mas fiquei triste pela Rapunzel. Pai, mãe e bruxa fizeram uma confusão danada e ela, acabou pagando o pato e terminou sozinha. Se pelo menos tivesse ido trabalhar no salào teria feito alguns amigos e aproveitado um pouco a vida - rs!
Um beijo
Amiga nem li seu conto hoje. Ainda tô tão chateada. Não consegui resolver as coisa ainda com a sogra e a relação com marido tá azeda. A série brincadeira tá me dando força e graça. Amanhã e vc, tá? Bjs
"É mais fácil resistir ao primeiro dos nossos desejos do que a todos os que o seguem ..."
Beijo e bom fim de semana.
Atendendo a que este é um Conto para gente crescida, se fosse para crianças teria de ter outra abordagem. Não será? (Esta era para a amiga Beth). Ai o que eu me ri! Está tão bem caracterizada a Velha Bruxa! O que eu me ri com "as muxibas encarquilhadas que nem um maracujá de gaveta", he,he!
É bem verdade que as aparências iludem e há que ter cuidado porque nem tudo o que luz é oiro!
Que imaginação soberba, Glorinha! Cada vez te admiro mais como grande escritora que és! Bjs. Bombom
KKKK Gostei Beth, vc entrou "no clima" e já foi vendo quanto custa um corte de cabelo pra nossa Rapunzel...hehe beijos.
Oi Cíntia, é mesmo! E megahair, já pensou? Pagam uma grana por cabelo de gente!
Cabelo de gente de contos de fadas então, deve valer mais!hehehe beijos querida!
Heheheh...Betita essa estorinha não está um pouco "picante" pra ser infantil? e eu não quero fazer livro delas não...deixa pros meus imitadores...eles que façam...kkkkk
Beijos.
Oi Macá querida! Pois é, agora salão é assim, cobra pela cara da gente, não tem mais esse negócio de cabelo curto o ucomprido. No meu dizem que eu tenho muito cabelo aí me cobram o preço de comprido...vai ver, como dizem por aí tenho cara de rica...só cara né? hehe beijos.
Isa, gostei da sua ideia. Ela podia ter ido mesmo, né? Assim saía da casa da bruxa e ainda arrumava um monte de amigos, feito eu! beijos linda!
KKKKKK Entrou pra Assembléia de Deus! KKKK agora quem engasgou de tanto rir fui eu! Ai Alê, vc tem um humor bom demais, garoto! Captou tudo e mais um pouco! Morri de rir contigo hj. beijos.
Ai Gi, fica não. sacode a poeira e manda a sua velha ficar com a RAPUNZEL E VC VIAJA ESCONDIDA...HEHE GOSTOU DA IDEIA?
beijinhos
hehehe Manoel, verdade verdadeira...e como ! beijos amigo amado!
Ai Bombom, eu só estou gostando de ter feito isso pq estou me exrcitando, isso se chama "musculação cerebral", acabei de inventar...hehe morro de rir com os comentários de vcs, meus amigos. Beijos amada!
Glorinhaaaaaa que interessante menina, vc é demais!
Ah volto para ler com mais calma, muito bom!
Beijo, beijo! ;)
She
Essa foi show! Que bruxa mais safada! E coitada da Rapunzel. Que azar... rsrs.
beijocas
She, estou me divertindo um pouco...heh beijos querida.
Oi Mi, as bruxas são sempre safadas né? hehe bjs.
Salve! Amiga
Há sempre uma vizinha assim em qualquer lugar para onde se vá morar. Porque será?
Gostei da histórinha. Perversa e cruel bem ao espírito das histórias dos Irmãos Grimm. Nunca percebi como histórias tão perversas poderiam ser dirigidas a crianças. Amputações, canibalismo, gente que é enterrada viva, tudo isso e muito mais há nas histórias infantis dos Irmãos Grimm. E depois falam da violência do Dragon Ball?!
hehehehe
E porque razão uma história infantil não poderá ter um personagem viado? Eles não existem??? Não estão por aí no dia-a-dia? Porque as crianças podem assistir novela com um homem e uma mulher rolando na cama se beijando e despindo entre carícias e suspiros e não podem assistir ao beijo entre dois homens ou duas mulheres?
Abraço e continua a divertir-te divertindo-nos
Acabei de por em dia minhas leituras por aqui.
A D O R E I os contos. Sensacionais! A imaginação corre solta e cozinhar, cuidar de casa não tem nada a ver contigo mesmo.
Imagina nem comigo que não escrevo. Também detesto.
Fazer uma comidinha diferente, de vez em quando, pra agradar a turma é uma coisa. Agora cozinhar feijão, arroz, fritar bife e batata e lavar alface, rsrsrs, todo dia, tô fora.
Sabe, Glorinha, já fiz muito bombom recheado para vender e para as festas dos meus filhos. E bem feito! Mas o povo não valoriza mesmo. Seja aí ou em qualquer lugar do Brasil.
Sempre me perguntaram porque nunca vendi nenhum dos meus quadros, nem meus bordados. Só faço para mim mesma ou para presentear.
Não vale a pena.
Quanto à lista de blogs, sabe que havia começado a fazer isso quando fiquei doente. Também preciso fazer uma boa limpeza nos meus.
Recebi um comentário liiindo esses tempos atrás: "Boa reflexão. Convido-te para visitar meu blog e.....". E a tonga aqui tinha contado um fato que havia me acontecido naquele dia. Eu heim???
Bjs no coração!
Nilce
Oi Nilce, poi é. As pessoas não dão valor quando é a gente que vende, mas pagam uma grana pela mesma coisa nas lojas...vai entender! Agora comigo a toda hora acontece isso...gente que nem lê o que a gente escreve e simplesmente repete os recadinhos iguais pra todo mundo...eu ein...tô fora.
beijos.
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